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Universidade Salgado de Oliveira – Psicologia 2017.1 Processos Psicológicos I | Professor Geraldo Capítulo 5 – Sensação, percepção e atenção. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento / Michel S. Gazzaniga e Todd F. Heatherton; trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese – 2. Imp. rev. – Porto Alegre: Artmed, 2005. A sensação e a percepção ligam os mundos físico e psicológico. Os estímulos (sensação) precisam ser codificados para serem compreendidos (percepção) pelo cérebro. – Psicofísica: relacionando estímulos e respostas. Processos sensoriais Processos Perceptivos A percepção é o processamento da informação e ocorre no cérebro, é um problema mal formulado. O reconhecimento dos objetos se baseia na forma. • Percepção de profundidade: importante para localizar objetos; • Percepção de tamanho: depende da percepção da distância; • Percepção de movimento: envolve deixas internas e externas. O Caso do Voo 901 da Air New Zealand Em 28 de novembro de 1979, o voo 901 da Air New Zealand colidiu com o Monte Erebus, na ilha Ross, na Antártica, e todos os 257 passageiros e membros da tripulação morreram. Vários fatores contribuíram para o desastre. • O computador de voo da aeronave fora incorretamente programado, de modo que o avião estava bastante fora do curso; • O piloto descera abaixo da altitude mínima permitida para o voo; • Havia um “branco total”, onde o céu e o terreno coberto de neve pareciam se fundir. Os psicólogos que testemunharam na comissão de inquéritos ofereceram uma explicação possível, apesar de surpreendente – os pilotos viram o que esperavam ver. •O olho detecta ondas de luz. Visão •O ouvido é um detector de ondas sonoras. Audição •Os estímulos são codificados para dor, temperatura e pressão. Tato •A cavidade nasal recolhe partículas de odor. Olfato •Os estímulos são codificados para doce, ácido, salgado e amargo. Paladar Argumentaram que as poucas deixas visuais disponíveis aos pilotos eram suficientemente consistentes com o que eles esperavam ver para que suas expectativas fossem confirmadas. A combinação de um ambiente visual incomumente escasso com as crenças dos pilotos conspirou para enganar seus sistemas visuais para que vissem o que não estava lá e deixassem de ver a montanha que estava. Para perceber o mundo, dependemos de informações fornecidas por nossos órgãos dos sentidos, sensíveis a diferentes estímulos físicos, cada um contribuindo com informações diferentes. A nossa representação perceptiva do ambiente é limitada pelos estímulos e pelos limites dos nossos sistemas sensoriais ao responder a esses estímulos. Percebemos o mundo em duas fases: sensação e percepção. • Sensação: como os órgãos dos sentidos respondem aos estímulos externos e transmitem as respostas ao cérebro. • Percepção: o processamento, a organização e a interpretação dos sinais sensoriais que resultam em uma representação interna do estímulo. A maneira pela qual percebemos um estímulo depende de estarmos ou não prestando atenção a ele. As expectativas podem influenciar a percepção. Os recursos perceptivos do cérebro são alocados para diferentes aspectos do ambiente perceptivo. Nós nascemos com conhecimento do mundo ou aprendemos o que sabemos por meio da experiência? • Empirismo: todo o conhecimento humano precisa ser adquirido por meio dos sentidos. O filósofo, John Locke concebia a mente como uma tábula rasa, um quadro em branco no qual o conhecimento é escrito em resultado da experiência. • Nativismo: certo conhecimento é inato. O filósofo Kant propôs que as nossas experiências fornecem input sensorial que é filtrado por categorias mentais inatas preexistentes, como espaço e tempo, que organizam as informações. Com a difusão dessas teorias, ficou claro que certas capacidades perceptivas estão presentes no nascimento, apesar da experiência ser necessária para que se desenvolva a percepção mental. Codificação e Compreensão dos estímulos Codificação sensorial – maneira pela qual os nossos órgãos sensoriais traduzem as propriedades físicas de um estímulo em impulsos neurais. 1. Uma luz verde emite fótons. 2. Os olhos detectam os fótons através dos neurônios. 3. Os neurônios transmitem sinais para o cérebro (sensação) 4. O cérebro processa esses sinais neurais. 