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direito das coisas( part 1)

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2017 
 
DIREITO DAS COISAS 
Parte I 
R. Matos 
STUDENT 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS (OU REAL) ............................................................... 3 
CONCEITO ...................................................................................................................................... 3 
FINALIDADE .................................................................................................................................. 3 
DIVISÃO ELABORADA PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO ................................................. 3 
DISTINÇÃO ENTRE "DIREITOS REAIS" E "DIREITOS PESSOAIS" ................................... 4 
Direito real (ou das coisas) ................................................................................................... 4 
Princípios dos Direitos Reais ............................................................................................ 4 
Características ................................................................................................................... 4 
Classificação ..................................................................................................................... 5 
Direito pessoal (ou das obrigações) ...................................................................................... 5 
TEORIAS ACERCA DA DIFERENÇA .................................................................................. 5 
Teses unitárias ....................................................................................................................... 5 
DIFERENÇAS .......................................................................................................................... 5 
DA POSSE .................................................................................................................................... 6 
TEORIAS .................................................................................................................................. 6 
CONCEITO .............................................................................................................................. 6 
POSSE E DETENÇÃO............................................................................................................. 6 
NATUREZA JURÍDICA .......................................................................................................... 7 
OBJETO .................................................................................................................................... 7 
MODALIDADES/ ESPECIES ................................................................................................. 7 
Quanto à extensão da garantia possessória (art. 1.197) ........................................................ 7 
Quanto à simultaneidade do exercício da posse (art. 1.199) ................................................. 7 
Quanto aos vícios objetivos .................................................................................................. 8 
Quanto aos vícios subjetivos ................................................................................................. 8 
Quanto a aquisição: ............................................................................................................... 8 
Quanto à sua idade (art. 558 CPC) ........................................................................................ 8 
Quanto aos seus efeitos ......................................................................................................... 8 
AQUISIÇÃO DA POSSE ......................................................................................................... 9 
Originária .............................................................................................................................. 9 
Derivada ................................................................................................................................ 9 
EFEITOS DA POSSE ............................................................................................................. 10 
Uso Dos Interditos (Proteção possessória) ......................................................................... 10 
Direito à percepção dos frutos ("factum perceptio") .......................................................... 11 
Responsabilidade pela deterioração e perda da coisa ......................................................... 11 
Direito à indenização das benfeitorias ................................................................................ 11 
PERDA DA POSSE ................................................................................................................ 11 
DA PROPRIEDADE .................................................................................................................. 12 
BREVE NOTÍCIA HISTÓRICA:........................................................................................... 12 
FUNDAMENTO JURÍDICO DO DOMÍNIO: ....................................................................... 12 
CONCEITO ............................................................................................................................ 12 
GENERALIDADES ............................................................................................................... 12 
EXTENSÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE ................................................................. 12 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS ........................................................................................ 13 
CARACTERÍSTICA .............................................................................................................. 13 
OBJETO .................................................................................................................................. 13 
ESPÉCIES............................................................................................................................... 13 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROPRIETÁRIO ......................................................... 13 
TUTELA ESPECÍFICA DO DOMÍNIO (MEIOS DE DEFESA DA PROPRIEDADE) ...... 14 
LIMITAÇÕES DO DIREITO DE PROPRIEDADE:............................................................. 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS (OU REAL) 
 
 
CONCEITO 
É o conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens (tudo o que 
satisfaz uma necessidade humana) materiais (móveis ou imóveis) ou imateriais (propriedade 
literária, científica e artística - direito autoral; propriedade industrial - marcas e patentes) suscetíveis 
de apropriação pelo homem (Clóvis Beviláqua). 
 
FINALIDADE 
Visa regulamentar as relações entre os homens e as coisas1, traçando normas tanto para a 
aquisição, exercício, conservação e perda de poder dos homens sobre esses bens como para os 
meios de sua utilização econômica. 
 
DIVISÃO ELABORADA PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
 
- Posse 
 
- Propriedade (único direito real sobre coisa própria) 
 
- Direitos reais sobre coisas alheias 
 
- De gozo: 
- Enfiteuse 
- Servidão predial 
- Usufruto 
- Uso 
- Habitação 
- Rendas constituídas sobre imóveis 
 
- De garantia: 
- Penhor 
- Anticrese 
- Hipoteca 
- Alienação fiduciária 
 
- De aquisição: 
- Compromisso ou promessa irrevogável de venda 
 
1 Nem todos os bens interessam ao direito das coisas, pois o homem só se apropria de bens úteis à satisfação de suas 
necessidades; de maneira que se o que ele procura for uma coisa inesgotável ou extremamente abundante, destinada ao 
uso da comunidade (ex.: luz solar, ar atmosférico, água do mar etc.), não há motivo para que esse tipo de bem seja 
regulado por norma dedireito, porque não há nenhum interesse econômico em controlá-lo; logo, só serão incorporados 
ao patrimônio do homem as coisas úteis e raras que despertam as disputas entre os homens, dando, essa apropriação, 
origem a um vínculo jurídico, que é o domínio; o direito das coisas compreende tanto os bens materiais (móveis ou 
imóveis) como os imateriais (os direitos autorais, uma vez que o legislador pátrio preferiu considerá-los " como uma 
modalidade especial de propriedade, ou seja, a propriedade incorpórea, imaterial ou intelectual (DINIZ, Maria Helena. 
Curso de direito civil brasileiro, volume 4: direito das coisas. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 343)"; incluímos a 
propriedade literária, científica e artística no direito das coisas, embora haja uma tendência doutrinária que a classifica 
entre os direitos de personalidade, sem, contudo, desconhecermos seu cunho moral, inerente à personalidade do autor, 
que está intimamente ligado às questões pecuniárias; trata-se de bem imaterial de caráter patrimonial). 
 
