Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO COMO ELO ENTRE A FAMÍLIA E O PORTADOR DE EXCEPCIONALIDADE Clara Lúcia da Silva, Danilo Almeida, Gilcione Morais, Josana Aparecida Correa, Sejaine Rodrigues1 Orientadoras: Glaúcia Yoshida2 Jacqueline Araújo Brito Alves3 Resumo Neste artigo visa-se adquirir conhecimentos sobre a atuação do psicólogo como elo entre a família e o portador de excepcionalidade, caracterizando o indivíduo excepcional. Discorre-se sobre a importância do psicólogo em conjunto com a família para que esse indivíduo possa se incluir e se adaptar a essa nova realidade e momento vivencial. Objetiva-se verificar e destacar as formas de atuação deste profissional, nesta relação família- excepcional, e a necessidade do seu empenho para a obtenção de bons resultados e melhoria de qualidade de vida para o portador da excepcionalidade. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre autores que discorrem sobre o tema da excepcionalidade e da relação psicológica, onde a família também assume um papel importante nessa relação. A partir dos levantamentos utilizados percebe-se que o psicólogo é um profissional de muita importância nesse processo de inclusão do portador de excepcionalidade, pois nesse momento o indivíduo e a família, tem que se confrontar com muitos fatores impactantes sobre a excepcionalidade e as adaptações necessárias. O psicólogo vem auxiliar formando um elo entre eles, auxiliando no desenvolvimento da autossuficiência do portador de excepcionalidade e na adaptação da família à esta realidade, para que ambos possam construir uma relação de apoio, ajuda e crescimento que possam facilitar na inclusão social deste indivíduo. São reconhecidas as limitações do mesmo, mas foca-se principalmente nas possibilidades que se apresentam diante deste elo construído. Palavras chave: Psicólogo, Inclusão, Portador de excepcionalidade. 1- Introdução Discorre – se sobre a importância do psicólogo no âmbito entre a família e o portador de excepcionalidade. Como o papel do psicólogo é muito relevante no processo de inclusão do indivíduo com excepcionalidade, visa- se neste conhecer de forma mais detalhada o papel que esse profissional desempenha juntamente com equipe multidisciplinar, auxiliando a família nas etapas de adaptação e inclusão. Destaca – se a necessidade do psicólogo se empenhar para que se obtenham bons resultados e os objetivos esperados sejam atingidos. 1 Acadêmicos de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira 2 Drª em Ciências da Educação Glaúcia Yoshida e Docente da Universidade Salgado de Oliveira 3 Mestre em Ciências da Educação Jacqueline Araújo Brito Alves e Docente da Universidade Salgado de Oliveira 2 O psicólogo deve auxiliar a família e ajuda- lá a buscar meios de acolher o portador de excepcionalidade, aceitar as sua limitações, conhecer as possibilidades verificando a melhor forma de contribuir para que a família se adeque a essa nova fase. No artigo será utilizado o método monográfico, com pesquisa bibliográfica em autores que discorrem sobre a excepcionalidade, no universo da Psicologia do Excepcional, onde a atuação do psicólogo como elo entre a família e o portador de excepcionalidade é descrita visando compreender o papel deste profissional nesta relação. 2- Conceitos de Excepcionalidade O conceito de excepcionalidade ainda é muito estereotipado e pouco conhecido, existe uma série de fatores que distorcem a conceituação de excepcionalidade. Segundo AMIRALIAN (1986:1) “A Atitude para com o indivíduo excepcional se expressa, de um modo geral, a atitude de cada sociedade, de cada cultura e de cada indivíduo para com cada um de seus membros”. A definição de excepcionalidade vem perpassando vários tempos através da história de acordo com a sociedade e cultura houve uma grande evolução na adequação de uma melhor definição para excepcionalidade. Amiralian (1986:4) citando Kaplan propõe “o indivíduo excepcional como aquele que se desvia, em grau arbitrário, da norma, em uma determinada variável, de modo a necessitar de recursos especiais para desenvolver sua capacidade máxima”. Para se verificar melhor a respeito da excepcionalidade podemos destacar o indivíduo que se desvia da média, ser diferente daquilo que é intitulado dentro dos padrões normais, possuir características físicas, cognitivas, comportamentais ou psicológicas fora do padrão estabelecido que sejam medidos estatisticamente. Conforme Amiralian (1986:5) “o grau de desvio que caracterizará uma excepcionalidade é aquele que implica problemas comportamentais, sociais