habeas data[326]

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL 
DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO 
 
 
 
 
 
MARCOS DA SILVA E SOUZA, brasileiro, estado civil, funcionário público, 
portador da cédula de identidade nº, e CPF nº, residente e domiciliado à rua, 
número, bairro, cidade de Goiânia, Estado de Goiás, CEP, vem por intermédio 
de seu advogado e bastante procurador infra-assinado, com endereço 
profissional na rua..., número..., bairro..., cidade de Goiânia, Estado de Goiás, 
CEP, onde recebe notificações e intimações, com espeque no art. 5º XXXIII e 
XXXIV da Constituição Federal e art. 7º da lei 9.507/97,vem respeitosamente a 
presença de vossa excelência impetrar o presente 
 
HABEAS DATA 
 
Em face de PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, autoridade coatora que 
poderá ser encontrada na rua..., número..., centro, Goiânia, Estado de Goiás. 
 
 Pelas razões de fato e de direito a segui aduzidas: 
 
DO CABIMENTO 
 
É cabível a impetração do presente habeas-data com fulcro no Art. 5º, inciso 
LXXII, “a”, da Constituição Federal e artigo 7º, inciso I, da Lei 9.507/95, por se 
tratar de recusa a prestação ou retificação de informações acerca da pessoa do 
impetrante, assim preleciona o art. 5º LXXII alínea B da Constituição Federal: 
DA LEGITIMIDADE PASSIVA 
 
É parte legítima para integrar o polo passivo do presente pleito todas as 
entidades públicas ou privadas que detenham o armazenamento de dados, de 
acordo com o art. 2º da lei 9.507/97. 
 
DA LEGITIMIDADE ATIVA 
 
É parte legítima para integrar o polo ativo do presente pleito, qualquer pessoa 
física nacional ou estrangeira que possua direito ao acesso ou retificação de 
dados constantes em base de dados entidades públicas ou privadas. 
 
 
DOS FATOS 
 
O SR° MARCOS DA SILVA E SOUZA é titular do cargo de agente de combate 
a endemias no munícipio de Goiânia desde Julho do ano de 2013, tendo sido 
regularmente aprovado em processo seletivo simplificado. 
 Durante o período compreendido entre Janeiro a Julho de 2016, SR° 
MARCOS DA SILVA E SOUZA participou de um movimento de greve 
realizado pelo Sindicato de sua categoria, onde restou infrutífera qualquer 
tentativa de acordo com o Poder Público de Goiânia. 
 Visando impor reprimendas aos aderentes do citado movimento a 
administração do município de Goiânia cometeu diversas irregularidades, 
dentre delas a instauração de processos administrativos disciplinares contra os 
servidores grevistas. 
 Contra o impetrante foi instaurado processo administrativo, sendo tal processo 
conduzido por comissão irregularmente constituída por dois servidores 
contratados temporariamente e um servidor que exerce cargo inferior ao do 
impetrante. 
 O processo em comento resultou em um relatório que foi publicado em 05 de 
Outubro de 2016, sendo que a Comissão processante foi assinada pelo 
Prefeito em 07/10/2016 e publicada no Diário Oficial em 10/10/2016, portanto, 
não resta dúvidas quanto a prévia condenação do SR° MARCOS DA SILVA E 
SOUZA cerceando seu direito de defesa. 
 Diante dos atos ilícitos perpetrados pela administração pública, foi solicitado e 
requerido ao poder Judiciário através de mandado de segurança a 
intermediação para que fossem sanadas as ilegalidades cometidas no 
procedimento administrativo instaurado contra o impetrante, restando tal pleito 
favorável ao impetrante, decidindo-se pela absolvição completa do impetrante 
com o consequente trancamento do processo administrativo. 
 
Em que pese a decisão emanada pelo judiciário, o impetrante em 09 de 
novembro de 2016, solicitou certidão junto à prefeitura do município com o 
intento de comprovar o tempo de serviço prestado ao município com a intenção 
de apresentar o referido documento em um concurso público em outro órgão 
estatal; Conferindo as informações prestadas, notou a incorreção dos dados, 
sendo prestado a certidão que segue: 
 
“Certifico para os devidos fins de direito que Marcos 
da Silva e Souza é servidor público deste Município 
de Goiânia, tendo sido aprovado em processo seletivo 
simplificado para o cargo de agente de combate a 
endemias em 10 de julho de 2013. 
Certifico, ainda, que o servidor em tela foi submetido 
a regular procedimento administrativo, que restou 
encerrado em 31 de outubro de 2016 e que decidiu 
pela aplicação da pena de suspensão do serviço 
público por 45 (quarenta e cinco) dias”. 
 