 
DISTINÇÃO ENTRE "DIREITOS REAIS" E "DIREITOS PESSOAIS"2 
Direito real (ou das coisas)3 
É o poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra 
todos ("erga omnes"); têm como elementos essenciais, o sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder 
do sujeito ativo sobre a coisa, chamado domínio. 
 Princípios dos Direitos Reais 
a) Aderência – uma vez vinculada, acompanha a coisa, independentemente de quem tem a posse de 
fato. Confere à coisa uma obrigação ambulatória. 
b) Absolutismo – oponibilidade erga omnis: faculdade de se opor a quem intervir ou lhe causar 
dano; e direito de sequela: significa que o bem está marcado; é o direito que tem de perseguir a 
coisa/direito em seus últimos limites. Usar, gozar, fruir, abdicar da coisa na sua totalidade, porém 
respeitando os direitos dos outros. 
c) Publicidade – confere estabilidade e visibilidade e ao se tornar público protege a todos. 
d) Taxatividade – os direitos reais já estão postos pelo legislador, e as partes não podem criar novos 
direitos reais. Art. 1225, CC. 
e) Tipicidade – os direitos reais são postos pelo legislador e você não pode modifica-los. Deve 
seguir a forma prescrita em lei. 
f) Desmembramento/Elasticidade/Desdobramento – usar, gozar, fruir de forma elástica. 
g) Perpetuidade – o tempo não enfraquece o vínculo do proprietário com sua coisa, ele é sempre 
permanente. O não uso importa na extinção do bem (ex. desapropriação do bem não usado, usucapião, usufruto). 
h) Exclusividade – não pode existir dois direitos reais idênticos sobre a mesma coisa, de modo a se 
excluir um deles. 
i) Preferência – primazia que tem o credor ou titular do direito sobre outras pessoas. Estão presentes 
nos Direitos de Garantias como: no penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária. (Art. 1475, CC). 
Características 
- Oponibilidade contra todos ("erga omnes"), por isso, é um direito absoluto. 
- Vínculo ligando uma coisa a uma pessoa. 
- Sujeito passivo universal (por obrigar a todos). 
- Seu titular possui direito de sequela (poder de reivindicar a coisa onde quer que se encontre) 
e de preferência (o crédito real prefere ao pessoal). 
- Aderência imediata ao bem. 
- Obedece ao "numerus clausus" (não pode ser criado por livre pactuação; só são direitos reais 
os taxativamente estabelecidos pela lei, em número fechado). 
- É passível de abandono e posse. 
- O usucapião é um de seus meios aquisitivos. 
 
2 A principal diferença entre eles, é que o direito pessoal é oponível apenas contra uma pessoa ou um grupo de pessoas, 
enquanto do direito real opõe-se "erga omnes", ou seja, contra todos, contra a coletividade. 
3 Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 759. de 2016) 
XIII - a laje. (Incluído pela Medida Provisória nº 759. de 2016) 
 
 
Classificação4 
Propriedade (é o núcleo do sistema dos direitos reais devidos estar caracterizada pelo direito de 
posse, uso, gozo e disposição). 
- Posse (aparece como exteriorização do domínio; os demais direitos reais formam categorias 
distintas conforme atinjam o "jus disponendi", "utendi" ou "fruendi"). 
- Direitos de uso e gozo 
- Direito de uso e gozo sem disposição: usufruto (direito real limitado de fruição) e 
anticrese (direito real de garantia). 
- Direitos limitados a certas utilidades da coisa: servidão, uso, habitação, renda constituída sobre 
imóvel (direitos reais limitados de fruição). 
- Direito de disposição 
- Direito de usar, gozar e dispor, sujeitos a restrições advindas de direito alheio: enfiteuse 
(direito real limitado de fruição). 
- Direitos reais de garantia: penhor, hipoteca e alienação fiduciária. 
- Direito real de aquisição: promessa irrevogável de compra e venda. 
Direito pessoal (ou das obrigações) 
É uma relação jurídica pelo qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo uma 
determinada prestação; constitui uma relação entre pessoas e tem, como elementos, o sujeito ativo, 
o sujeito passivo e a prestação; existe um vínculo entre pessoas determinadas, não envolvendo 
terceiros, alheios à relação obrigacional; o dever jurídico recai sobre determinada ou determinadas 
pessoas (direito relativo). 
 
TEORIAS ACERCA DA DIFERENÇA 
Teses unitárias 
- Teoria personalista (Ferrara, Ortolan, Ripert, Planiol, Windscheid) – para esta teoria todo direito 
é uma relação entre pessoas, sendo o direito real uma obrigação passiva universal; Demogue, adepto 
dessa teoria, acrescenta uma ligeira diferença relativa à eficácia, sendo que o direito real passa a ser 
absoluto e o pessoal, relativo. 
 
- Teoria monista-objetivista ou impersonalista (Gaudemet, Saleilles) – procura essa teoria 
despersonalizar o direito, patrimonializando-o; afirma que a obrigação tem um valor econômico que 
independe do devedor, sendo que o direito real extrai seu valor patrimonial dos bens materiais e o 
pessoal, da subordinação de uma vontade que se obriga a fazer ou não fazer. 
 