e educacionais impostos pelo desvio e não pelo desvio em si”. Muitas vezes o ambiente em volta do indivíduo excepcional e a forma como é encarado esse processo é mais difícil de lidar do que a própria deficiência, visto que são de grande e extrema importância o acompanhamento e inclusão destes indivíduos na sociedade. Segundo Amiralian, Estas reações ambientais, causadas pela reação ao defeito, são fundamentais para o comportamento destes indivíduos e muitas vezes, são mais importantes e mais limitadoras do que a deficiência em si. Estas atitudes familiares e sociais são as 3 chamadas” deficiências secundárias”, que através dos estereótipos e preconceitos, cumulam o indivíduo excepcional de cargas frequentemente mais pesadas do que as limitações impostas pela cegueira, pela surdez, pela paraplegia, ou pelo retardo mental. (AMIRALIAN 1986:9). É necessário que esse indivíduo possua ambientes adequados para sua vivência, ele precisa ser acolhido e incluído em seu âmbito familiar e na sociedade, dentro disso o psicólogo auxilia nessa relação entre o indivíduo portador de excepcionalidade e o meio que o cerca. 3 - A Morte do Filho Idealizado É uma difícil tarefa lidar com o preconceito, a discriminação e o descaso por parte de pessoas da saúde e da educação e o desamparo familiar. Segundo a autora Alves que retrata bem o sofrimento vivido pelas famílias que tem um filho com Deficiência Mental. É necessário ter um olhar para essa condição vivida pelos milhares de famílias. “É preciso vivenciar o processo de luto pelo filho que foi idealizado, para que seja possível estabelecer um vínculo de amor e cuidado com o filho que nasceu. Muitas vezes, pessoas que passam por essas experiências se fortalecem e dão um novo significado à vida”. (ALVES, 2012; 90). Vários são os fatores em que se pode ocorrer a morte do filho idealizado pois os pais tem uma expectativa muito grande em relação aos filhos e é muito dolorosa essa descoberta e aceitação da deficiência do filho. Nesse momento que se frustram todas as idealizações e sonhos feitos pelos pais. Segundo Alves, A morte do filho idealizado pode acontecer a qualquer momento: ao nascer, caso tenha algum tipo de deficiência física, sensorial e/ou mental imediatamente percebida; durante o desenvolvimento, quando as deficiências físicas, sensorial e/ou mental tornam-se evidentes; ao nascer ou durante o desenvolvimento, ao surgirem doenças crônicas, graves e/ou estigmatizadas, tais como: diabetes, cardiopatias, HIV/AIDS, psiquiátricas entre outras; ao longo da vida, em casos de acidentes/violência em que o filho se torna deficiente físico, mental e/ou sensorial; ao longo da vida, caso se torne dependente de álcool ou outro tipo de droga. (ALVES, 2012: 90). Os pais têm uma cobrança constante, nesse momento de descobertas e frustações. Eles precisam estar atentos ao filho e ao que vão passar nesse novo processo, quando as pessoas em sua volta os frustram ainda mais e até mesmo culpam ospais, tornando esse período muito delicado. 4 Portanto como diz o autor Alves, há uma forte cobrança em relação ao filho e esse processo é por vezes doloroso. A cobrança mais comum é de que, imediatamente, os pais aceitem, amem e cuidem desse filho “inesperado”, desse filho que não era esperado, idealizado e, muito menos, desejado. Aqueles pais tristes, assustados, angustiados e com medo, na maioria das vezes, estão sozinhos. (ALVES 2012:91) É muito importante e valoroso que o profissional que irá acompanhar esse processo utilize seu tempo em uma relação de confiança e ajuda, pois o momento em que a família está vivendo já é um momento de solidão de falta de amparo. O psicólogo deverá estabelecer um vínculo de confiança com a família, como afirma Alves: “Qualquer profissional de saúde, quando procurado por pais angustiados, precisa confiar mais na convivência diária deles com a criança do que em sua experiência profissional. Não é uma questão de quem sabe mais, mas de quem tem mais tempo para observar o desenvolvimento da criança”. (ALVES, 2012:93). Além disso, ainda é preciso encarar os preconceitos e falta de apoio da sociedade como diz ALVES (2012:96): “Aprendi talvez da forma mais difícil, que quando não nos encontramos dentro dos conceitos sociais de normalidade, precisamos lutar brigar para ocupar nosso espaço e não perder a dignidade, o direito de ser-no-mundo”. 