Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOGNOSIA Glicosídeos/Heterosídeos Saponínicos Definição Saponinas são glicosídeos cuja genina (sapogenina) pode ser do tipo esteroidal (27C) ou triterpenóide (30C). Triterpenóide Esteroidal • As saponinas ao serem agitadas na água formam espuma. • O primeiro heterosídeo saponínico foi extraído da Saponaria officinalis (Saboeira). Estrutura Química As saponinas possuem uma parte com característica lipofílica (triterpeno ou esteroide) e outra parte hidrofílica (açúcares). A estrutura química das saponinas, por apresentar uma parte hidrofílica e outra parte lipofílica, determina a propriedade de redução da tensão superficial da água e suas ações detergente e emulsificante. • As saponinas apresentam elevada massa molecular (600 a 2000). • São O-heterosídeos, podendo a cadeia de açúcares ser linear ou ramificada e formada por vários radicais Na maioria das vezes a ligação com a aglicona é feita por uma cadeia linear de açúcares com 5 oses: normalmente apresenta glicose, galactose, arabinose, xilose, fucose, ác. glucorônico e galacturônico. Classificação (1) As saponinas podem ser classificadas de acordo com o núcleo fundamental da aglicona: Saponinas esteroidais Saponinas triterpênicas Saponinas Esteroidais • Possuem esqueleto com 27 C, num sistema tetracíclico; • São menos distribuídas na natureza do que as triterpênicas. • Apresentam grande importância farmacêutica: precursores para a síntese de compostos esteroidais (hormônios, contraceptivos, diuréticos etc.); • Apresentam diversas variações estruturais. Saponinas Triterpênicas • Possuem esqueleto com 30 C, num sistema pentacíclico; • Podem ser divididas em 3 grupos principais: Classificação (2) • Outra classificação refere-se ao número de cadeias de açúcares ligadas na aglicona: – Saponinas monodesmosídicas (do grego desmós, ligamento) - única cadeia glucídica ligada normalmente ao C3. – Saponinas bidesmosídicas - uma segunda cadeia ligada a um outro carbono da mesma genina. Classificação (3) • Há ainda uma terceira classificação pelo caráter ácido, básico ou neutro das saponinas: – ácidas: presença de carboxila (-COOH) na genina ou na cadeia de açúcares. – básicas: presença de N (amina secundária ou terciária = glicosídeos nitrogenados esteroidais). Nomenclatura • Origem botânica + ina ou osídeo = glicirrizina ou glicirrizosídeo (heterosídeo). • Para a identificação das sapogeninas inclui- se o sufixo genina (glicirrizgenina). • Nome vulgar da planta seguida da palavra saponina, quando se tem um complexo de saponinas: – Ex.: quilaia-saponina obtida a partir da Quilaia (Quillaja saponaria). Principais Saponinas • Glicirrizina/Glicirrizosídeo • Ginsenina/Ginsenosídeo • Panaxina/Panaxosídeo • Asiaticina/Asiaticosídeo • Quilaia-saponina • Sarsaparilina/Sarsaparilosídeo • Parilina/Parilosídeo Características Gerais • As saponinas são tensoativas. • São hemolíticas (hidrolisam as hemácias liberando hemoglobina). • São ictiotóxicas. • São exclusivamente de origem vegetal. • São formadores de espuma (persistente e abundante). Características Físico-Químicas • As saponinas são substâncias sólidas, brancas ou amareladas, normalmente amorfas, porém cristalizáveis. • Apresentam poder rotatório. • Os glicosídeos são solúveis na água e álcool e insolúveis nos solventes orgânicos apolares. • As saponinas ácidas, ou seja, aquelas que se dissolvem na água produzem soluções com pH ácido e geralmente não possuem propriedades tóxicas e hemolíticas. • As saponinas neutras (pH neutro em solução aquosa) são, em sua maioria, tóxicas, hemolíticas e necrosantes. • Normalmente as saponinas encontram-se no vegetal como misturas complexas de difícil separação pela pequena diferença entre os açúcares. Extração • Extração com água ou soluções hidroalcoólicas. • O extrato aquoso apresenta como vantagem, além do custo menor, a ausência de lipídeos e clorofila. • No entanto, como desvantagens devem ser consideradas as possibilidades de hidrólise, no caso de extração a quente, bem como a baixa estabilidade desses extratos. • Por