5. O observador pensa, Essa luz é verde (percepção). Receptores – são neurônios especializados nos órgãos dos sentidos, que passam impulsos para neurônios conectores quando recebem algum tipo de estimulação física ou química. Transdução – é o processo onde os receptores transmitem impulsos aos neurônios conectores ao receberem estimulação física ou química. A codificação sensorial pode ser dividida em duas categorias: quantitativa e qualitativa. • Quantitativa: intensidade, brilho e altura, indicada pela frequência da descarga neural. Quanto mais neurônios envolvidos nesta sensação e quanto maior a frequência de descargas nervosas, mais intensa é aquela sensação. • Qualitativa: como exemplo, temos as cores e os sabores. Neste caso, diferentes receptores sensoriais respondem a diferentes qualidades de um estímulo. O que distingue o amarelo do vermelho são os diferentes grupos neuronais envolvidos em cada percepção específica. Codificação grosseira – ocorre na maioria dos sistemas sensoriais qualitativos, onde as qualidades sensoriais são codificadas apenas por uns poucos receptores, cada um dos quais responde a uma ampla gama de estímulos. Psicofísica: Relacionando Estímulos e Respostas Fechner, físico, interessado pela relação entre os estímulos físicos e as respostas de nossos sistemas perceptivos, cunhou o termo psicofísica considerando os limiares – a mensuração física de quanta estimulação os órgãos sensoriais precisam para que a estimulação seja detectável. Limiares sensoriais – de acordo com Fechner, só a partir de uma determinada intensidade/diferenciação de um estímulo é que o ser humano é capaz de percebê-lo, podendo variar de indivíduo para indivíduo. • Limiar absoluto: intensidade mínima de estimulação que precisa ocorrer para que possamos experienciar uma sensação, podendo haver variações. • Limiar diferencial: é a diferença apenas perceptível (DAP) entre dois estímulos – a quantidade mínima de mudança necessária para detectarmos uma diferença entre intensidades de estímulos. Estímulos Impulsos Neurais Neurônios Cérebro Codificação sensorial Transdução Os órgãos sensoriais traduzem os estímulos em impulsos neurais. Os receptores passam impulsos para neurônios conectores quando recebem estimulação. Os neurônios conectores transmitem informações para o cérebro na forma de impulsos neurais. Tálamo Córtex Visão Cheiro Som Toque Sabor Interpretação dos impulsos neurais A diferença entre 30 e 60 watts parece muito maior do que entre 60 e 90. Embora a intensidade da luz física aumente em duas medidas iguais, a maior luminosidade da sala após a primeira etapa faz com que a segunda etapa pareça ter um impacto bem menor. Sentido Estímulo Mínimo Visão A chama de uma vela vista a 48 quilômetros em uma noite escura, sem nuvem. Audição O tique-taque de um relógio a seis metros em condições de silêncio. Paladar Uma colher de chá de açúcar em dois galões de água. Olfato Uma gota de perfume difundida no volume total de seis salas. Tato A asa de uma mosca caindo na sua bochecha de uma distância de um centímetro. Lei de Weber – é maisfácil detectar uma pequena diferença entre dois pesos leves do que entre dois pesos pesados. Weber descobriu que o limiar de diferença para um estímulo é uma proporção constante de sua intensidade. Lei de Fechner – indica que quando as intensidades do estímulo são altas, grandes aumentos na intensidade física são registrados como mudanças muito menores nas sensações experienciadas. 30 60 90 Lei da potência de Stevens – propôs que uma função de potência descreve a relação entre a intensidade do estímulo e a intensidade da sensação. Esta é a equação aceita para descrever a relação entre a intensidade real e a intensidade percebida de um estímulo, onde, iguais mudanças de proporção na condução dos estímulos produzem iguais mudanças de proporção na magnitude da sensação (quanto de estímulo necessário para se obter uma resposta). É uma proposição que estabelece uma relação entre a magnitude de um estímulo físico e a intensidade/força de sua percepção. Teoria da detecção de sinal – embora o estímulo seja o mesmo, a eficiência com que você vai detectá-lo pode mudar dependendo da situação. Existem quatro variáveis críticas na detecção de um estímulo: sinal, resposta, ruído e viés de resposta. Os estímulos estão sempre competindo com um fundo mutável de outros eventos perceptivos e psicológicos, de modo que sua saliência nem sempre será a mesma. A detecção de um estímulo depende não apenas da intensidade deste estímulo, mas também de nossas experiências, expectativas, motivação, e fadiga, variando de pessoa para pessoa e, na mesma pessoa, em