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Apostila de Direito de Família

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DIREITO DE FAMÍLIA
___________________________________________________________________________________
Fabrícia Estrella
Advogada especialista em Direito de Família e das Sucessões
Consultora jurídica, autora de obras e artigos jurídicos e palestrante
Profª de Direito Civil da Universidade Estácio de Sá e da MERCURY Eventos
Profª. de Direito Civil da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
DIREITO DE FAMÍLIA
Conceito
O direito de família é o ramo do direito civil que cuida das questões familiares.
O conceito amplo inclui o conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar. Incluem-se aqui os parentes e os afins (parentes do cônjuge).
O conceito restrito compreende o núcleo formado por pais e filhos que vivem sob o poder familiar (sem incluir a família do cônjuge).
A CRFB/88, em seu art. 226, § 4º, estendeu sua tutela para a família monoparental, ao dispor que:
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
(...)
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.
O conceito sociológico de família (família sócioafetiva) envolve as pessoas que vivem sob um mesmo teto, sob a autoridade de um titular (art. 1.412, §2º, CC).
Hoje, a família moderna envolve não só a monoparental, mas também a união estável (vide art. 226, §3º, CR/88, que elevou ao status de entidade familiar a união estável) e, de forma análoga, as uniões homoafetivas, apesar de a maior parte da doutrina e da jurisprudência ainda entender tratar-se de sociedade de fato a união de pessoas do mesmo sexo, e de ainda nem existir previsão constitucional da matéria ou regulamentação federal a respeito (vide Projeto de Lei nº 1.151, de 1995 – Marta Suplicy – “Disciplina a união civil entre pessoas do mesmo sexo e dá outras providências”). Vide decisão do STF de 05.05.2011.
Desta forma, o conceito tradicional de família, que tem como origem o casamento e que, por influência do cristianismo, tem como finalidade única a perpetuação da espécie, não é mais absoluto.
A característica precípua da família na sociedade atual é a afetividade. Sua origem biológica não se faz mais necessária, eis que as funções econômica, religiosa e política da família vêm perdendo a relevância do passado.
Atualmente, a família é um grupo de pessoas unidas pelo carinho, desejos comuns e afeto. Portanto, a nova família exige uma tutela jurídica que respeite sua origem, a forma de sua constituição, além da convivência e da igualdade de direitos entre seus membros. 
Natureza Jurídica
Quanto à natureza jurídica da família, a doutrina majoritária entende tratar-se de instituição social, apesar de, no passado, ser entendida a família como pessoa jurídica, apesar de não possuir capacidade para contrair obrigações e usufruir direitos.
Clóvis Beviláqua definiu que: “O Direito de Família é o complexo das normas, que regulam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos, que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, as relações entre pais e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos complementares da tutela e da curatela”.
No Direito Canônico, o direito de família era constituído por normas imperativas, inspiradas na vontade de Deus ou na vontade do monarca. Segundo Diogo Leite de Campos, o “pai/marido transforma-se, assim, numa verdadeira fonte de criação do Direito, de normas de organização interna da família, que se impõem aos dependentes. A vontade do pai é lei”.
No Direito Romano, a figura do pater familias designava a figura do pai/marido, como chefe da sociedade familiar. Hoje, o poder familiar é exercido como um poder-dever em igualdade de condições por ambos os progenitores.
No direito de família a ordem pública prepondera sobre o interesse privado, em virtude do interesse do Estado no direcionamento da família como célula básica da sociedade (art. 226, CR/88).
Princípios Norteadores do Direito de Família
O direito de família sofreu, em razão da evolução social, alterações em seus aspectos essenciais, à luz dos princípios constitucionais.
Desta forma, rege-se o direito de família atual por alguns dos seguintes princípios: dignidade da pessoa humana, comunhão de vida instituída pela família, igualdade jurídica entre os filhos, igualdade jurídica entre cônjuges e companheiros, paternidade responsável, planejamento familiar, entre outros.
O princípio da dignidade da pessoa humana, consagrado no art. 1º, III, da Constituição Federal de 1988, constitui base da comunidade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, principalmente da criança e do adolescente (art. 227, CF). Funda-se o direito de família atual na dignidade dos membros familiares, principalmente no que concerne ao desenvolvimento da personalidade dos filhos.
O princípio da comunhão de vida instituída pela família, proveniente do casamento ou da união estável, encontra-se no art. 1.513 do Código Civil.
Já o princípio da igualdade jurídica entre todos os filhos, previsto no art. 227, §6º, da Constituição Federal, dispõe que os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. Assim, não mais se admite a distinção entre filiação legítima e ilegítima (proveniente ou não do casamento), e adotiva, presente no Código Civil de 1916.
Essa igualdade abrange também os filhos adotivos e aqueles havidos por inseminação heteróloga (com material genético de terceiro). Diante disso, não se pode mais utilizar as expressões filho adulterino ou filho incestuoso, as quais são discriminatórias. Também não podem ser utilizadas, em hipótese alguma, as expressões filho espúrio ou filho bastardo. Apenas para fins didáticos utiliza-se a expressão filho havido fora do casamento, já que, juridicamente, todos os filhos são iguais.
O princípio da igualdade jurídica entre cônjuges e companheiros, em relação aos seus direitos e deveres, foi consagrado no art. 226, §5º, da Constituição Federal, sendo desdobramento da igualdade estabelecida entre homens e mulheres no art. 5º, inciso I, CF.
Os princípios da paternidade responsável e do planejamento familiar, estão previstos no art. 226, §7º, da Constituição Federal. A Lei nº. 9.263/96 regulamentou a matéria e o Código Civil de 2002, em seu art. 1.565, §2º, prevê que o planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. 
É de se ressaltar que o Enunciado 99 da I Jornada de Direito Civil, realizada no Superior Tribunal de Justiça, analisando o alcance do art. 1.565, §2º, do Código Civil, consagrou que o referido artigo não se trata de norma destinada apenas às pessoas casadas, mas também aos casais que vivem em companheirismo, nos termos do art. 226, caput e §§, 3º e 7º, da Constituição Federal de 1988, e não revogou o disposto na Lei nº. 9.263/96.
O Novo Direito de Família
O Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) apresentou no Congresso Nacional, o Projeto de Lei nº. 2.285/07, chamado de Estatuto das Famílias, reconhecendo as inúmeras formas de família existentes hoje na sociedade brasileira, entre as quais as formadas por casais e seus filhos, aquelas formadas por um dos pais e seus filhos, as provenientes de relações homoafetivas ou de relações de afeto em geral, além das constituídas pela convivência entre irmãos, bem como as comunhões afetivas estáveis existentes entre parentes colaterais (famílias pluriparentais).
Este Projeto de Lei visa a preencher as inúmeras lacunas deixadas pelo Código Civil de 2002, em relação ao Livro IV, do direito de família.
Isto porque o Projeto do Código Civilde 2002, que é de 1969, tramitou durante muitos anos no Congresso Nacional, não se adequando, pois, à evolução das relações sociais brasileiras, entrando em vigor em 11 de janeiro de 2003 defasado em certos aspectos.
O Estatuto das Famílias disciplina, entre outras questões, as relações baseadas nos laços de afeto, a guarda compartilhada de filhos, a utilização da mediação nas questões relativas ao direito de família, os procedimentos de guarda e adoção de filhos, além do direito previdenciário e do direito à herança nas relações homoafetivas, e o divórcio sem necessidade de prévia separação judicial, nos procedimentos consensuais de separação, divórcio e inventário extrajudiciais, em algumas hipóteses. 
Vale ressaltar que o texto do Estatuto das Famílias está disponível, em sua íntegra, no site do Instituto Brasileiro de Direito de Família (www.ibdfam.com.br). 
De acordo com a entidade, o Estatuto das Famílias é intitulado no plural para dimensionar a amplitude e a abrangência social e, portanto, a contemplação das diversidades nas disposições do texto.
Relações de Parentesco e Afinidade
Parentesco
Vínculo que une duas ou mais pessoas, em decorrência de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um genitor comum.
Segundo art. 1.593, CC, o parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. 
É orientação do Enunciado 256, da III Jornada de Direito Civil do STJ, que a posse do estado de filho (parentalidade sócio-afetiva) constitui modalidade de parentesco civil.
O parentesco pode ocorrer em linha reta, quando as pessoas estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes (art. 1.591, CC) ou em linha colateral (transversal), quando as pessoas provêm de um só tronco, sem descenderem uma da outra (art. 1.592 CC).
O grau de parentesco define-se pela proximidade do ancestral comum, sendo o grau a distancia que vai de uma geração à outra.
Na linha reta, a contagem de graus é infinita. O pai é parente em 1º grau do filho, em 2º grau do neto, etc. Já na linha colateral, o grau deve ser contado subindo-se até o ancestral comum, para depois se atingir o parente em questão (art. 1.594, CC – dispõe que o parentesco colateral existe até o 4º grau, inclusive para os direitos sucessórios).
