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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ Curso: Direito – 8º DIV e 8º DIN Disciplina: Direito Financeiro e Tributário II Profª. Ilza Maria da Silva Facundes UNIDADE III – 3.1 - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: 3.1.1 Moratória; 3.1.2 Depósito do montante integral; 3.1.3 Reclamações e recursos administrativos; 3.1.4 Concessão de medida liminar em mandado de segurança; 3.1.5 Concessão de medida liminar ou tutela antecipada em outras ações judiciais; 3.1.6. Parcelamento.3.2 EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: 3.2.1 Pagamento; 3.2.1.1 Imputação do pagamento (art. 163 do CTN); 3.2.1.2 Pagamento indevido e restituição: 3.2.1.3 Formas de restituição do indébito tributário; 3.2.2 Compensação; 3.2.3 Transação; 3.2.4 Remissão; 3.5.5 Decadência; 3.2.6 Prescrição; 3.2.7 Conversão do depósito em renda; 3.2.8 Homologação do lançamento; 3.2.9 Consignação em pagamento; 3.2.10 Decisão administrativa irreformável; 3.2.11 Decisão judicial transitada em julgado e 3.2.12 Dação em pagamento em bens imóveis. 3.3 EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: 3.3.1 Isenção; 3.3.1.1 formas de isenção; 3.3.1.2 Isenção e imunidades; 3.3.2 Anistia: 3.3.2.1 Da penalidade tributária; 3.3.2.2 Atos definidos como crimes ou contravenções. 3.1 – SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Uma vez efetuado o lançamento e notificado o sujeito passivo, sem que se dê o pagamento, cabe à Fazenda Pública exigir judicialmente o seu crédito. Na hipótese de inadimplemento por parte do sujeito passivo, o Fisco pode encaminhar o seu crédito devidamente formalizado e, portanto, exigível, para inscrição em dívida ativa, de modo a produzir o título executivo extrajudicial que lhe dará exequibilidade: a certidão de dívida ativa Todavia, o CTN enumera, no seu art. 151, seis diferentes situações razoavelmente heterogêneas, que possuem em comum o fato de, uma vez ocorridas, impedirem a fazenda pública de iniciar atos de cobrança do crédito tributário. O que se suspende é o dever de cumprir a obrigação tributária, ficando, portanto, o sujeito ativo impedido de exercitar atos de cobrança. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (MO-DE-RE-CO-CO-PA) I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. As hipóteses formam um rol exaustivo, pois, conforme afirma o art. 141 do CTN, o crédito tributário regularmente constituído somente tem sua exigibilidade suspensa nos casos previstos no próprio Código (o texto legal fala nos casos previstos nesta Lei). A taxatividade da lista é reforçada pelo art. 111, I, do CTN, que determina a interpretação literal da legislação que disponha sobre suspensão do crédito tributário. O advento de uma das causas enumeradas no art. 151 (MO-DE-RE-CO-CO-PA), e enquanto dure, acarreta a suspensão do crédito e as seguintes conseqüências: a) bloqueia o ajuizamento da execução fiscal; 2 b) suspende a contagem do prazo prescricional para o ajuizamento da ação fiscal se ela já tiver tido início (efeito suspensivo), ou impede a iniciação da contagem (efeito impeditivo); c) não importa em dispensa do cumprimento de obrigação acessória, como preceitua o parágrafo único do mesmo artigo. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário não afeta a obrigação tributária que lhe deu origem, conforme preceitua art. 140 do CTN. Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. A jurisprudência tem admitido a realização do lançamento pela administração mesmo que esteja presente uma causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário. Assim, o que se impede é que a fazenda execute atos de cobrança do crédito enquanto sua exigibilidade encontra-se suspensa, mas ela não fica impedida de proceder ao lançamento, uma vez que ele é indispensável para evitar a ocorrência da decadência, forma de extinção do crédito tributário prevista no art. 156, V, do CTN. EXEMPLO: concessão de uma liminar em mandado de segurança mesmo antes da constituição do crédito tributário. Nesse caso, a jurisprudência tem afirmado que a autoridade fiscal não fica impedida de realizar o lançamento, pois o que a liminar suspende é a exigibilidade do crédito e não a possibilidade de constituí-lo. Assim, o crédito pode (e deve) ser constituído, mas sem estipulação de prazo para pagamento e sem imposição de penalidade, devendo-se apor, ao final do documento que instrumentaliza o lançamento, a expressão ―suspenso por medida judicial‖. Conforme se percebe na ilustração, em ambos os casos não é possível à Administração Tributária propor as medidas judiciais tendentes ao recebimento coativo do crédito (execução fiscal). A diferenciação terminológica entre o efeito do advento prévio das hipóteses ―suspensivas‖ (impedir a exigibilidade) e o do advento posterior de tais hipóteses (suspender a exigibilidade) é justificada pelo fato que somente se pode suspender o que já estava em andamento, o que, em se tratando de exigibilidade de crédito tributário, somente se verifica nos casos em que já havia lançamento definitivo. Em concursos públicos, a diferenciação somente deve ser feita se a banca examinadora claramente tentar distinguir as duas situações. É regra, contudo, que ambos os casos sejam tratados como causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, porque o CTN não registra qualquer distinção formal das hipóteses. Advento de causa “suspensiva” Prévia Posterior Não impede a marcha do procedimento de lançamento, mas impede a cobrança do respectivo crédito (impede a exigibilidade). Lançamento já realizado (suspende a exigibilidade) Impedem a propositura de execução fiscal 3 Dentre as hipóteses ―suspensivas‖ previstas no art. 151 do CTN, as constantes dos incisos III e VI somente se verificam após a realização do lançamento, uma vez que não há como parcelar crédito tributário não-constituído nem como impugnar lançamento não– realizado. O raciocínio não se aplica a hipótese do inciso I, pois a redação do art. 154 do CTN, possibilita que a lei excepcionalmente conceda moratória de crédito cujo lançamento não tenha sido iniciado. Em todas as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário previstas no art. 151, não há dispensa legal do cumprimento das respectivas obrigações tributárias acessórias. Assim, embora o crédito não seja exigível por um período de tempo, as obrigações acessórias a ele relativas devem ser cumpridas normalmente pelo sujeito passivo. EXEMPLO: a legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica prevê a obrigatoriedade de registrar contabilmente os depósitos judiciais de créditos tributários em discussão (despesa a ser efetivada ou não em exercício futuro). São seis as causas de suspensão, vamos então a elas: 3.1.1 Moratória (art. 152 a 155 do CTN) O CTN não conceitua moratória. A doutrina define-a como prorrogação de prazo para pagamento de tributos, ou seja, dilação do prazo de vencimento do tributo, que pode-se dar tanto antes do decurso do prazo originalmente previsto como depois. A moratória, de acordo com o professor Cláudio Borba, consiste na dilatação de prazo concedida pelo credor ao devedor, de modo que a dívida vencida ouvincenda possa ter outra data de vencimento. A moratória tributária para ser concedia depende de lei. Ela pode ser geral ou individual e, neste caso, normalmente voltada para conceder um parcelamento de crédito tributário, conforme despacho da autoridade à vista dos requisitos legais. Pode também ser concedida em caráter nacional ou regional, abrangendo todo o território ou parte dele ou ainda ser circunscrita a categoria ou classe de sujeito passivo. O art. 152 disciplina detalhes importantes a respeito do benefício fiscal, ver esquema em sala de aula. Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. O art. 152 do CTN classifica a moratória em dois tipos distintos: 4 a) moratória geral: aquela diretamente concedida pela lei, não sendo necessário, para sua fruição, reconhecimento por ato de autoridade administrativa. Ou seja, a lei objetivamente dilata o prazo para o pagamento do tributo, beneficiando a generalidade dos sujeitos passivos, sem necessidades da comprovação por parte destes de alguma característica pessoal especial. EXEMPLO: imagine-se o caso de a União, em face dos efeitos de uma crise, econômica, editar lei dilatando por um mês os prazos para pagamento da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, beneficiando todos os sujeitos passivos de tributos. b) moratória individual: o CTN denomina moratória individual aquela concedida, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei. Ou seja, a lei restringe a abrangência do benefício às pessoas que preencham determinados requisitos, de forma que o gozo dependerá de requerimento formulado à Administração Tributária no qual se comprove o cumprimento dos pressupostos legais. EXEMPLO: suponha-se que a União tome conhecimento de que excepcionais temperaturas elevadas na Serra Gaúcha fizeram com que parte das videiras brotasse no inverno, sendo posteriormente dizimadas por uma friagem de primavera, gerando elevados prejuízos aos produtores de vinho. Como ajuda oficial em favor dos prejudicados, a União edita lei concedendo aos produtores de vinho cujas culturas estejam localizadas na Serra Gaúcha a dilação por seis meses do prazo para pagamento das obrigações tributárias federais. A hipotética lei certamente definiria os documentos hábeis para comprovar o domicílio e a atividade dos beneficiários, que, de posse de tais comprovantes, deveriam formular requerimento à autoridade administrativa, pleiteando o reconhecimento do favor fiscal. Na situação proposta, a providência federal teria fundamento tanto na autorização genérica do art. 152, II, do CTN, quanto na regra mais específica do seu parágrafo único. Segundo o já mencionado art. 152, a moratória pode ser concedida em caráter geral tanto pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira, quanto pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do DF ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado. De acordo com a doutrina, no primeiro caso, tem-se a moratória autônoma, em que o ente competente para a instituição do tributo dilata-lhe legalmente o prazo. No segundo caso, tem-se a moratória heterônoma, em que a União concede moratória de tributo de competência alheia. Sobre esta hipótese há discussão doutrinária quanto a severas suspeitas de inconstitucionalidade. Entretanto, apesar de não constar expressamente do CTN, é da essência da moratória a concessão em virtude de excepcionais situações naturais, econômicas ou sociais, que dificultem o normal adimplemento das obrigações tributárias (os exemplos anteriormente citados caminham nesta direção). Na situação específica da moratória heterônoma, o CTN exige que a dilação do prazo relativa aos tributos estaduais e 5 municipais seja acompanhada de medidas idênticas para os tributos federais e até para as obrigações de direito privado (contratos, inclusive entre particulares. Há de se perguntar: o que poderia levar a União a editar lei tomando providência tão drástica, de efeitos tão severos sobre a economia nacional? Certamente, a resposta passa por uma situação bastante grave, o que leva ao entendimento de que, apesar de não prevista de maneira expressa pelo CTN, a necessidade da excepcional situação natural, econômica ou social, como fundamento de fato para a edição de lei concessiva de moratória está escrita em suas entrelinhas. Assim, situações extremas podem exigir providências severas, legitimando-as. Fazendo-se uma analogia, a previsão expressa da possibilidade de concessão de moratória em caráter individual (só para algumas pessoas) não é, em si mesma, agressiva à isonomia, mas seu uso pode vir a ser (se não fundamentada em parâmetros razoáveis). Da mesma forma, a possibilidade de a União conceder moratória heterônoma, não é inconstitucional em si mesma, mas seu uso pode vir a ser (se, por exemplo, configurar providência de natureza política agressiva à autonomia estadual ou municipal). Nessa linha, o uso legítimo da autorização é bastante difícil, não havendo notícia de que a União tenha feito ou ventilado fazê-lo. Não há, portanto, jurisprudência sobre a matéria, devendo-se presumir, em provas de concurso público, a constitucionalidade do dispositivo. 3.1.1.1 Requisitos para concessão da moratória Os art. 153 e 154 disciplinam questões ligadas à concessão da moratória e têm textos praticamente autoexplicativos: Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I.O prazo de duração do favor; II.As condições da concessão do favor em caráter individual; III.Sendo o caso: a) Os tributos a que se aplica; b) O número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter Individual. Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. 3.1.1.2 Moratória parcelada e parcelamento - diferenciação O art. 153 do CTN prevê os requisitos que podem ser estipulados na lei que conceder moratória em caráter geral ou autorizar a sua concessão em caráter individual. Entre os requisitos, deverão ser previstos, se for o caso, o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo de duração do favor, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual (inciso III, alínea b). 6 Durante muito tempo, a previsão foi entendida como fundamento legal para a existência, no ordenamento jurídico-tributário, do instituto do parcelamento. Era comum na doutrina a lição de que parcelamento seria na realidade, uma dilação de prazo, com autorizaçãopara adimplemento em prestações, ou simplesmente, uma ―moratória parcelada‖. Ocorre que a LC 104/01 incluiu expressamente o parcelamento como uma das causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Alguns autores entendem que a inclusão apenas ratifica o entendimento de que o parcelamento seria apenas uma espécie de moratória. O raciocínio, contudo, agride a uma regra fundamental da ciência da interpretação jurídica, conforme se passa a demonstrar. É princípio basilar de hermenêutica jurídica que a lei não contém palavras inúteis ou desnecessárias. A redundância é contrária à técnica legislativa e não pode ser presumida. Na esteira do princípio, não se pode presumir que a Lei Complementar 104/2001 incluiu no código Tributário Nacional o que dele já fazia parte. Ora, o art. 151 do CTN traz as exaustivas hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Em seu inciso I, aparece a moratória. A lei complementar incluiu na lista o inciso IV, prevendo o parcelamento, mas sem revogar o dispositivo que prevê a ―moratória parcelada‖ (art. 153, III, b), que continua válido, vigente e juridicamente eficaz. Não há, portanto, que se confundir a moratória e o parcelamento do débito fiscal, pois, conforme se asseverou anteriormente, a moratória é medida excepcional, que somente deve ter lugar em casos de situações naturais, econômicas ou sociais que dificultem o normal adimplemento das obrigações tributárias. Já o parcelamento é corriqueira medida de política fiscal, que visa a recuperar créditos e a permitir que contribuintes inadimplentes voltem à situação de regularidade, podendo gozar dos benefícios decorrentes de tal status. Há de se ressaltar, contudo, que a diferenciação entre institutos jurídicos só tem importância prática se resultar na submissão dos mesmos a regimes jurídicos diferenciados. Vale dizer: não haveria utilidade na diferenciação entre a ―moratória parcelada‖ e o parcelamento se as mesmas regras fossem aplicadas para os dois institutos. JURISPRUDÊNCIA Moratória x parcelamento. ‗ICMS – PARCELAMENTO E MORATÓRIA – DIFERENCIAÇÃO – LEI ESTADUAL DE SÃO PAULO Nº 6374/89, ART. 100 – OFENSA AO ART. 97, VI, DO CTN, I – O parcelamento do débito tributário é admitido como uma dilatação do prazo de pagamento de dívida vencida. Não que isto significar que seja uma moratória, que prorroga, ou adia o vencimento da dívida, no parcelamento, incluem-se os encargos, enquanto na moratória não se cuida deles, exatamente porque não ocorre o vencimento. (STJ, 2ª T., REsp 259.985/SP, Min. Nancy Andrighi, ago/00) 3.1.1.3 Créditos abrangidos pela moratória Segundo o art. 154 do CTN, salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que 7 a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Adota-se como regra a extensão do benefício somente para os créditos lançados ou em fase de lançamento, o que é razoável, pois a moratória é causa de suspensão do crédito, e não havendo lançamento não há crédito. Entretanto, é expressamente prevista a possibilidade de disposição legal em contrário, o que pode ser justificável e absolutamente necessário. EXEMPLO: se uma praga agrícola atacou determinada região e o Estado quer dar fôlego para os produtores rurais a fim de que estes se recuperem, pode conceder moratória mesmo dos tributos que ainda não foram lançados. Relembre-se que, nesse caso, não se impede que a autoridade fiscal promova o lançamento, mas tão-somente, NÃO exija o pagamento, mediante a promoção de atos de cobrança. Faz-se a constituição do crédito de maneira a prevenir a configuração da decadência. O parágrafo único do referido artigo, fundado na idéia de que a moratória deve beneficiar os sujeitos passivos que estão passando por dificuldades em virtude de imprevisíveis eventos externos, estabelece que o favor não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. O art. 155 determina que a moratória concedida em caráter individual seja revogada de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou requisitos para a concessão do favor. Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: I.Com a imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II.Sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito. no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. Para Sabbag revoga-se ato discricionário, e a moratória é um favor legal, passível, portanto, de anulação e não de revogação. Vale salientar que a expressão deve ser considerada correta em provas de concurso público se exigir a literalidade do CTN, observando, no entanto, o candidato de que se trata de anulação ou cassação, em face das diferenças práticas entre os institutos. As disposições desse art. 155 aplicam-se não apenas a moratória individual (art. 155), mas também, ―no que couber‖ ao parcelamento (art. 155-A, § 2º), à remissão (art. 172, Parágrafo único), à isenção (art. 179, § 2º) e à anistia (art. 182, parágrafo único). De acordo com a disciplina do artigo em estudo, podemos tirar as conclusões demonstradas no quadro a ser visto em sala de aula: 8 Podemos constatar, que conforme determina o parágrafo único do art. 155, supratranscrito, a interrupção da prescrição dependerá da ocorrência de dolo ou simulação por parte do sujeito passivo, ver esquema da linha do tempo em sala de aula. ATENÇÃO: se for verificado que o sujeito passivo não se enquadrava nos requisitos exigidos pela lei, deparamo-nos com duas situações possíveis: se houve dolo ou simulação, a moratória pode ser revogada normalmente, cobrando-se imediatamente o tributo acrescido de juros de mora e penalidade; se não houve dolo ou simulação, a moratória só poderá ser revogada antes da prescrição. Neste caso, portanto, o sujeito passivo continuará usufruindo o benefício até o prazo final da moratória. Conforme ensina Leandro Paulsen, com relação ao parágrafo único do art. 155, nos casos em que não há dolo ou simulação, ―trata-se de hipótese excepcional de curso de prazo de prescrição enquanto o crédito tributário está com sua exigibilidade suspensa‖ (Direito Tributário – Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e Jurisprudência, 6. ed. Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2004, p. 1.048). 3.1.2 Depósito do montante integral (art. 151, II, CTN) O depósito do montante integral do crédito exigido pela fazenda obrigatoriamente pressupõe a existência de um litígio, já instaurado ou na iminência de ser. Esse litígio tanto pode ser judicial como administrativo embora a instauração de um litígio administrativo por si só seja suficiente para suspender a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do inciso III do art. 151, é possível que o sujeito passivo, além da impugnação administrativa, deseje efetuar o depósito. Isso porque, na hipótese de, ao término do litígio, decidir-se que o crédito é efetivamente devido (ou seja, na hipótese de a decisão final ser desfavorável ao sujeito passivo), ocorrerá a automática conversão do depósito em renda. Ou seja, casoo sujeito passivo ganhe a questão, o depósito será devolvido, do contrário (se ele vier a perder), converte-se em renda a favor da Fazenda Pública. Cabe aqui uma citação do art. 585, § 1º, do Código de Processo Civil: Art. 585, § 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) Portanto, se for proposta contra a Fazenda Pública uma ação judicial anulatória de débito fiscal sem depósito, poderá ingressar o Fisco com a execução fiscal, garantida pela penhora dos bens ao devedor. JURISPRUDÊNCIA É importante observar que o depósito deverá ser feito em dinheiro e integral. Nesse sentido, a Súmula nº 112 do Superior Tribunal de Justiça – STJ dispõe: ―O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se for integral e em dinheiro‖ Efetuado o depósito, fica ele cumprindo função de garantia do pagamento do tributo, com destino vinculado à decisão final, após o seu trânsito em julgado. Note-se que, com o depósito, o próprio contribuinte formaliza a existência do crédito e, já tendo o contribuinte apurado o montante devido e o vinculado ao resultado da demanda mediante o 9 depósito, não há que se exigir lançamento, salvo para constituição de eventual diferença por montante superior ao que foi depositado. Não haverá que se falar em decadência, pois, quanto ao montante depositado. O depósito é feito, por iniciativa do contribuinte, mediante simples preenchimento e pagamento de guia própria diretamente na Caixa Econômica Federal, indicando o número do processo e que está sendo discutido o tributo. Independe, até mesmo, de requerimento ao Juiz. A Lei 9.703/1998, dispõe sobre os depósitos judiciais e extrajudiciais de tributos e contribuições federais. Art. 1o Os depósitos judiciais e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a tributos e contribuições federais, inclusive seus acessórios, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, serão efetuados na Caixa Econômica Federal, mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, específico para essa finalidade. § 1o O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, aos débitos provenientes de tributos e contribuições inscritos em Dívida Ativa da União. § 2o Os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no mesmo prazo fixado para recolhimento dos tributos e das contribuições federais. § 3o Mediante ordem da autoridade judicial ou, no caso de depósito extrajudicial, da autoridade administrativa competente, o valor do depósito, após o encerramento da lide ou do processo litigioso, será: I - devolvido ao depositante pela Caixa Econômica Federal, no prazo máximo de vinte e quatro horas, quando a sentença lhe for favorável ou na proporção em que o for, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4o do art. 39 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e alterações posteriores; ou II - transformado em pagamento definitivo, proporcionalmente à exigência do correspondente tributo ou contribuição, inclusive seus acessórios, quando se tratar de sentença ou decisão favorável à Fazenda Nacional. § 4o Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal serão debitados à Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de restituição. Curiosamente, como veremos a seguir, as reclamações administrativas, ao contrário das judiciais, suspendem imediatamente a exigibilidade do crédito. 3.1.3 Reclamações e recursos administrativos (art. 151, III, do CTN) A instauração de um Processo Administrativo Fiscal (PAF), bem como os recursos previstos nas legislações reguladoras desses processos é causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Na esfera federal o PAF está disciplinado no Decreto nº 70.235/72, recepcionado pela CF/88, com força de lei ordinária. De acordo com a legislação reguladora do processo administrativo relativo a cada tributo, o sujeito passivo tem todo o direito de contestar lançamento que julgue manifestamente irregular ou abusivo ou da não homologação de compensação que deixe em aberto o crédito que se pretendia tivesse sido extinto, bem como, ao constatar ser desfavorável a decisão da autoridade lançadora no julgamento administrativo de processo fiscal, cabe-lhe o direito de interpor à instância administrativa superior. 