 
- Teoria clássica ou realista (adotada pelo Código Civil Brasileiro) – para ele o direito real possui 
3 elementos: o sujeito passivo, a coisa e a inflexão imediata do sujeito ativo a coisa; o direito 
pessoal é uma relação entre pessoas, tendo sujeito ativo, passivo e prestação. 
 
DIFERENÇAS 
QUANTO A (S) AO (S) DIREITOS REAIS D. OBRIGACIONAIS / PESSOAIS 
A) SUJEITOS 
Sujeito ativo – titular do DR 
Sujeito passivo universal – todos 
Sujeito ativo – credor 
Sujeito passivo - devedor 
B) OBJETO Coisa Prestação de dar, fazer ou não fazer 
C) EXERCÍCIO DO DIREITO Permanente Transitória (resolução, resilição) 
D) NATUREZA DA AÇÃO Reipersecutória (perseguir a coisa) Pessoal 
E) OPONIBILIDADE 
Erga Omnes Inter Partes (Princípio da relatividade dos 
efeitos do contrato) 
F) TAXATIVIDADE Numerus Cláusus (fechados) Numerus Apertus (abertos) (1425, CC) 
G) POSSE Sim Não 
H) USUCAPIÃO Sim Não 
I) PRESCRIÇÃO Não Sim 
 
4 Elaborada segundo o critério da extensão de seus poderes 
 
 
 
DA POSSE 
TEORIAS 
- Teoria subjetiva de Savigny – posse é o poder de uma pessoa sobre uma coisa, com a intenção de 
tê-la para si; ela se caracteriza pela conjugação do elemento objetivo "corpus" (é a mera 
possibilidade de exercer um contato físico com a coisa, tendo sempre a coisaa sua disposição - ex.: 
não perde a posse o dono do veículo que entrou no cinema e deixou-o no estacionamento) e o 
elemento subjetivo "animus" (é a vontade de ser proprietário). 
 
- Teoria objetiva de Ihering (é a adotada pelo Direito Civil Brasileiro ) – tem posse aquele que age 
em relação à coisa como se fosse proprietário, mesmo que não o seja, independentemente da 
intenção; para a caracterização da posse basta o elemento objetivo "corpus" (não significa contato 
físico com a coisa, mas sim conduta de dono); considera o elemento subjetivo "animus" como já 
incluído no elemento objetivo "corpus"; posse é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do 
domínio, o uso econômico da coisa; ex.: material de construção próximo a obra, indica posse; maço 
de cigarro próximo a obra, não indica posse. 
 
Na prática, a diferença entre as teorias é porque para Ihering o proprietário e o possuidor 
direto podem defender a posse, já que o proprietário permanece possuidor indireto (ex: o MST 
invade uma fazenda alugada, então tanto o proprietário como o arrendatário podem defender as 
terras e/ou acionar a Justiça). Ihering desprezou o animus e deu importância à fragmentação do 
corpus para uma melhor exploração econômica da coisa. Conceito de posse de Ihering: posse é a 
relação de fato entre pessoa e coisa para fim de sua utilização econômica, seja para si, seja cedendo-
a para outrem. 
 
CONCEITO 
- É a detenção de uma coisa em nome próprio. 
- É a conduta de dono (Ihering - cuja teoria o Direito Civil Brasileiro acolheu). 
- Considera-se possuidor "todo aquele que tem de fato o exercício, pleno, ou não, de algum dos 
poderes inerentes ao domínio, ou propriedade" (art. 1.196, CC). 
 
POSSE E DETENÇÃO 
A detenção é o ato de mera custódia (guarda) e não gera direito de posse; a posse que gera 
direito é chamada de posse jurídica, civil ou legal; não se confunde o possuidor com o mero 
detentor; o detentor também possui, mas em nome de outrem, sob cujas ordens e dependência se 
encontra (ex.: o administrador em relação ao dono da fazenda; o inquilino em relação ao senhorio); 
“Na posse direta, o possuidor exerce um poder próprio, fundado em título jurídico, ao passo que ao 
detentor de coisa alheia nenhum poder próprio assiste.” (BEVILACQUA, Clovis. Dir. das coisas. 5. 
ed. v. 1, p. 36); como faz no artigo 1.198, CC embora, a detenção possa ser considerada uma forma 
de conduta que se assemelha à de dono, não é possuidor o que conserva a coisa em nome de 
outrem ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre; o 
possuidor exerce o poder de fato em razão de um interesse próprio; o detentor, no interesse de 
outrem - exemplos de detenção: caseiros que zelam pela propriedade em nome do dono; soldado em 
relação às armas no quartel; preso em relação às ferramentas com que trabalha (tais servidores não 
têm posse e não lhes assiste o direito de invocar, em nome próprio, a proteção possessória; são 
chamados de "fâmulos da posse"; embora não tenham o direito de invocar, em seu nome, a proteção 
possessória, não se lhes recusa, contudo, o direito de exercer a autoproteção do possuidor, quanto às 
coisas confiadas a seu cuidado, consequência natural de seu dever de vigilância); não induzem 
posse, também, os atos de mera permissão ou tolerância (art. 1.208); não há pose de bens públicos 
(art. 183 e 191, CF - proibi o usucapião especial), o uso do bem pelo particular não passa de mera 
detenção consentida. 
 
 
NATUREZA JURÍDICA 
- Posse é um fato5 (Windscheid etc.). 
- Posse é um fato e um direito; em princípio, considera em si mesmo, é um fato, mas, pelas suas 
consequências legais, pelos efeitos que gera, entra na esfera do direito (Savigny etc.). 
- Posse é um direito, isto é, um interesse juridicamente protegido (Ihering6, Teixeira de Freitas 
etc.) – é a adotada pelo Código Civil Brasileiro7. 
- Para a maioria de nossos civilistas ela é um direito real, por ser um vínculo que liga uma coisa a 
uma pessoa e pela sua oponibilidade "erga omnes" (contra todos). 
 
