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* Desenvolvimento Humano III * Mudanças e continuidade na meia-idade (45 a 60 anos) devem ser vistas sob a perspectivas de todo o ciclo de vida. * O que uma pessoa é tem por base experiências da infância e da juventude, mas padrões iniciais não são, necessariamente, o modelo para padrões futuros. * Também é preciso considerar que as vidas não progridem isoladamente. Rotas individuais cruzam-se ou chocam-se com outras vidas –família, amigos, conhecidos e estranhos. * Coorte, gênero e condição socioeconômica afetam o curso de vida. * Mudança na idade adulta: abordagens Teóricas Clássicas * Em termos psicossociais, a idade adulta já foi considerada um período relativamente estável. * Freud (1906/1942) não via propósito na psicoterapia para pessoas com mais de 50 anos porque acreditava que a personalidade estivesse permanentemente formada e nessa idade os processos mentais fossem muito inflexíveis. * Por outro lado, teóricos humanistas como Maslow e Rogers viam a meia-idade como uma oportunidade para mudança positiva. * Para Maslow a auto-realização só pode ocorrer com a maturidade. * Rogers sustentava que o pleno funcionamento humano exige um processo constante e vitalício de colocar o self em harmonia com a experiência. * A questão: Que tipo de mudanças ocorrem e o que as ocasiona? * Os estudo tem se voltado a 3 tipos de mudanças no desenvolvimento: * mudanças relacionadas a necessidades ou tarefas maturacionais que todos os seres humanos experimentariam. * Mudanças relacionadas a papéis culturalmente endossadas ou fatos históricos que afetam uma determinada população. * Mudanças relacionadas a experiências incomuns ou a um momento pouco comum para a ocorrência de eventos de vida. * As teorias clássicas que tratam desses três tipos de mudança são: * modelos de crises normativas – propõem etapas maturacionais de desenvolvimento * modelo de momentos de ocorrência de eventos – concentra-se em mudanças não-usuais ou não-normativas * Modelos de crises normativas Carl C. Jung e Erik Erikson. * Carl C. Jung: Individuação e Transcendência Um desenvolvimento saudável na meia-idade exige individuação, a emergência do verdadeiro self através da equilibração ou da integração das partes conflitantes da personalidade, incluindo aquelas até então negligenciadas. * Até aproximadamente 40 anos os adultos concentram-se nas obrigações com a família e com a sociedade desenvolvendo aspectos da personalidade que os ajudarão a alcançar esses objetivos externos. * As mulheres enfatizam a expressividade e o zelo. O homens enfatizam às realizações. * Na meia idade, homens e mulheres buscam um “união de opostos” anteriormente “repudiados”. * Duas tarefas necessárias, mas difíceis da meia-idade: abrir mão da imagem de juventude e reconhecer a mortalidade. * O reconhecimento da mortalidade exige uma busca pelo significado do self. Essa virada para o interior pode ser perturbadora, a medida em que temporariamente as pessoas podem perder sua referencias. * Erik Erikson: Geratividade X Estagnação * Em contraste com Jung, Erikson descreve a meia-idade como uma época de voltar-se para o exterior. * Segundo Erikson, por volta dos 40 anos passa-se pela sétima “crise” normativa que chamou geratividade x estagnação. * Geratividade é a preocupação de adultos maduros com o estabelecimento e a orientação da próxima geração, perpetuando-se através da influência sobre os que virão. * A virtude desse período é o “cuidado”. * As pessoas que não se tornam gerativas tornam-se absortas em si mesmas, entregues aos seus próprios prazeres ou estagnadas. * Critica: falhas de amostragem e metodologia, coortes, cultura. * Momento de ocorrência dos eventos: Relógio Social. * O desenvolvimento da personalidade adulta depende menos da idade do que de eventos importantes de vida. * Se em certo momento a vida adulta era mais estável – crises normativas – hoje os estilos de vida são mais diversos, “os relógios sociais” batem em ritmos diferentes, e em um” ciclo de vida fluido” confundiu os limites da idade adulta. * Contudo, a idade continua sendo um parâmetro para compreender e julgar o outro. * Existe uma crise da Meia-idade? * A crise de meia-idade foi conceitualizada como uma crise de identidade, também chamada de segunda adolescência. * Causa: consciência da mortalidade; percepção da incapacidade de realização dos sonhos da juventude ou insatisfação diante da realização deles; urgência na mudança de direção se necessário. * Hoje a crise é questionável. Não há comprovação de sua universalidade. * Estilos de identidade * Esse modelo, de Suzan Krauss Whitbourne, baseia-se em Erikson, Marcia e Piaget. * A identidade é “um esquema de organização através do qual as experiências do indivíduo são interpretadas”. * A identidade é formada de percepções acumuladas do self, conscientes e inconscientes, traços de personalidade (sou sensível, sou teimoso, etc), características físicas e capacidades cognitivas. * Tais percepções de nós mesmos são constantemente confirmadas ou alteradas em resposta às novas informações. * As pessoas interpretam suas interações com o ambiente por meio de dois processos: assimilação de identidade e acomodação de identidade. * Assimilação de identidade: tentativa de enquadrar novas experiências em um esquema existente (relação amorosa). A assimilação tende a preservar a continuidade do self. * Acomodação de identidade: é o ajustamento do esquema para que se coadune a nova experiência. A acomodação tende a ocasionar mudanças necessárias. * O equilíbrio que uma pessoa