10 O § 11 do art. 74 da Lei 9.430/96, acrescido pela Lei 10.833/03, é claro no sentido de que a não-homologação de compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal enseja manifestação de inconformidade pelo contribuinte com efeito suspensivo do art. 151, III, do CTN, salvo, após a vigência da Lei 11.051/04, em se tratando de situação relativamente a qual a compensação deva ser considerada como não declarada (§ 12). Em ambas as situações, a exigibilidade do crédito tributário fica suspensa até que seja emitida decisão relativa á reclamação ou ao recurso. Nesse sentido, a Súmula nº 153 do antigo Tribunal de Recursos determina: JURISPRUDÊNCIA Constituído, no qüinqüênio, através do lançamento, o crédito tributário, não há que se falar em decadência, fluindo, a partir daí, em princípio o prazo prescricional, que, fica suspenso, até que sejam decididos os recurso administrativos. O art. 5º, LV, da Constituição Federal de 1988, afirma que: ―aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes‖ Não se deve esquecer, entretanto, que a Constituição assegura, no Inciso XXXV do art. 5º que ―a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito‖. Por isso, o sujeito passivo, mesmo tendo optado pela via administrativa, possui o direito de abandoná-la a qualquer tempo, em qualquer etapa do PAF, e ingressar com uma ação judicial com idêntico objeto, desde que não tenha ocorrido a prescrição do seu direito de ação, evidentemente. A opção pela via judicial, entretanto, implica desistência tácita do processo administrativo. 3.1.4 Concessão de medida liminar em mandado de segurança (art. 151, IV, CTN) Assim dispõe o art. 5º LXIX e LXX, da Constituição Federal LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Trata-se de ação constitucionalmente fundada, para proteger direito líquido e certo, repressiva ou preventivamente, individual ou coletivamente. É relevante ressaltar que não é necessário que exista crédito para que a ação seja ajuizada. Aliás, não é necessário nem que tenha ocorrido o fato gerador, pois a Constituição Federal de 1988 proíbe que se exclua da apreciação do Poder Judiciário não só a lesão, mas também a ameaça de lesão a direito (inciso XXXV do art. 5º). 11 EXEMPLO: foi publicada uma lei inconstitucional aumentando o ISS incidente sobre a prestação de serviços de assessoria contábil, o profissional desta área pode se socorrer do Judiciário antes de qualquer prestação de serviço (mandado de segurança preventivo), pois seu patrimônio já se encontra sob ameaça desde a publicação da lei. Só não é possível o ajuizamento da ação a quem não esteja sob o alcancedas novas disposições legais, pois conforme sumulado pelo STF, não cabe mandado de segurança contra lei em tese (súmula 266), sendo necessário ao impetrante comprovar que a lei pode vir a violar seus direitos. Mas o que suspende a exigibilidade do crédito tributário não é o ajuizamento da ação, nem tampouco a decisão transitada em julgado favorável ao contribuinte, decisão que extinguiria o próprio crédito. Os efeitos suspensivos somente serão desencadeados se o juiz, cautelarmente, nos termos do art. 7º, II da Lei 1.553/1951 (alterado pela Lei 12.016, de 7 de agosto de 2009, art. 7º, III, que regula o mandado de segurança), diante da lesividade do ato ou sua iminência, conceder medida liminar que afaste de plano o ato abusivo da autoridade para evitar a irreparabilidade do dano com a demora da sentença. A medida liminar, na lição de Misabel Abrel Machado Derzi (Comentários ao código Tributário Nacional, Editora forense, rio de Janeiro, 1998, p. 412), independente do depósito, suspende a exigibilidade do crédito enquanto dura, ficando a Fazenda impedida de ajuizar a execução. Conseguindo o sujeito passivo que o juiz suspenda liminarmente a cobrança de tal crédito, fica, então, caracterizada uma hipótese de suspensão, mediante interferência judicial. A concessão da liminar apenas proíbe a promoção de atos executórios, impedindo a exigibilidade do crédito. Dessa forma, ao se deparar com um caso em que o sujeito passivo fez um pagamento a menor protegido por liminar em mandado de segurança, a autoridade fiscal deve proceder ao lançamento da diferença. Todavia, em vez de encerrar o auto de infração concedendo prazo para que o sujeito passivo pague ou impugne o objeto da autuação, deve consignar a expressão ―suspenso por medida judicial‖, ou outra equivalente. Vale ressaltar, que essa liminar, entretanto, é provisória e a exigência do crédito tributário poderá ser extinta ou não de acordo com a decisão judicial DEFINITIVA. Ou seja, esta decisão é proferida após o juiz ouvir as razões da autoridade administrativa que efetua a exigência do crédito tributário. Percebe-se, assim que a liminar afasta temporariamente a possibilidade de cobrança do tributo impedindo que a ausência de recolhimento venha a incidir em penalidades. O julgamento definitivo do mandado de segurança poderá ou não afastar a possibilidade de cobrança por parte da autoridade administrativa. É importante lembrar que, indeferida a liminar, restará ao contribuinte, ainda, a possibilidade de efetuar o depósito do montante integral do tributo (conforme já vimos, também é causa de suspensão) para obter a suspensão da exigibilidade do crédito (art. 151, II, do CTN). l 12 3.1.5 Concessão de medida liminar ou tutela antecipada em outras ações judiciais (art. 151, V, do CTN) Este inciso, acrescentado pela Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001, apenas vem corrigir uma omissão do CTN, uma vez que a tutela antecipada ou medida liminar concedida em qualquer ação judicial tem a intenção, exatamente como no caso do mandado de segurança, de evitar o ônus tributário para o sujeito passivo antes que seja analisado o mérito da lide judicial. Com as devidas adaptações, os comentários acima expendidos acerca da liminar mandado de segurança são também aqui aplicáveis, restando fazer um brevíssimo comentário sobre as diferenças entre medida cautelar e tutela antecipada, desde já ressaltando que, na prática, as medidas se assemelham, havendo inclusive controvérsia jurisprudencial sob o cabimento de uma ou outra em casos específicos. De maneira simplificada, a medida cautelar (como a liminar em mandado de segurança) visa a assegurar a eficácia do provimento judicial final, garantindo, assim, o resultado útil ao processo. Já a tutela antecipada, como a própria denominação deixa entrever, visa a satisfazer desde logo o direito afirmado, antecipando o gozo de algo que só seria possível no momento da sentença, apenas com a ressalva de que o julgamento é provisório e não definitivo. Para a concessão da tutela antecipada é necessário não apenas a aparência de bom direito, mas a sua verossimilhança (demonstrada por prova inequívoca), conciliada, alternativamente, com o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou com a caracterização do abuso de direito de defesa ou do manifesto propósito protelatório do réu (CPC, art. 273, I e II). Uma situação pode ser provável em diversos graus. A verossimilhança de um direito é o grau de probabilidade que mais se aproxima da certeza absoluta, enquanto a aparência de bom direito é bem mais tênue, trazendo um menor grau de probabilidade. A tutela antecipada também pode ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso (CPC, art. 273, § 6º). Neste caso, o deferimento da medida independe da análise dos requisitos exigidos nas demais hipóteses, dispensando-se até mesmo prova inequívoca da verossimilhança do direito alegado. No mais, aos que se preparam para provas de concursos, o importante é conhecer da aptidão de ambos os institutos para suspenderem a exigibilidade do crédito tributário e das penalidades tributárias dos mesmos, conforme explanado no item anterior. 3.1.6 Parcelamento (art. 151,VI, CTN) O parcelamento constitui causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário disciplinada, especialmente, pelo art. 155-A do CTN, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições comuns relativas à moratória, conforme expressamente determina o § 2º do mesmo artigo. 