Afinidade
Vínculo criado pelo casamento, que une cada um dos cônjuges aos parentes do outro (art. 1.595, CC). O CC/02 estendeu o vínculo de afinidade à união estável. 
O cônjuge não é afim, mas é causa da afinidade.
Marido e mulher não são parentes. A relação entre eles é de vínculo conjugal, que nasce com o casamento e se dissolve pela morte, pelo divórcio ou pela anulação do matrimônio.
Casamento
Conceito
O casamento é a união entre o homem e a mulher, de acordo com a lei, a fim de se reproduzirem, de se ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos.
Natureza Jurídica. Princípios
A natureza jurídica do casamento é controvertida. Parte da doutrina entende tratar-se o casamento de instituição; outros entendem tratar-se de contrato. O melhor entendimento é no sentido de ser, ao mesmo tempo, o casamento uma instituição e um contrato.
Eduardo dos Santos, citando Cimbali, sustenta que o matrimônio é “um contrato sui generis de caráter pessoal e social; sendo embora um contrato, o casamento é uma instituição ético-social, que realiza a reprodução e a educação da espécie humana”.
Segundo Sílvio de Salvo Venosa, pode-se afirmar que o casamento-ato é um negócio jurídico, o casamento-estado é uma instituição.
O casamento é ato pessoal e solene, que não admite termo ou condição. Para que exista casamento válido e eficaz, necessário se faz a observância das regras do art. 104, CC. Além disso, a diversidade de sexos é fundamental, além do consentimento das partes. Também, se presentes um dos requisitos dos arts. 166 ou 167, ambos do CC, o ato será nulo. Se observados os pressupostos do art. 171, CC, será anulável.
O art. 1.515, CC, dispõe sobre a validade do casamento religioso que atender as exigências da lei para a validade do casamento civil, equiparando-se a este, desde que registrado, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Promessa de casamento. Dano moral. Jurisprudência
Denomina-se esponsais o compromisso matrimonial contraído por um homem ou uma mulher, geralmente entendido como noivado. Trata-se de promessa de contratar (promessa de casamento – negócio preliminar).
O CC/02 e o CC/1916 não trataram expressamente da questão, mas os tribunais têm decidido pela existência de dano moral quando há ruptura unilateral de promessa de casamento (TJSP – Ap. Cível 81.499-4 – Rel. Octavio Helene). 
A ruptura contratual da promessa de casamento é fato gerador do dever de indenizar, com base nos princípios gerais da responsabilidade civil subjetiva (art. 186, CC), além da possibilidade de indenização por danos morais, se for o caso.
O sujeito ativo da pretensão indenizatória é o nubente inocente, bem como os pais ou eventuais terceiros que tenham contraído obrigação propter nuptias. 
Há que se demonstrar o prejuízo e o nexo causal. O sujeito passivo é o noivo(a) que romper a promessa sem justo motivo. 
Tratando-se de aplicação da responsabilidade subjetiva, são requisitos a serem provados na ação indenizatória: 1) existência da promessa de casamento; 2) recusa injustificada de contraí-lo; 3) existência do dano e 4) nexo causal.
Cumpre observar que a promessa de casamento (noivado) deve ser séria, geradora de vínculo; caso contrário não cabe indenização em caso de ruptura, conforme entendimento do TJ/SP (Ementa nº 22701) que se segue:
“INDENIZAÇÃO - Dano moral e gastos efetuados - Promessa de casamento - Indeferimento - Apelante que contraiu despesas com roupas e produtos pessoais sem qualquer relacionamento de responsabilidade pelo varão - Hipótese de união efêmera (48 dias), sendo a apelante não tão jovem (37 anos) - Não comprovação, ademais, de que fosse ingênua ou virgem - Impossibilidade, ainda, de se atribuir responsabilidade pelos gastos com a festa comemorativa do início da união concubinária entre ambos, também por ausência de provas - Improcedência - Recurso não provido. (Relator: Silvério Ribeiro - Apelação Cível 140.494-1 - 28.05.91 - Presidente Venceslau)”
Formalidades preliminares do casamento
O procedimento preparatório para o casamento incluir 3 fases distintas: a habilitação, que se processa nas circunscrições do registro civil perante o juiz; a publicidade nos órgãos locais; e a celebração.
Habilitação
A habilitação, conforme art. 1.526, CC, será feita perante o oficial do registro civil e, se o órgão do MP impugnar o pedido ou a documentação, os autos serão encaminhados ao juiz.
Os documentos exigidos para o requerimento de habilitação estão arrolados no art. 1.525, CC, quais sejam:
Certidão de nascimento ou documento equivalente – o art. 1.517, CC, exige a idade de 18 anos. Contudo, se os nubentes atingirem 16 anos, poderão se casar com a autorização dos pais ou do representante legal.
Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra – trata-se dos incapazes. No CC/02, como a idade núbil foi reduzida para os 16 anos (art. 1.517, CC), os menos de 18 anos necessitarão do consentimento de ambos os pais para se casarem. Em caso de divergência, qualquer um deles poderá recorrer à decisão judicial, conforme art. 1.631, CC. O menor não reconhecido pelo pai deverá ser autorizado pela mãe (art. 1.633, CC). Se o menor estiver sob tutela, será necessário o consentimento do tutor.
Declaração de 2 testemunhas maiores que afirmem não existir impedimento ao casamento – o valor desse documento é relativo, pois pode ser facilmente obtido (art. 42, Lei nº 6.015/73). Os impedimentos absolutos e relativos ao casamento encontram-se, respectivamente nos arts. 1.521 e 1.550, CC.
Declaraçãodo estado civil, do domicílio e da residência atual dos nubentes e de seus pais – esta declaração é denominada memorial.
Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença do divórcio.
Apresentados os documentos ao oficial do registro civil, os nubentes requererão certidão de que estão habilitados para o casamento (art. 67, Lei nº 6015/73). De acordo com o art. 1.527, CC, o oficial deverá lavrar os proclamas (publicação dos editais), mediante edital, que será afixado em local público, durante 15 dias onde são celebrados os casamentos e se publicará pela imprensa onde a houver. O art. 1.527, CC, diz que, havendo urgência, os proclamas podem ser dispensados.
Cumpre observar que a doutrina mais moderna tem entendido pela dispensa dos proclamas nas hipóteses de gravidez (art. 1.520, CC) e de casamento nuncupativo (art. 1.540, CC), entre outras. Os motivos de urgência deverão ser analisados nos casos concretos, com pedido fundamentado dos nubentes. 
Ressalte-se que o art. 1.520, do Código Civil foi tacitamente revogado na parte “para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal”, pelo art. 5º da Lei nº. 11.106/05. 
Esta lei revogou os incisos VII e VIII, do art. 107 do Código Penal, que previam a extinção da punibilidade pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes (inciso VII) e pelo casamento da vítima com terceiro, também nas hipóteses de crimes contra os costumes, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e, desde que, a ofendida não requeresse o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração (inciso VIII).
Portanto, não é mais permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (16 anos) para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal, em face da supracitada derrogação.
Finalmente, o representante do MP terá vista dos autos, podendo impugnar o pedido ou os documentos. Neste caso, os autos serão remetidos ao juiz, que decidirá (art. 67, §§ 1ºe 2º, Lei nº 6.015/73).
Decorrido o prazo de 15 dias da fixação do edital, e ninguém se opuser, o oficial certificará que os pretendentes estão habilitados para se casar dentro dos 3 próximos meses (art. 1.532, CC). Trata-se de prazo decadencial. Logo, não se realizando o matrimônio neste período, a habilitação deve ser renovada.
O procedimento de habilitação completa-se com o registro dos editais no cartório que os houver publicado. A jurisprudência tem apontado que qualquer irregularidade no processo de habilitação não leva a nulidade do casamento.
Já existe um Projeto de Lei que está sendo analisado pela Câmara dos Deputados (PL 7.079/10), que autoriza o uso da internet na apresentação de requerimento para processo de habilitação de casamento. A proposta alterará o Código Civil/02.
Impedimentos absolutos e relativos para o casamento. Causas suspensivas.
Impedimentos Absolutos (art. 1.521, CC): nulo
Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural (parentes ou afins) ou civil (adoção). Preservação do sentido ético e moral da família;
Os afins em linha reta (art. 1.595, § 2º, CC). Os colaterais, por afinidade, porem se casar;
O adotante do cônjuge do adotado e o adotado a quem o foi do adotante (preservação do sentido ético e moral da família);
Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 3º grau inclusive. O impedimento entre colaterais de 3º grau não é mais insuperável em face da alteração introduzida na legislação (Dec. Lei nº 3.200/41). Permite-se o casamento destes colaterais se apresentado atestado de sanidade que afirme não existir inconveniente para o matrimônio, sob o ponto de vista da saúde dos cônjuges e da prole. Sem tal documento, o casamento é nulo. O Projeto nº 6960/02 sugere que se acrescente parágrafo ao art. 1.524, com a seguinte redação: 
“Poderá o juiz, excepcionalmente, autorizar o casamento dos colaterais de 3º grau, quando apresentado laudo médico que assegure inexistir risco à saúde dos filhos que venham a ser concebidos”.