OBJETO 
- Bens corpóreos 
- Bens incorpóreos – todos os direitos reais; alguns direitos pessoais, os que tiverem substrato 
(base) patrimonial. 
 
MODALIDADES/ ESPECIES 
Quanto à extensão da garantia possessória (art. 1.197) 
- Posse direta (é a exercida diretamente pelo possuidor sobre a coisa) – é a daquele que recebe 
o bem, para usá-lo ou gozá-lo, em virtude de contrato, sendo, portanto, temporária e derivada; 
é aquela de quem detêm materialmente a coisa; quem nunca teve a posse direta, jamais poderá 
ter direito a ação possessória; o possuidor direto pode defender a coisa por ação possessória 
contra terceiro e também contra ato do possuidor indireto (dono da coisa). 
- Posse indireta (é a que o proprietário conserva, por ficção legal, quando o exercício da posse 
direta é conferido a outrem, em virtude de contrato ou direito real limitado) – é a daquele que 
cede o uso do bem; é aquela que o proprietário reserva para si quando concede a alguém o 
direito de possuir - ex.: arrendatário, depositário etc.; o possuidor indireto sempre terá direito a 
ação possessória para defender a coisa contra atos de terceiros (ex.: o possuidor direto foi 
viajar, e pessoas invadiram sua casa; o possuidor indireto poderá entrar com ação 
possessória). 
Ex.: o locatário exerce a posse direta, e o locador a posse indireta; o depositário tem a posse direta, e o depositante a 
posse indireta; o usufrutuário tem a posse direta, e o proprietário a posse indireta; "A" aluga uma casa a "B", no 
momento em que "B" entra na casa ele passa a ter a posse direta e "A" a posse indireta8. 
Quanto à simultaneidade do exercício da posse9 (art. 1.199) 
- Composse "pro diviso" – ocorre quando há uma divisão de fato, embora não haja a de 
direito, fazendo com que cada um dos coo possuidores já possua uma parte certa, se bem que o 
bem continua indiviso. 
- Composse "pro indiviso" – dá-se quando as pessoas que possuem em conjunto o bem têm 
uma parte ideal apenas, sem saber qual a parcela que compete a cada uma - ex.: três pessoas 
têm a posse de um terreno, porém, como não está determinada qual a parcela que compete a 
cada um, cada uma delas passa a ter a terça parte ideal. 
 
5 Para Clóvis Beviláqua, posse não é direito, mas simples fato, que é protegido em atenção à propriedade, da qual ela é 
manifestação exterior. 
6 Para Ihering: "a posse só produz efeitos jurídicos enquanto fato (contato com a coisa)" - ex.: compro uma fazenda no 
Mato Grosso e só transfiro a propriedade, não vou até lá; caso alguém a invadir, vou ter que entrar com ação 
reivindicatória; caso eu tiver ido até lá (posse), me dá o direito de entrar com ação possessória. 
7 Há ação possessória para garantir a posse, fica evidente que o CC considera a posse um direito. 
8 Uma não anula a outra; ambas coexistem no tempo e no espaço e são jurídicas, não autônomas, pois implicam o 
exercício de efetivo direito sobre a coisa. 
9 Ocorre quando duas ou mais pessoas possuem coisa indivisa desde que o exercício da posse de uma não prejudique o 
da outra. 
 
 
Quanto aos vícios objetivos 
- Posse justa – é a não violenta, clandestina ou precária (art. 1.200), ou seja, a adquirida 
legitimamente, sem vício jurídico externo. 
- Posse injusta10 – é aquela que se reveste dos vícios acima apontados. 
- Roubo = violenta ("vi") – é a que se adquire pela força física ou violência moral. 
- Furto = clandestina ("clam") – é a que se estabelece às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la. 
- Apropriação indébita = precária ("precario")11 – é quando o agente se nega a devolver a coisa que lhe foi 
emprestada com a condição de ser restituída assim que o proprietárioa solicitar; é a que se origina do abuso de 
confiança, por parte de quem recebe a coisa com o dever de restituí-la (esta posse é justa na sua origem e se torna 
injusta no ato da remessa de devolver a coisa). 
- Ex.: o invasor de um imóvel abandonado deterá a posse violenta se expulsar à força o antigo ocupante; se nele 
penetrar furtivamente, terá a posse clandestina; se ficou de guardá-lo, mas nele se instalou sem autorização do dono, 
terá a posse precária. 
Quanto aos vícios subjetivos 
- Posse de boa-fé – é quando o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a aquisição 
da coisa ou do direito possuído (art. 1.201); o possuidor pensa que a coisa lhe pertence ou não 
conhece os vícios da posse 
ex.: pessoa que adquire uma coisa furtada, desconhecendo esse detalhe; quando o possuidor está convicto de que a 
coisa, realmente, lhe pertence, ignorando que está prejudicando direito de outrem. 
- Posse de má-fé12 – quando o possuidor tem conhecimento do vício da posse; é aquela em que o 
possuidor tem ciência da ilegitimidade de seu direito de posse, em razão de vício ou obstáculo 
impeditivo de sua aquisição (art. 1.202). 
* não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância, assim como não autorizam a sua aquisição os atos 
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência, ou a clandestinidade. 
* a importância da distinção entre a posse de boa-fé e a de má-fé, implica na indenização por benfeitorias, exercício do 
direito de retenção e indenização no caso de deterioração da coisa. 
* a posse de boa-fé conserva esta característica até o momento em que o possuidor toma conhecimento do vício inicial à 
aquisição da posse. 
* a maioria da jurisprudência entende que o possuidor toma conhecimento do vício na citação ou na contestação; a 
minoria acha que é na sentença. 
Quanto a aquisição: 
- Posse natural: É a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa. 
- Posse civil ou jurídica: É aquela que se adquire por ou de força de lei, sem necessidade de atos 
físicos ou da apreensão material da coisa. 
Quanto à sua idade (art. 558 CPC) 
- Posse nova – se tiver menos de 1 ano e 1 dia; cabe "ação de força nova" (o processo segue o rito 
especial, ou seja, o sumário). 
- Posse velha – se tiver mais de 1 ano e dia; cabe "ação de força velha" (o processo segue o rito 
ordinário, porém possessória). 
Quanto aos seus efeitos 
- Posse "ad interdicta" – é a que pode ser defendida pelos interditos (ou ações) possessórias, 
quando molestada (ameaçada, turbada, esbulhada ou perdida), mas não conduz ao usucapião; ela 
gera o direito do uso da "ação possessória" (o processo segue o rito especial). 
- Posse "ad ucucapionem" – é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na 
lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio pelo usucapião; ela gera o direito de usucapião 
(posse com ânimo de dono, mansa e pacífica, sem interrupção + lapso de tempo). 
 
