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Resumo Morfologia geral de fungos

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MORFOLOGIA GERAL DE FUNGOS 
→ A palavra micologia deriva de mikes que vem do latim e significa fungo, e logo, micologia é o estudo dos 
fungos. Os fungos possuem distribuição mundial, estando presentes em todos os continentes exceto nas 
calotas polares. Estão presentes na água, solo, vegetais, material orgânico, considerados os maiores 
decompositores do planeta, além de terem uma fácil disseminação. 
→ Possuem vantagens e desvantagens: 
 VANTAGENS: Alguns são micorrizas, fungos aderidos a raíz de plantas, ajudando na absorção de 
nutrientes para estas; produzem biomassa; fazem controle biológico, ou seja, podem ser usados para 
o controle de pragas; maiores decompositores do planeta; são considerados biomarcadores, ou seja, 
usados para a produção de determinados queijos, cerveja, vinho, pão, missô, molho de soja, etc; 
produtores de antibióticos (o primeiro antibiótico surgiu a partir do Penicillium, enzimas, vitaminas, 
esteroides e hormônios de crescimento vegetal. 
 DESVANTAGENS: causam doenças no homem e nos animais (por exemplo, a Malassézia, hidrolisa a 
melanina, os dermatófitos, causam lesões na pele); causam doenças em plantas; produzem toxinas, 
levando as micotoxicoses; produzem alergia; fazem a biodeterioração. 
→ Os fungos podem ser divididos em dois grupos de acordo com a morfologia de ser talo: 
1. Filamentosos: ou pluricelulares, ou seja, formados por mais de uma célula eucariótica. 
2. Leveduras: unicelulares, ou seja, são células eucarióticas únicas. 
→ Existem dois tipos de reprodução para os fungos, a reprodução sexuada (teleforma) e a assexuada 
(anamorfa), onde os fungos dos quais são conhecidos ambos os tipos são chamados de fungos perfeitos, e 
os fungos dos quais se conhece somente o ciclo anamorfo são chamados de imperfeitos. 
→ Fungos filamentosos 
→ Os fungos filamentosos apresentam três tipos de colônia: 
1. Algodonosa: possuem um aspecto de algodão 
2. Pulverulenta: aspecto de pó; 
3. Aveludada: aspecto de veludo. 
→ As características da colônia auxiliam na identificação do gênero e espécie do fungo para diagnóstico. É 
necessário, adicionalmente, observar a produção de pigmentos, a cor da colônia e comparar com as tabelas-
padrão. 
→ Os principais meios de cultura para fungos são: 
 BÁSICOS: AGAR SABOURAUD\AGAR BATATA DEXTROSE. 
 AGAR DICLORAN ROSA DE BENGALA CLORANFENICOL (DRBC): para contagem geral dos fungos; meio 
em que não cresce bactéria. 
 AGAR Aspergillus flavus-parasiticus (AFPA: diferenciar fungos aflatoxigênicos, ou seja, que 
produzem a aflatoxina; 
 AGAR DICLORAN 18% GLICEROL (DG18): isolamento de fungos de alimentos secos e grãos de cereais 
estocados; o glicerol estimula o crescimento do fungo. 
 AGAR DE NASH-SNYDER (NS): isolamento de espécies de Fusarium; (PITT & HOCKING, 1997; BARNETT 
& HUNTER 1990). 
 
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FUNGO FILAMENTOSO (REPRODUÇÃO ANAMORFA) 
→ A microscopia pode ser feita diretamente da amostra coletada ou a partir de um fragmento da cultura a 
partir do isolamento. É comum a observação de todas as estruturas microscópicas do fungo quando em 
isolamento, o que na maioria das vezes não ocorre quando feito a partir de material coletado. As estruturas 
básicas mais comuns encontradas nos fungos filamentosos são: 
 Hifa: estrutura tubular ou filamentosa, considerada a forma vegetativa e unidade estriutural do 
fungo, tendo como funções principais fixar o fungo no substrato, assimilar nutrientes e gerar 
estruturas de reprodução. É a primeira a aparecer após a germinação do conídio. Pode ser de dois 
tipos: 
o Septada: apresenta septos, com membrana citoplasmática iguais as células eucariotas; 
o Não-septada ou cenocítica: não apresenta divisão ou septos. 
→ A maioria dos fungos filamentosos tem septação, exceto um grupo de fungos. Porém, é importante 
salientar que somente pela hifa não é possível a identificação do fungo. 
→ A hifas podem se apresentar de formas diferentes, como em forma de raquete, espiral ou em forma de 
raiz, chamada de rizóide (como ocorre com gênero Rhizopus). Além disso a constituição da hifa se dá por: 
 Membrana: que contém quinia, celulose, polissacarídeos, lipídeos e proteínas; 
 Citoplasma: Retículo endoplasmático, núcleo, mitocôndrias, ribossomos, vacúolos e outras 
estruturas igualmente ao que ocorre com as células eucarióticas no geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
→ Se analisada microscopicamente a hifa do centro da colônia até a sua extremidade, será possível perceber 
diferenças na sua composição, onde a parte central, que seria a parte “velha” e onde já houve metabolismo, 
ocorre maior quantidade de vacúolos de lipídios, a parte intermediária é onde tem maior quantidade de 
células semelhantes a células eucarióticas com metabolismo evidente e na extremidade ocorre vesículas 
contendo quitina, celulose, polissacarídeos, proteína e lipídio, para o aumento da hifa e síntese de novas 
células. 
→ Do ponto de vista do número de núcleos, a hifas septadas também podem ser: a) apocíticas, com um 
núcleo em cada compartimento ou b) diplocíticas, com dois núcleos em cada compartimento (ocorre nos 
Basidiomicetos). 
 