O adotado do filho do adotante (irmãos) – art. 1.626, CC;
As pessoas casadas (BIGAMIA - art. 235, CP) – desaparecido o vínculo pela morte, anulação ou divórcio, desaparece o impedimento. Hoje, o cônjuge do ausente pode se casar. Isto porque o Código Civil/02 passou a admitir a morte presumida nos casos de abertura de sucessão definitiva (art. 6º) e nas hipóteses do art. 7º, sem decretação de ausência. Essa presunção de morte opera, portanto, para todos os efeitos. No CC/16 o cônjuge do ausente, não importando o tempo de ausência, não podia casar. A presunção de morte, que possibilita a sucessão provisória e definitiva, não tinha efeitos em matéria matrimonial. A morte presumida não dissolvia o casamento, restando ao cônjuge sobrevivente a possibilidade de obter o divórcio;
O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio, ou tentativa de homicídio, contra o seu consorte – exige-se a condenação criminal. A proibição atinge tanto o autor intelectual quando o material do crime. É irrelevante a prescrição do crime ou a reabilitação do condenado, persistindo o impedimento em ambas as situações. O impedimento deve ser estendido à união estável, desde a CR/88.
Cumpre observar que atualmente, o cônjuge do ausente pode se casar novamente, bastando, para tanto, a sentença declaratória de morte presumida, nas hipóteses do art. 6º, 2ª parte, e do art. 7º, ambos do Código Civil. 
A legislação em vigor, pois, não prevê as hipóteses de retorno do ausente.
De fato, o art. 1.571, §1°, do Código Civil dispõe que o casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. Desta forma, nas hipóteses de ausência, dissolve-se o casamento do ausente. 
Porém, não há dispositivo na legislação em vigor no sentido de se dispor acerca da validade do primeiro ou de segundo casamento, se o cônjuge do ausente, ante a sua demora em retornar, se casar com outra pessoa. 
Zeno Veloso sugere que deveria ser incluído no Código Civil em vigor o art. 1.571-A, com a seguinte redação: “Se o cônjuge do ausente contrair novo casamento, e o que se presumia morto retornar ou confirmar-se que estava vivo quando celebradas as novas núpcias, o casamento precedente permanece dissolvido.” 
O direito comparado soluciona a questão prevendo, por exemplo, o direito alemão que, na hipótese de regresso do ausente, ou se ficar constatado que ele não morreu, não será considerado nulo o segundo casamento do cônjuge presente, a não ser que fique comprovado que os nubentes já sabiam do fato. Portanto, o novo casamento dissolverá o anterior. 
O direito italiano, ao contrário, determina que o novo casamento, naquelas circunstâncias, seja considerado nulo, embora se reconheça a putatividade do mesmo.
É necessário afirmar que o Professor Orlando Gomes, em seu Anteprojeto do Código Civil de 1963, já previa o caso do novo casamento do cônjuge do ausente, dispondo o art. 63 que: 
“Transcorrido um ano após ter transitado em julgado a sentença que declare a morte presumida do ausente, pode o seu cônjuge contrair novo casamento. 
§ 1o Regressando o ausente, o segundo casamento será declarado nulo, mas produzirá os efeitos do matrimônio putativo. 
§ 2o Não se pronunciará a nulidade do segundo casamento se provada a morte real do ausente em data posterior à sua celebração”.
Como se observa, o brilhante civilista, ao cuidar do regresso do ausente, preferiu sacrificar o segundo casamento do cônjuge presente, adotando a solução italiana e se afastando da alemã.
Impedimentos Relativos (art. 1.550, CC): anulável
De quem não completou a idade mínima para casar – supre-se o impedimento, conforme o art. 1.553, CC, atingindo o menor a idade núbil, quandocontinuará seu casamento com a autorização dos representantes legais ou suprimento judicial. O art. 1.552, CC dispõe sobre a legitimidade para a anulação. O prazo é o do art. 1.560, CC (180 dias). A jurisprudência vem entendendo que a idade matrimonial pode ser suplementada em caso de gravidez (art. 1.520, CC);
Do menor em idade núbil não autorizado pro seu representante legal – supre-se tal impedimento com a autorização, que pode ser revogada até a celebração do casamento (art. 1.518, CC);
Por vício de vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558, CC;
Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento – será nulo o casamento daquele que é portador de moléstia mental permanente (art. 1.548, I, CC). Será anulável o casamento daquele que, no momento do consentimento, não tinha o devido discernimento, estando, por exemplo, sob efeito de substancia entorpecente ou em estado de inconsciência. Não haverá incapacidade dos surdos-mudos ou dos deficientes visuais que puderem exprimir sua vontade;
Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges – casamento por procuração com poderes especiais (instrumento público - art. 1.542, CC);
Por incompetência da autoridade celebrante – será anulável o casamento realizado pelo juiz que não está em exercício ou o celebra fora dos limites de sua circunscrição. Contudo, o art. 1.554, CC, protege o estado de aparência. O prazo para anulação será de 2 anos (art. 1.560, II, CC – prazo decadencial).
Causas Suspensivas (art. 1.523, CC)
Não devem casar o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não tiver inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros – para evitar a confusão patrimonial;
A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até 10 meses depois do começo da viuvez, ou da situação da sociedade conjugal;
O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Têm legitimidade para arguir as causas suspensivas da celebração do casamento os parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, além dos colaterais em segundo grau, também consanguíneos ou afins (art. 1.524, CC). 
O Enunciado 330 da IV Jornada de Direito Civil do STJ dispõe que as causas suspensivas da celebração do casamento poderão ser arguidas inclusive pelos parentes em linha reta de um dos nubentes e pelos colaterais em segundo grau, por vínculo decorrente de parentesco civil.
Celebração do Casamento
Os contraentes, com a certidão de habilitação, requererão à autoridade que houver de presidir o ato, a designação do dia, lugar e hora para a cerimônia, que se realizará na sede do cartório de registro civil, com as portas abertas (art. 1.533, CC). Nos casos fortuitos ou de força maior, ou querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, a solenidade celebrar-se-á em outro edifício.
Duas testemunhas deverão presenciar a cerimônia, devendo ser em número de 4 (quatro), se algum dos nubentes não souber escrever ou se for a celebração em edifício particular.
Admite-se, no sistema brasileiro, o casamento por procuração, por instrumento público, e com poderes especiais.
Presentes os nubentes, em pessoa ou por procurador especial, 3 (três) testemunhas e o oficial do registro, o juiz perguntará aos nubentes se persistem no propósito de se casar por livre e espontânea vontade (art. 1.535, CC). Após, lavrar-se-á no livro de registro o assento do matrimônio.
Casamento Religioso com Efeitos Civis
Esta modalidade de casamento não era prevista no Código Civil de 1916. 
O Código Civil de 2002 consagrou nos arts. 1.515 e 1.516, caput e §1º, a equiparação do casamento religioso ao casamento civil, desde que atendidas as exigências da lei para a validade deste e registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Portanto, o efeito é ex tunc. 
Desde 1988, a Constituição Federal dispõe que o casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei (art. 226, §2º). 
Ademais, a Lei nº. 1.110 de 23 de maio de 1950, regulava, desde então, o reconhecimento dos efeitos civis ao casamento religioso. Esta lei equiparava, já naquela época, o casamento religioso ao civil (art. 1º), produzindo a inscrição no registro civil, efeitos jurídicos a contar do momento da celebração do casamento (art. 7º).
Portanto, a regulamentação desta modalidade de casamento era prevista na Lei nº. 1.110/50, que perdurou até a entrada em vigor do Código Civil de 2002, que atualmente consagra a validade do casamento religioso desde que atendidos os mesmos requisitos do casamento civil, passando, pois, a regular a matéria.
Referindo-se ao art. 1.515, do Código Civil, a Lei nº. 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), no art. 75, afirma que o registro produzirá efeitos jurídicos a contar da celebração do casamento.
Não se pode olvidar que o art. 1.516, §1º, CC elevou para noventa dias o prazo do registro civil do casamento religioso, dependendo de nova habilitação na hipótese de inobservância do mesmo. Portanto, revogado tacitamente foi o prazo de trinta dias para o registro do caput do art. 73, da Lei nº. 6.015/73.
Contudo, é de se ressaltar que será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído casamento civil com outra pessoa, na forma do art. 1.516, §3º, CC. 
A hipótese é de nulidade do registro, e não do casamento religioso. Este não se considera nulo, mas já não é hábil para produzir efeitos civis, nem pode se equiparar ao casamento civil. 
A norma visa a deixar sem efeitos civis a celebração de casamento religioso que, conquanto tenha sido formalmente perfeita, ensejou registro realizado após outra celebração civil, seguida de novo assento regular (CC 1535).
	
Casamento Puramente Religioso que pode ser Convertido em Civil
É a hipótese do casamento religioso celebrado sem a prévia habilitação. 