13 Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. § 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. § 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. § 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. O art. 155-A dispõe nos sentido de que o ―parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica‖, o que nos leva à conclusão de que, de um lado, o contribuinte não tem direito a pleitear parcelamento em forma e com características diversas daquelas previstas em lei e, de outro, que o Fisco não pode exigir senão o cumprimento das condições nela previstas, de modo que não podem ser estabelecidos requisitos adicionais por atos normativos. Ademais, é descabida a delegação à autoridade fiscal para que decida discricionariamente sobre concessão do benefício. Ao referir-se à ―lei específica‖, o art. 155-A reforça que não tem cabimento a pretensão de conjugação dos dispositivos de diversas leis para obtenção de parcelamento mais benéfico ou mediante requisitos rígidos. Tal combinação de regimes alteraria os benefícios concedidos, implicando a criação de uma nova espécie de parcelamento não autorizado pelo legislador. Previu-se inicialmente, que lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial (§ 3º). Trata-se de uma lei que é específica em relação a outra lei também específica. Assim, haverá em cada ente federado a edição de duas leis específicas sobre parcelamento. A primeira é a que trata genericamente do parcelamento de créditos tributários no âmbito da respectiva esfera (denominada de lei geral de parcelamento pelo § 4º, no âmbito da União temos a Lei 10.522/2002). Asegunda é a lei que tratará especificamente do parcelamento dos débitos da empresa em recuperação judicial (§ 3º). Caso o ente político não edite a segunda lei específica, surgirá para o devedor o direito de utilizar a lei geral de parcelamento do ente, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. EXEMPLO: suponha-se que a lei geral parcelamento da União estipule um prazo máximo (para quitação) de 60 meses, que a lei específica federal para parcelamento dos débitos do devedor em recuperação judicial estipule um prazo máximo de 84 meses, e que a lei geral do Estado do Amapá estipule um prazo máximo de 72 meses para o parcelamento dos respectivos créditos. O Estado do Amapá tem autonomia para editar lei disciplinando, no seu âmbito, as regras para parcelamento dos débitos dos devedores em recuperação judicial. A lógica indica que o faça estipulando condições mais facilitadas que aquelas previstas em sua lei geral. Caso o Estado do Amapá não edite a segunda lei, o devedor beneficiário da sistemática possuirá o direito de parcelar seus débitos usando a lei geral do Estado, mas, como o prazo máximo previsto nesta lei (72 meses) é inferior ao previsto na lei federal específica (84 meses), é direito do devedor utilizar o prazo previsto nesta última norma. 14 Não se trata de aplicação integral da lei federal. O parcelamento seguirá as regras constantes da lei geral de parcelamento do Estado do Amapá. Apenas o prazo a ser utilizado será o da lei federal específica (por ser maior). Via de regra, os parcelamentos são concedidos mediante confissão dos débitos e pagamento da primeira parcela ou 20% do débito em caso de re-parcelamento, com prazo total de sessenta meses, conforme redação do art. 38 da Lei 8.212/91 e o art. 10 da Lei 10.522/02, com redação da Lei 10.637/02. A confissão não impede a discussão do débito em juízo, questionando a validade da lei instituidora do tributo ou cominadora da penalidade aplicada ao caso. Isso porque a obrigação tributária decorre da lei e não da vontade das partes. As cláusulas legais de irrevogabilidade e de irretratabilidade devem ser lidas em favor do contribuinte, no sentido de que não pode o fisco, salvo na hipótese de ausência de requisito exigido por lei ou descumprimento das prestações assumidas, desconsiderar unilateralmente o parcelamento. Quanto à exigência ou efeito de renúncia a direito, por sua vez, constitui constrangimento inconstitucional, porquanto procura obstar acesso ao Judiciário no que diz respeito a relação jurídica que tem como fonte exclusiva a lei, e não a vontade das partes. Até mesmo nas relações privadas é do interesse público o seu equilíbrio, a ausência de abusividade, tanto que há inúmeras normas chamadas de ordem pública (normas cogentes) que condicionam a validade dos contratos. A desistência de ações e a renúncia a direito não podem ser consideradas, de ofício, pelo Judiciário, como meros efeitos legais da adesão a parcelamento que as exija. Dependem de manifestação da parte nos autos mediante procurador com poderes especiais. O parcelamento, salvo disposição em contrário, não implica exclusão de juros e de multas (art. 155-A, § 1º). Mas, não raramente, o legislador concede parcelamentos com prazo mais dilatado ou até sem prazo fixo, calculando o valor da prestação à receita bruta da empresa, anistia parcial de multas e exclusão parcial de juros, de modo a viabilizar a regularização fiscal das empresas e aumentar a arrecadação. Assim é que sobreveio o REFIS (Lei 9.964/00), PAES (Lei 10.684/03), PAEX (MP 303/06) e o mais recente que está sendo chamado de novo REFIS MP 449/08, convertida na Lei 11.941, de 27 de maio de 2009. O legislador não tem admitido o parcelamento de contribuições retidas dos empregados, objeto de apropriação indébita (quando a empresa retém do contribuinte, mas não recolhe aos cofres públicos). A vedação consta expressamente do art. 38, § 1º, da Lei 8.212/91 e do art. 7º da Lei 10.666/03, dispondo este: ―Art. 7º - Não poderão ser objeto de parcelamento as contribuições descontadas dos empregados, inclusive dos domésticos, as decorrentes da sub-rogação e as demais importâncias descontadas na forma da legislação previdenciária‖. Só foi admitido o parcelamento de contribuições retidas no REFIS, o que ensejou, como decorrência, sua transferência ao PAES quando da opção por este. Desta forma, com relação ao depósito do montante integral, às reclamações e recursos, á concessão de medida liminar em mandado de segurança e á concessão de 15 medida liminar ou tutela antecipada em outras ações judiciais, podemos concluir: (ver quadros em sala de aula). Enquanto o depósito do montante integral e as reclamações e recursos suspendem imediatamente a exigibilidade do crédito tributário, no caso do mandado de segurança ou outras ações judiciais, só haverá suspensão se for concedida a medida liminar ou tutela antecipada. 3.2. – EXTINÇAO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: O Código Tributário Nacional disciplina as causas extintivas de créditos tributários fazendo-as respeitar o princípio da legalidade tributária, inserindo no art. 97, VI, norma expressa de que somente lei pode estabelecer as hipóteses de extinção do crédito. Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; A extinção do crédito tributário corresponde ao término do direito da Fazenda Pública de cobrar a obrigação tributária. As causas de extinção do crédito tributário estão previstas no art. 156 do CTN, cuja redação é a seguinte: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. É acirrada na doutrina a discussão sobre a configuração da lista acima como exaustiva ou apenas exemplificativa, não iremos adentrar nessa discussão doutrinária. É importante salientar o fato de que o CTN exige no art. 111, I, interpretação literal para as hipóteses de exclusão e suspensão do crédito, dando liberdade ao intérprete da norma jurídica no que diz respeito à hipóteses de EXTINÇÃO do crédito. Todavia, o STF no julgamento do mérito da ADInMC nº 1.917-DF, em 26/04/2007, DJ 24.08.2007, decidiu pela inconstitucionalidade da lei que criava hipóteses de extinção não prevista no art. 156 do CTN. Rever a ADI-MC 2405-RS de 06.11.2002, DJ 17.02.2006, PARA VERIFICAR SE JÁ EXISTE DECISÃO DE MÉRITO. EM JUNHO DE 2009 HOUVE PEDIDO DE VISTA DO GOVERNADOR DO RS, TENDO EM VISTA ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO IMPUGNADA, COM POSSIBILIDADE DE PERDA DO OBJETO, AINDA QUE PARCIAL. 16 Para alguns doutrinadores, como o Professor Cláudio Borba ―Direito Tributário, Ed. 18. Campos‖, na ausência de lei tributária, pode-se recorrer às regras extintivas de obrigações previstas no direito privado (arts. 360 a 367 do Código Civil), a confusão (arts. 381 a 384 do Código Civil) e a dação em pagamento (arts. 356 a 359 do Código Civil). CAPÍTULO VIII Da Confusão Art. 381. Extingue-sea obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela. Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. Leciona Ricardo Alexandre1 que boa parte das hipóteses de extinção do crédito são, ao mesmo tempo, hipóteses de extinção das obrigações, o que leva algumas pessoas a quererem importar para o ramo tributário hipóteses que o direito civil prevê como aptas a extinguir obrigações, sem que haja previsão no CTN da possibilidade de extinção do crédito tributário por intermédio do mesmo instituto. Os casos mais relevante para o autor são os de confusão e da novação. Confusão é a forma de extinção das obrigações que se verifica quando se confundem na mesma pessoa as qualidades de credor e devedor (art. 381, CC). Exemplo: Supondo-se que ―A‖ possui uma promissória não paga por ―B‖. Imagine- se também que ―A‖ vem a falecer e que ―B‖ é seu sucessor universal, na qualidade de único herdeiro. Na situação proposta, ―B‖ recebe, entre os demais bens integrantes da herança, uma promissória em que ele próprio consta como devedor. Reuniram-se (confundiram-se) na mesma pessoa (―B‖) as qualidades de devedor e credor. A obrigação está extinta. O CTN não prevê a confusão como forma de extinção das obrigações. No mundo prático, todavia já surgiram casos concretos em que não restou ao Poder Judiciário (STJ) outra opção senão declarar extintos créditos tributários em virtude de confusão. Um interessante exemplo desta situação ocorreu quando o Município de Belo Horizonte praticou desapropriação indireta – um verdadeiro esbulho possessório – imitindo- se na posse de imóvel particular. O anterior sujeito passivo estava em tal condição tão- somente por ser possuidor do imóvel. Com o esbulho praticado pelo Município, este passou a ser o possuidor e, portanto, o sujeito passivo. Ocorre que o mesmo Município é o sujeito passivo do IPTU. Confundiram-se, na mesma pessoa, credor e devedor. O STJ declarou extinto, por confusão, o crédito tributário (2ª. T. AgRg. 117.895/MG, Rel. Ministro Ari Pargendler, v.u 10.10.1996, DJU 29.10.1996, p.41.6390). Em provas objetivas de concurso público, têm-se adotado posicionamentos mais rígidos, sendo consideradas corretas as questões em que se afirma que a confusão não é apta a extinguir créditos tributários. A decisão do STJ deve nortear apenas a resolução 1 ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 2. Ed. atual. ampl. São Paulo: Método, 2008 17 de questões em que se supunha situação semelhante à retratada no acórdão ou quando se discorra genericamente sobre ser ou não taxativo o rol das hipóteses de extinção do crédito. Quanto à novação, o Código Civil prevê sua ocorrência, dentre outras hipóteses, quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior (CC, art. 360 I). No parágrafo único do artigo citado, o legislador determina que caberá à lei ordinária regular a situação de um crédito que foi extinto e posteriormente descoberta uma irregularidade na sua constituição, ou seja, um erro no lançamento. Exige, no entanto, a observância dos art. 144 e 149 do próprio Código. 3.2.1 – PAGAMENTO (art. 157 a 163 e 165 a 169, CTN) A forma mais utilizada com vista à satisfação da obrigação tributária é o pagamento. Certamente por este motivo, o legislador dedicou vários dispositivos para a matéria. Pouco importa ao Direito Tributário se o crédito deve ser pago pelo seu titular o por terceiro. O que importa é a prestação seja satisfeita. Desta forma a eficácia de liberação do credor e demais efeitos do pagamento ocorrem mesmo que a dívida tributária tenha sido extinta por outrem. Diante dessas afirmações vamos aos dispositivos legais: SEÇÃO II Pagamento Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário. A penalidade pecuniária no Direito Tributário não tem função compensatória do crédito, como pode ocorrer no Direito Privado. De fato, o Código Civil determina no art. 410: Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. Ressalte-se que o legislador utilizou a palavra ―ilide‖ (rebate, refuta) quando objetivava usar ―elide‖ (suprime, elimina). Por conta da regra, em direito tributário, a multa é sempre cumulativa, jamais substituindo o pagamento do respectivo tributo. Assim, se foi comprovada sonegação de tributos por parte de determinado contribuinte e a autoridade fiscal contra este lançou o tributo e uma multa de 150% (cento e cinqüenta por cento), cumulativamente, apesar de valor desta superar o do tributo, ambos deverão ser pagos cumulativamente, não cabendo a alegação de que no valor pago à titulo de multa já se inclui o montante do tributo. a)–Pagamento e presunções civilistas Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: 18 I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Prevê o referido artigo 158, I, que o pagamento parcial de um crédito não importa presunção de pagamento das prestações, em que se decomponha. No pagamento total (inciso II) também não há a presunção em relação a outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Os dispositivos tornam inaplicáveis em direito tributário a regra civilista, segundo a qual, quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores (Código Civil, art. 322). Por conseguinte, a comprovação do pagamento da última quota do IPVA não gera a presunção do pagamento das parcelas anteriores. O pagamento do IPTU relativo ao exercício de 2008 não presume a quitação da taxa de lixo do mesmo exercício ou dos créditos de IPTU referentes aos exercícios anteriores. A conseqüência prática da inaplicabilidade da tradicional presunção é o dever, por parte do contribuinte, de manutenção dos comprovantes de pagamento de todas as prestações ou quotas, relativos a todos os tributos, até que se verifique a prescrição dos créditos respectivos (CTN, art. 195, parágrafo único). Isto causa uma inversão do ônus probante (trabalho de prova), sendo do credor no Direito Privado em função da presunção júris tantum (presunção relativa) e do devedor no Direito Tributário devido a ausência da mesma presunção. b)– Local e prazo para pagamento Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo. Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça. Os artigos 159 e 160 do CTN prevêem regras meramente supletivas, porque somente aplicáveis no caso de inexistência da norma expressa na legislação do tributo a que se referir. Trata-se de casos em que a omissão legislativa não é sanada pelas técnicas integrativas previstas no Código, mas mediante a aplicação das regras supletivas contidas no próprio CTN. Assim, não havendo regra específica na legislação tributária, o pagamento é efetuado narepartição competente do domicílio do sujeito passivo. Desta forma, se a legislação tributária federal não previsse o local de pagamento do Imposto de Renda, deveria o sujeito passivo procurar uma repartição da Receita Federal do Brasil no seu domicílio. Sendo assim, o contribuinte domiciliado em Santana efetuaria o pagamento na repartição fiscal em cuja circunscrição estivesse inserido o seu domicílio, no caso, Inspetoria da Receita Federal do Brasil em Santana. A norma é, hoje, desprovida de importância prática, pois a generalidade das legislações tributárias prevê expressamente o recolhimento do tributo na rede bancária. 19 Quanto ao prazo para pagamento, a regra é também a definição pela legislação tributária do ente político competente para a criação do tributo. Na falta de norma expressa, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. É importante ressaltar que a regra não é aplicável para o lançamento por homologação, pois, nesta modalidade de constituição de crédito, o pagamento deve ser feito antecipadamente, não havendo que se falar em notificação de lançamento. Por conseguinte, é imprescindível que a legislação de cada tributo sujeito a tal sistemática estipule expressamente o prazo para pagamento. Assim, tem-se: O CTN submete à legislação tributaria a possibilidade de concessão de desconto pela antecipação do pagamento (art. 160, parágrafo único). O problema é que, diante do princípio da indisponibilidade do patrimônio público, não parece possível que a concessão de quaisquer descontos tenha como veículo normativo algo que não a lei. Na prática, as concessões de descontos em virtude de pagamento antecipado têm sempre sede legal, como corriqueiramente se verifica nas leis municipais que disciplinam o IPTU. C)–Efeitos da mora em direito tributário Está em mora o sujeito passivo que não efetuar o pagamento no tempo, lugar e forma legalmente estabelecidos. O retardamento no adimplemento da obrigação de pagar tributo terá repercussões negativas para o devedor em mora, sendo-lhe imputáveis juros e multas. Prazo para pagamento /modalidade de lançamento Direto Por declaração Por homologação O vencimento do crédito deve ser estabelecido pela legislação pertinente a cada tributo. Sendo a lei omissa, aplica-se a regra do art. 160 do CTN – 30 dias da ciência da notificação. A legislação tributária do tributo deve estabelecer o prazo de pagamento, não se aplicando a regra do art. 160 do CTN 20 Em direito tributário, os efeitos da mora são automáticos (mora ex re), não sendo necessário ao credor tomar qualquer providência para ―constituir em mora‖ o devedor. A conclusão decorre da disposição expressa contida no art. 161 do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. d)–Juros de mora, multa de mora e correção monetária Correção monetária é a atualização de um valor em face do fenômeno inflacionário. Juro