diferentes situações. Adaptação sensorial – quando a sensibilidade do observador a um estímulo diminui com o passar do tempo. Quando algum aspecto do ambiente muda, é importante para nós sermos capazes de detectar isso, porém, não é tão importante continuar respondendo a um estímulo que não muda. Processos Sensoriais Os estímulos são detectados e enviados ao cérebro em cada um dos cinco sentidos primários, que são frequentemente subdivididos em duas categorias: sentidos de distância e sentidos de proximidade. • Sentidos de distância: são a visão, a audição e o olfato. Nós não precisamos estar em contato direto com os estímulos para vê-los, ouvi-los ou cheirá-los. • Sentidos de proximidade: são o tato e paladar. Requerem contato direto com os estímulos para que ocorra a sensação. A luz passa através da córnea. Raios de luz passam pelo cristalino, que focaliza a luz para formar uma imagem na retina. A pupila se contrai ou dilata alterando a quantidade de luz que entra no olho. A íris controla o tamanho da pupíla e dá aos olhos a sua cor. Os músculos atrás da íris mudam a forma do cristalino para focar os objetos. O cristalino e a córnea coletam e focalizam os raios refletidos formando uma imagem invertida na retina. Sentido Estímulo Receptores Audição Ondas de som Células auditivas ciliadas sensíveis à pressão na cóclea do ouvido interno. Visão Ondas de luz Bastonetes e cones sensíveis à luz na retina do olho. Tato Pressão sobre a pele Terminais sensíveis de neurônios do tato na pele. Dor Grande variedade de estímulos potencialmente prejudiciais. Terminais sensíveis de neurônios da dor na pele e em outros tecidos. Paladar Moléculas dissolvidas em fluído na língua. Células do paladar em botões gustatórios na língua. Olfato Moléculas dissolvidas em fluído nas membranas mucosas do nariz. Terminais sensíveis de neurônios olfatórios nas membranas mucosas. Visão É a nossa fonte de conhecimento mais importante. Na percepção, o cérebro utiliza a informação do estímulo proximal para construir uma representação do estímulo distal. Na visão, o estímulo proximal são as ondas de luz. O processo visual começa quando a luz é transduzida em impulsos elétricos por fotorreceptores nos olhos. Retina – é a fina superfície interna da parte de trás do globo ocular. A retina contém os fotorreceptores que transduzem a luz em sinais neurais. Ela tem dois tipos de células receptoras: bastonetes e cones. • Bastonetes: respondem em níveis extremamente baixos de iluminação e são primariamente responsáveis pela visão noturna. Não suportam a visão para cores e não são bons em resolver detalhes finos. • Cones: são menos sensíveis a baixos níveis de luz, são primariamente responsáveis pela visão sob alta iluminação e para cor e detalhe. Acomodação – um processo pelo qual os músculos mudam a forma do cristalino, afinando-o para focar objetos distantes ou engrossando-o para focar objetos próximos. Fóvea – o centro da retina onde os cones estão densamente comprimidos. Transmissão do olho para o cérebro • Geração de sinais elétricos pelos fotorreceptores na retina; • A luz é transduzida em impulsos neurais pelos bastonetes e cones; • Produção de células ganglionares converge para 1 milhão; • Axônios dessas células ganglionares se reúnem no nervo óptico; • Cada nervo óptico carrega informações para o sistema nervoso central; • O nervo óptico se divide e toda a informação do lado esquerdo do espaço visual é projetada para o hemisfério direito do cérebro e vice-versa; • A informação no cérebro viaja para o tálamo (núcleo geniculado lateral – NGL); • Transmissão para o córtex visual no lobo occipital. Células ganglionares – uma classe de neurônios localizados na retina que realizam uma série de cálculos sofisticados sobre os impulsos dos bastonetes e dos cones. Os axônios das células ganglionares formam o nervo óptico. Núcleo Geniculado Lateral (NGL) – uma região do tálamo para onde a informação visual vai primeira, que depois retransmite a informação para o córtex visual. A luz visível consiste em ondas eletromagnéticas que variam de 400 a 700 nanômetros (nm) de comprimento. A cor da luz é determinada pelos comprimentos de onda das ondas eletromagnéticas que a constituem. Cada comprimento de onda de luz corresponde a uma cor diferente. Luminosidade = dimensão física Claridade = dimensão psicológica Mistura subtrativa de cor – uma maneira de produzir um dado padrão espectral em que a mistura ocorre dentro do próprio estímulo e é, na