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→ Grampos: hifa especial formada no ciclo anarmorfo (assexuado) quando o fungo precisa juntas duas hifas, 
uma com material do macho e outra com material da fêmea, para a formação de 2N. Funciona como uma 
ponte, ultrapassando o septo e completar o ciclo anamorfo. 
 
 
 
 
 
 
→ Austório: hifa especial que se introduz no tecido para absorver nutrientes no seu interior (estrutura 
infiltrante). 
 Micélio: conjunto de hifas. É constituído de duas partes: 
 Micélio vegetativo: que se divide em endobiótico, que se infiltra para dentro do substrato e 
epibiótico, que cresce na superfície e a partir disso desenvolver os órgão de reprodução. 
 Micélio reprodutivo: micélio que contém as estruturas reprodutivas em sua extremidade. 
 
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→ Alguns gêneros possuem características próprias: 
1. Aspergillus: possui estípede, vesícula, métula, fiálide e conídio, podendo ser monosseriado (ausência 
de métula) ou bisseriado (presença de métula). Exemplos: A. niger (colônia pulverulenta negra), A. 
nidulans (produz células de Hulle); 
2. Penicillium: não possui vesícula, mas sím estípede, ramo métula, fiálide e conídio. 
3. Grupo dos Mucorales: possuem hifa cenocítica. Exemplos: Mucor: possuem esporângio com esporos, 
columela, esporangióforo e hifas; Sincephalastrum, que possui esporangióforo (relativo ao 
conidióforo), e vários merosporângio com esporos dentro. Não chama-se conídio, pois os a estrutura 
de reprodução está dentro de uma estrutura fechada. Esporo é referente ao ciclo telemorfo 
(sexuado); Rhizopus, que possui rizoide, hifa especial em forma de raiz. Pode ocorrer clamidósporos, 
que são estruturas de resistência. 
 
 Conídio: estruturas de reprodução ou estrutura geradora de colônia de origem assexuada que pode 
ser produzida de várias maneiras e apresentar grande diversidade de formas e arranjamentos. A úico 
exceção são os Mucorales que permaneceram a denominação de esporos. 
→ A conidiogênese é o processo de produção de conídios, e pode ocorrer de duas maneiras principais: 
 Forma tálica: a hifa se fragmenta ou abaúla, onde cada fragmento formará um conídio. 
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 Forma blástica: a hifa produz um brotamento, que cresce, formando o conídio. Se subdivide em 
holoblástico (que pode ocorrer de forma sincronizada, quando mais de um conídio cresce ao mesmo 
tempo, ou simpodial, quando mais de um conídio cresce mas um de cada vez) ou enteroblástico. 
 
 
→ Aindaquanto a forma dos esporos, podem ser: globoso, elíptico, ovóide, piriforme, fusiforme, 
limoniforme, botuliforme, lobulados, claviforme, forma de barril, cilíndricofusóide, liníndrico, redondo. 
Exemplos: Microsporum canis, macroconídio em forma de canoa (colônia branca algodonosa); Curvularia 
spp., conídio em forma de bulmerang; Alternalia spp. Setos verticais e horizontais (colônia verde escura); 
Thrichophyton spp., macroconídio em forma de charuto; Fusarium, com conídio em forma de meia-lua ou 
fusiforme, Tetraploa spp., possui quatro prolongamentos de conídio. 
 
 
 
 
 
 
 
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→ Clamodosporo: ou clamidósporo, estrutura de resistência dos fungos, a partir da formação de uma 
estrutura redonda de membrana dupla, que se forma na extremidade da hifa, mantendo a célula eucariótica 
protegida em seu interior. O Histoplasma capsulatum é o único que possui clamidósporos com espículas. 
→ Esporodóquio: agrupamento de conidióforos, onde contém os conídios. Ocorre no gênero Fusarium. 
 
