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Abril.com São Paulo — Assim como milhares de universitários recémformados, os jovens da foto acima inscreveramse em dezenas de programas de trainee. Foi uma surpresa quando, no meio do caminho, receberam um email do grupo industrial Votorantim (http://www.exame.com.br/topicos/votorantim) informando que seu perfil tinha tudo a ver com o que a companhia estava buscando e convidandoos a participar de seu programa de trainee. O email da Votorantim não foi enviado ao acaso. É parte da estratégia da 99 Jobs, uma empresa de recrutamento recémcriada. A 99 Jobs reúne informações sobre empresas, como missão, cultura e histórico; e sobre candidatos, como objetivos, prioridades e valores. Tem 430 000 inscritos. Quando um candidato e uma empresa combinam, são apresentados. Além disso, a 99 Jobs varre as redes sociais atrás de pessoas ideais para determinados cargos. “Com os dados disponíveis na rede, fica mais fácil selecionar o candidato certo para o emprego certo”, diz Eduardo Migliano, da 99 Jobs. Além da Votorantim, ele já contratou para o banco Itaú, para a empresa de tecnologia Microsoft e para a varejista Magazine Luiza. Grandes empresas de recrutamento, como Korn Ferry, Heidrick & Struggles e Odgers Berndtson, dominaram o mercado mundial graças aos vastos bancos de dados construídos ao longo de décadas. Seus executivos sabiam quem procurar e tinham experiência para ver que tipo de profissional se encaixava em cada vaga. Mas, com a proliferação das redes sociais, as informações deixaram de ser segredo. Atento a isso, um grupo de empresas está virando o mercado de recrutamento de cabeça para baixo. A principal ferramenta são os milhares de dados disponíveis — o big data. A era dos algoritmos O big data promete dar fim ao arco e flecha no recrutamento Revista Exame 01/10/2015 05:55 Quem começou a mudança foi o LinkedIn, rede profissional que em 12 anos soma 350 milhões de cadastros em todo o mundo. Mas a novidade agora são empresas como a 99 Jobs, que analisam um enorme volume de informações — nem sempre profissionais — para preencher uma vaga. As mais promissoras estão nos Estados Unidos. A Gild, criada em 2011 em São Fran cisco, já contratou para o Facebook (http://www.exame.com.br/topicos/facebook) e o TripAdvisor rastreando postagens feitas pelos candidatos. O diferencial da Entelo, também californiana, que atende empresas como a American Express e a montadora Tesla, é reconhecer, pelos vestígios deixados online, as pes soas que estão mais propensas a trocar de emprego. Já a paulistana Pin People segue a lógica de sites de namoro, como o eHarmony, para juntar pessoas e empresas com interesses em comum. Por trás do sucesso dessas companhias está uma insatisfação com o modelo tradicional de seleção. Os recrutadores cobram caro — até 30% do salário anual do executivo contratado — para apresentar soluções padronizadas. Os alvos costumam ser profissionais de empresas similares e gente formada nas melhores universidades. Mas tal prática vem matando a diversidade de ideias dentro das empresas e não abre espaço para os geniozinhos fora do padrão. Essa é a tese da americana Lauren Rivera, autora do livro Pedigree: How Elite Students Get Elite Jobs (“Pedigree: por que estudantes de elite conseguem vagas de elite”, numa tradução livre). De acordo com Lauren, parte do problema é que, nas entrevistas de emprego, os recrutadores preferem candidatos com os quais têm afinidade pessoal, e não necessariamente os mais preparados para a vaga em questão. Isso vale, segundo ela, tanto para estagiários quanto para altos executivos. Pressionadas, as empresas de re cru ta mento começam a usar cada vez mais tecnologia (http://www.exame.com.br/topicos/tecnologia) em seus processos. Mais de 80% das contratações da Rand stad, recrutadora holandesa presente em 39 países, utilizam ferramentas digitais. Em paralelo, elas dependem cada vez menos da contratação. A americana Korn Ferry, líder global com cerca de 1 bilhão de dólares de receita, diminuiu, na última década, a dependência do recrutamento de 90% para 50%. Na Heidrick & Struggles, a fatia corresponde a 75%. Os novos serviços incluem programas de sucessão, consultoria e treinamento. “Continuaremos decisivos, es pecialmente nos altos cargos. Mas queremos participar de todas as questões envolvendo pessoal”, diz Sérgio Averbach, presidente da Korn Ferry na América Latina. Bemvindo à era dos algoritmos. Pela Web
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