Nesta modalidade, o casamento poderá ser registrado desde que apresentados pelos nubentes, com o requerimento de registro, a prova do ato religioso e os documentos exigidos pelo Código Civil, suprindo eles eventual falta de requisitos nos termos da celebração.
O registro do casamento poderá ser feito a qualquer tempo, mediante habilitação prévia, conforme orientação do art. 1.516, §2º, do Código Civil de 2002.
Tendo sido celebrado casamento religioso sem que os nubentes tivessem cuidado previamente da habilitação civil, o registro civil poderá ocorrer depois, a qualquer tempo, mas desde que providenciada a habilitação e requerido o registro civil da celebração religiosa. A habilitação, de qualquer forma, está sujeita ao regramento do CC1525 a CC 1532.
Casamento Nuncupativo
Trata-se de forma especial de celebração do casamento (art. 1.540, CC) em que, ante a vigência do caso e por falta de tempo, não se cumprem todas as formalidades legais do art. 1.533, CC. Exemplo disso seria quando um dos contraentes se encontrar em iminente risco de vida.
Neste caso, o oficial de registro, mediante despacho da autoridade competente, à vista dos documentos exigidos pelo art. 1.525, CC (habilitação) e, independentemente dos proclamas (art. 1.527, parágrafo único, CC), dará a certidão de habilitação, dispensando o procedimento regular. 
Chega-se até mesmo a dispensar a autoridade competente para presidir o ato, figurando, neste caso, os nubentes como celebrantes, e realizando oralmente o casamento (RT, 475/58), perante 6 (seis) testemunhas, que deles não tenham parentesco em linha reta ou, na colateral, em 2º grau (art. 1.540, CC e art. 76, da Lei nº 6.015/73). 
Após a cerimônia, as testemunhasdeverão comparecer, dentro de 10 dias, ante a autoridade judicial mais próxima, para pedir que se lhes tomem por termo as declarações.
É mister salientar que o caput do art. 1.541, CC elevou para dez dias, o prazo de comparecimento das testemunhas perante a autoridade judicial para comprovação do casamento nuncupativo para dez dias. 
Isto porque o caput do art. 76 da Lei nº. 6.015/73 previa o prazo de cinco dias para tal comparecimento. Portanto, é de se constatar que o Código Civil de 2002 derrogou tacitamente a Lei nº. 6.015/73, em relação a esta matéria.
Provas do casamento
A prova específica do casamento é a certidão do registro feita ao tempo de sua celebração (art. 1.543, CC).
Contudo, o ato nupcial pode ser provado por outras provas diretas supletórias (art. 1.543, § único, CC). Ex.: testemunhas, documentos.
O casamento realizado no exterior prova-se de acordo com a lei do país em que se celebrou (princípio do locus regit actum – arts. 13 e 14, LICC). Porém, para tal documento produzir efeitos no Brasil, deverá ser autenticado, segundo as leis consulares, isto é, deverá ser legalizado pelo cônsul brasileiro do lugar (art. 1.544, CC).
Prova-se, também, o casamento pela prova indireta da posse do estado de casado (pessoas de sexo diferentes que vivam publicamente como marido e mulher e coabitem – art. 1.545, CC).
Havendo dúvidas entre as provas pró e contra o casamento, deve-se inclinar pela sua existência, se os cônjuges vivem na posse do estado de casados (regra: in dubio pro matrimonio).
Efeitos do casamento
	
São os seguintes os efeitos do casamento: 1) pessoais; 2) sociais e 3) patrimoniais.
Os pessoais envolvem a fidelidade mútua (art. 1.566, I, e art. 1.573, I, CC), coabitação (arts. 1.566, II, 1.511 e 1.797, I, CC) mútua assistência (art. 1.566, III e art. 1.573, III, CC), respeito e consideração mútua (art. 1.566, V, e art. 1.573, III, CC).
Os sociais envolvem a criação da família (art. 1.513, CC), o estabelecimento do vínculo de afinidade (art. 1.595, §§ 1º e 2º, CC), a emancipação do consorte menor de idade (art. 5º, § único, II, CC) e a constituição do estado de casado.
Os patrimoniais dizem respeito ao estabelecimento do regime de bens, à instituição do bem de família (art. 1.711 a 1.722, CC e Lei nº 8.009/90), ao dever de sustento (arts. 1.565 e 1.588, CC), à prestação de alimentos, ao direito sucessório do cônjuge sobrevivente (ele é herdeiro necessário e concorre na ordem de vocação hereditária, com descendentes e ascendentes – arts. 1.829, 1.830 e 1.845, CC. Além disso, o cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação) e ao dever de sustento dos filhos até a maioridade (arts. 1.634, 1.566, IV e 1.568, CC).
Casamento Putativo
É o casamento nulo, ou anulável, que contraído de boa-fé por ambos ou pelo menos, um dos nubentes, tem, em razão da boa-fé, efeitos civis (art. 1.561, CC).
O principal efeito da putatividade é a proteção dos filhos (art. 14, da Lei nº 6.515/77). Desta forma, todo casamento nulo ou anulado é considerado putativo com relação aos filhos. O efeito da sentença é ex nunc.
Se ambos estavam de boa-fé, a sociedade conjugal se dissolve como se tivesse ocorrido a morte de um dos cônjuges, partilhando-se os bens. O regime de bens adotado gera efeitos até a data da anulação, atendendo-se na partilha o que foi estabelecido no pacto.
Se a nulidade ou anulabilidade foi decretada após a morte de um dos cônjuges, o outro herda normalmente. Morrendo um dos cônjuges após a sentença anulatória não será mais herdeiro.
Se a boa-fé era só de um dos cônjuges deve-se observar o art. 1.564, CC. O cônjuge de má-fé perde as vantagens econômicas do casamento, não tendo direito à meação, se o regime foi o da comunhão de bens, nem será herdeiro do outro cônjuge. Por outro lado, o cônjuge inocente não perde seis direitos.
Regime de bens
Existem três princípios em relação ao regime de bens do casamento:
1. Variedade de regimes - a norma não impõe um só regime matrimonial aos nubentes, pois lhes oferece quatro tipos diferentes: o da comunhão parcial, o da comunhão universal, o da separação total e o da participação final dos aquestos;
2. Adoção do pacto antenupcial - os cônjuges podem escolher livremente o regime de bens que lhes convier, para regulamentar os interesses econômicos decorrentes do ato nupcial (art. 1.639, CC). Caso não estabeleçam o regime através do pacto, vigorará a regra geral do regime da comunhão parcial de bens (art. 1.658, CC). Será nulo o pacto antenupcial que não se fizer por escritura pública (art. 1.653, CC). O pacto é facultativo, porém necessário se os nubentes quiserem adotar regime matrimonial diverso do legal (art. 1.640, CC - regime da comunhão parcial);
3. Mutabilidade justificada - o art. 1.639, § 2º, CC, dispõe que hoje os cônjuges podem alterar o regime de bens durante o casamento, contanto que ambos queiram e o juiz autorize. Veio a substituir o da imutabilidade do regime matrimonial adotado pelo CC/16. É de se ressaltar a orientação do Enunciado 113 da I Jornada de Direito Civil do STJ, além dos Enunciados 260 e 262 da III Jornada, em relação à possibilidade de alteração do regime de bens. É mister salientar que parte da doutrina entende não ser possível a alteração do regime de bens dos casamentos realizados na vigência do Código Civil de 1916, face ao disposto no art. 2.039 do CC de 2002. Contudo, o Enunciado 260 da III Jornada de Direito Civil do STJ permite a alteração do regime de bens destes casamentos. Ademais, a jurisprudência pátria também se posiciona nesse sentido.
Espécies
Regime da Comunhão Parcial de Bens
Em regra, se os nubentes não adotam outro regime através de pacto antenupcial, este será o adotado.
Neste regime, comunicam-se os bens adquiridos na constância da união (art. 1.658, CC).
São excluídos da comunhão, não se comunicando entre os cônjuges, os bens relacionados no art. 1.659, CC.
Meio-Soldo, valor pago pelo Estado aos servidores reformados das Forças Armadas;
Montepio, quantia paga pelo Estado aos beneficiários de funcionário falecido;
Tença, pensão recebida periodicamente do Estado ou de particular para subsistência do beneficiário.
Entram na comunhão os bens do art. 1.660, CC. Os bens móveis presumem-se adquiridos na constância do casamento, salvo prova em contrário.
O art. 1.663, CC estabelece que a administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges.
Determinou o Enunciado 340 da IV Jornada de Direito Civil do STJ que no regime da comunhão parcial de bens é sempre indispensável a autorização do cônjuge, ou seu suprimento judicial, para atos de disposição sobre bens imóveis. Nesse sentido dispõe o art. 1.647, I, do Código Civil.
Regime da Comunhão Universal de Bens
Por meio de pacto antenupcial os nubentes podem estipular que o regime matrimonial de bens será o da comunhão universal (art. 1.639, CC).