 
→ A micorriza é uma associação mutualista não patogênica entre certos fungos do solo e as raízes da planta. 
A planta, através da fotossíntese, fornece energia e carbono para a sobrevivência e multiplicação dos fungos, 
enquanto estes absorvem nutrientes minerais e água do solo, transferindo-os para as raízes da planta. Se for 
um fungo produtor de toxinas, a ingestão dessa planta pode ser prejudicial para os animais. 
FUNGO UNICELULAR (REPRODUÇÃO ANAMORFA) 
→ As colônias podem ser de três tipos: 
1. Cremosa 
2. Cerebriforme 
3. Mucoide 
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→ Alguns exemplos são: 
• Saccharomyces cerevisiae: utilizada na produção de cerveja; 
• Cryptococcus neoformans (Filobasidiella neoformans): possui uma cápsula de polissacarídeo, 
encontra-se em fezes de pombo, é dimórfico, podendo fazer o ciclo telemorfo, provoca meningite se 
inalado. 
• Paracoccidioides brasiliensis: produz cinco brotamentos, pode ser ingerido pela carne do tatu, 
fazendo infecção primária no estômago, chegando a corrente sanguínea e alcançando a mucosa 
nasal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
→ A multiplicação da levedura se dá de duas formas principais, fazendo divisão por: 
 Cissiparidade: ocorre duplicação do núcleo e divisão de fora para dentro, liberando duas novas 
leveduras; 
 Brotação: ocorre duplicação do núcleo e a célula inicial produz um brotamento, soltando duas 
leveduras. 
→ A constituição das leveduras se dá por: 
 Membrana/parede: composta de polissacarídeos (glicina e manana), proteínas, vestígios de quitina, 
membrana citoplasmática (protína lipídio, polissacarídeo) 
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 Citoplasma: núcleo, ribossomos, vacúolos, mitocôndrias, e outros. 
→ Pseudohifas: estruturas semelhantes a hifas, provenientes da formação de brotamentos seguidos. Isso 
ocorre quando a levedura se multiplica em grande quantidade e, logo, isso sinaliza a presença de uma 
infecção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
→ A leveduras também possuem clamidoconídios, que são produzidos a partir de pseudohifas e entre as 
leveduras pode haver a presenta de blastoconídios, que se soltam e viram leveduras comuns. 
CICLO TELEMORFO (SEXUADO) DOS FUNGOS 
→ A classificação das classes de fungos é possível através do seu ciclo sexuado ou telemorfo. Quando em 
meio pobre em nutriente, o fungo perfeito faz preferencialmente o ciclo sexuado, e em meio rico em 
nutriente faz o ciclo assexuado. A espécie recebe nome diferente quando em ciclo anamorfo e quando em 
ciclo telemorfo. Por exemplo: Apergillus nidulans/Emericella nidulans; Aspergillus fumigatus/Neosartorya 
fumigatus. 
→ A reprodução sexuada de leveduras basicamente consiste em duas leveduras, uma com material do macho 
e outra com material da fêmea, que se fundem, ocorrendo a fusão do citoplasma, formando uma estrutura 
2N. Esta pode se dividir duas, quatro ou oito vezes e cada fragmento da divisão recebe citoplasma e 
membrana, cujo resultado final será a formação de um asco, ou seja uma estrutura maior com váios 
ascosporos dentro. Para tanto, o fungo que se comportar assim em meio pobre em nutrientes pertence a 
classe Acomycota a à divisão Hemiascomycetidae, uma vez que os ascos foram formados isoladamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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→ Já com os fungos filamentosos em meio de cultura pobre em nutrientes ocorre a junção de dois conídios, 
os quais vão germinar em hifa, micélio e produzir colônia. Algumas hifas se condensam numa determinada 
hifa, e ao redor outras hifas protegem esse material, formando uma bola, que pode se fragmentar várias 
vezes de tal forma que isso irá resultar na formação de um ascocarpo, estrutura que envolve ascos em seu 
interior, e dentro dos ascos possui ascosporos. Quando isso acontece o fungo pertence a classe Ascomycota 
e à divisão Euascomtcetidae, uma vez que os ascos foram formados dentro de um ascocarpo. A classe 
Deuteromycetes compõem os fungos que não fazem o ciclo telemorfo (sexuado). 
→ São conhecidos cinco tipos diferentes de ascocarpos: 
1. Peritécio: é um ascocarpo em fporma de frasco arredondado, cujo envoltório (perídio) é formado 
por duas hifas peridiais entrelaçadas de forma bastante densa. Neste tipo de ascocarpo, a liberação 
dos ascósporos para o meio externo é realizada de um orifício, denominado estíolo. 
2. Cleistotécio: tem forma globosa e não possui qualquer abertura para o meio externo, por isso, a 
liberação dos ascósporos, que são formados em seu interior de maneira dispersa, só se dá por 
rompimento de seu perício. 
3. Gimnotécio: também é um ascocarpo fechado e difere do anterior por apresentar perídio formadas 
por hifas entrelaçadas frouxas. 
4. Apotécio: trata-se de um ascocarpo aberto, tem a forma de um disco, funil ou taça e pode ou não ter 
um suporte, formando os ascos e os ascósporos em contato com o meio ambiente. 
5. Ascostroma: consiste em estruturas constituídas por uma densa trama de hifas, formando um 
estroma. 
 
→ A rotina micológica se dá por em: 
 COLETA DA AMOSTRA 
 MICROSCOPIA DIRETA: CLARIFICANTE (NaOH ou KOH 30%) 
 ISOLAMENTO EM MEIOS SELETIVOS 
 COLÔNIA: MICROSCOPIA COM AZUL DE ALGODÃO 
 TESTES BIOQUÍMICOS 
 TÉCNICAS MOLECULARES

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