é o preço pelo uso do dinheiro alheio. Multa de mora é a sanção pelo atraso no adimplemento da obrigação. O uso do dinheiro alheio não traz consigo necessariamente a ocorrência de atraso. O contribuinte que entregou a declaração de imposto de renda pessoa física em abril e dividiu o imposto a pagar em seis prestações está usando dinheiro alheio (estatal) – devendo pagar juros – mas não está em atraso – estando livre de multa de mora. Tratando-se de atraso no pagamento do tributo, entretanto, os dois acréscimos são devidos, conforme previsto na lei do respectivo ente tributante. A regra constante do parágrafo primeiro do art. 161 é meramente supletiva de forma que somente se aplica a taxa de juros de 1% ao mês, ali prevista, caso não haja percentual especificamente previsto na lei tributária. Atualmente, no âmbito federal, a correção monetária e os juros de mora estão reunidos em único índice, a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, (taxa do mês de março de 2011, 0,96%). É importante destacar o parágrafo segundo do artigo sob análise, que determina que, estando pendente uma consulta formulada pelo sujeito passivo antes do vencimento do crédito, se a resposta do Fisco ocorrer depois do vencimento, o pagamento não sofrerá os acréscimos moratórios previstos no caput do mesmo artigo. Desta forma o legislador garante ao sujeito passivo o direito de pagar a sua dívida tributária sem ser prejudicado por uma possível demora da Administração na solução de consulta formulada, como se pode observar no quadro a seguir: Formulação de consulta Decisão desfavorável ao sujeito passivo Pagamento sem acréscimos moratórios 21 e)– Forma de pagamento Art. 162. O pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. § 1º A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente. § 2º O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado. § 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150. § 4º A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa. § 5º O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento em estampilha. Meios de pagamento (art. 162, I). O pagamento pode ser feito mediante moeda corrente, cheque ou vale postal. Moeda corrente é aquela de aceitação obrigatória no país; atualmente o real. Cheque é uma ordem de pagamento à vista e em dinheiro. Ao emitir um cheque, o sacador (emitente) dá uma ordem ao sacado (a instituição financeira onde há provisão de fundos), para que pague certa quantia em dinheiro ao favorecido. O cheque, embora não seja dinheiro, faz com que a Fazenda receba a quantia, em espécie, através da rede bancária. Prevê o Código que, nos pagamentos em cheque, a extinção do crédito só se dá depois da respectiva compensação bancária. Vale postal é uma espécie de ordem de pagamento, procedida através da empresa de correios. É de se perceber que as três modalidades acima não descaracterizam a natureza pecuniária do crédito tributário, eis que, por via direta ou indireta, a Fazenda consegue obter a satisfação da dívida em dinheiro. Sendo o tributo, por definição, uma prestação pecuniária, o normal é que seu pagamento somente possa ser em dinheiro, não obstante a cláusula ―ou cujo valor nele se possa exprimir‖ constante do artigo terceiro do CTN, analisado no início do curso. Percebe-se que a legislação que regula determinado tributo pode fixar a forma de seu pagamento em moeda corrente, cheque, ou qualquer processo mecânico ou eletrônico que a lei autorizar. Entretanto, o pagamento feito em cheque é feito sob condição Vencimento 22 resolutiva: o crédito somente será extinto após a respectiva compensação do cheque, mesmo que o contribuinte disponha de um recibo de pagamento por parte da administração pública. Estampilha, papel selado e processo mecânico (art. 162, II). O Código ainda dispõe que a lei ordinária poderá prever o pagamento em estampilha, papel selado ou processo mecânico. A nosso ver, não se trata de meios de pagamento, mas sim de meios de prova do pagamento. A estampilha e o papel selado (espécies de selo) são adquiridos pelo contribuinte, mediante entrega de dinheiro ao Fisco, e são utilizados pelo contribuinte, dando conta da quitação do tributo. O exemplo mais moderno desse tipo de mecanismo foi quando da época do ―selo pedágio‖ (1989 a 1990), verdadeira taxa rodoviária, de acordo com o STF – RE 181.474-6, cujo comprovante de pagamento – uma estampilha – devia ser mantida colada no automóvel em lugar visível. O processo mecânico, da mesma maneira, significa uma autenticação, promovida pelo órgão fazendário ou agente delegado, que atesta o recolhimento do tributo. Temos que admitir que o CTN está anacrônico em relação as formas de se efetuar o pagamento, uma vez que foi publicado em 1966. Hoje em dia a maior parte dos contribuintes utiliza a rede de internet para pagar seus tributos, hipótese inimaginável em 1966. 3.2.1.1 Imputação do pagamento O art. 163 do CTN regula a imputação de pagamento de créditos tributários e deverá ser analisado em combinação com os artigos 186 e 187, parágrafo único. Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas: I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; III - na ordem crescente dos prazos de prescrição; IV - na ordem decrescente dos montantes. A imputação em pagamento tem lugar quando se verifica que o mesmo sujeito passivo possui perante o mesmo sujeito ativo mais de um débito e oferece para pagamento montante insuficiente para quitação de tudo o que deve. O CTN optou por atribuir à autoridade administrativa de, seguindo rígida disciplina legal, estabelecer quais os débitos que serão quitados pelo montante oferecido pelo sujeito passivo, dada a impossibilidade de plena quitação. Todavia, hoje em dia, como o pagamento dos tributos é feito na rede bancária sem a supervisão da autoridade administrativa e por meio de documentos em que se indica com precisão o crédito tributário que o sujeito passivo está pagando, é improvável a utilização das regras sobre imputação de pagamento pela autoridade administrativa. Excepcionalmente, seria possível a utilização do instituto se, em algum dos casos de cobrança coletiva de créditos (falência, por exemplo), ao chegar o momento de pagar os créditos tributários de determinado ente, o montante de recursos disponíveis não for 23 suficiente para a quitação de todos os créditos, restando a autoridade administrativa a incumbência de proceder à imputação, seguindo os parâmetro do art. 163. Contribuinte e responsável. Os créditos devidos na qualidade de contribuinte têm preferência em relação àqueles que o sujeito passivo deve na qualidade de responsável. O sentido desse dispositivo está no fato de que, em algumas hipóteses, o crédito exigível do responsável – que tem grande possibilidade de não ser pago, eis que não tem prioridade – pode também ser exigido do respectivo contribuinte. Sendo o sujeito passivo devedor de vários créditos como contribuinte, ou de vários créditos como responsável, uns e outros deverão ser ordenados, utilizando-se os critérios seguintes. Caráter contraprestacional do tributo. Determina o CTN que os créditos devem ser postados na ordem inversa do grau de contraprestação do tributo a que se refira. Em primeiro lugar deverão ser pagas as contribuições de melhoria, depois as taxas e, por último, os impostos. Embora os recursos arrecadados com os tributos contraprestacionais (taxa e contribuição de melhoria) não precisem ser necessariamente utilizados na respectiva atividade estatal, o CTN adotou a presunção de que, quanto mais contraprestacional é o tributo, mais a ausência de seus valores é sentida no caixa público. Se, ainda assim, os critérios não foram suficientes para determinar a ordem exata (existem dois impostos devidos na qualidade de contribuinte, por exemplo), aplica-se o terceiro critério. Prazo prescricional. Fixa o Código que devem ter prioridade aqueles créditos cuja data de prescrição está mais próxima. Ou seja, deve ser pago em primeiro lugar o crédito cuja prescrição aconteceria em dois meses, por exemplo, deixando-se num segundo plano aquele cuja prescrição só ocorreria em três ou quatro anos. O sentido da regra é dar prioridade a créditos onde é maior o perigo da perda do direito de ação de cobrança. Se, ainda assim, a ordem não se estabelece completamente (por exemplo, existem dois impostos devidos como contribuinte cujos créditos iriam prescrever numa mesma data), aplica-se o último critério. Valor do