verdade, um processo físico, não um processo psicológico. Mistura aditiva de cor – uma maneira de produzir um dado padrão espectral em que diferentes comprimentos de onda de luz são misturados. O percepto é determinado pela interação desses comprimentos de onda com receptores no olho e é um processo psicológico. Lei das três cores primárias – qualquer cor pode ser produzida misturando-se luz de apenas três comprimentos de onda. Audição A audição é secundária apenas à visão como fonte de informação sobre o mundo. O estímulo proximal da audição é o som, o deslocamento de moléculas de ar causado por uma mudança na pressão do ar. Onda de som – padrão de mudanças na pressão do ar através do tempo que resulta no percepto de um som. Dois mecanismos para codificar a frequência de um estímulo auditivo operam em paralelo na membrana basilar: a codificação temporal e a codificação de lugar. • Codificação temporal: mecanismo para codificar estímulos auditivos de baixa frequência, em que a frequência do som é codificada pela frequência da descarga das células ciliadas. • Codificação de lugar: mecanismo para codificar estímulos auditivos de alta frequência, em que a frequência do som é codificada pela localização das células ciliadas ao longo da membrana basilar. Tato A dor é um sistema de alerta que impede você de continuar atividades que possam infligir danos. O sentido do tatotransmite sensações de dor, temperatura e pressão. Os receptores de temperatura, toque e dor são neurônios sensórios que terminam na camada mais externa da pele, a epiderme. Os neurônios da dor são mais finos do que os neurônios de temperatura e toque. Eles são simplesmente terminações nervosas livres encontradas em todos os tecidos corporais que sentem dor: pele, músculos, membranas em torno de ossos e articulações, órgãos, e assim por diante. Foram identificados dois tipos de fibra de dor: • Fibras A-delta: dor aguda, imediata. • Fibras C: dor crônica, obtusa e constante. Teoria do controle do portão – afirma que para experienciar dor, os receptores de dor precisam ser ativados e o portão neural na medula espinal precisa permitir que esses sinais cheguem ao cérebro. O portão pode ser fechado por sinais enviados ao cérebro para a medula espinal, bloqueando a recepção de sinais de dor. Olfato O sentido do olfato tem a rota mais direta para o cérebro de todos os sentidos, mas é o menos compreendido. Epitélio olfatório – fina camada de tecido em que estão inseridos receptores olfatórios, em torno dos quais os odores se dissolvem em solução e causam uma reação, que aciona receptores químicos. Os pesquisadores identificaram milhares de receptores diferentes no epitélio olfatório, cada um responsivos a um grupo químico diferente. Ainda não está claro como, exatamente, diferentes cheiros são codificados por esses receptores. Uma possibilidade é cada tipo de receptor estar associado unicamente a um odor específico, de modo a existir um receptor que só codifica, por exemplo, o perfume de uma rosa. Outra possibilidade é cada odor estimular vários receptores, e o padrão de ativação dos diferentes tipos de receptor determinar o percepto olfatório. Feromônios – substancias químicas liberadas por animais e humanos, as quais desencadeiam reações fisiológicas ou comportamentais em outros membros da mesma espécie. Paladar A tarefa do nosso sentido do paladar é manter os venenos fora do nosso sistema digestivo e simultaneamente permitir a ingestão de bons alimentos. O paladar depende muito do sentido do olfato – se as suas passagens nasais estão bloqueadas, a comida parece não ter gosto. Os estímulos do paladar são substâncias que se dissolvem na saliva. Os receptores do paladar são parte dos botões de paladar da língua e da boca. Cada botões de paladar tem aproximadamente 50 células receptoras, quando estimuladas, elas enviam sinais elétricos a medula, e dali para o tálamo e o córtex. Esses botões de paladar codificam uma das quatro sensações “primárias” de sabor: doce, ácido, salgado e amargo. O Processo de Percepção Com exceção da olfação, todas as informações sensórias são transmitidas para o cérebro pelo tálamo. Do tálamo, as informações de cada sentido são projetadas para regiões específicas do córtex cerebral, as chamadas áreas sensoriais primárias. É nessas áreas que o processo perceptivo começa realmente. Áreas sensoriais primárias – regiões localizadas do córtex cerebral que recebem inputs sensoriais do tálamo. • O processamento cortical