Por este regime, não só todos os seus bens presentes ou futuros, adquiridos antes ou depois do matrimônio, mas também as dívidas passivas tornam-se comuns, constituindo uma só massa. 	
Instaura-se o estado de indivisão, passando a ter cada cônjuge o direito à metade ideal do patrimônio comum (art. 1.667, CC). 
São excluídos da união os bens do art. 1.668, CC.
Apesar da redação do art. 1.668, V, do Código Civil, que determina que são excluídos da comunhão os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, a 3ª Turma do STJ entendeu pela comunicabilidade de tais proventos (Recurso Especial 355581. Superior Tribunal de Justiça. 3ª Turma. Rel. Min. Nancy Andrighi. Julgado em 13.05.2003).
A cláusula de incomunicabilidade pode ser imposta por doação ou por testamento, vindo geralmente acompanhada das cláusulas de inalienabilidade e de impenhorabilidade.
A cláusula de incomunicabilidade, que impede que o bem gravado componha comunhão conjugal de bens, pode ser imposta nos bens doados ou herdados,como bem dispõe o art. 1.668, I, do Código Civil. 
Regime da Separação de Bens
Encontra-se regulado no art. 1687, CC. Pode também ser adotado por pacto antenupcial (art. 1.639, CC).
Nele, cada consorte conserva, com exclusividade, o domínio, a posse e a administração de seus bens presentes e futuros, além da responsabilidade pelos débitos anteriores e posteriores ao matrimônio. 	
Portanto, existem dois patrimônios perfeitamente separados e distintos: o do marido e o da mulher. 
Ele é obrigatório nas hipóteses do art. 1641, CC. 
O CC/02, no art. 1641, prescreve expressamente que no regime da separação de bens não haverá comunhão de aquestos. Parece-nos que, apesar da disposição legal, a razão está com os que admitem a comunicabilidade dos bens futuros, desde que sejam produto do esforço comum do trabalho dos cônjuges, ante o princípio de que entre os consortes se constitui uma sociedade de fato por haver comunhão de interesses.
Em relação à alteração de regime nos casamentos que adotaram a separação legal ou obrigatória de bens (art. 1.641, CC), o Enunciado 262 da III Jornada de Direito Civil do STJ afirma que tal alteração será possível, desde que superada a causa que impôs o regime, nas hipóteses dos incisos I e III do art. 1.641, do Código Civil.
A Súmula 377 do Supremo Tribunal Federal determina que no regime da separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
É orientação do Enunciado 261 da III Jornada de Direito Civil do STJ que não se aplique o regime da separação obrigatória de bens a pessoa maior de setenta anos, quando o casamento for precedido de união estável iniciada antes dessa idade. 
Em relação à obrigatoriedade do regime da separação de bens no casamento dos maiores de setenta anos (art. 1.641, II, CC), é mister salientar que a Lei 12.344/10 alterou este inciso.
Na análise dos arts. 1.641 e 1.639, do Código Civil, o Enunciado 262 da III Jornada de Direito Civil do STJ determinou que a obrigatoriedade da separação de bens, nas hipóteses previstas nos incs. I e III do art. 1.641 do Código Civil, não impede a alteração do regime, desde que superada a causa que o impôs. 
Ademais, o Enunciado 131 da I Jornada de Direito Civil do STJ propõe que seja alterada a redação do §2º do art. 1.639, do Código Civil para: 
“É inadmissível a alteração do regime de bens entre os cônjuges, salvo nas hipóteses específicas definidas no artigo 1.641, quando então o pedido, devidamente motivado e assinado por ambos os cônjuges, será objeto de autorização judicial, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros, inclusive dos entes públicos, após perquirição de inexistência de dívida de qualquer natureza, exigida ampla publicidade”.
Regime da Participação Final nos Aquestos
Trata-se de novo regime de bens, inexistente no CC/16. Adota-se também por pacto antenupcial (art. 1.639, CC).
Neste regime, há formação de massas de bens particulares incomunicáveis durante o casamento, mas que se tornam comuns no momento da dissolução do matrimônio.
Desta forma, na constância do casamento, os cônjuges têm a expectativa de direito à meação, pois cada um é credor da metade do que o outro adquiriu, a título oneroso durante o matrimônio (art. 1672, CC). 
A administração do patrimônio inicial é exclusiva de cada cônjuge, que administrará os bens que possuía ao casar, os adquiridos por doação e herança e os obtidos onerosamente durante a constância do casamento, podendo aliená-los livremente, se forem móveis.
No pacto antenupcial que adotar esse regime poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares (art. 1656, CC). Se não houver convenção antenupcial nesse sentido, nenhum dos cônjuges poderá alienar ou gravar de ônus os bens imóveis (art. 1647, I, CC). 
Este novo regime de bens, que já é há muito adotado nas nações mais desenvolvidas, possibilita que os cônjuges possam manusear com maior liberdade seus pertences. 
Na dissolução do casamento, verificar-se-á o montante dos aquestos à data em que cessou a convivência (art. 1683, CC). 
Trata-se de regime misto, pois durante o matrimônio são aplicadas as normas da separação de bens, pelas quais cada cônjuge possui seu próprio patrimônio, tendo, pois, os mesmos expectativa de direito à meação, em caso de dissolução da sociedade conjugal.
Bem de família 
Instituto que visa à proteção da moradia da família, ficando isento de execução por dívidas, eis que torna impenhorável determinado imóvel afetado pelo chefe de família.
Classifica-se em: a) convencional (arts. 1711 ao 1722, C); b) legal (Lei nº 8.009/90).
O bem de família convencional é o imóvel residencial próprio, urbano ou rural, destinado por quaisquer dos cônjuges à residência da família, ficando isento de penhora.
Seus requisitos são: a) o instituidor deve ser proprietário do bem; b) no ato da instituição, o instituidor não pode ter dívidas cujo pagamento possa ser por ele prejudicado; c) deve ser feita a instituição por escritura pública transcrita no RGI e publicada na imprensa local (art. 1714, CC). 
Sua natureza jurídica é controvertida, defendendo uns que trata-se de transmissão de propriedade e outros de patrimônio com destinação específica. 
Sua duração vai até a morte de ambos os cônjuges (arts. 1716 e 1722, CC). Em caso de separação dos cônjuges, o bem de família convencional só existirá se houver filhos do casamento e, até que completem sua maioridade.
Lei 8.009/90
Instituiu o bem de família legal como o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar, bem como os móveis que o guarnecem, isento de penhorabilidade por determinação legal. Esse imóvel pode ser urbano ou rural.
Como decorre diretamente da lei, não necessita de manifestação de vontade para sua instituição, sendo automático e obrigatório.
Visa este instituto a proteger a moradia familiar, isentando-a de execução por dívidas.
Possui as seguintes características: a) o imóvel deve ser próprio do casal ou da entidade familiar (união estável); b) deve o imóvel ser a residência da família; c) deve o imóvel ser impenhorável por dívidas.
A pessoa solteira que mora sozinha tem proteção legal da sua residência, eis que não seria constitucional a discriminação em relação ao estado civil das pessoas e à dignidade da pessoa humana. Esta é a posição do STJ desde 2002.
Há controvérsia acerca da impenhorabilidade do bem de família em relação às uniões homoafetivas. Isto porque não existe lei federal regulamentado a matéria, nem sequer previsão constitucional. Portanto, entende a corrente majoritária que não teriam as pessoas que vivem sob essas uniões direito à regra da impenhorabilidade do bem de família, por constituírem sociedades de fato, gerando tão somente tais uniões efeitos obrigacionais. Existe corrente minoritária que defende serem essas uniões forma de entidade familiar, pois, se a matéria é lacunosa, seriam utilizadas as normas de integração do art. 4º da LICC e do art. 126 do CPC (princípios da isonomia e da dignidade da pessoa humana, além da analogia à união estável para o TJ/RS).
Possuindo a família mais de um imóvel, a impenhorabilidade recairá sobre o imóvel de menor valor, salvo se outro estiver registrado para este fim no RGI, na forma do dos arts. 1711 e 1715, CC (art. 5º, Lei 8.009/90).
Excetuam-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos (art. 2º, Lei 8.009/90).
No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados da residência (art. 2º, § único, Lei 8.009/90).
A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução, salvo os elencados no art. 3º, Lei 8.009/90. Contudo, o ex- Min. Carlos Velloso do STF, em 2005, em decisão polêmica, manteve a impenhorabilidade do bem de família do fiador de contrato de locação, apesar da exceção do art. 3º, VII, da Lei 8009/90.Sua fundamentação se baseou nos princípios constitucionais da isonomia, da dignidade da pessoa humana e do direito social à moradia. 
Em 08.02.06, o Min. Cezar Peluso, também do STF, decidiu pela penhorabilidade do bem de família do fiador de contrato de locação, como bem dispõe o art. 3º, VII, da Lei 8009/90. Isto porque para ele, o que deve prevalecer é a liberdade individual de alguém ser ou não ser fiador e, conseqüentemente, arcar com a devida responsabilidade.
