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RESUMO PROVA DIREITO PENAL I

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CONCEITO DE DIREITO PENAL
Conceito de Código Penal – é o conjunto de normas, condensadas num único diploma legal, que visam tanto a definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de sanção para os imputáveis e medida de segurança para os inimputáveis, como também a criar normas de aplicação geral, dirigidas não só aos tipos incriminadores nele previstos, como a toda legislação penal extravagante, desde que esta não disponha expressamente de modo contrário. 
A finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade. Para efetivar essa proteção utiliza-se da cominação, aplicação e execução da pena. A pena não é a finalidade do direito penal. É apenas um instrumento de coerção de que se vale para a proteção desses bens, valores e interesses mais significativos da sociedade.
Direito Penal objetivo – é o conjunto d e normas editadas pelo Estado, definindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas a s outras que cuidem de questões de natureza penal, estejam ou não codificadas . 
Direito Penal subjetivo – é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Judiciário. É O PRÓPRIO IUS PUNIENDI. Mesmo nos crimes de ação penal privada, o Estado não transfere o seu ius puniendi ao particul ar. O q ue este detém é o ius persequendi ou o ius accusationis, ou seja, o direito de vir a juí zo e pleitear a condenação de seu agressor , e não o direito de executar, por s i só a sentença condenatória. 
Para Ferrajoli, “o garantismo – entendido no sentido do ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO, isto é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos direitos de todos, representa o único remédio para os poderes selvagens ”. O autor distingue a s garantias em duas grandes classes: as gar antias primárias e as garantias secundárias: - garantias primárias – limites e vínculos normativos – ou seja , as proibições e obrigações, formais e substanciais, impostos na tutela do s direitos, ao exercício de qualquer poder; - garantias secundárias – diversas formas de reparação – a anulabilidade dos atos inválidos e a responsabilidade pelos atos ilícitos – subseqüentes às violações das garantias primárias. 
 Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de mais nada, o guardião de nossos direitos fundamentais. 
DA NORMA PENAL 
·	Princípio da reserva legal: no plano penal, diz que não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal. Daí podemos concluir que na vida social o particular está livre para fazer tudo o que quiser, desde que sua conduta não seja prevista na legislação como infração penal. Embora a c onduta do agente possa ser até socialmente reprovável, se não houver tipo penal incriminador proibindo-a, não poderá sofrer qualquer sanção ao praticá-la. Pode haver até uma sanção da própria sociedade, uma sanção moral, mas não é isso que nos importa. 
·	Princípio da intervenção mínima: que limita as atividades do LEGISLADOR, proíbe que o Direito Penal interfira nas relações, protegendo bens que não sejam vitais e necessários à manutenção da sociedade. Para BOBBIO, normas penais são aquelas “cuja execução é garantida por uma sanção externa e institucionalizada”.
Quando corre um conflito aparente entre normas penais, ou para um mesmo fato aparentemente existem duas ou mais normas que poderão sobre ele incidir. Diz-se aparentemente, pois o conflito só ocorre a princípio, antes de uma análise mais detida do problema, tendo em vista que o próprio ordenamento esclarece quais os métodos a serem usados para esclarecer a questão. No âmbito penal, o conflito ocorre quando uma mesma conduta delituosa pode enquadrar-se em diversas disposições da lei penal. São os seguinte princípios responsáveis pela solução do conflito: 
·	Princípio da Especialidade: norma especial afasta a aplicação da norma geral, Lex specialis derrogat generali. Na norma especial há um plus, ou seja, um detalhe a mais que sutilmente a distingue da norma geral Ex.: Homicídio e Infanticídio. 
·	Princípio da Subsidiariedade: a norma subsidiária é considerada um “soldado de reserva” ( NELSON HUNGRIA), ou seja, na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave, Lex primaria derrogat legi subsidiariae. A SUBSIDIARIEDADE PODE SER EXPRESSA OU TÁCITA: Expressa – a própria lei faz a sua ressalva, deixando transparecer seu caráter subsidiário, que será aplicado somente se a conduta não constituir crime mais grave. Tácita ou implícita – o artigo, embora não se referindo expressamente ao seu caráter subsidiário, somente terá aplicação nas hipóteses de não-ocorrência de um delito mais grave que, neste caso, afastará a aplicação da norma subsidiária, Ex: art. 311 do Código de Trânsito Brasileiro, que descreve uma espécie de crime de perigo, que é transitar e m velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, etc. Se atropelar alguém, causando-lhe a morte, o crime será outro.
DIFERENÇA ENTRE ESPECIALIDADE E SUBSIDIARIEDADE: Na subsidiariedade, ao contrário do que ocorre na especialidade, os fatos previstos em uma e outra norma não estão em relação de espécie e gênero, e se a pena do tipo principal (sempre mais grave que a do tipo subsidiário) é excluída por qualquer causa, a pena do tipo subsidiário pode apresentar-se como “ soldado de reserva” e aplicar-se pelo residuum.
·	Princípio da Consunção: Pode-se aplicar o princípio da consunção 1. Quando um crime é meio necessário ou fase normal de preparação ou de execução de outro crime (progressão criminosa e crime progressivo) – a consumação absorve a tentativa e esta absorve o incriminado ato preparatório; o crime de lesão absorve o correspondente crime de perigo; o homicídio, a lesão corporal; o furto em casa habitada , a violação de domicílio. 2. Nos casos de antefato e pós-fato impuníveis.
·	Princípio da Alternatividade: Observa-se a aplicabilidade do princípio nos casos de crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado, ou seja, crimes plurinucleares, nos quais o tipo penal prevê mais de uma conduta em seus vários núcleos.
 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL 
ANALOGIA – é forma de auto-integração da norma, consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante. É o raciocínio que permite transferir a solução prevista para determinado caso a outro não regulado expressamente pelo ordenamento jurídico, mas que comparte com o primeiro certos caracteres essenciais ou a mesma ou suficiente razão. O campo de abrangência do Direito Penal, dado o seu caráter fragmentário, é muito restrito , limitado. No que tange às norma s incriminadoras, as lacunas porventura existentes devem ser consideradas como expressões da vontade negativa da lei. No Direito Penal é terminantemente proibido, em virtude do princípioda legalidade.
PRINCÍPIOS 
·	PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: É um princípio limitador do poder de punir do Estado. O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado pelo princípio da intervenção mínima. O Direito Penal somente deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações mais leves do ordenamento jurídico são objeto de outros ramos do Direito.
·	PRINCÍPIO DA LESIVIDADE: Este princípio é também conhecido como Princípio da Lesividade e objetiva proibir que todas as condutas que de algum modo represente ofensa ao bem jurídico sejam criminalizadas. É um princípio limitador do “jus puniende” estatal, criando balizas para o legislador e também para o aplicador do direito que devem nortear a aplicação do direito penal naquelas condutas que coloquem em risco ou em perigo de lesão as ações consideradas graves ao bem jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico.O príncipio da ofensividade (ou lesividade) execerce função dupla no direito penal em um Estado Democrático de direito: a) função político-criminal – esta função tem caráter preventivo informativo, na medida em que se manifesta nos momentos que antecedem a elaboração dos diplomas legislativos-criminais; b) função interpretativa ou dogmática – esta finalidade manifesta-se a posteriori, isto é, quando surge a oportunidade de operacionalizar-se o Direito penal, no momento em que se deve aplicar, in concreto, a norma penal elaborada. O princípio da ofensividade está ligado à reserva legal a proteção do bem jurídico na sua esfera fundamental, a proteção à bem de valor protegido pela Carta Magna, não está atrelado a valores éticos morais ou religiosos, mas o que o legislador considerou como efetivamente ofensivo.
·	PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL: Segundo Welzel, o Direito Penal tipifica somente condutas que tenham uma certa relevância social; caso contrario, não poderiam ser delitos. Deduz-se, conseqüentemente, que há condutas que por sua ‘adequação social’ não podem ser consideradas criminosas. Em outros termos, segundo esta teoria, as condutas que se consideram ‘socialmente adequadas’ não podem constituir delitos e, por isso, não se revestem de tipicidade”. O tipo penal implica uma seleção de comportamentos e, ao mesmo tempo, uma valoração (o típico já e penalmente relevante).
·	PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: o caráter fragmentário do Direito Penal significa que o mesmo não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes.
·	PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: consiste em afastar a própria tipicidade penal da conduta, ou seja, o ato praticado não é considerado crime, o que resulta na absolvição do réu. É também denominado "princípio da bagatela" ou "preceito bagatelar". Segundo a jurisprudência do STF, para sua aplicação devem ser preenchidos os seguintes critérios: 1: a mínima ofensividade da conduta do agente; 2. a nenhuma periculosidade social da ação; 3. o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e 4. a inexpressividade da lesão jurídica provocada. O princípio decorre do entendimento de que o direito penal não deve se preocupar com condutas em que o resultado não é suficientemente grave a ponto de não haver necessidade de punir o agente nem de se recorrer aos meios judiciais, por exemplo, no caso de um leve beliscão, uma palmada, ou furto de pequeno valor.
·	PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: O primeiro momento da individualização da pena ocorre com a seleção feita pelo legislador, quando escolhe as modalidades de penas a serem aplicadas. A segunda fase é a atribuição de uma pena a determinados crimes de acordo com sua lesividade ao be m jurídico protegido, levando em consideração, também, a intenção do agente (se agiu com dolo ou culpa). A essa fase dá-se o nome de cominação. É levada a efeito pelo poder legislativo, em uma atividade anterior ao fato criminos o. A terceira fase é a denominada aplicação da pena, na qual o julgador deve atentar às determinações contidas no artigo 59 do Código Penal. Por fim, ocorre também a individualização na fase de execução penal, de acordo com o artigo 5º, da Lei 7.210/8 4 (Lei de Execução Penal)
·	PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que pode alguém ser privado (gravidade da pena). Toda vez que existir, nessa relação, um desequilíbrio acentuado, estabelece-se, em conseqüência, inaceitável desproporção. O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto o ESTABELECIMENTO DE COMINAÇÕES LEGAIS (proporcionalidade em abstrato) e a IMPOSIÇÃO DE PENAS ( proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa com o fato cometido considerado em seu significado global. Possui, portanto, um duplo destinatário: o legislador e o juiz.
·	PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: De acordo com o princípio da responsabilidade pessoal, também denominado princípio da pessoalidade ou princípio da intranscendência da pena, somente a pessoa do condenado é que terá que se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado. Havendo o falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, MESMO QUE SEJA DE NATUREZA PECUNIÁRIA, não poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter personalíssimo.
·	PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS: - CF Art 5º § XLVII: não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis.
·	PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: Culpabilida de é o juízo de censura , é o juízo de reprovabilidade que se faz sobre a conduta típica e ilícita do agente. É a exigência de um juízo de reprovação jurídica que se apóia sobre a crença – fundada na experiência da vida cotidiana – de que ao homem é dada a possibilidade de, em certas circunstâncias, “agir de outro modo”. O princípio da culpabilidade possui três sentidos fundamentais: 1. Culpabilidade como elemento integrante do conceito analítico do crime – exerce papel fundamental na caracterização da infração penal. A culpabilidade é o terceiro elemento integrante do conceito analítico de crime, sendo estudada após a análise do fato típico e a ilicitude , ou seja, após concluir-se que o agente praticou um injusto penal. Após essa constatação, inicia-se um novo estudo, que agora terá seu foco dirigido à possibilidade ou não de censura sobre o fato praticado. 2. Culpabilidade como princípio medidor da pena – uma vez existente a infração penal (fato típico, antijurídico e culpável) o agente será, em tese, condenado. O juiz, para encontrar a medida justa da pena para a infração penal praticada, terá sua atenção voltada para a culpabilidade do agente como critério regulador. A primeira das CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS a serem analisadas pelo juiz para a fixação da pena-base (primeira fase dentro do critério trifásico de fixação da pena) é justamente a CULPABILIDADE 3. Culpabilidade como princípio impedidor da responsabilidade penal objetiva, ou seja, o da responsabilidade penal sem culpa – o princípio da culpabilidade impõe subjetividade na responsabilidadepenal. Não se admite no D ireito penal a atribuição de responsabilidade derivada simplesmente de uma associação causal entre a conduta e um resultado de lesão ou perigo para um bem jurídi co. Se não houver dolo ou culpa, não haverá conduta. Sem conduta não há fato típico. Sem fato típico não haverá crime.
·	PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: o princípio da legalidade é, sem dúvida, o mais importante princípio do Direito Penal. Tudo o que não é expressamente proibido é lícito diante do Direito Penal. Von Liszt dizia, por isso, ser o Código Penal a Carta Magna do delinqüente. Garante a anterioridade, taxatividade, proibição de costumes, proibição da analogia. Legalidade Formal – é a obediência aos trâmites procedimentais previstos pela Constituição para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte de nosso ordenamento jurídico. Legalidade Material – de acordo com LUIGI FERRAJOLI, a adoção de um modelo penal garantista implica não somente a legalidade formal, mas também a legalidade material, definida como o respeito em seu conteúdo das proibições e imposições trazidas pela Constituição para a garantia de nossos direitos fundamentais por ela previstos. 
FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 1º – proibir a retroatividade da lei penal – o inciso LX da CF determina que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o agente”. A regra, portanto, é a irretroatividade. A retroatividade é exceção só admitida para beneficiar o agente. Daí ninguém poder ser punido por cometer um fato que, à época, era tido como um indiferente penal; 2º – proibir a criação de crimes e penas pelos costumes – se só a lei pode criar crimes e penas, resulta óbvio a proibição de se invocar normas consuetudinárias para fundamentar ou agravar a pena. A fonte imediata do Direito Penal é a lei; 3º – proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas – a proibição é o recurso à analogia in malam partem para, de qualquer form a, prejudicar o agente; 4º – proibir incriminações vagas e indeterminadas (t axatividade) – o preceito primário do tipo penal incriminador deve ter uma descrição precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. Isso quer dizer , também, que o judiciário está sempre obrigado a interpretar a norma legal de maneira restritiva.
A vigência da lei estaria para a legalidade formal e a validade estaria para a legalidade material. O papel da jurisdição expresso pela teoria do garantismo deve ser compreendido como defesa intransigente dos direitos fundamentais, fundamento hermenêutico para a avaliação da validade substancial das leis. HOJE, APÓS A PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 32, O ARTIGO 62, §1O, INCISO I, ALÍNEA B DA CONSTITUIÇÃO PROÍBE EXPRESSAMENTE A EDIÇÃO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS SOBRE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL E PROCESSUAL CIVIL.
TERMO INICIAL DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL: Não é a simples publicação de uma lei penal que a faz obrigatória a todos. Para qu e se incrimine alguém, é necessário que a prática do fato penalmente descrito tenha sido após a VIGÊNCIA da lei. Assim, a lei penal que contenha tipos penais incriminadore s que agravem a situação do agente só pode ser aplicada após sua entrada em vigor. Diferente ocorre com a lex mitior. Nesse caso, existe a possibilidade de se aplicar a lei mesmo antes de sua entrada em vigor. De acordo com o artigo 2º do Código Penal determina que lei posterior que de qualquer forma favorecer o agente deverá retroagir, ainda que o fato já tenha sido decidido por sentença condenatória transitada em julga do. Se a lei que favorece o agente deve ser aplicada obrigatoriamente de forma retroativa, pra que aguardar sua vacatio legis? Maior vantagem é aplicá-la desde sua publicação.
DIFERENÇA ENTRE PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: Falando-se em princípio da legalidade estaríamos permitindo a adoção de quaisquer dos diplomas elencados no artigo 59 da Constituição (lei ordinária, lei complementar, lei delegada, medida provisória, decreto legislativo, resoluções), OU SEJA, LEIS MATERIALMENTE CONSIDERADAS. Por outro lado, quando fazemos menção à reserva legal, limitamos a aceitação às espécies tidas como LEIS FORMALMENTE CONSIDERADAS, ou seja, que respeitam o procedimento legislativo próprio das leis ordinárias (incluídas as leis complementares). Ou seja, à vista do poder que a Constituição outorga ao Poder Legislativo, quando essa outorga consiste no poder amplo e geral sobre qualquer espécie de relações (...), tem-se o princípio da legalidade . Todavia, quando a Constituição reserva conteúdo específico, caso a caso, à lei, encontramo-nos diante do princípio da reserva legal.
LEI PENAL NO TEMPO
·	PRINCÍPIO DA EXTRA- ATIVIDADE DA LEI PENAL: Extra-ativida de é a possibilidade de a lei penal, depois de revogada, continuar a regular fatos ocorridos durante a vigência (ultra-at ividade) ou retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor (retroatividade). A regra geral, trazida pela CF, é a proibição da retroatividade in pejus (par a prejudicar o agente), permitindo somente a retroatividad e in melius (para beneficia-lo). De a cordo com o inciso XL d o artigo 5º, a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
TEMPO DO CRIME: é o momento em que se considera o crime praticado. Essa noção é necessária para resolver problemas de confronto de leis que se sucedem no tempo. Podemos concluir que o nosso Código Penal adotou a teoria da ATIVIDADE para explicar o tempo do crime. Art. 4º CP: "Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado."
A extra-atividade pode se desdobrar no tempo para frente ou para trás, dando origem, respectivamente à ultra-atividade ou à retroatividade. Ultra-atividade – ocorre quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência; Retroatividade – possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor. A ultra-atividade e a retroatividade da lei penal serã o realizadas, sempre , em benefício do agente, e nunca em seu prejuízo, e pressupõem, necessariamente, a sucessão de leis no tempo.
Art 2º Parágrafo único CP: "A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado." A novatio legis in mellius terá sempre efeito retroativo, sendo aplicada aos fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, ainda que já tenha havido sentença com trânsito em julgado. Aplicação da novatio legis in pejus nos crimes permanentes e continuados: tanto no crime permanente quanto no crime continuado será a plicada a lei mais grave, desde que não cessadas a permanência ou continuidade quando da entrada em vigência dessa lei. Ou seja, se tratando de crime continuado (ou continuidade delitiva, art. 71, do Código Penal) ou de crime permanente (cuja consumação se prolonga no tempo), a regra é que se aplica a lei mais nova, ainda que maléfica ao acusado, ou seja a lei penal mais gravosa aplica-se ao crime continuado ou permanente se era a lei vigente quando da cessação da permanência ou continuidade, portanto, havendo a modificação da lei quandoainda em prosseguimento a prática de crime continuado ou permanente, a lei nova é aplicada a toda a série de delitos praticados (caso seja crime continuado) ou para o crime permanente. Crime permanente é aquele crime que a sua consumação se estende no tempo. Ex: Se um sequestro está em andamento, com a vítima colocada em cativeiro, havendo a entrada em vigor, de uma lei nova, aumentando consideravelmente as penas para tal delito, aplica-se de imediato a norma prejudicial ao agente, pois o delito está em plena consumação Crime continuado quando o agente pratica várias condutas, implicando na concretização de vários resultados, terminando por cometer infrações penais de mesmas espécies, em circunstancias parecidas de tempo, lugar e modo de execução, aparentando que umas são meras continuações de outras.
ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL: Ex: Art. 1º "Desperdiçar água, acima dos limites legais, no período de seca, pena: Detenção de 2 meses a 6 meses." Art. 2º - Está lei fica em vigor enquanto durar o período de seca no país.” No exemplo fictício anterior, teríamos uma lei excepcional, pois a vigência da lei está condicionada “ao período que durar a seca”, ou seja, uma situação excepcional. Neste caso, a seca poderá durar alguns dias, meses ou anos. É certo que, enquanto “durar a seca” a lei excepcional estará operando plenamente os seus efeitos. Ou seja, tal lei deverá “durar até que cessem as circunstâncias que a determinaram”. Por outro lado, a lei temporária é aquela que possui “vigência previamente fixada pelo legislador. Este determina que a lei terá vigência até certa data”.Sendo assim, poderíamos citar o seguinte exemplo fictício:“Art. 1º - Desperdiçar água, acima dos limites legais. Pena: Detenção de 2 meses a 6 meses." Art. 2º - Está lei fica em vigor do dia 07 de fevereiro de 2011 até 07 de fevereiro de 2012.” Percebe-se que, ao final da data fixada “07 de fevereiro de 2012” a lei temporária perderá a sua eficácia. 
ABOLITIO CRIMINIS: Art. 2º "Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória." O efeito da descriminalização de uma conduta é a extinção de sua punibilidade. A extinção da punibilidade pode ocorrer na fase de inquérito ou já no processo. A abolitio criminis faz cessar todos os efeitos PENAIS da sentença condenatória, SUBSISTINDO OS EFEITOS CIVIS.
LEI PENAL NO ESPAÇO (O princípio não determina, o princípio justifica)
·	PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: Teoria mista, ou da ubiquidade – diz que lugar do crime será o da ação ou omissão ou onde se produziu o resultado. O Código Penal brasileiro ad otou a teoria d a UBIQÜIDADE. De acordo com seu artigo 6o: Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
LEMBRETE: TEMPO DO CRIME: TEORIA DA ATIVIDADE/ LUGAR DO CRIME: TEORIA DA UBIQUIDADE.
A adoção da teoria da ubiqüidade resolve problemas de Direito Penal internacional. Ex: Um sujeito, na Argentina, envia carta-bomba que explode com seu destinatário, no Brasil. Se a Argentina adotar a teoria da atividade e o Brasil a do resultado, o agente ficaria impune.
TERRITORIALIADE: Art. 5º "Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. §1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extens ão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. §2º. É também aplic ável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. O Brasil não adotou a teoria ABSOLUTA da territorialidade, mas sim a teoria da territorialidade TEMPERADA, tendo em vista que o Estado pode abrir mão de sua jurisdição em atendimento a convenções, tratados e regras de direito internacional.
·	PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE: O Princípio da Extraterritorialidade se preocupa com a aplicação da lei brasileira fora dos limites territoriais do país, ou seja , às infrações penais cometidas além de nossas fronteiras, em países estrangeiros, podendo ser: INCONDICIONADA: Será aplicada a lei brasileira, sem qualquer condicionante, mesmo que o agente tenha sido julgado no exterior (CP: art. 7º, I), para crimes contra a liberdade ou a vida do Presidente da República, crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, Distrito Federal, estados, municípios, empresas e órgãos públicos, pessoas a serviço destas entidades, etc., ou genocídio (quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil). CONDICIONADA – Aplica-se a lei brasileira obedecendo alguns requisitos, segundo os princípios da universalidade, personalidade, bandeira e defesa (CP: art. 7º) para crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se comprometeu a reprimir, crimes praticados por brasileiros, por aeronaves ou embarcações brasileiras em território estrangeiro que não sejam lá julgados ou praticados por estrangeiros contra brasileiros fora do Brasil (caso o agente ingresse no Brasil ou seja passível de extradição para ca). É importante lembrar que, de modo algum, o Brasil concede a extradição de brasileiros natos para que sejam julgados e condenados no país onde cometeram o crime, e, para evitar a impunidade, estando aqui, serão julgados pela lei brasileira relacionada ao crime lá cometido. Quanto aos estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não são considerados parte de nosso território (princípio da reciprocidade) – cuidado: embaixada não é extensão do território.
TEORIA DO CRIME
É a parte do direito penal que se ocupa de explicar o que é o delito em geral, quer dizer, quais são as características que devem ter qualquer delito. Essa explicação atende a uma função essencialmente prática, consistente na facilitação da averiguação da presença ou ausência de delito em cada caso concreto. O delito não pode ser fragmentado , pois é um todo unitário. Contudo, para efeitos de estudo, deve-se proceder a uma a nálise de cada um de seus elementos fundamentais, quais sejam: o fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade. Cada um deles, nessa ordem, é antecedente lógico e necessário à apreciação do seguinte.
Art. 1º "Considera-se crime ainfração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; Contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. " Entretanto, as contravenções penais são infrações menos graves que os crimes, são delitos-anões (NELSON HUNGRIA), ofendem bens jurídicos não tão importantes quanto os protegidos ao se tipificar um crime. 
CONCEITO DE CRIME: O legislador não conceituou o crime. O conceito hoje apresentado, portando, é essencialmente jurídico. O crime pode apresentar três conceitos diferentes: CONCEITO FORMAL – crime é todo o fato humano proibido pela lei penal. CONCEITO MATERIAL – todo o fato humano lesivo de um interesse capaz de comprometer as condições de existência, de conservação e de desenvolvimento da sociedade. É a conduta que viola os bens jurídicos mais importantes. CONCEITO ANALÍTICO – crime é ação típica (tipicidade), antijurídica ou ilícita (ilicitude) e culpável (culpabilidade). 
FUNÇÃO DO CONCEITO ANALÍTICO – analisar cada um dos elementos constitutivos do delito, sem que com isso se queira fragmenta-lo. O crime é um todo unitário e indivisível. O crime é portanto, todo fato típico, ilícito e culpável.
FATO TÍPICO: Para uma visão finalista (seja lá o que for isso), o fato típico é composto de quatro elementos: 1º Conduta (dolosa/culposa, omissiva/comissiva); 2º Resultado; 3º Nexo de causalidade; 4º Tipicidade (formal e conglobante);
ANTIJURÍDICO- ÍLICITO: A ilicitude, por sua vez, é a relação de contrariedade, de antagonismo, que se verifica entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. A licitude é encontrada por exclusão, ou seja, a ação só será lícita se o agente tiver atuado sob o amparo de uma das quatro causas excludentes da ilicitude do Código Penal (Art. 23): Quando o agente não atua em: 1º Estado de necessidade; 2º Legítima defesa; 3º Estrito cumprimento de dever legal; 4º Exercício regular de direito; 5º Quando não houver o consentimento do ofendido como causa supralegal de exclusão da ilicitude. A doutrina aponta, ainda, além dessas causas legais de exclusão da ilicitude, uma causa supralegal, qual seja, o CONSENTIMENTO DO OFENDIDO. Contudo, para que ele se ja eficaz para afastar a ilicitude, alguns requisitos devem ser observados: 1º que o ofendido tenha capacidade par a consentir; 2º Que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja disponível; 3º Que o consentimento tenha sido dado anteriormente ou simultaneamente ao ato. 
CULPÁVEL: Culpabilidade, por fim, é um juízo de reprovação pessoal que se faz sobre a conduta do agente. De acordo com a concepção finalista adota da pelo autor, integram a culpabilidade: 1º Imputabilidade; 2º Potencial consciência sobre a ilicitude do fato; 3º Exigibilidade de conduta diversa; 
QUALIFICAÇÃO DO CRIME: Crime Culposo: qualificado pelo resultado; Crime Doloso: qualificado pela conduta; Crime Preterdoloso: qualificado pela ação (dolo) + o resultado (culpa); 
CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES
·	Comissivo: exige uma atividade concreta do agente, uma ação, isto é, o agente faz o que a norma proíbe (ex: matar alguém mediante disparos). Omissivo: é aquele em que o agente comete o crime ao deixar de fazer alguma coisa. Comissivo por omissão: ou omissivo impróprio, o agente garantidor tem o dever de agir, por isso na sua omissão responde pelo resultado que deveria ter evitado. É a mãe que tem o dever de cuidar do filho que brinca na piscina; se ela se omite em socorrê-lo (podendo fazê-lo) responde pela morte se ela ocorrer.
·	Crime instatâneo, Permanente e Instantâneo com efeitos permanetes: Esta classificação tem como critério a duração do “momento consumativo”. Instantâneo: o tipo consiste em conduta que ocorre e se finda em um determinado instante. Ex: subtrair, destruir, adquirir, constranger, praticar. Permanentes: o tipo descreve conduta constante, cuja consumação permanece no tempo. Ex: portar, manter, privar, ocultar. De efeitos permanentes: após consumado o bem jurídico é irrestaurável. ex. Homicídio ou dano, na modalidade destruir. 
·	Crime de Dano e de perigo: Crime de Dano: É aquele que pressupõe a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, como é o caso do crime de homicídio, em que há morte da vítima, sendoa vida o bem jurídico tutelado; e como é o caso do furto, em que se lesiona o patrimônio da pessoa, bem este juridicamente tutelado. Crime de Perigo: É aquele que se consuma com a mera situação de risco a que fica exposto o objeto material do delito, como acontece no crime de periclitação da vida e da saúde (art. 132 do CP) e no crime de rixa (art. 137 do CP), por exemplo. Assim, nos crimes de perigo não é necessário que haja lesão ao bem jurídico tutelado para que o crime reste configurado. Existem dois tipos: 1º Perigo concreto: Exige a comprovação do risco ao bem protegido. O tipo penal requer a exposição a perigo da vida ou da saúde de outrem. Ex: crime de maus-tratos (art. 136). 2º Perigo Abstrato: Não exige a comprovação do risco ao bem protegido. Há uma presunção legal do perigo, que, por isso, não precisa ser provado, ex. embriaguez ao volante. 
·	Crime Material, Formal ou de Mera Conduta: Crime Material: É aquele em que a lei descreve uma ação e um resultado, e exige a ocorrência deste para que o delito se consume. Podemos citar como exemplo o crime de estelionato, em que a lei descreve uma ação, qual seja, "empregar fraude para induzir ou manter alguém em erro", e um resultado, qual seja, "obter vantagem ilícita em prejuízo alheio" (art. 171 do Código Penal). Assim, o estelionato só se consuma com a obtenção da vantagem ilícita visada pelo agente. Crime Formal: É aquele em que a lei descreve uma ação e um resultado, no entanto, o delito restará consumado no momento da prática da ação, independentemente do resultado, que se torna mero exaurimento do delito. É o que acontece no crime de extorsão mediante sequestro, previsto no art. 159 do Código Penal, que se consuma quando o agente sequestra a vítima (ação), mesmo que não obtenha a vantagem ilícita almejada com o resgate (resultado). Crime de Mera Conduta: É aquele em que a lei descreve apenas uma conduta, e não um resultado. Sendo assim, o delito consuma-se no exato momento em que a conduta é praticada. Pode-se citar como exemplo o crime de violação de domicílio, previsto no artigo 150, do Código Penal, em que a lei tipifica a conduta de ingressar ou permanecer em domicílio alheio sem autorização do morador, independente da ocorrência de qualquer resultado naturalístico. 
·	CRIME UNISSUBJETIVO E PLURISSUBJETIVO: Crimes Unissubjetivos: (ou monossubjetivos, ou de concurso eventual) são aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a co-autoria e a participação. Crimes Plurissubjetivos: Os crimes plurissubjetivos (ou de concurso necessário) são aqueles que exigem dois ou mais agentes para a prática do delito em virtude de sua conceituação típica. Eles subdividem-se em três espécies de acordo com o modus operandi: 1º crimes de condutas paralelas: quando há colaboração nas ações dos sujeitos; 2º crimes de condutas convergentes: onde as condutas encontram-se somente após o início da execução do delito pois partem de pontos opostos; 3º crimes de condutas contrapostas: onde as condutas desenvolvem-se umas contra as outras. 
·	CRIME UNISSUBSISTENTE E PLURISSUBSISTENTE: Crime Unissubsistente: O crime unissubsistente admite a prática através de um único ato para a concretização do crime; Ex: desacato, injúria, violação de segredo profissional Crime Plurissubsistente: o crime plurissubsistente é praticado por mais de um ato. Ex 1: o crime de roubo é formado pela pela subtração de coisa alheia + grave ameaça ou lesão, logo deve haver mais de um ato para caracterizar o referido crime. Ex 2: estelionato é formado pela obtenção da vantagem + induzimento ao erro + emprego de meio fraudulento, logo, há um conjunto de atos a serem praticados para que o crime seja iniciado.
·	CRIME COMUM, PRÓPRIO E DE MÃO PRÓPRIA: Crime Comum: é aquele que não exige qualquer qualidade especial seja do sujeito ativo ou passivo do crime. O crime de homicídio é comum: pode ser praticado por qualquer pessoa contra qualquer pessoa. Crimes Próprios: os crimes próprios são aqueles que só podem ser cometidos por determinadas pessoas, tendo em vista que o tipo penal exige certa característica do sujeito ativo. Podemos citar como exemplo o crime de infanticídio, que só pode ser cometido pela mãe, sob influência do estado puerpera, o peculato tmbém é um crime próprio porque só pode ser cometido por um servidor público. Apenas o servidor público que se apropria do patrimônio público está cometendo peculato. Crime de Mão Própria: não se exige qualidade pessoal do agente, trata-se de crime comum. Contudo, é impossível que o delito seja cometido em co-autoria, pois somente o agente em pessoa pode praticar este tipo de crime. Ex: falso testemunho (somente a testemunha pode praticar o delito, não se admitindo co-autoria). OSB: cuidado, muito embora não possa o crime de mão própria ser praticado em co-autoria, admite-se a participação . Ex: a tetemunha foi instruída pelo advogado a mentir. Nesse caso o advogado torna-se partícipe da figura típica. 
TEORIAS DA CONDUTA
1- Teoria Causalista: Ação voluntária modificadora, dolo e culpa na culpabilidade, tipo apenas com elementos subjetivos. Essa teoria foi abandonada com o tempo, principalmente devido às críticas que sofreu: a) É um erro separar a conduta da relação psíquica do agente, deixando de analisar sua vontade. Não se distingue a conduta dolosa da culposa. Fica impossível, no estudo da tipicidade, diferenciar, por exemplo, tentativa de homicídio de lesão corporal. b) Por conceituar conduta como “ação humana”, ignora a existência de crimes omissivos. c) Não explica os crimes formais e os de mera conduta. O CPM adotou a teoria causalista (ler art. 33). O dolo e a culpa são espécies de culpabilidade. 2- Teoria Neokantista: Comportamento humando voluntário modificador, reconhece haver elementos não objetivos, dolo e culpa na culpabilidade.CONDUTA É UM COMPORTAMENTO HUMANO VOLUNTÁRIO QUE PRODUZ MODIFICAÇÃO NO MUNDO EXTERIOR. O conceito de conduta passa a abranger a OMISSÃO (“comportamento” e não mais “ação”). a) A culpabilidade foi enriquecida (Reihnart Frank). O dolo e a culpa passam a ser ELEMENTOS da culpabilidade (não mais espécies). b) O dolo continua sendo normativo (consciência da ilicitude). c) Admite elementos não meramente descritivos no tipo. d) Crime = Fato Típico + Ilicitude + Culpabilidade (teoria tripartite). 3- Teoria Finalista: Comportamento humano voluntário dirigido a um fim, dolo e culpa no fato típico. CONDUTA É O COMPORTAMENTO HUMANO VOLUNTÁRIO DIRIGIDO A UM FIM. A ação é um “acontecer final”, não somente “causal”. Por isso que Welzel diz que a finalidade é vidente e a causalidade é cega. a) DOLO E CULPA ESTÃO NO TIPO, NÃO NA CULPABILIDADE. b) O DOLO NÃO É MAIS NORMATIVO, PORQUE A CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE (ELEMENTO NORMATIVO) AGORA ESTÁ NA CULPABILIDADE, QUE PASSA A SER NORMATIVA PURA. c) O exemplo dado na teoria clássica seria resolvido de outro modo: a ação de “A” não poderia ser considerada conduta penalmente relevante porque foi desprovida de dolo ou culpa. Não haveria crime pela inexistência do fato típico. d) O adepto do finalismo pode adotar um conceito TRIPARTIDO ou BIPARTIDO, conforme repute a culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto de aplicação de pena. O CP adotou essa teoria. CRIME= FATO TÍPICO+ ILÍCITO (Bipartite) CRIME= FATO TÍPICO+ ILÍCITO+ CULPÁVEL (Tripartite) 
I.	 FATO TÍPICO+ ILÍCITO= Conduta: comportamento humano voluntário dirigido a um fim (DOLO E CULPA). *Dolo natural, não mais normativo.
II.	CULPÁVEL= Elementos: Imputabilidade, Potencial consciência da ilicitude, Exigibilidade de conduta adversa. *Teoria normativa pura.
ESPÉCIES DE CONDUTA 
·	CONDUTA DOLOSA: Art. 18. Diz-se do crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Dolo seria, portanto, a vontade, a intenção, a consciência, má fé, dirigida a realizar ou aceitar a conduta prevista na norma incriminadora, é a finalidade tipificada, onde a consciência é o elemento cognitivo ou intelectivo e a vontade, o elemento volitivo. No dolo, o agente quer o resultado criminoso como consequência da sua própria conduta. Não confundir com desejo, que é quando o agente quer o resultado criminoso como consequência da vontade alheia. 
Teorias: 1º) Teoria da vontade: há dolo direto quando há vontade consciente de querer praticar a infração penal. (QUEM). 2º) Teoria do consentimento: prega que há dolo (eventual) quando o agente prevê o resultado como possível e ainda assim continua na prática assumindo o risco de produzí-lo. (ASSUME). 3º) Teoria do resultado: Não se aplica no Brasil. 
Espécies de DOLO: A) Dolo Natural: adotado pela teoria normativa pura (de base finalista), integra o fato típico e tem como requisitos: a consciência e a vontade; aqui não existe elemento normativo (consciência da ilicitude), que será analisado na culpabilidade.
 B) Dolo Normativo: é adotado pela teoria psicológica normativa da culpabilidade (de base neokantista); integra a culpabilidade e tem como requisitos: a consciência, a vontade e a consciência atual da ilicitude (que é o elemento normativo do dolo). 
C) Dolo Direto ou Determinado: o agente dirige sua conduta finalisticamente para alcançar determinado resultado. 1ºGRAU: a conduta é orientada para atingir um ou vários resultados, previamente delimitados e pretendidos. Aqui, o agente sabe o que quer fazer, contra qual bem jurídico quer atingir e qual resultado delituoso ele pretende alcançar. Note que no dolo direto de 1º grau, o agente orienta seus atos executórios objetivando desde o primeiro momento alcançar um ou vários resultados que lhe foram previamente pretendido. Exemplo: ''A'' quer matar ''B'', para tanto, atira contra sua cabeça. 2º GRAU: (ou dolo de consequência necessária), o agente delituoso sabe, tem consciência de que para atingir um resultado previamente pretendido, ele acabará e precisará a atingir outros resultados delimitados, mas que não lhe era pretendido previamente. Observe que o dolo direto de 2º grau não tem existência autônoma, ele é sempre uma consequência do dolo direto de 1º grau. Em que pese ele não possuir o animus inicial de gerar tais efeitos, ele acaba aceitando a produção destas consequências necessárias como forma de atingir o objetivo previamente pretendido a título de dolo de 1º grau. Exemplo: ''A'' quer matar ''B'', que é motorista de ônibus. Para isso, corta os cabos de freio do veículo em que ''B'' viajará, deixando-os na iminência de se romperem. O dolo, quanto a ''B'', é direto de primeiro grau, e quanto aos demais passageiros que morrerão no acidente, é direto de segundo grau.
 D) Dolo Indireto ou Indeterminado: o agente, com a sua conduta, não busca um resultado certo e determinado, e sim, prevê o resultado como possível, assumindo-o. Existem dois tipos: DOLO ALTERNATIVO: se o desejo do ofensor é o de alcançar qualquer resultado possível, ex: o ofensor que atira em alguém com a intenção de lhe causar danos, não importando se serão ferimentos, ou a morte da vítima. É importante no dolo alternativo a vontade de causar algum resultado danoso, embora este não seja específico. DOLO EVENTUAL: o ofensor sabe que a sua conduta pode causar algum dano, mas não deseja o resultado específico, ou alternativo, para ele não importa se haverá efetivamente algum resultado danoso, mas ele assume o risco de produzi-lo,ex: alguém que dispara em direção a uma multidão, sabendo que pode atingir alguém, embora não tenha a intenção específica de ferir e nem matar qualquer pessoa, ele estará agindo com dolo eventual. 
E) Dolo cumulativo (progressão criminosa): vontade consciente de praticar duas ou mais condutas para alcançar dois ou mais resultados pretendidos. Pode-se dizer que se trata de dolo direto acumulado. No dolo cumulativo há mais de um dolo (vontades), manifestados de forma sequencial e sob o mesmo bem jurídico. Assim, pode-se dizer que o dolo cumulativo é um conjunto de dolos, manifestados de forma sequencial. É o que ocorre na progressão criminosa, configurada quando o agente deseja inicialmente produzir um resultado e, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua agressão, produzindo lesão mais grave sob o mesmo bem jurídico. Neste caso, o resultado mais grave absorve o resultado menos grave. Responde pelo dolo do resultado mais grave (princípio da subsunção).
F) Dolo Geral: O dolo geral ou erro sucessivo ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. Ou seja, depois do primeiro ato, o agente imagina já ter atingido o resultado desejado, que, no entanto, somente ocorre com a prática dos demais atos Ex: A atira em B e imagina que este morreu; A joga B no mar, e apenas quando este é jogado no mar é que efetivamente morre, afogado. O resultado pretendido aconteceu, porém com nexo de causalidade diverso (afogamento).
OBS: Dolo direto, só tem os de 1º e 2º graus, os demais são dolos indiretos. Quanto mais longe está do alvo, mais distante está do dolo direto.
·	CONDUTA CULPOSA: Art. 18 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
ELEMENTOS: 1)Ação ou omissão 2) Finalidade lícita 3) Violação do dever objetivo do cuidado 4) Resultado naturalístico 5) Nexo de causalidade 6) Previsibilidade 7) Taxatividade. 
FORMAS: IMPRUDÊNCIA: Conduta positiva, precipitação, existe um abuso de conduta. Ultrapassar regras quando não permitido.Também conhecida como Imprevidência, tem a ver com algo mais do que a mera falta de atenção ou cuidado, mas o ato pode até se revelar de má fé, ou seja, com conhecimento do mal e intenção de praticá-lo. Imprudente é a é aquele que não toma os cuidados normais que qualquer pessoa tomaria. A imprudência tem como característica sempre se revelar através de ação (uma ação imprudente). É como alguém que dá marca ré sem olhar para traz e acaba atropelando alguém. Imprudente é aquele que sabe do grau de risco envolvido na atividade e mesmo assim acredita que é possível a realização sem prejuízo para ninguém. É aquele que extrapola os limites da inteligência e do bom censo. NEGLIGÊNCIA: Sujeito adota conduta negativa, deixar de observar determinada regra, se torna indiferente.Também conhecida como falta de cuidado ou desatenção. A negligência implica em omissão ou falta de observação do dever, ou seja, aquele de agir de forma, prudente, não age com o cuidado exigido pela situação. Negligencia é quando aquele que deveria tomar conta para que uma situação não acontecesse, não presta a atenção requerida e deixa acontecer. É o caso da pessoa que sai para passear com a família de carro, mesmo sabendo que o mesmo está com os freios estragados, acontece uma batida por falta do freio e a família morre. Ele não queria, e nem assumiu o risco de matar a família, mas sua conduta resultou na morte de todos. O derramamento de óleo poderia ter sido evitado se a empresa se atentasse para itens básicos de conservação da plataforma petrolífera. Configurando-se também um ato de negligência da parte da empresa. IMPERÍCIA: Falta de cautela na arte (profissão), conduta positiva ou negativa. O sujeito tem uma conduta não recomendada na profissão. Requer da pessoa falta de técnica, conhecimento ou até falta de habilidade, erro ou engano na execução de alguma tarefa que ele deveria saber. Imperícia é quando alguém que deveria ter domínio sobre uma determinada técnica não a domina. Refere-se à ausência de conhecimentos básicos, habilidades e ignorância sobre determinados assuntos relacionados a profissão. É o caso do engenheiro mecânico que faz inspeção no cabo do elevador, e após um curto período de tempo o elevador cai por rompimento do referido cabo. O Engenheiro estudou durante anos para dominar a técnica, o que se exige que ele deveria saber sobre a durabilidade do cabo do elevador. A imperícia pode gerar responsabilidade civil e criminal nos envolvidos. 
ESPÉCIES: 
A) CULPA PRÓPRIA: Modalidade em que se encontra o elemento normal de sua composição, a previsibilidade do resultado. ocorre quando o agente não espera o resultado, não o quer e não assume o risco de provocá-lo, mas, que por negligência, imperícia ou imprudência, acaba por dar-lhe causa. Se divide em duas, CULPA CONSCIENTE: o agente, embora prevendo o resultado, não o aceita como possível, Ex: Caçador que, avistando um companheiro próximo do animal que deseja abater, confia em sua condição de perito atirador para não atingi-lo quando disparar, causando, ao final, lesões ou morte da vítima ao desfechar o tiro. CULPA INCONSCIENTE: ou culpa “ex ignorantia” é aquela em que o agente não prevê o resultado de sua conduta, apesar de ser este previsível, Ex: indivíduo que atinge involuntariamente a pessoa que passava pela rua, porque atirou um objeto pela janela por acreditar que ninguém passaria naquele horário. 
B) CULPA IMPRÓPRIA: é aquela prevista no artigo 20 do Código Penal, em que o agente, por erro evitável, produz determinado resultado típico, deliberadamente, mas somente por acreditar que a situação lhe autorizava agir daquela maneira. O exemplo clássico é: - "Fulano De Tal, ao caminhar pela rua, encontra seu desafeto, que leva a mão ao bolso, demonstrando estar armado. Com medo de sofrer injusta agressão, Fulano de tal dispara e alveja seu inimigo, que na verdade estava carregando um objeto qualquer em seu bolso - e não uma arma. Assim, Fulano De Tal comete homicídio, mas mesmo tendo matado de forma intencional, é punído como se tivesse agido de maneira culposa". 
C) COMPENSAÇÃO x CULPAS CONCORRENTES: o nosso direito penal não admite a compensação de culpa. dessa forma ], se dois motoristas dirigindo imprudentemente causam um acidente no qual os dois agentes são as únicas vítimas suas culpas não se compensarão, mas responderão os dois pelo delito culposo. Todavia, na análise das circunstâncias judiciais para fixação da pena base- art 59 CP- o juiz poderá levar em conta a concorrência de culpa, ou seja a culpa concorrente da vítima, permitindso uma fixação mais branda da pena base. E para fazê-lo basta que a vítima tenha tbm agido culposamente, não necessitando seja a vítima tbm agente de delito culposo contra o agressor, ou seja, é desnecessária a "agressão" culposa mútua como no exemplo dado.
D) CONDUTA PRETERDOLOSA: "Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente."O crime preterdoloso é uma espécie de crime agravado pelo resultado, no qual o agente pratica uma conduta anterior dolosa, e desta decorre um resultado posterior culposo. Há dolo no fato antecedente e culpa no consequente, Ex: Lesão Corporal seguida de morte. 1- Conduta dolosa direcionada a determinado resultado (dolo no antecedente). 2- Provocação de um resultadoculposo mais grave que o desejado (culpa no consequente).3- Nexo causal.

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