crédito. Possuem prioridade os créditos de maior valor. Tal regra, significa um mero desempate, presumindo-se que, muito dificilmente, haveria coincidência de valores. Exemplo. Imagine que uma empresa deva à União vários tributos. Suponha que tenhamos os seguintes créditos a imputar: a) IPI, como responsável, no valor de R$200.000,00, e prescrição prevista para 15/04/2002; b) II, R$30.000,00, prescrição para 29/12/2003 c) IE, R$40.000,00, prescrição para 14/05/2004 d) Taxa, R$500,00, prescrição para 30/11/2005 e) Contribuição de melhoria, R$1.000,00, como responsável, e prescrição para 12/10/2001 24 f) IR, R$80.000, prescrição para 29/12/2003 Aplicando-se o primeiro critério, temos que, em primeiro lugar, viriam, empatados: II, IE, Taxa e IR. Em segundo lugar, empatados, IPI e a Contribuição de melhoria. Devido ao empate, devemos nos socorrer ao critério seguinte. Aplicando-se o segundo critério, temos: em primeiro lugar a Taxa e, em segundo, empatados, II, IE e IR. Temos, ainda, em terceiro lugar, a Contribuição de Melhoria e em quarto lugar o IPI. Passemos ao terceiro critério. Aplicando-se o terceiro critério, temos: (1o) a Taxa, (2o) II e IR, empatados, (3o) IE, (4o) Contribuição de melhoria; (5o) IPI. Como ainda temos empate, segue a aplicação do último critério. Enfim, aplicando-se o quarto critério, teríamos: (1o) Taxa, (2o) IR, (3o) II, (4o) IE, (5o) Contribuição de melhoria e (6o) IPI. Não podemos confundir o mecanismo da imputação de pagamento, hipótese em que existem vários créditos devidos a uma mesma Fazenda credora, com o concurso de credores (que ainda será objeto de nosso estudo) entre as Fazendas Públicas (art. 187, parágrafo único, do CTN), hipótese em que existem vários créditos tributários que são devidos a várias Fazendas, tendo os tributos devidos à União precedência sobre os devidos aos Estados e Distrito Federal e estes sobre os devidos aos Municípios. 3.2.1.2 Pagamento indevido e restituição (repetição de indébito) É cediço em direito que quem pagou o que não era devido possui direito à restituição. O fundamento da regra é vedação do enriquecimento sem causa, pois não é justo que alguém obtenha um aumento patrimonial sem que tenha concorrido para tanto, sendo apenas beneficiário do erro de outrem. O tema do pagamento indevido temrelação direta com o princípio jurídico pelo qual ninguém deve enriquecer-se de forma injusta. Tal preceito aplica-se também à Fazenda Pública. O tributo é devido por força da lei e nos termos que ela define. Se, por qualquer motivo, o sujeito passivo da obrigação tributária paga algo que extrapola o que realmente deve, tem direito à devolução. A doutrina moderna e o próprio Código adotam a idéia de que aquilo que se pagou indevidamente, pensando-se estar pagando tributo, não pode ser encarado como livre doação em prol da Fazenda. Trata-se de erro, cuja correção se dá pela restituição, a ser requerida pelo interessado, junto ao órgão fazendário respectivo. Ao pagar algo indevido, aquele que pagou torna-se credor junto à Fazenda Pública recebedora. Nesse momento, cria-se uma relação jurídica obrigacional em que a Fazenda é a devedora e a pessoa que pagou, credora. Tal relação obrigacional não tem natureza tributária, mas sim civil. O valor a ser restituído não é tributo, eis que não decorre de imposição da lei tributária, mas sim do dever geral de devolver aquilo que não lhe pertence. Aliás, podemos dizer que, a rigor, tal valor, inclusive na ocasião em que foi entregue indevidamente à Fazenda, de tributo também não se tratava, eis que não era devido nos termos da lei. Tanto não era devido que dá ensejo à restituição. 25 Na esteira desse raciocínio, o art. 165 do CTN afirma: Pagamento Indevido Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. Embora disciplinado no capítulo destinado às formas de extinção do crédito tributário, o pagamento indevido como o próprio nome indica, não constitui uma forma de extinção da obrigação tributária do sujeito passivo. O pagamento indevido gera um direito para o sujeito passivo que se torna credor do indébito tributário. Se a Fazenda Pública recebe um crédito ao qual não tinha direito, fica obrigada a restituir a quantia paga. Assim, o sujeito passivo tem direito a pedir restituição da quantia entregue a Fazenda Pública, nos seguintes casos: a) Cobrança de tributo por parte do Poder Público a que o sujeito passivo não estava obrigado, por uma das seguintes razão: A lei foi posteriormente declara inconstitucional; A lei foi declarada ilegal por ferir dispositivos do CTN; Erro na identificação do sujeito passivo (contribuinte ou responsável foi notificado para pagar o tributo, entretanto, não era ele obrigado); b) Pagamento espontâneo de tributo pelo contribuinte a que não estava obrigado por uma das seguintes razões: Pagamento maior que a quantia devida; Pagamento por interpretação errada do fato gerador feita pelo sujeito passivo; Erro na determinação da alíquota aplicável a base de cálculo do tributo; Reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão que anteriormente condenou o sujeito passivo a pagar tributo Ao pagar algo indevido, aquele que pagou torna-se credor junto à Fazenda Pública recebedora. Nesse momento, cria-se uma relação jurídica obrigacional em que a Fazenda é a devedora e a pessoa que pagou, credora. Tal relação obrigacional não tem natureza tributária, mas sim civil. O valor a ser restituído não é tributo, eis que não decorre de imposição da lei tributária, mas sim do dever geral de devolver aquilo que não lhe pertence. Aliás, podemos dizer que, a rigor, tal valor, inclusive na ocasião em que foi entregue indevidamente à Fazenda, de tributo também não se tratava, eis que não era devido nos 26 termos da lei. Tanto não era devido que dá ensejo à restituição, como já explicitado, na vedação ao enriquecimento sem causa. Cabe ao contribuinte credor requerer sua restituição junto ao órgão fazendário. 3.2.1.3 Formas de restituição do indébito tributário. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005) II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada. A devolução do indébito tributário somente será efetuada mediante processo administrativo ou judicial. O pedido de devolução tem o prazo prescricional OU DECADÊNCIA? de cinco anos fixados no art. 168 do CTN, supratranscrito. A doutrina diverge quanto à natureza jurídica desse prazo: se é de decadência ou é de prescrição, prevalecendo o entendimento majoritário que se trata de prazo decadencial, o STJ e o STF, no entanto, adotam o entendimento de que se trata de prazo prescricional. Luciano Amaro ao analisar os artigos 168 a 169 do CTN, afirma: “Mais uma vez aqui o legislador ficou impressionado com os aspectos periféricos da decadência e da prescrição e, aparentemente, deu ao prazo de cinco anos a natureza decadencial, e ao de dois anos o caráter prescricional. Não vemos razão para isso. Não há motivo lógico ou jurídico para a diversidade de tratamento (...)‖. Aliomar Beleeiro rotulava-o de decadência; Alberto Xavier, por sua vez considerava- o prescricional. JURISPRUDÊNCIA Tributário. IPTU. Tributo lançado de ofício. Repetição de indébito. Prescrição. Art. 168 c/c art. 165 do CTN. Interrupçao. Art. 219, § 1º, do CPC.” STJ REsp nº 693.178/PR – DJ 19/12/2005. P.347. ______ ―...A norma do art. 168 do CTN, reveladora do prazo prescricional de cinco anos, é aplicável em se verificando o ingresso imediato no Judiciário...‖ STF ACO- embargos à execução-AgR nº 408/SP: Tribunal Pleno – Publicação: DJ 27/06/2003, p. 00030. Ement. Vol. 02.116.01, p. 00013. Importante no entanto observar que as bancas de concurso têm preferido associá-lo ao prazo prescricional. Apesar de o prazo para a formulação do pedido de restituição ser de 5 anos, não é uniforme a sua data de início de contagem. O CTN prevê (art. 168) dois termos de início da contagem, aplicáveis a duas situações diversas. Embora o tema envolva, até hoje, algumas controvérsias, deixaremo-las de lado por fugir ao propósito do curso. O prazo pode começar a ser contado: (i) do pagamento indevido (art. 168, I); ou 27 (ii) da decisão final – administrativa ou judicial – que entender indevido o tributo pago (art. 168, II). O primeiro termo inicial – data do pagamento indevido – aplica-se àqueles casos em que o sujeito passivo tenha pago indevidamente, de maneira espontânea, por algum tipo de erro. Nessa situação, a lógica de o prazo
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