da visão começa no lobo occipital: a complexidade da percepção visual é sublinhada pela quantidade de espaço cortical dedicado ao processamento da informação visual. Algumas estimativas sugerem que até metade do córtex cerebral pode participar da percepção visual de alguma maneira. Lesões nas áreas visuais podem resultar em fenômenos perceptivos interessantes. • O córtex auditivo primário está no lobo temporal: neurônios auditivos no tálamo estendem seus axônios para o córtex auditivo primário (chamado A1) em uma região do lobo temporal superior conhecido como giro de Heschl. Experimentos de registro de célula única mostraram que os neurônios na A1 codificam a frequência (ou o tom) dos estímulos auditivos. • O tato é processado primeiro no lobo parietal: as informações do tato vindas do tálamo são projetadas para o córtex somatossensorial primário (chamado de S1), no giro pós-central no lobo parietal anterior. • Os sentidos químicos (paladar e olfato): as informações do paladar vindas do tálamo se projetam para três regiões diferentes do córtex. Duas dessas regiões estão na base do córtex somatossensorial primário e a terceira é uma área do lobo frontal chamada de córtex insular anterior. As informações olfatórias se desviam do tálamo a caminho do córtex. Algumas se projetam para o córtex olfatório primário e outras para o centro cerebrais inferiores no sistema límbico. As estruturas límbicas estão associadas à emoção e à memória, o que pode explicar em parte a facilidade com que os estímulos olfatórios podem evocar lembranças e sentimentos poderosos. A Percepção de Profundidade Uma das tarefas mais importantes para o nosso sistema visual é localizar objetos no espaço. As deixas estão disponíveis para ajudar o sistema visual a perceber a profundidade. Essas deixas podem ser divididas nas que decorrem do fato de termos dois olhos, as deixas binoculares de profundidade, e nas que estão disponíveis para cada olho isoladamente, as deixas monoculares de profundidade. • Percepção de profundidade binocular: uma das deixas mais importantes para a percepção de profundidade é a disparidade binocular causada pela distância entre os dois olhos. O nosso cérebro tem acesso a duas imagens retinais diferentes, mas sobrepostas. O cérebro utiliza a disparidade entre essas duas imagens para calcular distâncias de objetos próximos. A capacidade de determinar a profundidade de um objeto com base em suas diferentes projeções para cada olho chama-se visão estereoscópica. • Percepção de profundidade monocular: as deixas monoculares de profundidade nos permitem perceber profundidade com um olho fechado. Deixas de movimento para a percepção de profundidade – o movimento também é uma deixa de profundidade. Deixas de movimento como essas ajudam o cérebro a calcular quais objetos estão mais próximos e quais estão mais distantes. A Percepção da Distância O tamanho da imagem retinal de um objeto depende da distância do objeto relativa ao observador: quanto mais distante estiver, menor é a imagem retinal. As ilusões óticas surgem quando os processos perceptivos normais resultam em uma representação incorreta do estímulo distal. As ilusões óticas aproveitam as deixas de profundidade para nos enganar e nos fazer enxergar profundidade onde ela realmente não existe. • As caixas de Ames – criadas por Adelbert Ames, suas caixas baseavam-se no truque vitoriano em que uma pessoa, olhando por um olho mágico, via uma sala mobiliada e depois abria a porta e descobria que a sala estava vazia. Ele construiu salas que brincavam com a perspectiva linear e outras deixas de distância. • A ilusão de Ponzo – primeiramente descrita por Mario Ponzo, às deixas de profundidade monoculares fazem com que a figura bidimensional pareça tridimensional. Linhas paralelas parecem convergir na distância. O nosso cérebro utiliza deixas de profundidade mesmo quando não há nenhuma profundidade presente, isso mostra quanto dependemos da percepção de profundidade para avaliar o tamanho. • A ilusão da Lua – uma lua cheia parece muito maior quando está perto do horizonte do que quando está no alto do céu. Essa é uma ilusão, a lua do horizonte parece mais distante do que a lua no alto do céu, mas como estão realmente à mesma distância, elas criam imagens idênticas na retina. A única maneira de o cérebro conciliar essa discrepância é supor que a lua do horizonte é maior do que a lua no alto do céu. A Percepção do Movimento • Efeitos secundários do movimento: ocorrequando