O STJ (Súmula 205) já decidiu que as penhoras incidentes sobre a residência da família pendentes e anteriores à Lei 8.009/90 serão alcançadas por esta (eficácia retroativa), inclusive para o fim de desconstituir as penhoras já realizadas sobre a residência da família (art. 6º, Lei 8.009/90).
Atualmente, a Lei 4224/05 possibilita o desconto em folha de pagamento do aluguel e da taxa de condomínio do imóvel locado pelo servidor público municipal, liberando-o da exigência da garantia.
Separação Judicial
A separação judicial ou consensual eram uma das causas de dissolução da sociedade conjugal (art. 1571, III, CC). 
Contudo, em face da Emenda Constitucional nº 66, que deu nova redação ao §6º do art. 226 da CR/88, dispondo que “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”, desaparece a obrigatoriedade do divórcio ser precedido do prazo de 2 anos da separação de fato dos ex-cônjuges ou de 1 ano de sua separação judicial.
Portanto, outra não deve ser a interpretação da EC 66/10, que não a de que ela extinguiu o instituto da separação no direito de família brasileiro, como era esperado há algum tempo.
A partir de agora, a única ação que dissolve o casamento é o divórcio, que não mais exige a indicação da causa de pedir. Eventuais controvérsias referentes à causa, à culpa ou aos prazos deixam de integrar o objeto da demanda.
Porém, como foi mantido o verbo “pode” na redação da EC 66, há quem entenda que não desapareceu o instituto da separação, conclusão que contraria o avanço da medida.
Entendemos que o instituto da separação foi eliminado do ordenamento jurídico brasileiro e todos os dispositivos infraconstitucionais a respeito da matéria foram tacitamente derrogados. Permanecem, pois, em vigor, os concernentes à separação de corpos e à separação de fato.
Cumpre observar que tanto a separação de corpos como a separação de fato põem fim aos deveres do casamento e fazem cessar a comunicabilidade dos bens. A separação de corpos pode, inclusive, de modo consensual, ser feita por meio de escritura pública (em cartório).
Ressalte-se que os processos de separação em curso perderam o objeto por impossibilidade jurídica do pedido (art. 267, VI, CPC), o que precisa ser reconhecido de ofício pelo juiz (art. 462, CPC). 
No entanto, ao invés de extinguir a ação caberá ao juiz transformá-la em ação de divórcio, porque a pretensão do autor à época era a de pôr fim ao casamento e, a única ação possível no sistema legal pretérito era a prévia separação judicial.
Eventualmente, poderão continuar sendo objeto de discussão, as demandas com pedidos cumulados de alimentos, guarda, partilha de bens, etc, devendo o divórcio, nestes casos, ser decretado de imediato.
Divórcio
O divórcio é atualmente a única ação que promove o rompimento do vínculo matrimonial (art. 1571, IV e §1º, CC).
Ele produz alguns efeitos: dissolve o vínculo matrimonial; põe fim aos deveres dos cônjuges; extingue o regime de bens; possibilita novo casamento; não admite reconciliação entre os cônjuges; possibilita pedido de divórcio sem limitação numérica; permite que os ex-cônjuges, embora divorciados, possam adotar conjuntamente uma criança (art. 1622, parágrafo único, CC); mantém inalterados os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos, ainda que contraiam novo casamento (art. 1579 e 1636, CC); faz subsistir a obrigação alimentícia para atender as necessidades do ex-consorte, até um novo casamento do mesmo (art. 1709, CC e art. 30, Lei 6515/77).
Com a entrada em vigor da Lei nº. 11.441/07, que acrescentou o art. 1.124-A ao CPC, existe a possibilidade do divórcio consensual ser feito em cartório (divórcio extrajudicial ou administrativo), desde que inexistam filhos menores ou incapazes. Nele também poderá ser definida a partilha dos bens e a pensão alimentícia.
A Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regula o divórcio e o inventário extrajudiciais.
Alienação Parental
Instituto regulamentado no Brasil pela Lei 12.318, de 2010 e que considera ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
Esta nomenclatura foi criada pelo psiquiatra norteamericano Richard Gardner, na década de 1980. 
Trata-se a alienação parental de um processo desencadeado pelo genitor alienador, objetivando a alienação dos filhos, com inúmeras situações flagrantes, embora muitas vezes imperceptíveis no seu estado inicial.
O exercício da alienação parental acontece na medida em que o genitor alienador não permite aos filhos alienados a convivência com aquele genitor que não é o seu guardião, em meio a um emaranhado de artifícios, facilmente desenvolvidos por quem detém a guarda dos filhos.
Conforme art. 3º da Lei de Alienação Parental, a prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda. 
Nesse sentido, o art. 6º da Lei prevê as sanções a serem impostas pelo juiz em processos de alienação parental ou outros onde a alienação é observada:
Art.6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
O nosso TJ/RJ já se posiciona em relação à matéria, inclusive invertendo a guarda de filhos, nas hipóteses de constatação de ato de alienação parental:
	0142612-80.2005.8.19.0001 - APELACAO - 1ª Ementa
	DES. MARCO AURELIO FROES - Julgamento: 27/10/2010 - NONA CAMARA CIVEL. APELAÇÃO CÍVEL. Guarda de menor. Disputa entre os genitores. Sentença de procedência determinando a inversão da guarda, retirando-a da mãe e entregando ao pai, em razão do profundo processo de alienação parental praticado pela genitora, que já não administrava com zelo as atividades da criança. Acerto da sentença prolatada em sintonia com o posicionamento Ministerial colhido tanto em primeiro como em segundo graus de jurisdição. Art. 557, do CPC. NEGATIVA DE SEGUIMENTO DO RECURSO. (grifo nosso)
Poder Familiar
Trata-se do conjunto de direitos e obrigações quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho.
O poder familiar é irrenunciável,inalienável, imprescritível e tem natureza de uma relação de autoridade, no sentido de que os genitores têm o poder de mando e a prole, o dever de obediência (art. 1634, VII, CC).
Na hipótese de casais divorciados, os ex-cônjuges continuam como titulares do poder familiar.
Se a mãe for incumbida, por ter melhores condições, de ter sob sua guarda os filhos menores do casal, haverá o deslocamento do exercício do poder familiar, porque ela precisa exercê-lo. Isto não significa que o pai deixará de ser seu titular conjunto, uma vez que, se ele discordar de alguma decisão da mãe, poderá recorrer ao magistrado para pleitear sua modificação. 
Nada obsta que se decida pela guarda compartilhada, caso em que o exercício do poder familiar competirá ao casal parental, visto que o casal conjugal deixou de existir.
Em relação ao poder familiar, o art. 1634, CC define a competência dos pais quanto à pessoa dos filhos menores.
As causas de suspensão do poder familiar encontram-se dispostas no art. 1637, CC; já as de destituição estão no art. 1638, CC.
Finalmente, o poder familiar se extingue (art. 1635, CC): por morte dos pais ou do filho, pela emancipação, pela maioridade do filho, pela adoção (extingue o poder familiar dos pais biológicos, transferindo-o aos adotantes) ou por decisão judicial que decreta a perda do poder familiar pela ocorrência das hipóteses elencadas no art. 1638, CC.
União Estável
O instituto da união estável protege a união livre entre homem e mulher, sob o mesmo teto ou não, mas more uxorio, isto é, que convivem como se marido e esposa fossem. 
O CC atual diferenciou a união estável do concubinato em seu art. 1.727, ao dispor que: “As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.”
Há muito o STF reconhece os efeitos patrimoniais oriundos da união estável, cuja posição foi sintetizada na Súmula 380: “Comprovada a existência da sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.”
É orientação do Enunciado 346 da IV Jornada de Direito Civil do STJ que na união estável, o regime patrimonial obedeça à norma vigente no momento da aquisição de cada bem, salvo na hipótese de existência de contrato escrito
O §3º, do art. 226, da Constituição Federal confere proteção do Estado à união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar.
O art. 1.724, CC estabelece que as relações entre os companheiros devem pautar-se na lealdade, respeito e assistência recíprocos, devendo decidir os mesmos sobre a guarda, sustento e educação dos filhos.
Portanto, a coabitação não foi exigida pelo legislador na união estável. Além disso, a Súmula 382 do STF já dispunha que “a vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do concubinato.”
Também não se exige mais prazo mínimo de convivência para a caracterização da união estável como se fazia no passado. A estabilidade da união entre o homem e a mulher deve ser definida no caso concreto.
Ademais, já se concebe a união estável das pessoas separadas de fato (art. 1.723, §1º, CC). Observe-se que este vem sendo o posicionamento da jurisprudência brasileira, eis que a Constituição Federal de 1988 e a Lei nº. 9.278/96 apenas exigem, para a sua caracterização, a união duradoura e estável entre homem e mulher, com objetivo de constituir uma família.�
O art. 1.725, CC permite que os companheiros contratem acerca do regime patrimonial e, na ausência desse negócio, aplicar-se-á, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 
Cuida-se do denominado contrato de convivência, que permite uma série de normas de cunho patrimonial, a exemplo dos pactos antenupciais. Não é exigida, porém, escritura pública, pois a lei menciona apenas a necessidade de contrato escrito. Discute-se acerca do seu valor jurídico, comparativamente com o pacto antenupcial.