4- Pessoas com Deficiência e as Intervenções Clínicas do Psicólogo O profissional da psicologia deve atuar de forma a desenvolver uma excelente relação entre a família, ajudando a superar as limitações impostas pela própria deficiência e não o conjunto de normas e regras impostas por uma sociedade. Como diz (FIGUEIRA, 2010:1) “Ao se trabalhar clinicamente com uma pessoa com deficiência, a construção da relação psicoterapeuta e pessoa deverá ser o alcance para os resultados satisfatórios”. O psicólogo precisa analisar qual a melhor forma de se aplicar a terapia com o indivíduo excepcional e as orientações à família, buscar o melhor caminho para atingir o objetivo que se propõe com a psicoterapia. Pois, “caberá ao psicólogo avaliar se o caso pode ter maiores resultados numa psicoterapia individual ou em aconselhamento em grupo. Recomenda-se que, sempre que possível, opte-se por esse último por razões de estimulação inter- relacionais, de convivência social, dentre outras”. (FIGUEIRA, 2010:1). É importante esclarecer que esse indivíduo poderá ter uma boa qualidade de vida e planejar seu futuro, vivendo e aprendendo a se readequar com suas limitações. 5 Segundo Figueira, Quanto mais a pessoa se aproximar de sua própria realidade, eliminando mecanismo de defesa ou negação, mais seu plano de consciência lhe permitirá ser um cidadão equilibrado e “pronto” para continuar vivendo o meio que a cerca. Por meio dessa normalização, ela terá oportunidades e direitos iguais, responsabilidades iguais, alegrias, angústias e inquietações como qualquer outra pessoa. (FIGUEIRA, 2010; 1). O indivíduo portador de excepcionalidade precisa de uma compreensão e auxílio para buscar sua autossuficiência, sem prejuízos em sua qualidade de vida, exercendo suas tarefas e realizando algo que traga alegria e satisfação. 5 – Conclusão Tendo em vista os aspectos observados, vimos que o indivíduo portador de excepcionalidade ainda é visto com muitos preconceitos e estereótipos. Eles passam a enfrentar seus próprios anseios com relação à deficiência e por muitas vezes tendem a ter que enfrentar os preconceitos externos. É necessário que haja acompanhamento e auxílio na busca de inclusão desse indivíduo tanto na sociedade quanto na própria família, diante disso o psicólogo tem um papel primordial nessa adaptação. Verifica- se que o grande dilema vivido pelos pais com filhos deficientes é sem dúvida uma grande lição para podermos olhar essa questão com alteridade, assim o preconceito e a discriminação será algo que ao longo da história possa ser mudada. O psicólogo irá tratar com o portador de excepcionalidade tanto individualmente quanto com sua família, pois nesse momento todos precisam de bases firmes para continuar esse processo de inclusão. No primeiro momento a família reage de forma negativa a aceitar essa nova condição, por esse motivo o psicólogo irá atuar juntamente com essa família para que exista esse elo entre a mesma e o portador de excepcionalidade que precisará de apoio. Diante disso, a importância do psicólogo é muito grande, pois ele ajudará a construir um novo conceito de relação, para que esse indivíduo se adeque da melhor forma possível. O psicólogo precisa analisar qual a melhor forma de se aplicar a terapia com o indivíduo excepcional e as orientações à família, além de buscar o melhor caminho para atingir o objetivo que se propõe com a psicoterapia. Para que haja sucesso na terapia o profissional de Psicologia deve manter uma relação de confiança e comprometimento com a família e o portador de excepcionalidade, visando assim 6 proporcionar uma melhora significativa na qualidade de vida e autossuficiência do indivíduo excepcional. Nessa relação de confiança o psicólogo poderá sugerir ao portador de excepcionalidade novos desafios e novos caminhos a serem seguidos, para que se tenham novas metas e novos objetivos a serem alcançados, podendo ser capazes de executar tarefas que lhe tragam alegria e lhe proporcionem viver com qualidade de vida e se adequar às suas possibilidades. O portador de excepcionalidade juntamente com a família e com o psicólogo buscarão novas formas de adaptação, sabendo que existirão sim as limitações, mas que acima destas limitações, há possibilidades e capacidades que poderão ser desenvolvidas. 6-Referências Bibliográficas AMIRALIAN, Maria Lúcia Toledo Morais. Temas Básicos de Psicologia. São Paulo: EPU, 1986,73. ALVES, Elaine Gomes dos Reis. A Morte do Filho Idealizado. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/mundo_saude/morte_filho_idealizado>. Acesso em 17 de set. de 2016. FIGUEIRA, Emílio. Pessoas com Deficiência e as Intervenções Clínicas do Psicólogo. Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo>. Acesso em 25 de out. de 2016.
Compartilhar