isso, de modo geral, são usados álcoois para extração (maceração, percolação e decocção). Purificação Extrato Hidroalcoólico (glicosídeos, açúcares, aa, saponinas, etc.) Clorofórmio Fase clorofórmica (álcool e compostos apolares) Fase aquosa (açúcares livres, aa, ácidos orgânicos, saponinas) n-butanol Fase aquosa (açúcares, aa e ác. orgânicos) Fase butanólica (saponinas) Análise Qualitativa • A identificação das saponinas é realizada, principalmente, por meio de: – forte agitação do extrato aquoso acompanhada de formação de espuma, que não desaparece com a adição de um ácido mineral diluído; – liberação de hemoglobina das células sanguíneas pela ação hemolítica = solução avermelhada. Análise Quantitativa • O doseamento das saponinas pode ser realizado, principalmente, através de: – Índice de espuma; – Poder hemolítico; – Colorimetria; – Espectroscopia UV; – Cromatografia gasosa; – HPLC. Índice de Espuma (Afrosimétrico) É a determinação da maior diluição em que 1 g de droga é capaz de formar 1 cm de espuma em determinadas condições. Tubos I II III IV V VI VII VIII IX X Sol. da droga (mL) 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 Água destilada (mL) 0 5 5 5 5 5 5 5 5 5 Diluição 1/100 1/200 1/400 1/800 1/1.600 1/3.200 1/6.400 Etc. Índice de Hemólise Ação Farmacológica e Biológica • A complexação das saponinas com esteróides, proteínas e fosfolipídeos aumentam a permeabilidade das membranas celulares promovendo ações hemolítica, ictiotóxica, espermicida e molusquicida. • As saponinas apresentam ainda ações: – antifúngica e antiviral; – antiestresse – expectorante e diurética; – antiinflamatória; – imunomoduladora e citoprotetora; • Cabe ressaltar que a maioria dos ensaios foi realizada in vitro e os mecanismos de ação não foram ainda devidamente esclarecidos. Uso Farmacêutico e Cosmético As saponinas são empregadas na indústria farmacêutica porque formam o “starting point” para a semi-síntese de drogas esteroides, além disso, muitos possuem atividade farmacológica e são usados na fitoterapia e na indústria de cosméticos, e como adjuvantes também na indústria farmacêutica. Empregabilidade Terapêutica (1) • Vários esteróides empregados como anticoncepcionais, andrógenos, estrógenos, progestágenos e antiinflamatórios são obtidos a partir de fontes naturais (saponosídeos, fitosteróis, colesterol, ácidos biliares); • As saponinas são utilizadas ainda como: – adjuvantes para aumentar a absorção de outros medicamentos; – detergentes e emulsionantes, em suspensões coloidais e emulsões. • Expectorantes: Polygala senega L. (polígala), Primula veris L. (prímula), Grindelia robusta Nutt (grindélia), Hedera helix L. (hera). • Diuréticas: Smilax spp (salsaparilha), Betula pendula Roth (betula), Equisetum arvense L (cavalinha). • Antifúngica e antiviral: Calendula officinalis L. (Calêndula). • Antiinflamatória: Glycyrrhiza glabra L (alcaçuz), Aesculus hippocastannum L (castanha da índia). • Cicatrizante: Calendula officinalis L. (Calêndula), Centella asiatica (L) Urb (Centela). • Antiestresse: Panax ginseng C.A.Mey(ginseng). • Imunomoduladora e citoprotetora: Quillaja saponaria Molina (saponária). Toxicidade • Cabe destacar que muitas das propriedades terapêuticas apontadas anteriormente foram detectadas em testes in vitro ou em modelos animais. • Faltam realizar ensaios pré-clínicos em humanos para avaliar a toxicidade das saponinas. Drogas Vegetais Clássicas Droga Espécie Parte Usada Habitat Heterosídio Alcaçuz Glycyrrhiza glabra Raízes e rizomas Europa, Ásia Glicirrizina Ginseng Panax ginseng Raízes e rizomas China e Coréia do Norte Ginsenosídeos, panaxsosídeos Centela Centella asiatica Raiz Espécie cosmopolita Asiaticosídeo Salsaparrilha Smillax spp raiz Do México ao Brasil Sarsaparilosídeo, parilosídeo Quilaia Quillaja saponaria Cascas Chile, Peru, Bolívia Quilaia-saponina Alcaçuz: Glycyrrhiza glabra Glycyrrhizina Ginseng: Panax ginseng Ginsenosídeo Centela: Centella asiatica Asiaticosídeo Salsaparrilha: Smillax spp Sarsaparilosídeo Quilaia: Quillaja saponaria Quilaia-saponina
Compartilhar