 
10 A violenta e a clandestina, convalescem e se tornam justa uma vez cessada a violência ou a clandestinidade 
11 Não é posse jurídica, não produz efeitos contra o legítimo possuidor. Absoluta (C.P. Apropriação Indébita) 
12 Toda posse de má-fé é injusta, mas nem toda posse injusta é de má-fé. 
 
 
AQUISIÇÃO DA POSSE 
Originária 
Realiza-se independentemente de translatividade, sendo, portanto, em regra, unilateral, visto 
que independe da anuência do antigo possuidor, ou seja, efetiva-se unicamente por vontade do 
adquirente sem que haja colaboração de outrem. 
São modos aquisitivos originários: 
a) a apreensão da coisa, que é a apropriação do bem pela qual o possuidor passa a ter 
condições de dispor dele livremente, excluindo a ação de terceiros e exteriorizando, assim, seu 
domínio; 
b) o exercício do direito, que, objetivado na sua utilização econômica, consiste na 
manifestação externa do direito que pode ser objeto da relação possessória (servidão, uso); 
c) a disposição da coisa ou do direito, isto porque a disponibilidade é o ato mais 
característico da exteriorização do domínio; logo adquire-se a posse de modo unilateral, pelo fato de 
se dispor da coisa ou do direito. 
Derivada 
Requer a existência de uma posse anterior, que é transmitida ao adquirente, em virtude de um 
título jurídico, com a anuência do possuidor primitivo, sendo, portando, bilateral; assim, pode-se 
adquirir a posse por qualquer um dos modos aquisitivos de direitos, ou seja, por atos jurídicos 
gratuitos ou onerosos, inter vivos ou causa mortis.13 
São modos aquisitivos derivados as posses, a tradição, o constituto possessório e a acessão: 
a) tradição é a entrega ou transferência da coisa, sendo que, para tanto, não há necessidade de 
uma expressa declaração de vontade; basta que haja a intenção do tradens (o que opera a tradição) e 
do accipiens (o que recebe a coisa) e efetivar tal transmissão; pode ser efetiva ou material (que se 
manisfesta por uma entrega real do bem, como sucede quando o vendedor passa ao comprador a 
coisa vendida), simbólica ou ficta (substitui-se a entrega material do bem por atos indicativos do 
propósito de transmitir a posse) e consensual, que apresenta-se sob 2 formas, traditio longa manu e 
traditio brevi manu. 
b) o constituto possessório ocorre quando o possuidor de um bem (imóvel, móvel ou 
semovente) que o possui em nome próprio passa a possuí-lo em nome alheio; é uma modalidade de 
transferência convencional da posse, onde há conversão da posse mediata em direta ou 
desdobramento da posse, sem que nenhum ato exterior ateste qualquer mudança na relação entre a 
pessoa e a coisa. 
c) pela acessão, a posse pode ser continuada pela soma do tempo do atual possuidor com o de 
seus antecessores; essa conjunção de posse abrange a sucessão (ocorre quando o objeto da 
transferência é uma universalidade, como um patrimônio, ou parte alíquota de uma universalidade) e 
a união (se dá na hipótese da sucessão singular, ou melhor, quando o objeto adquirido constitui coisa 
certa ou determinada). 
No que se refere a quem pode adquirir a posse, considerando subjetivamente a aquisição, 
poderá ela efetivar-se: 
a) pela própria pessoa que a pretende desde que se encontre no pleno gozo de sua capacidade 
de exercício ou de fato e que pratique o ato gerador da relação possessória, instituindo a 
exteriorização do domínio;14 
b) por representante ou procurador do que quer ser possuidor, caso em que se requer a 
concorrência de 2 vontades: a do representante e a do representado;15 
c) por terceiro sem procuração, caso em que a aquisição da posse fica na dependência da 
ratificação da pessoa em cujo interesse foi praticado o ato.16 
 