Diante dos fatos acima dispostos, não restou ao impetrante outra alternativa 
senão se socorrer do poder Judiciário para que seja feita a tão almejada 
justiça, justiça esta que se busca com o fito de retificar-se as informações 
constantes do banco de informações da administração pública de Goiânia, visto 
que já se esgotou dos recursos administrativos e nada foi alterado. 
 Aliás excelência, ressalte-se que desta forma prevê a súmula 02 do Superior 
Tribunal de Justiça que segue transcrita: 
“Súmula 2 Órgão Julgador PRIMEIRA SEÇÃO Data da Decisão 08/05/1990 
Súmulas do Superior Tribunal de Justiça Página 1 de 768 Fonte DJ 
DATA:18/05/1990 PG:04359 RSTJ VOL.:00016 PG:00025 
 
Ementa NÃO CABE O HABEAS DATA (CF, ART. 5., LXXII, LETRA "A") SE 
NÃO HOUVE RECUSA DE INFORMAÇÕES POR PARTE DA AUTORIDADE 
ADMINISTRATIVA”. 
 
 
Assim excelência, haja vista a recusa da autoridade coatora em retificar seus 
registros, é cabível a interposição do presente instrumento. 
 
 
DO DIREITO 
 
 Ab initio, ressalte-se que o direito a informação é constitucionalmente 
garantido, estando esculpido no art. 5, inc. LXXII da Constituição 
Federal, no caso presente não pode o judiciário permitir que os direitos 
do impetrante sejam flagrantemente violados, sob pena de violação aos 
princípios que regem o estado democrático de direito. 
 Os atos da administração pública não podem restar incólumes quando 
venham a ferir o direito líquido e certo de qualquer cidadão. As 
informações prestadas acerca do impetrante são de cunho público e 
personalíssimo conforme dispõe a Constituição Federal: 
 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade, nos termos seguintes: 
LXXII - conceder-se-á habeas data: 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira 
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo”. 
 
 
 
 
 
 
Neste sentido dispõe o art. 7º da lei 9.507/ 97: 
 
Art. 7° Conceder-se-á habeas data: 
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo 
sigiloso, judicial ou administrativo; 
 
Ressalta que tal procedimento tem caráter dúplice, pois serve tanto para Atos 
Constitutivos (retificação de dados), como Personalíssimos (Direito liquido e 
certo de obtenção de informações); Defendemos na presente demanda o 
caráter constitutivo, pois como vimos, necessário se faz a retificação da 
Certidão fornecida pelo requerido. 
 Insta salientar que o Ente público ou privado detentor do banco de dados, 
deve analisar e deferir o pedido em até 48h, art. 2º da lei 9.507/97. 
 Nesta toada corrobora o art. 4º do mesmo diploma legal, em que exemplifica o 
procedimento que foi adotado pelo Autor: 
 
Art. 4° Constatada a inexatidão de qualquer dado a 
seu respeito, o interessado, em petição acompanhada 
de documentos comprobatórios, poderá requerer sua 
retificação. 
§ 1° Feita a retificação em, no máximo, dez dias após 
a entrada do requerimento, a entidade ou órgão 
depositário do registro ou da informação dará ciência 
ao interessado.Excelência, por todos os fatos e as razões de direito expostos, resta clara a 
violação dos direitos do impetrante, razão pela qual vimos à presença de vossa 
excelência requerer o que segue: 
 
 
DOS PEDIDOS 
 
 A notificação da autoridade coatora para que retifique as informações, no 
prazo de lei de acordo com o art. 4º da lei nº 9.507/98; 
 
 A procedência da retificação dos dados referentes ao histórico profissional 
do impetrante de acordo com o art. 4º da lei nº 9.507/98; 
 
 A juntada dos documentos necessários a comprovação do direito líquido 
e certo do impetrante de comum acordo com o art. 8º da lei 9.507/98 
 
 A intimação do Ministério Público para que atue no presente feito; 
 
 A prioridade na tramitação do presente instrumento de comum acordo 
com o art. 19 da lei 9.507/98 
 
 
 
Dá-se ao valor da causa R$ 1.000,00 
 
Nestes termos pede e aguarda 
Deferimento 
 
São Paulo, 12 de Novembro de 2016. 
 
 
 
 
 
 
 ADVOGADO OAB/SP XXX-X