costuma alcançar entre assimilação e acomodação determina seu estilo de identidade. * A pessoa com estilo de identidade assimilador engana a si mesma e não aprende com a experiência. * A pessoa com estilo de identidade acomodativo é fraca, facilmente dominada e altamente vulnerável. * Pessoas assimilativas procuram manter uma auto-imagem de juventude a todo custo. * Pessoas acomodativas podem identificar-se prematuramente como velhas e preocupar-se com os sintomas do envelhecimento e da doença. * Psicologia Narrativa: a identidade como história de vida. * O desenvolvimento da identidade é um processo continuo de construção da história pessoal – uma narrativa dramática que nos ajuda a entender a nossa vida. * Alguns psicólogos narrativos vêem a própria identidade como essa história ou um roteiro internalizado. * As pessoas seguem o “roteiro” que criaram à medida que expressam sua identidade por seus atos. * Uma “crise na meia-idade” pode ser vivenciada como uma ruptura perturbadora na continuidade e na coerência do enredo. * Bem-Estar Psicológico e Saúde Mental Positiva * *Saúde mental não é apenas a ausência de doença mental. Saúde mental positiva envolve uma sensação de bem-estar psicológico, que anda de mãos dadas com um senso de identidade saudável. Mas é difícil definir o que é bem-estar. * Para Erikson o funcionamento psicológico saudável depende da resolução da crise de geratividade X estagnação. * Carol Ryff propõe o Bem-Estar em Múltiplas Dimensões, seis para ser exato. * -Auto-aceitação: atitude positiva em relação a si mesmo * -Relações positivas com os outros: relacionamentos afetuosos, satisfatórios e de confiança com outra pessoas * -Autonomia: autodeterminado e independente, é capaz de resistir as pressões sociais * -Domínio do ambiente: senso de domínio e competência no manejo do ambiente * -Propósito na vida: objetivos e senso de direção. * -Crescimento pessoal: sente-se em desenvolvimento constante, aberto a novas experiências. * Identidade de Gênero * Pesquisa dos 1960, 1970 e 1980 mostravam que: * Homens de meia-idade eram mais abertos em relação aos sentimentos, mais interessados em relacionamentos e mais zelosos (características tradicionalmente atribuídas ao feminino) do que em idades anteriores. * Mulheres de meia-idade eram mais assertivas, autoconfiantes e orientadas às realizações (características tradicionalmente atribuídas ao masculino) * Alguns cientistas sociais atribuíram esse desenvolvimento a mudanças hormonais na meia-idade. Jung via esse desenvolvimento como parte do processo de individuação ou de equilibração de personalidade. * Para David Gutmann, esse desenvolvimento era explicado pelos papeis tradicionais de gênero. Cabia a mulher criar os filhos e ao homem prover as condições econômico-financeiras. * Com o termino a criação ativa dos filhos os papéis tendem a se equilibrar e até a se inverter. Ocorre uma permutação de gênero. * Atualmente os papéis estão se tornando menos distintos e não são universais. * As pesquisas que inicialmente pareciam revelar mudanças de gênero, na verdade, hoje se sabe, revelam diferenças de coorte. Isto tem a ver com a metodologia da pesquisa. * Mudanças no relacionamento na idade adulta * Atualmente não se pode generalizar sobre o relacionamento na meia-idade. * Os relacionamentos estão atravessados pelo casamento, divórcio, rede de amigos, trabalho, filhos, parentes, etc. É certo que o relacionamento com o outro é muito importante, talvez de um modo diferente de outros períodos da vida * Teorias do Contato Social * Teoria do comboio social: as pessoas passam pela vida cercadas de comboios sociais – círculos de amigos, familiares com os quais pode contar para auxilio, bem-estar e apoio social. * Teoria de seletividade socioemocional – Laura Carstensen – é uma ampliação da teoria anterior. * Segundo a autora a interação social tem três principais objetivos: * 1-É uma fonte de informações 2-Ela ajuda as pessoas a desenvolver e manter seu senso de identidade 3-Ela é fonte de prazer e de conforto ou bem-estar emocional * Relacionamentos e Qualidade de Vida * A maioria dos adultos de meia-idade e mais velhos são otimistas em relação à qualidade de suas vidas à medida em que envelhecem. * É um período em que os relacionamentos sociais são mais importantes que os relacionamentos sexuais. * Relações Consensuais * O que acontece com a qualidade de um casamento de longa duração? * Os estudos apontam uma satisfação em forma de U: A satisfação diminui após os primeiros anos de casamento, - meia-idade - e aumenta no começo da terceira idade. (crítica aos estudos: transversal, diferentes coortes, focar a idade e não a duração do casamento) * O que pode contribuir para a satisfação no casamento na meia-idade tem a ver com a qualidade da relação anterior a este período, atitude positiva em relação ao cônjuge, comprometimento na relação, convergências de objetivos e metas, tempo juntos e atividades em comum. * *Divórcio na meia-idade * A maioria dos divórcios acontece nos primeiros 10 anos de matrimônio. Assim, o rompimento após esta data, quando as pessoas podem acreditar que a vida está estabilizada pode ser traumático. * A condição econômica e a partida dos filhos pode contribuir para a separação (mulheres) * A educação superior diminui o risco de separação após os 10 anos de casamento, talvez isso se deva a um maior acumulo de bens dos quais não querem abrir mão. * Para as mulheres a independência financeira pode ser um estímulo a separação * Relacionamentos Homossexuais * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *