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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS PROFESSORA: Drª. Regilda Saraiva dos Reis Moreira Araújo ROTULAGEM DE ALIMENTOS ORGÂNICOS MARYMARTA BARBOSA DE MORAIS TERESINA - PI MARÇO 2017.1 MARYMARTA BARBOSA DE MORAIS ROTULAGEM DE ALIMENTOS ORGÂNICOS Professora Drª. Regilda Saraiva dos Reis Moreira Araújo. Estagiárias docentes: Mestranda Janekeyla Gomes de Sousa e Mestranda Mônica Maria Pereira Marques TERESINA - PI MARÇO 2017.1 1 INTRODUÇÃO Têm sido observados sinais que evidenciam uma mudança de hábito alimentar entre os brasileiros, na direção de uma maior demanda por produtos orgânicos. A julgar pela presença dos orgânicos nas gôndolas de supermercados, estima-se que exista um potencial de mercado de expressiva magnitude para estes produtos. Nos últimos quatro anos o mercado brasileiro de produtos orgânicos foi um dos que mais cresceram no mundo, com taxas de 35% a 50% ao ano. Tais observações, por si mesmas, chamam a atenção para o potencial deste novo nicho de consumo e para a necessidade da implementação de análises sobre o tema (BORGUINI, 2006). Os métodos de cultivo orgânico buscam criações e cultivos autossustentáveis, preservando os recursos ambientais (águas, solo e ar), aprimorando o uso de seus mecanismos e melhorando a qualidade de alimentação e de vida dos produtores e dos consumidores. A produção de alimentos orgânicos é baseada em técnicas que dispensam o uso de insumos como pesticidas sintéticos, fertilizantes químicos, medicamentos veterinários, organismos geneticamente modificados, conservantes e aditivos. A ênfase da produção está direcionada ao uso de práticas de gestão e manejo do solo que levam em conta as condições regionais e a necessidade de adaptar localmente os sistemas de produção (MONTEIRO, et al, 2016). Os meios de comunicação têm divulgado as vantagens da alimentação baseada em produtos orgânicos, o que vem contribuindo para aumentar o número de consumidores destes alimentos. Segundo Borguini (2006), o crescimento do consumo não está diretamente relacionado com o valor nutricional dos alimentos, mas aos diversos significados que lhes são atribuídos pelos consumidores. Tais significados variam desde a busca por uma alimentação mais saudável, de melhor qualidade e sabor, até a preocupação ecológica de preservar o meio ambiente. Os estudos populacionais que compararam a saúde das pessoas que consomem habitualmente alimentos orgânicos com a daquelas que consomem alimentos convencionais, apresentaram grande número de variáveis não controladas. Quanto às comparações sobre valor nutricional, muitos fatores e variáveis devem ser considerados nas pesquisas, tais como o tempo de produção orgânica, o restabelecimento da vida do solo, o tipo de sistema orgânico utilizado, a variabilidade dos fatores externos (luz, solar, temperatura e chuva), o armazenamento e o transporte, que influenciam diretamente o conteúdo de nutrientes nas plantas (SOUSA, et al, 2012). Face ao exposto, a prática realizada tem como objetivo, analisar a rotulagem de alimentos orgânicos, comparando-os aos rótulos de alimentos convencionais, assim como, aos ingredientes e ao valor nutritivo desses alimentos, analisando também, as controvérsias referentes ao status do alimento orgânico por meio de artigos científicos. 2 MATERIAIS E MÉTODOS A prática foi realizada no laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos, localizado no departamento de Nutrição do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Piauí – UFPI, no dia 27 de março de 2017. 2.1 MATERIAIS Alimentos orgânicos e convencionais (rotulados) como: Mini Cookies Integrais Coco e Castanhas Orgânico (Mãe Terra) e Cookie convencional com cobertura de chocolate (Toddy); Suco Blende de vegetais Orgânico (BiO2) e Suco de laranja convencional enriquecido com soja (Su fresh); Extrato de Tomate Orgânico (Blessing) e Molho de Tomate convencional (Tarantella); Snéts Orgânico sabor Milho (Mãe Terra) e Snéts convencional sabor Requeijão (Micos). 2.2 PROCEDIMENTOS Primeiramente foi realizada a leitura de artigos que abordaram as principais características do sistema orgânico, bem como as principais diferenças entre alimentos orgânicos e convencionais. Após o embasamento teórico sobre o tema, os alunos identificaram as principais diferenças nos rótulos de alimentos orgânicos em detrimento dos convencionais estabelecendo sua conformidade, ou não, de acordo com a legislação vigente. Cada alimento (orgânico e convencional) foi avaliado per suas características nutricionais (valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, fibra alimentar e sódio) e sensoriais (cor, odor, sabor e textura). Por fim, discutiram-se os artigos sobre produtos orgânicos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Devido ao substancial aumento do interesse do consumidor pelos alimentos orgânicos, existe a necessidade de conhecer o alcance das bases científicas para as alegações de superioridade atribuídas aos produtos orgânicos. A comparação dos alimentos produzidos por meio dos sistemas orgânico e convencional foram avaliados sob três diferentes aspectos: valor nutricional, qualidade sensorial e segurança do alimento (BORGUINI, 2006). Segue os dados obtidos com a análise dos alimentos estudados. TABELA 1: Lista de ingredientes dos Cookies convencional e orgânico. Teresina, 2017.1 INGREDIENTES Cookie convencional com cobertura de chocolate (Toddy) Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, cobertura sabor chocolate (açúcar, gordura vegetal, leite integral em pó, cacau, soro de leite em pó, estabilizante triestearato de sorbitana, emulsificantes, lecitina de soja e ésteres de ácido ricinoléico interesterificado com poliglicerol e aromatizante), açúcar, cobertura em gotas sabor chocolate (açúcar, gordura vegetal, leite integral em pó, cacau, soro de leite em pó, estabilizante triestearato de sorbitana, emulsificante lecitina de soja e aromatizante), gordura vegetal, confeitos sabor chocolate (açúcar, gordura vegetal, cacau, emulsificante lecitina de soja e aromatizante), gotas de chocolate, soro de leite, farinha de soja integral, xarope de milho com alto teor de frutose, sal, fermentos químicos: bicarbonato de amônio, bicarbonato de sódio, anteumectante, fosfato tricálcico, emulsificantes: esteaoril lactato de sódio, lecitina de soja, e mono e diglicerídios de ácidos graxos e aromatizantes. Mini Cookies Integrais Coco e Castanhas Orgânico (Mãe Terra) Farinha de trigo integral orgânica, aveia integral prensada orgânica, fibra de aveia, sementes de chia orgânicas, sementes de linhaça dourada, farinha de mesocarpo de babaçu, quinoa em flocos, fubá de milho integral orgânico, farinha de arroz integral orgânica, farinha de trigo integral orgânica fortificada com ferro e ácido fólico, açúcar demerara orgânica, óleo de soja orgânico (não transgênico), gordura vegetal de palma orgânica, coco ralado orgânico, melado de cana orgânico, açúcar mascavo orgânico, gordura vegetal de coco orgânica, castanhas (do Pará orgânica e Baru), sal moído, aromas naturais, emulsificante lecitina de soja (natural), fermentos bicarbonato de amônio e bicarbonato de sódio e antioxidantes ácido cítrico e tocoferol (naturais). Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 TABELA 2: Características nutricionais e sensoriais dos Cookies convencionais com cobertura de chocolate e dos Mini Cookies Integrais Coco e Castanhas Orgânico. Teresina, 2017.1 Características nutricionais Alimento convencional Alimento orgânico Características sensoriais Porção 30g (2 unid.) 30g (4 unid.) Alimento convencional Valor Energ. 150 kcal 140 kcal COR Clara Carboidratos 19g 17g ODOR Artificial Proteínas 1,8g 2,1g SABOR Muito doce Gord. Totais 7,3g 6,5g TEXTURACremosa Gord. Saturada 5,6g 2,6g Alimento orgânico Gord. Trans 0g 0g COR Escura Fibra alimentar 0,5g 2,7g ODOR Natural Sódio 90mg 70mg SABOR Natural Selênio // 7,5µg TEXTURA Aerada Vitamina E // 0,64mg Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 Nos dados da tabela 2, pode-se observar que o alimento orgânico apresentou teores de proteínas e fibras alimentares superiores aos do alimento convencional, isso porque o alimento orgânico é a base de coco e castanhas que são ricas nesses nutrientes, além de também conter selênio e vitamina E, não presentes no alimento convencional, pelo mesmo motivo. Observa-se ainda, que o alimento convencional apresenta valor energético, carboidratos, gorduras e sódio elevados, isso é associado à grande quantidade de ingredientes e condimentos utilizados na sua preparação (Tabela 1). TABELA 3: Lista de ingredientes dos sucos convencional e orgânico. Teresina, 2017.1 INGREDIENTES Suco de laranja convencional enriquecido com soja (Su fresh) Água, açúcar, Suco concentrado de laranja, proteína isolada de soja, mineral cálcio, vitaminas (C, A e D), estabilizantes: Pectina, carboximeticelulose e citrato de sódio, aromatizantes, acidulante ácido cítrico, antiespumante, polidimetilsiloxano, edulcorante sulcarose, corantes naturais: cúrcuma e urucum. Suco Blende de vegetais Orgânico (BiO2) Água, polpa de cenoura, suco de laranja orgânico concentrado, suco de maçã concentrado, polpa de beterraba e polpa de acerola. Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 TABELA 4: Características nutricionais e sensoriais do suco de laranja convencional enriquecido com soja e do suco Blende de vegetais Orgânico. Teresina, 2017.1 Características nutricionais Alimento convencional Alimento orgânico Características sensoriais Porção 200ml (1 copo) 200ml (1 copo) Alimento convencional Valor Energ. 44 kcal 86 kcal COR Clara Carboidratos 10g 20g ODOR Leve odor de ácido cítrico Proteínas 0,9g 1g SABOR Lembra levemente laranja e soja Gord. Totais 0g 0g TEXTURA Líquido Gord. Saturada 0g 0g Alimento orgânico Gord. Trans 0g 0g COR Escura Fibra alimentar 0g 2,2g ODOR Forte odor Sódio 42,1mg 17mg SABOR Forte, lembra beterraba Vitamina C 27mg 45mg TEXTURA Líquido Vitamina A 90mg 598mg Vitamina D 0,75mg // Betacaroteno // 1547mcg Cálcio 150mg // Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 Na tabela 4, vemos que o alimento orgânico apresenta basicamente todas as suas características nutricionais elevadas em comparação às do alimento convencional, isso por se tratar de um Blend de frutas e hortaliças, o alimento convencional apresenta elevado teor se sódio devido os condimentos que o constitui (tabela 3) porém apresenta-se rico em cálcio por ser enriquecido com soja. Os dois sucos apresentaram vitaminas, porém o orgânico sobressaiu-se com teores mais elevados de vitamina C e A e ainda apresentou teores de vitamina D e betacaroteno, devido a beterraba e cenoura apresentadas em sua composição. TABELA 5: Lista de ingredientes do molho de tomate convencional e o extrato de tomate orgânico. Teresina, 2017.1 INGREDIENTES Molho de Tomate convencional (Tarantella) Tomate, amido modificado de milho transgênico, açúcar, sal, cebola, salsa, aroma natural de alho, conservadores sorbato de potássio e benzoato de sódio e acidulante ácido cítrico. Extrato de Tomate Orgânico (Blessing) Polpa de tomate orgânico, açúcar cristal orgânico e sal marinho (não orgânico). Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 TABELA 6: Características nutricionais e sensoriais do molho de tomate convencional e do extrato de tomate orgânico. Teresina, 2017.1 Características nutricionais Alimento convencional Alimento orgânico Características sensoriais Porção 60g (3 C. Sopa) 20g (1 C. Sopa) Alimento convencional Valor Energ. 18 kcal 5 kcal COR Vermelho amarronzado Carboidratos 3,9g 1,3g ODOR Forte odor Proteínas 0g 0g SABOR Sabor do tomate e condimento Gord. Totais 0g 0g TEXTURA Menos concentrada Gord. Saturada 0g 0g Alimento orgânico Gord. Trans 0g 0g COR Vermelho vivo Fibra alimentar 0,7g 0g ODOR Forte odor Sódio 357mg 88mg SABOR Sabor apenas do tomate TEXTURA Mais concentrada Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 O alimento convencional, apresentou valor energético, carboidratos e sódio elevados, devido aos condimentos apresentados em seus ingredientes (Tabela 5), o alimento orgânico apresentou taxas mais reduzidas, isso porque, se trata de um alimento natural como indica os dados da tabela 5. Uma pesquisa realizada no Brasil registrou que tomates provenientes de sistema orgânico de produção apresentaram maior teor de vitamina C, carotenoides, fenólicos totais e de ácido ascórbico do que o tomate produzido por cultivo convencional (BORGUINI, 2006). TABELA 7: Lista de ingredientes dos Snéts convencionais e orgânicos. Teresina, 2017.1 INGREDIENTES Snéts convencional sabor Requeijão (Micos) Guitz de milho geneticamente modificado, gordura vegetal, sal, condimento preparado sabor requeijão (soro de leite em pó, extrato de levedura, leite desnatado em pó, queijo, maltodextrina, antiumectante: dióxido de silício e fosfato tricálcico, aromatizantes, ácido lático, óleo de manteiga, cebola em pó, diacetato de sódio, alho em pó, ácido cítrico e fosfato dissódico) e realçador de sabor glutamato monossacarídico. Snéts Orgânico sabor Milho (Mãe Terra) Milho integral orgânico, arroz integral orgânico, gordura vegetal de palma orgânica, sal, cúrcuma em pó, extrato de levedura, salsa triturada e aromas naturais. Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 TABELA 8: Características nutricionais e sensoriais dos Snéts convencional sabor Requeijão e dos Snéts Orgânico sabor Milho. Teresina, 2017.1 Características Nutricionais Alimento Convencional Alimento Orgânico Características Sensoriais Porção 25g (2 e 1/2 X. Chá) 25g (2 e 1/2 X. Chá) Alimento Convencional Valor Energ. 116 kcal 119 kcal COR Clara Carboidratos 15g 12g ODOR Queijo artificial Proteínas 1,5g 1,7g SABOR Salgado e artificial Gord. Totais 5,6g 6,9g TEXTURA Cremoso Gord. Saturada 1,6g 3,3g Alimento Orgânico Gord. Trans 0g 0g COR Escura Gord. Monoinsat. 1g // ODOR Milho natural Gord. Poli-insat. 3g // SABOR Natural Fibra alimentar 1g 0,6g TEXTURA Crocante Sódio 186mg 172mg Magnésio // 16mg Vitamina B1 // 0,26mg Vitamina B9 // 17mg Fonte: Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos alimentos/UFPI, 2017.1 As características destes dois produtos foram bem próximas, a não ser pelo teor de gorduras que apresentaram-se maior no alimento orgânico, porém podemos observar na tabela 7, que trata-se de uma gordura boa (gordura vegetal de palma orgânica), o alimento orgânico apresentou ainda teores de magnésio, vitamina B1 e B9 não contidas no alimento convencional. Reconhece-se que a aplicação de fertilizantes no sistema de produção afeta a composição do produto. Uma pesquisa visando a comparação entre dois padrões de aplicação de fertilizantes na produção de espinafre, batata, cenoura e repolho. Com uso de fertilizante no modo convencional e adoção de adubo no orgânico. Os resultados revelaram um decréscimo de 24% na produtividade, quando se utilizou adubo orgânico. No entanto, ao examinar os demais resultados, obtidos para osalimentos cultivados com a aplicação da adubação orgânica, observou-se acréscimos de matéria seca (23%), proteína (18%), vitamina C (28%), açúcares totais (19%), metionina (23%), ferro (77%), potássio (18%), cálcio (10%) e fósforo (13%). Inversamente, verificou-se o decréscimo do sódio (12%) e do nitrato (93%). Embora a produção absoluta tenha sido menor com o uso dos adubos orgânicos, o substancial aumento da matéria seca, vitaminas e minerais resultou em um alimento com maior valor nutricional (BORGUINI, 2006). Quanto às características sensoriais, o sabor e odor dos produtos convencionais apresentaram-se puramente artificiais enquanto o sabor dos alimentos orgânicos assemelha-se ao sabor natural da fruta ou hortaliça. Sendo as cores dos alimentos orgânicos mais vivas e fortes e sua textura mais natural em comparação à do alimento convencional. Quanto à avaliação destes alimentos, os cookies, o extrato de tomate e os Snéts orgânicos, foram bem aceitos pelos alunos da prática, os sucos porém, não foram positivamente avaliados. E embora faltem evidências conclusivas quanto aos aspectos sensoriais, há indicações de que os alimentos orgânicos sejam mais saborosos. Contudo, a análise dos aspectos sensoriais de qualidade é complexa, uma vez que é subjetiva a característica de um alimento que determina a aceitabilidade do consumidor (BOURN e PRESCOTT, 2002). Os produtos orgânicos utilizados para a realização da prática foram ainda mais caros que os convencionais, acredita-se que isso ocorre por causa da preferência por parte da população pelos alimentos convencionais, que têm um preço mais acessível. De forma simplificada, em relação as variantes envolvidas no processo produtivo dos alimentos, alega-se que o valor agregado aos alimentos orgânicos, que pode variar de 20 até 100% a mais, tem como uma das causas a lei da oferta e da procura. Frente à baixa demanda, quando comparado ao alimento convencional, o produto orgânico ainda não é competitivo no grande mercado. Entretanto, outros aspectos relativos à comercialização precisam ser analisados no sentido de impulsionar a comercialização dos orgânicos, já que o preço dificulta a acessibilidade (AZEVEDO, 2006). Na literatura científica, algumas pesquisas avaliaram os benefícios do consumo de alimentos orgânicos para a saúde humana. Tais estudos a legam que uma dieta orgânica pode diminuir a exposição de crianças aos pesticidas e apresentar efeito positivo no quesito fertilidade, uma vez que muitos pesticidas são disruptores endócrinos (SOUSA, et al, 2012). Com relação às micotoxinas (toxinas produzidas por fungos), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura ressalta não haver comprovação de que os alimentos orgânicos sejam mais contaminados. A revisão da AFSSA (Agência Francesa para a Segurança dos Alimentos) destaca que é semelhante o teor de micotoxinas nos cereais orgânicos e nos convencionais (LAIRON, 2009). Assim, a ampla gama de fatores que pode afetar a composição dos alimentos (genéticos, práticas agronômicas, clima e condições de pós-colheita) faz com que as pesquisas sobre o valor nutricional de alimentos, produzidos orgânica e convencionalmente, tornem-se difíceis de serem estabelecidas e seus resultados interpretados de forma consistente. No entanto, devido ao crescente interesse pelo tema e ao aumento da produção e do consumo de alimentos orgânicos, maior número de pesquisas deve ser implementado neste sentido (BORGUINI, 2006). 4 CONCLUSÃO Com a realização da prática, observou-se por meio dos rótulos a diferença nutricional entre os alimentos analisados, assim como, pôde-se perceber que os alimentos de origem orgânica apresentaram características sensoriais mais fiéis às da fruta. Dessa forma, o objetivo da prática foi alcançado, verificando os ingredientes e valor nutritivo desses alimentos, e analisando as controvérsias referentes ao status do alimento orgânico por meio de artigos científicos. REFERÊNCIAS AZEVEDO, E. Alimentos orgânicos: ampliando conceitos de saúde humana, social e ambiental. Tubarão: Unisul, 2006. BORGUINI, R. G.; TORRES, E. S. Alimentos Orgânicos: Qualidade Nutritiva e Segurança do Alimento. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas - SP, 2006. BOURN, D.; PRESCOTT J. A. Comparison of the nutritional value, sensory qualities, and food safety of organically and conventionally produced foods. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 2002. LAIRON, D. Nutritional quality and safety of organic food. A review Agronomy for Sustainable Development, 2009. MONTEIRO, M; et al. Os alimentos orgânicos e a percepção de seus atributos por parte dos consumidores. VII Semead - Pesquisa Quantitativa Marketing. São Paulo: Mestrado em Administração de Empresas pela FEA-USP, 2016. SOUSA, A. et al. Alimentos orgânicos e saúde humana: estudo sobre as controvérsias. Revista Panamericana de Saúde Pública, 2012.
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