13 Art. 1.204. CC 
14 Art. 1.205.I CC 
15 Art. 1.205.I CC 
16 Art. 1.205.II CC 
 
 
EFEITOS DA POSSE 
São as consequências jurídicas produzidas pela posse em virtude de lei ou norma jurídica e a 
distinguem da mera detenção. 
- Corrente unicista – a posse tem 1 só efeito – a presunção da propriedade. 
- Corrente pluralista17 – a posse produz vários efeitos, dependendo o número da interferência de 
outras causas. 
Uso Dos Interditos (Proteção possessória) 
- Finalidade: defender a posse. 
- Modos de proteção (defesa) possessória conferida ao possuidor: 
 
- 1ª Defesa - uso de força18 (o possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato pelos seus 
próprios recursos - Autotutela): 
 
- Legítima defesa - quando o possuidor se acha presente e é turbado19 (perturbação da posse) no 
exercício de sua posse, pode reagir, fazendo uso da defesa direta. 
- Desforço imediato – ocorre quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho20), consegue 
reagir, em seguida, e retomara coisa (autotutela, autodefesa ou defesa direta); é praticado diante do 
atentado já consumado, mas ainda no calor dos acontecimentos; o possuidor tem de agir com suas 
próprias forças, embora possa ser auxiliado por amigos e empregados, permitindo-se-lhes, ainda, se 
necessário, o emprego de armas; o guardião da coisa não tem o direito de invocar, em seu nome, a 
proteção possessória, mas tem o direito de exercer a autoproteção (autodefesa) do possuidor ou 
representado, consequência natural de seu dever de vigilância. 
Requisitos para o uso da força: reação imediatamente após a agressão, devendo ela limitar-se ao 
indispensável à retomada da posse (os meios empregados devem ser proporcionais à agressão). 
 
- 2ª Defesa - ações possessórias (criadas especificamente para a defesa da posse - heterotutela): 
a) ação de manutenção de posse – é o meio de que se pode servir o possuidor que sofrer turbação a 
fim de se manter na sua posse. 
b) ação de reintegração de posse – é a movida pelo esbulhado, a fim de recuperar posse perdida em 
razão de violência, clandestinidade ou precariedade. 
c) interdito proibitório – é a proteção preventiva da posse ante a ameaça de turbação ou esbulho; 
incumbe ao autor provar a sua posse, a ameaça de turbação ou esbulho e justo receio de turbação ou 
esbulho; efeitos: proibição da prática de um ato em que é imediato a liminar e quanto a pena o efeito 
só é verificado depois da sentença. Requisitos: posse atual do autor, ameaça de turbação ou esbulho 
por parte do réu, justo receio de que seja efetivada 
 
TURBAÇÃO – cabe "ação de manutenção de posse". 
ESBULHO – cabe "ação de reintegração de posse". 
AMEAÇA – cabe "ação de interdito proibitório". 
 
 
17 ORLANDO GOMES reconhece 7 efeitos da posse: 
O uso dos interditos (ou ações) possessórias; Direito à percepção dos frutos; Indenização por benfeitorias; “Jus 
tollendi" (direito de retirar) das benfeitorias voluptuárias; Direito de usucapir; Retenção pela indenização das benfeitorias 
úteis e necessárias; Indenização pelo esbulho ou turbação. 
18 Art. 1.210 CC 
19 É todo fato injusto ou todo ato abusivo que venha aferir direitos alheios, impedindo ou tentando impedir o seu livre 
exercício; é uma agressão material, de fato dirigida contra a posse de alguém. 
- Direta – é quando acontece imediatamente sobre a coisa (ex.: abrir um caminho na terra de outrem; invadir a casa de alguém). 
- Indireta – é uma atitude externa à coisa, mas que repercute sobre ela. 
- Positiva – são atos materiais que tenha o mesmo valor de ter a posse sobre a posse (ex.: entrar na parte de um terreno). 
- Negativa – são atos que dificultam ou embaraçam as atividades do possuidor (ex.: impedir a passagem de quem tem 
servidão; trocar a chave de uma porta e não dar para o inquilino). 
20 É um ato pelo qual uma pessoa é despojada, injustamente, daquilo que lhe pertence ou estava na sua posse, por 
violência, por clandestinidade, e por abuso de confiança. Também é crime tipificado no artigo 161, II, CP. 
 
 
Direito à percepção dos frutos ("factum perceptio")21 
Conceito 
São utilidades que a coisa periodicamente produz, cuja percepção se dá sem detrimento de sua 
substância. 
Classificação de frutos quanto à sua origem: 
- Naturais – são os que se renovam periodicamente, devido à força orgânica da própria natureza - ex.: frutas 
das árvores, as crias dos animais etc. 
- Industriais – são os que surgem em razão da atuação do homem na natureza- ex.: a produção de uma fábrica. 
- Civis – são as rendas produzidas pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário - 
ex.: juros, aluguéis. 
Os frutos quanto ao seu estado: 
- Pendentes – são os que ainda estão unidos à coisa que os produziu (a coisa principal). 
- Percebidos – são os que já foram colhidos (separados da coisa que os produziu). 
- Estantes – são aqueles que estão armazenados para venda. 
- Percepiendos – são os que deviam ter sido, mas ainda não foram colhidos. 
- Consumidos – são os que não existem mais porque foram utilizados pelo consumidor. 
Responsabilidade pela deterioração e perda da coisa22 
O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. 
O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se 
provar que do mesmo modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. 
Direito à indenização das benfeitorias23 
São obras ou despesas efetuadas numa coisa para conservá-la - "necessárias", melhorá-la - 
"úteis" ou embelezá-la - "voluptuárias", bem como o direito de retenção é o direito que tem o 
devedor de uma obrigação de reter o bem alheio em seu poder, para haver do credor da obrigação, as 
despesas feitas em benefício da coisa.24 
 