olhamos para uma imagem em movimento por um prolongado período de tempo e depois mudamos para uma cena estacionária, causando uma momentânea ilusão de ver a nova cena movendo-se na direção oposta à da imagem anterior. • Fatores compensatórios: as imagens se movem através da retina o tempo todo, cada leve piscada ou movimento do olho cria uma nova imagem na retina. O cérebro calcula o movimento percebido dos objetos monitorando o movimento dos olhos ou da cabeça conforme eles seguem um objeto em movimento. O efeito da estrutura de referência é o sistema perceptivo que estabelece uma estrutura de referência estável e a utiliza para avaliar o movimento de outros objetos. Mas quando essa estrutura de referência é a errada, você pode ser levado a pensar que o objeto errado está se mexendo, criando uma ilusão de movimento induzido. • Movimento estroboscópio: fenômeno baseado em uma ilusão perceptiva, quando duas ou mais imagens levemente diferentes apresentadas em rápida sucessão. O reconhecimento dos objetos A forma é a deixa mais importante para o reconhecimento dos objetos, a maneira pela qual somos capazes de extrair a forma de um objeto a partir da imagem na nossa retina. Somos capazes de reconhecer objetos de diferentes perspectivas e em orientações incomuns. • Características: informações sobre cor, movimento e forma são processadas em caminhos separados – embora interconectados – dentro do córtex visual. Um dos primeiros passos para processar a forma é codificar as características que a compõem. Tarefa de busca visual – um experimento utilizado para estudar a percepção da forma, em que um observador tenta detectar um estimulo-alvo entre uma série de estímulos distrativos. Pop-out – no trabalho de Treisman, quando foram empregados estímulos simples, os sujeitos levavam o mesmo tempo para acha-los, independentemente de haver poucos ou muitos estímulos distrativos. • Princípios da Gestalt de organização perceptiva: a palavra alemã Gestalt significa “forma”, mas conforme usada na psicologia ela significa um “todo organizado”. A psicologia da Gestalt afirma que existem certos princípios organizadores inatos que o nosso cérebro utiliza para organizar as informações sensoriais. • Proximidade e similaridade: o principio da proximidade afirma que quanto mais próximas duas figuras estão uma da outra, mas provável que as agrupemos juntas e as vejamos como parte do mesmo objeto. O principio da similaridade afirma que tendemos a agrupar figuras de acordo com quanto elas se parecem umas com as outras, quer na forma, na cor, quer na orientação. Ambos os princípios tendem a juntar elementos da cena visual em agrupamentos, permitindo-nos considera- los como um todo em vez de em suas partes individuais. • As “melhores” formas: a boa continuação é a tendência a interpretar linhas que se intersecionam como sendo contínuas, em vez de como mudando radicalmente de direção. Os contornos ilusórios é um fenômeno que nós percebemos mesmo que não existam. • Figura e fundo: a ilusão mostra que o nosso sistema perceptual visual divide as cenas em figura e fundo. Quando nós identificamos a figura, atribuímos o restante da cena ao fundo. Em figuras reversíveis, a atribuição “correta” da figura e do fundo é ambígua, de modo que periodicamente se alternam conforme o sistema visual tenta compreender a estimulação. A percepção é o processamento da informação A maioria dos modelos de reconhecimento de padrão é hierárquica. Mas a percepção é, na verdade, uma combinação de processamento de baixo para cima e de cima para baixo. Processamento de baixo para cima – um modelo hierárquico de reconhecimento de padrão em que os dados são retransmitidos de um nível de processamento para o próximo, sempre avançando para um nível mais elevado de processamento. Processamento de cima para baixo – um modelo hierárquico de reconhecimento de padrão em que as informações em níveis mais elevados de processamento também podem influenciar níveis inferiores, “anteriores” na hierarquia de processamento. As informações em níveis mais elevados de processamento podem influenciar níveis mais baixos, “anteriores” na hierarquia de processamento. O que nós esperamos ver influencia o que nós percebemos. A expectativa e o contexto indubitavelmente influenciam a nossa percepção o tempo todo. As constâncias perceptivas se baseiam em relações proporcionais Ilusões são representações inadequadas de estímulos distais. A situação oposta chama-se constância