O art. 1.726, CC dispõe que a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Continuam em vigor as Leis nº 8.971/94 e 9.278/96 que regulamentam os direitos a alimentos entre companheiros, além dos direitos sucessórios. Contudo, o art. 1.790, CC revogou tacitamente o art. 2º, Lei nº 8.971/94, por ser o direito real de propriedade mais amplo que o direito real de usufruto.
A Súmula 122 do Tribunal de Justiça do RJ define que é inadmissível o reconhecimento de uniões estáveis concomitantes.
Por último, dissolvida a união estável, caberá assistência material, prestada por um dos conviventes, ao que dela necessitar, a título de alimentos, conforme art. 7º, da Lei nº 9.278/96.
União Homoafetiva
A Constituição Federal não protegeu os direitos provenientes das uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Houve tentativa de regulamentação da matéria através do Projeto de Lei nº 1.151/95, elaborado pela Prefeita Marta Suplicy que, até hoje, não foi aprovado.
Portanto, não existe lei federal regulamentando a matéria.
Contudo, em decisão inédita, o STF, no dia 05 de maio de 2011, entendeu que as relações entre homoafetivos são análogas às uniões estáveis, devendo, pois, seus direitos e deveres serem a estas igualados.
Não se pode negar que a própria Constituição Federal consagrou os princípios da isonomia e da dignidade da pessoa humana. Também a Lei de Introdução ao Código Civil, em seu art. 4º, refere-se à analogia e aos princípios gerais de direito como formas supletivas de integração da norma, em caso de lacunas da lei.
Assim, atualmente, parte da jurisprudência vem se posicionando no sentido da proteção dos direitos patrimoniais provenientes de relações homoafetivas, por analogia às uniões estáveis e por aplicação dos princípios gerais de direito da Constituição Federal, principalmente os princípios da isonomia e da dignidade da pessoa humana.
A adoção por pares homoafetivos vem encontrando amparo jurisprudencial em algumas decisões nos Tribunais brasileiros (RS, RJ, SP, etc.).
Em 2006, a Bélgica se tornou o sexto país no mundo a autorizar a adoção de crianças por pares homoafetivos. A Espanha, o Reino Unido, a Suécia, o Canadá e a África do Sul são os outros países que permitem a adoção por pessoas do mesmo sexo, sem restrições. 
O Projeto de Lei nº. 1.756 da Câmara, que trata da Lei Nacional de Adoção, e que está tramitando desde 2003, não prevê a possibilidade de homossexuais brasileiros ingressarem com um pedido conjunto de adoção das crianças. 
No Rio de Janeiro, a Lei Municipal nº. 3.344/2001 reconhece como dependente, para efeitos de pensão, a pessoa que mantenha união estável com servidor municipal do mesmo sexo. 
Também a Lei Estadual nº. 5.034/2007 dispõe sobre a averbação, pelos servidores públicos estaduais, da condição de companheiros do mesmo sexo, para fins previdenciários.
Cumpre salientar que a Colômbia foi o primeiro país da América Latina a conceder em junho de 2007, por meio de uma lei nacional, direitos patrimoniais e previdenciários a pares homoafetivos e a Argentina está prestes a possibilitar o casamento entre eles. Revisitando o direito comparado, afirma-se que países como Noruega, Canadá, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Dinamarca, entre outros, já possuem legislações que protegem os direitos dos homoafetivos.
De qualquer forma, a regulamentação da união homoafetiva no Brasil está longe de ser assunto pacífico, principalmente por ser matéria contestada pela Igreja e que ainda não vem despertando interesse político.
Alimentos
Segundo Orlando Gomes, alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si (art. 1701, CC).
O fundamento da obrigação de prestar alimentos é o princípio da preservação da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e o da solidariedade familiar, pois vem a ser um dever personalíssimo, devido pelo alimentante, em razão de parentesco que o ligaao alimentando.
Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada (binômio necessidade-possibilidade - art. 1.694, §1º, CC), sendo apenas os indispensáveis à subsistência do reclamante quando a situação resultar de culpa sua (art. 1.694, §2º, CC).
A obrigação de prestar alimentos poderá surgir da relação de parentesco, sendo recíproca entre ascendentes, descendentes e colaterais de 2º grau (arts. 1.694, 1.696 e 1.697, CC). Também se verifica na dissolução do casamento ou da união estável (art. 1.566, III, CC).
O direito de pedir alimentos é imprescritível, devendo a ação alimentícia seguir o rito da Lei nº. 5.478/68. Contudo, se fixada a obrigação alimentar, na hipótese de seu inadimplemento, o alimentando terá dois anos para exercer a cobrança das parcelas vencidas e não pagas, conforme art. 206, §2º, do Código Civil de 2002. Este prazo prescricional era de cinco anos no CC/16 (art. 178, §10, I).
Os alimentos podem ser provisórios, provisionais ou definitivos. Parte da doutrina entende que alimentos provisórios são os que têm natureza jurídica de tutela antecipada, não podendo ser revogados, mas tão somente aumentados ou diminuídos seus valores. 
Já os alimentos provisionais teriam natureza jurídica de medida cautelar, podendo ser revogados em desaparecendo sua necessidade. Definitivos são os alimentos que já não se tem discussão a respeito de seu valor. 
Cumpre observar que apesar da necessidade de comprovação do fumus boni iuris e do periculum in mora, tanto nos alimentos provisórios como nos alimentos provisionais, controvertida é a matéria em relação à sua natureza jurídica, defendendo inclusive alguns que não existiria distinção entre eles. 
Certo é que o legislador ao tratar da matéria, ora se refere a essa espécie de alimentos como provisórios e ora como provisionais, como se pode observar na leitura do art. 852 do CPC (provisionais), art. 4º, da Lei nº. 5.478/68 (provisórios), art. 1.706, CC (provisionais) e art. 7º, da Lei 8.560/92 (provisionais).
Haverá prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia, conforme art. 5º, LXVII, CF. Ressalte-se que a prisão neste caso será somente em razão do inadimplemento de alimentos entre parentes ou nas hipóteses de separação, divórcio ou dissolução de união estável. Os alimentos ex delicto, que são os devidos em razão da prática de ato ilícito, não geram prisão civil por inadimplemento.
A prestação alimentar se submete aos preceitos da cláusula rebus sic stantibus, podendo ser alterada em face da modificação da situação financeira dos interessados, como bem dispõe o art. 15 da Lei nº. 5.478/68.
O direito a alimentos é irrenunciável como dispõem o art. 1.707, do Código Civil de 2002 e a Súmula 379 do Supremo Tribunal Federal.
O Superior Tribunal de Justiça, na Súmula 336, se posicionou pela admissibilidade de alimentos em relação à mulher que os dispensa na separação judicial e ulteriormente os pede, comprovando a necessidade.
Em relação à execução da prestação alimentar, a cobrança das prestações vencidas dos últimos três meses se dará na forma do art. 733, do CPC, ou seja, com a possibilidade de prisão do alimentante. 
Já a cobrança das prestações mais antigas se dará na forma do art. 732, do CPC, ou seja, sem a possibilidade de prisão civil. Ressalte-se que a pena de prisão por dívida alimentar tem como pressuposto a atualidade do débito.
A obrigação de prestar alimentos termina com a morte do alimentando ou em desaparecendo a necessidade do alimentando e a possibilidade do alimentante. 
Porém, o Enunciado 344 da IV Jornada de Direito Civil do STJ prevê a possibilidade de não cessação da prestação alimentar após a maioridade.
Na análise do direito à prestação alimentar do art. 1.696, do Código Civil, é de se ressaltar o posicionamento dos Enunciados 341 e 342 da IV Jornada de Direito Civil do STJ.
A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor (art. 1.700, CC), sendo limitada às forças da herança, conforme orientação do princípio do benefício de inventário do art. 1.792, do Código Civil e do Enunciado 343 da IV Jornada de Direito Civil do STJ.
Finalmente, a Lei nº 11.804 de 2008, disciplina o direito a alimentos gravídicos que compreendem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. 
Os alimentos gravídicos referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos. 
Filiação e reconhecimento dos filhos
A Constituição Federal de 1988, no art. 227, §6º, determinou que os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
Essa foi a orientação seguida pelo legislador do Código Civil de 2002 no art. 1.596.
O que o legislador quer resgatar e prevenir é a impossibilidade da repetição da eventual aplicação de qualquer exegese que sugira o ressuscitar da desigualdade entre os filhos, especialmente entre aqueles a que se referiu o texto constitucional, a saber: os chamados filhos “legítimos”, “ilegítimos” e “adotivos”.
A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil, como dispõe o art. 1.603, CC.