PERDA DA POSSE 
Se a posse é a exteriorização do domínio e se é possuidor aquele que se comporta em relação à 
coisa como dono, desde o momento em que não se comporte mais dessa maneira, ou se veja 
impedido de exercer os poderes inerentes ao domínio, a posse estará perdida: 
 
TEORIA DE SAVIGNY 
ANIMUS E CORPUS 
ABANDONO 
TRADIÇÃO 
CORPUS 
PERDA DA COISA 
DESTRUIÇÃO DA COISA 
INALIENABILIDADE 
POSSE DE OUTREM 
ANIMUS CONSTITUTO POSSESSÓRIO 
 
21 Art. 1.214 CC 
22 Art. 1.217 CC 
23 Art. 1.219 CC 
24 O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluntárias, 
se lhe não forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa. Pelo valor das benfeitorias necessárias e 
úteis, poderá exercer o direito de retenção. 
Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessária; mas não lhe assiste o direito de retenção 
pela importância destas, nem o de levantar as voluntárias. 
As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento, se ao tempo da evicção ainda existirem. 
O reivindicante obrigado a indenizar as benfeitorias tem direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo. 
 
 
 
DA PROPRIEDADE 
BREVE NOTÍCIA HISTÓRICA: 
- Período romano – a propriedade coletiva foi dando lugar à individual, apresentando a seguinte 
evolução: propriedade individual sobre os objetos necessários à existência de cada um - propriedade 
individual sobre os bens de uso particular suscetíveis de serem trocados com outras pessoas - 
propriedade dos meios de trabalho e de produção - propriedade individual nos moldes capitalistas, 
seu titular podia explorá-la de modo absoluto. 
- Idade média – distingue-se entre os fundos nobres e os do povo; estes deveriam contribuir 
onerosamente em favor daqueles. 
- Era contemporânea (configuração da propriedade depende do regime político) – URSS 
(propriedade exclusiva sobre os bens de consumo pessoal; propriedade usufrutuária de bens de 
utilização direta; bens de produção são socializados); Países do Ocidente (propriedade individual 
com restrições voluntárias e legais, para que seja possível o desempenho da função social da 
propriedade). 
 
FUNDAMENTO JURÍDICO DO DOMÍNIO: 
- Teoria da ocupação (Grócio) – procura encontrar o fundamento da propriedade na ocupação. 
- Teoria da lei (Montesquieu, Bentham, Hobbes) – funda o domínio na lei. 
- Teoria da especificação (Locke, Guyot, Mac Culloch) – para ela o trabalho seria o único criador 
de bens, consistindo no título legítimo da propriedade. 
- Teoria da natureza humana (é a que melhor fornece o fundamento da propriedade) – para ela o 
fundamento da propriedade é a natureza humana, pois é o instinto de conservação que leva o homem 
a se apropriar de bens para saciar sua fome e para satisfazer suas necessidades de ordem física e 
moral. 
 
CONCEITO 
É o direito que apessoa (física ou jurídica) tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e 
dispor de um bem (corpóreo ou incorpóreo), bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o 
detenha;25 é o mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos direitos reais e o núcleo do direito 
das coisas. 
 
GENERALIDADES 
A propriedade do solo abrange tudo que está acima ou abaixo da superfície, dentro dos limites 
úteis ao seu uso; não pode o proprietário opor-se a trabalhos que sejam empreendidos a uma altura 
ou profundidade tais, que não tenha ele interesse em impedi-los. 
As jazidas e demais riquezas do subsolo, e as quedas d'água, pertencem à União, constituindo 
propriedade distinta da do solo (art. 176, CF); pesquisa e exploração, na área, só com autorização 
ou concessão, a brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional (art. 176, § 1°, CF). 
Regulam também a matéria o Código de Minas e o Código de Águas; o Código do Ar permite 
o tráfego aéreo sobre a propriedade particular; o Código Florestal estabelece que são de interesse 
comum as florestas; deve o proprietário respeitar também as leis específicas sobre a proteção da 
fauna, da caça e da pesca, bem como sobre a proteção do ambiente e do patrimônio paisagístico, 
histórico e artístico nacional, e ainda as posturas referentes a edificações. 
 
EXTENSÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE 
- Extrinsecamente – vertical e horizontal. 
- Intrinsicamente (extensão das faculdades) – usar, gozar, dispor e reivindicar. 
 
25 Art. 1.228 CC 
 
 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
- “Jus utendi" (direito de usar) – é a faculdade de o dono servir-se da coisa e utilizá-la da maneira que 
entender mais conveniente, podendo excluir terceiros de igual uso - ex.: morar numa casa, dirigir um carro etc. 
- “Jus fruendi" (direito de gozar ou usufruir) – é o poder de perceber os frutos naturais e civis da coisa 
e aproveitar economicamente os seus produtos - ex.: apanhar uma fruta de uma árvore em sua propriedade. 
- “Jus abutendi" ou "jus disponendi" (direito de dispor) – é o direito de dispor da coisa, de transferi-la 
ou aliená-la a outrem a qualquer título; envolve o poder de consumir o bem, de dividi-lo ou gravá-lo - ex.: 
vender, distribuir, doar a coisa. 
- “Reivindicatio” (direito de reivindicar) – é o direito de reaver a coisa, de reivindicá-la das mãos de 
quem injustamente a detenha; ele envolve a proteção específica da propriedade, que se perfaz pela "ação 
reivindicatória" (direito de sequela). 
 