perceptiva, em que percebemos corretamente os objetos como constantes, apesar de dados sensoriais brutos que poderiam enganar a percepção. O sistema perceptivo é capaz de fazer julgamentos relativos que permitem que a constância seja mantida em diferentes contextos perceptivos. • Teoria de Gibson da percepção direta: a teoria clássica da percepção supõe que a experiência perceptiva fornece as informações sobre as relações proporcionais que determinam as constâncias. Nesse entendimento, a percepção visual sempre se baseou em inferências inconscientes. James Gibson propôs uma teoria diferente, a da percepção direta. Percepção direta – uma teoria da percepção que afirma que o estímulo já deve ter suficiente informação para ser percebido por nós e, portanto, que o sistema visual é construído não para nos permitir ver uma cópia exata do mundo real, mas para interpretar deixas que maximizem sua função. Sua teoria da percepção direta, então, afirmava que os estímulos já têm suficiente informação para que os percebamos – nós não precisamos de memórias ou cálculos adicionais para compreender os dados sensoriais. • Processos perceptivos inatos: uma das consequências do desenvolvimento da teoria da percepção direta é a tentativa de identificar processos perceptivos inatos ao cérebro. O cérebro tem suposições inatas que influenciam as percepções. A vasta maioria das ilusões visuais parece estar além do nosso controle consciente – nós não podemos nos obrigar a não enxergar ilusões. Temos processos perceptivos automáticos. Muitos processos perceptivos são inatamente determinados, mas que experiências perceptivas normais são necessárias para que os mecanismos perceptivos se desenvolvam normalmente. Atenção e Percepção • A atenção visual é seletiva e serial Nós identificamos automaticamente características “primitivas” (cor, forma, orientação, etc.). Treisman propôs que diferentes características visuais dos objetos são analisadas por sistemas separados. Esses sistemas processam informações ao mesmo tempo, e nós conseguimos prestar atenção, seletivamente, a uma característica ao bloquear efetivamente o processamento adicional das outras. Treisman propôs a teoria de dois estágios do processamento da imagem visual. Segundo essa teoria, o processamento visual começa com uma extração rápida, paralela, de características elementares. O segundo estágio de processamento é mais lento e mais trabalhoso. Nesse estágio, as características são combinadas para formar objetos. Esse estágio não é automático, ele requer o emprego da atenção. Todo o arranjo é esquadrinhado em paralelo e a característica crítica é rapidamente registrada se estiver presente. A busca de conjunção, no entanto, requer atenção e é processada serialmente, de modo que o tempo de busca fica mais longo conforme mais distraidores são incluídos. Segregação das funções visuais – os processos visuais elementares prosseguem em paralelo e são integrados relativamente tarde no processamento. Problema de ligação – quando um observador recebe deixas demais às quais prestar atenção,ocorrem erros de ligação. Essas conjunções ilusórias acontecem porque a atenção do observador está dividida e superestendida. Consequentemente, as características dos objetos se recombinam para formar um objeto que não existe. O sistema de reconhecimento automático de características entra em colapso. • A atenção auditiva permite a audição seletiva Por causa da atenção, é difícil fazer duas tarefas ao mesmo tempo, especialmente se elas dependem dos mesmos mecanismos. O fenômeno da festa de coquetel refere-se à capacidade de focar uma única conversa em meio a uma caótica festa de coquetel. Embora a proximidade e a altura do som contribuam, a sua atenção seletiva também pode determinar qual conversa você vai escutar. • A atenção seletiva pode operar em múltiplos estágios de processamento Teoria do filtro – Donald Broadbent afirmou que nós temos uma capacidade limitada de informações sensoriais e, portanto, esquadrinhamos as informações que chegam, só deixando entrar as mais importantes. Teorias da seleção inicial – baseadas na noção de que podemos escolher os estímulos aos quais prestaremos atenção, antes de processar suas características básicas. Teorias da seleção tardia – supõem que as pessoas absorvem informações sensoriais, processam-nas e selecionam os aspectos dos estímulos aos quais devem prestar atenção depois do processamento.
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