O Enunciado 108 da I Jornada de Direito Civil do STJ prevê que no fato jurídico do nascimento, mencionado no art. 1.603, compreende-se, à luz do disposto no art. 1.593, a filiação consangüínea e também a sócio-afetiva. Nesse sentido se posiciona o Enunciado 103 da I Jornada do STJ.
Pelo art. 1.597 do Código Civil, presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; os nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; os havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; os havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga, além dos havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
A fecundação ou inseminação homóloga é realizada com sêmen originário do marido. Neste caso o óvulo e o sêmen pertencem ao marido e à mulher, respectivamente, pressupondo-se, in casu, o consentimento de ambos.�
Na fecundação ou inseminação heteróloga utiliza-se o sêmen de outro homem, normalmente, doador anônimo, e não o do marido, para a fecundação do óvulo da mulher. A lei não exige que o marido seja estéril ou, por qualquer razão física ou psíquica, não possa procriar. A única exigência é que tenha o marido previamente autorizado a utilização de sêmen estranho ao seu.�
O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e, de acordo com o art. 1.609 do Código Civil de 2002, será feito no registro do nascimento, por escritura pública ou escrito particular, por testamento ou pela manifestação direta e expressa perante o juiz.
O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo se feito através de testamento (art. 1.610, CC). A declaração espontânea da paternidade é irretratável e, por isso, irrevogável. Por esta razão quando inserida em testamento, prevalece ainda que este seja revogado.�
Se o autor reconheceu a criança formalmente, sendo sabedor da inexistência de liame biológico, mas deixando evidenciada a situação de paternidade sócio-afetiva, não pode pretender adesconstituição do vínculo, pretensão esta que se confunde com o pedido de revogação. “A verdade sócio-afetiva se sobrepõe, inclusive, à verdade biológica”.�
Investigação de Paternidade e de Maternidade
A investigação da paternidade visa à obtenção da declaração do respectivo status familiae dos filhos não reconhecidos voluntariamente pelo pai.
O art. 1.605 do Código Civil de 2002 dispõe que a filiação poderá ser provada por qualquer modo admissível em direito quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente, ou quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
A investigação de paternidade processa-se mediante ação ordinária promovida pelo filho (legitimidade ad causam), ou seu representante legal (legitimidade ad processum), se incapaz (RT, 542:260, 703:60, Bol. AASP, 1.927:381), contra o genitor ou seus herdeiros (TJMG, Adcoas, 1983, n. 88.224) ou legatários, podendo ser cumulada com a de petição de herança (RT, 330:281, 154:127, 738:250, 739:275), ou com a de alimentos, que passarão a ser devidos a partir da citação (EJSTJ, 20:170, 23:151; RSTJ, 96:322 e 113:281; RT, 660:96, 615:50; Súmula 277 do STJ). 
Se, por ventura, o investigante, maior e capaz, falecer na pendência da lide, seus herdeiros, por terem legítimo interesse econômico e moral, continuarão a ação, salvo se julgado extinto o processo.
A ação de investigação de paternidade observará o rito da Lei nº. 8.560/92 e do Código Civil de 2002, sendo imprescritível (Súmula 149/STF).
Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de investigação de paternidade, ou maternidade (art. 1.615, CC).
A ação declaratória do estado de filho (art. 1.606, CC), conhecida como de investigação de paternidade, é apenas uma espécie do gênero, declaratória de estado familiar. 
A paternidade poderá ser provada pela posse do estado de filho, proveniente da paternidade sócioafetiva, por meio de exame odontológico, prova testemunhal, exame prosopográfico, que consiste na ampliação de fotografias do investigante e do investigado, justapondo-se uma a outra, por cortes longitudinais e transversais, inserindo algumas partes de uma na outra (nariz, olhos, orelha, raiz do cabelo etc.), sendo atualmente o exame de DNA o mais eficaz para se provar a paternidade e a maternidade.
O investigante poderá se recusar ao exame de DNA, alegando a proteção à sua privacidade e intangibilidade do corpo. Contudo, a partir de sua recusa injustificada, haverá a presunção juris tantum da paternidade, conforme Súmula 301 do STJ.
A propositura da ação de investigação de maternidade é mais rara de ocorrer, eis que a maternidade é certa (mater semper certa est) e, em regra, a própria mãe providencia o registro do nascimento. 
Contudo, em certas hipóteses, pode não conter o assento de nascimento o nome da mãe, principalmente nos registros anteriores à Constituição Federal de 1988, em que se observavam restrições aos filhos ilegítimos.
A maternidade, sendo um fato certo, não precisa, em regra, ser investigada. Não tem assim, a ação de investigação de maternidade freqüente aplicação. 
Mas, como assenta Pontes de Miranda, a maternidade, mesmo quando em relação a filhos ilegítimos, é quase sempre certa. Mater in iuri semper certa est (L. 5, D., in iure vocando, 2, 4). 
Se, porventura, deixa de existir essa certeza, a investigação de maternidade é, de regra, permitida (“Tratado de Direito Privado”, tomo IX, 1955, §968, p. 82). 
A doutrina majoritária é no sentido de que, havendo contestação à declaração constante do assento de nascimento não assinado pela mãe, a maternidade poderá ser estabelecida pelo reconhecimento voluntário, de acordo com o art. 357 do CC, ou pelo reconhecimento forçado, autorizado amplamente pelo art. 364, em face do qual não parece possível dispensar a sentença judicial.
Quando se estabelece de forma tão exuberante, como se fez no Brasil, a igualdade de direitos entre os filhos, não se pode admitir que alguns filhos não possam investigar a maternidade pelo fato de que isto viria atribuir descendência “ilegítima” à mulher casada, ou “incestuosa” à solteira. 
Nem mesmo esses designativos discriminatórios se pode mais utilizar. E é o interesse do filho que se deve preponderar.
Adoção
A adoção é um ato jurídico bilateral que gera laços de paternidade e filiação entre pessoas para as quais tal relação não existe naturalmente.�
De fato, a relação jurídica de paternidade, que se cria, não somente se aproxima estreitamente daquela da prole biológica, concebida no casamento, mas com ela se mescla e se confunde paulatinamente, no dia após dia, sem notar-se mais diferença entre quem é filho biológico e quem é filho adotivo.�
O Enunciado 111 da I Jornada de Direito Civil do STJ diferencia os efeitos da adoção e da reprodução assistida heteróloga (técnica de reprodução assistida que envolve emprego de material fecundante de terceiros, que não o do marido ou o da mulher).
O Código Civil de 2002 traz disposições sobre a adoção e não revogou o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Isto porque o CC cuida da adoção de maiores de dezoito anos enquanto que o Estatuto se refere à adoção dos menores de dezoito anos.
Nesse sentido, os procedimentos relativos a menores tramitarão nos Juízos da Infância e da Juventude, onde houver, e a adoção de maiores de dezoito anos se processará nas Varas de Família, sendo expressamente proibida a adoção por procuração, como dispõe o art. 39 do Estatuto.
A ação de adoção é ação que confere ao adotado a posição de filho, tratando-se de ação de estado.
O Estatuto, em seu art. 28, dispõe que a adoção, assim como a guarda ou a tutela é forma de colocação em família substituta, independentemente da situação jurídica da criança da criança ou adolescente.
Para efeitos do Estatuto, criança é a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente, aquela entre doze e dezoito anos de idade (art. 2º).
A colocação em família substituta será pautada no melhor interesse do menor, ouvindo-se, sempre que possível, a criança ou o adolescente, e levando-se em consideração sua opinião.
A adoção implica na perda do poder familiar pelos pais biológicos. Por isso mesmo é importante frisar que a guarda e a tutela são institutos temporários, enquanto que a adoção é permanente, definitiva e irrevogável.�
Em regra, a adoção depende do consentimento dos pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar, além da concordância do adotado, se estiver com mais de doze anos de idade (art. 45, § 2º, ECA). 
Excepcionalmente, o consentimento dos pais será dispensado se forem desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar, conforme redação do art. 1.621, § 1º, do Código Civil.
A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais (art. 41, ECA e art. 1.626, caput, CC).
A diferença de idade entre adotante e adotado deverá ser de, pelo menos, dezesseis anos, pelo disposto no art. 1.619, CC e no art. 42, §3º, ECA. 
Contudo, singela diferença de idade (quinze anos e oito meses) não pode ser óbice à adoção, se ela é fundamental para a preservação dos laços de família e a adotante cuida do adotando desde que este tem quatro anos de idade.�
A adoção por ambos os cônjuges ou companheiros pode ser formalizada, desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade, e tenha sido comprovada a estabilidade da família, de acordo com o art. 1.618, § único, CC e art. 42, § 2º, ECA. 
O juiz deverá, pois, verificar a convivência e a situação dos cônjuges ou companheiros adotantes.
Os ascendentes e os colaterais de 2º grau do adotando são expressamente proibidos de adotá-lo (art. 42, § 1º, ECA).
Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar conjuntamente, desde que concordem sobre a guarda e o regime de visitas, e que o estágio

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