CARACTERÍSTICA 
- É exclusivo, no sentido de poder o seu titular afastar da coisa quem quer que dela queira utilizar-
se. 
- É ilimitado ou absoluto, no sentido de encontrar-se a propriedade liberta dos encargos que a 
constrangiam desde os tempos feudais, quando o que lavrava o solo tinha o dever de pagar foro ao 
fidalgo; hoje, o proprietário tem amplo poder sobre o que lhe pertence. 
- É irrevogável ou perpétua, porque não se extingue pelo não-uso; não estará perdida enquanto o 
proprietário não a alienar ou enquanto não ocorrer nenhum dos modos de perda previstos em lei, 
como a desapropriação, o perecimento, o usucapião etc. 
 
OBJETO 
 Bens corpóreos (móveis e imóveis) (arts. 526 e 528; art. 84 do Cód. Mineração; art. 176, CF). 
 Bens incorpóreos (arts. 649 a 673; art. 5°, XXIX e XXVII, CF). 
 
ESPÉCIES 
Quanto à extensão do direito do titular 
- Plena – quando todos os elementos constitutivos se acham reunidos na pessoa do proprietário. 
- Restrita ou limitada – quando se desmembram um ou alguns de seus poderes que passam a ser 
de outrem. 
Quanto à perpetuidade do domínio 
- Perpétua – é a que tem duração ilimitada. 
- Resolúvel – é a que encontra no seu próprio título constitutivo uma razão de sua extinção, ou 
seja, as próprias partes estabelecem uma condição resolutiva; é a que se limita no tempo, 
extinguindo-se com o advento de uma condição ou termo, como na alienação fiduciária, ao 
fideicomisso, ou no pacto de retrovenda; ex.: o pai dá uma fazenda para o filho José, mas 
quando a filha Maria completar 18 anos, José deverá passá-la para Maria. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROPRIETÁRIO 
- Responde objetiva ou subjetivamente pelos prejuízos, se houver nexo de causalidade entre o dano 
causado pela coisa a sua conduta. 
- Responde subjetivamente por danos causados por animais de sua propriedade, porque há 
presunção "juris tantum" de que tem obrigação de guardá-los e fiscalizá-los. 
- Responde pelos prejuízos causados por coisa que ante sua periculosidade dever ser controlada por 
ele; o automóvel, trem e avião podem causar dano tanto a seus condutores e passageiros, caso em 
que a responsabilidade é contratual, como a estranhos, sendo, então, sua responsabilidade delitual; a 
responsabilidade das estradas de ferro pertence ao domínio extracontratual no que concerne aos 
danos que a exploração de suas linhas acarreta aos proprietários marginais; quanto às aeronaves, a 
responsabilidade das companhias de navegação aérea é regida pela teoria do risco ou 
responsabilidade objetiva. 
- Responde pelos danos ocasionados por coisas não perigosas. 
 
 
 
 
TUTELA ESPECÍFICA DO DOMÍNIO (MEIOS DE DEFESA DA PROPRIEDADE) 
- Ação reivindicatória – quando o proprietário for totalmente privado de seu bem poderá retomá-lo 
de quem quer que injustamente o detenha, poderá propor esta ação, devido ao direito de seqüela; ela 
é imprescritível, embora se trate de ação real; versa sobre o domínio, que é perpétuo e somente se 
extingue nos casos expressos em lei (usucapião, desapropriação etc.), e não pelo não-uso; nesta 
ação do o autor deve provar o seu domínio, oferecendo prova inconcussa da propriedade, com a 
respectiva transcrição, e descrevendo o imóvel com suas confrontações, bem como demonstrar que 
a coisa reivindicada encontra-se na posse do réu; três, portanto, os pressupostos de admissibilidade 
de tal ação: 
 Titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicanda (comprovada através da transcrição 
imobiliária); 
 A individuação da coisa; 
 A posse injusta do réu. 
Natureza jurídica: é ação real que compete ao senhor da coisa. 
- Ação negatória – é cabível quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma 
restrição por alguém que se julgue com um direito de servidão sobre o imóvel; quando o proprietário 
sofrer turbação no exercício de seu direito, poderá propor esta ação para defender o seu domínio; é 
frequentemente usada para solucionar conflito de vizinhança. 
 
- Ação de dano infecto – têm caráter preventivo e cominatório, como o interdito proibitório, e pode 
ser oposta quando haja fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou 
vício na sua construção; precavendo-se, o autor obtém que a sentença comine ao réu a prestação de 
caução que o assegure contra dano futuro; pode ser proposta também nos casos de mau uso da 
propriedade vizinha que prejudique o sossego, a segurança e a saúde do proprietário ou inquilino de 
um prédio. 
 
- Ação declaratória – para dissipar dúvidas concernentes ao domínio, poderá propor esta ação. 
 
- Ação de indenização - por prejuízo causado por ato ilícito - ex.: proprietário perde uma casa em 
razão de sua destruição por um caminhão desgovernado por imprudência do motorista; por dano 
proveniente de ato lícito - quando sofre limitações em seu direito por exigência de interesse social 
ou quando perde o bem em razão de desapropriação; faz jus ainda à indenização quando sua 
propriedade é diminuída em razão de um acontecimento natural, como no caso de avulsão. 
 
LIMITAÇÕES DO DIREITO DE PROPRIEDADE: 
 
- Legais – da lei. 
- Jurídicas – dos princípios gerais do direito. 
- Voluntárias – da vontade do proprietário.

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