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1 Tratamento Farmacológico das Doenças Neurodegenerativas Prof. Dr. Gilda Ângela Neves - 2015 Doenças NeurodegenerativasDoenças Neurodegenerativas Caracterizadas pela perda neuronal em determinadas áreas do Sistema Nervoso Central Doença de Parkinson Doença de Alzheimer Doença da Huntington Esclerose Amiotrófica Lateral 2 Doença de Parkinson 1817 – James Parkinson – Paralisia Agitante Segunda doença neurodegenerativa mais comum Incidência – 100 a 200 casos por 100.000 habitantes Prevalência – 1% acima de 65 anos 3% acima de 80 anos Doença de Parkinson Sintomas Motores Tremor em repouso Bradicinesia Rigidez Anormalidades posturais Distúrbios da marcha Face inespressiva Sintomas Não-Motores Depressão, distúrbios do sono, alterações sensoriais, declínio cognitivo 3 � Degeneração dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substância negra � Corpúsculos de Lewy (α-sinucleína) Doença de ParkinsonDoença de Parkinson PatofisiologiaPatofisiologia Doença de ParkinsonDoença de Parkinson ORIGEM ????? Substâncias neurotóxicas Disfunção mitocondrial Estresse oxidativo Fatores genéticos DA + O2 + H2O DOPAC + NH3 + H2O2 H2O2 + Fe2+ OH• + OH- + Fe3+ Metabolismo Oxidativo da DopaminaMetabolismo Oxidativo da Dopamina 4 Sistema Extrapiramidal Gânglios da Base • Caudado • Putâmen • Globo pálido • N. Subtalâmico • Subst. negra Estriado Via Direta: Facilita MovimentosVia Direta: Facilita Movimentos Tálamo Córtex SNr GPi + Glu + Glu + Glu - GABA - GABA SNr: Subst. Negra - Pars Reticulata SNc: Subst. Negra - Pars Compacta GPi: Globus Pallidum – div. Interna GPe: Globus Pallidum – div. Externa nST: núcleo Subtalâmico Estriado GABA (-) Glutamato (+) Hipercinesias (coréias, distonias) 5 Via Indireta: Dificulta MovimentosVia Indireta: Dificulta Movimentos Tálamo Córtex + Glu + Glu + Glu + Glu Estriado GPe nST - GABA - GABA SNr GPi - GABA SNr: Subst. Negra - Pars Reticulata SNc: Subst. Negra - Pars Compacta GPi: Globus Pallidum – div. Interna GPe: Globus Pallidum – div. Externa nST: núcleo Subtalâmico Hipocinesias (bradicinesia, instabilidade postural, rigidez) Via NigroestriatalVia Nigroestriatal Via Direta (EXCITATÓRIA) Via Indireta (INIBITÓRIA) Subst. Negra pars compacta Estriado ACh + Dop -- GABAGABA D2 D1 Dop + Glu Glu D2 6 Doença de ParkinsonDoença de Parkinson Tálamo Córtex Estriado GPe nST + Glu + Glu + Glu - GABA + Glu - GABA SNr GPi - GABA - GABA SNc + Dop - Dop Doença de ParkinsonDoença de Parkinson Via Direta (EXCITATÓRIA) Via Indireta (INIBITÓRIA) Subst. Negra pars compacta Estriado ACh +++ GABAGABA D2 D1 Glu Glu D2 7 DopaminérgicaAnticolinérgica ACh DA Terapia FarmacológicaTerapia Farmacológica � Paliativa – redução dos sintomas a fim de manter a qualidade e aumentar a expectativa de vida do paciente Levodopa Inibidores da Dopa Descarboxilase Inibidores da COMT Inibidores da MAO-B Agonistas Dopaminérgicos Antagonistas Muscarínicos Amantadina 8 LevodopaLevodopa OH OH NH2 OH O H � Eficaz frente a todos os sintomas da doença � Absorção intestinal e passagem pela BHE por difusão facilitada (transportador de aminoácidos aromáticos) � Descarboxilada → dopamina Reações Adversas - Náuseas, vômitos, anorexia - Hipotensão ortostática - Arritmias - Fadiga, sonolência OH OH OH O NH NH2 OH OH N H N H OH OH O NH2 H Carbidopa (Sinemet®) Benserazida (Prolopa®) Inibidores da Dopa DescarboxilaseInibidores da Dopa Descarboxilase � Utilizados em associação com levodopa; � Não cruzam a BHE – inibem a descarboxilação periférica da levodopa; � Reduzem em até 10 x a dose necessária de levodopa 9 Associação Associação LevodopaLevodopa -- CarbidopaCarbidopa � Contra-Indicações: pacientes com distúrbios psicóticos, glaucoma de ângulo fechado Complicações do Uso Prolongado � Sintomas psicóticos � Discinesias (80% dos pacientes) coréia, atetose, balismo, distonia, mioclonia, tiques, tremores � Deterioração do final da dose (wearing off) � Flutações rápidas (on/off) entre ausência de benefício e discinesias Janela Terapêutica da LevodopaJanela Terapêutica da Levodopa 10 Inibidores da COMTInibidores da COMT � Utilizados apenas em associação com levodopa + carbidopa; � Inibem a metabolização periférica da levodopa a 3-O-metildopa; � Prolongam em até 1h o efeito da levodopa, aumentando a duração do período on; � RAM – similares as da levodopa � Tolcapona – hepatotoxicidade (2%) OH OH O CH3 NO2 OH OH NO2 N CH3 CH3 O CN Tolcapona (Tasmar®) Cruza BHE Maior duração de ação Entocapona (Comtun®) Não cruza a BHE Menor duração de ação 11 MAO-B – enzima predominante no estriado, responsável pela degradação da dopamina nesta estrutura. � Ação central; � Prolongam a ação da levodopa em até 1h; � Associação com levodopa ou com levodopa + carbidopa; � Podem potenciar discinesias; � Inibem o metabolismo oxidativo da dopamina – neuroproteção??? � Selegilina – metabolizada a anfetamina Inibidores da MAOInibidores da MAO--BB N CH3 CH3H N H Selegilina (Deprilan®, Elepril®) Rasagilina (Azilect®) Agonistas DopaminérgicosAgonistas Dopaminérgicos � Não dependem da capacidade funcional dos neurônios da substância negra; � Diminuem o metabolismo oxidativo da dopamina (ação pré-sináptica); � Maior duração de ação (t½ longo) � Menor incidência de flutuações de resposta e de discinesias quando comparados à levodopa; � Podem ser utilizados em monoterapia ou associação com levodopa + carbidopa (controle das flutuações de resposta). � Acréscimos de 57 a 175% de períodos on sobre os off, com benefício em 43% dos casos. � Possibilitam redução da posologia de levodopa em 25% a 90%. � Reações adversas: similares às da levodopa, porém mais leves; � Contra-indicações: pacientes com desordens psicóticas, IAM recente ou úlceras pépticas ativas. 12 N H N CH3 S CH3 H H N H N Br CH3 O N H O N N O O OH CH3 CH3 CH3 CH3 H H N O N SN NH2 N H CH3 Pergolida (Celance®) Agonista D1 e D2 Bromocriptina (Parlodel®) Agonista D2 e Antagonista D1 Ronipirol (Mirapex®) Agonista D2 Pramipexol (Sifrol®) Agonista D2 Alcalóides do Ergot Profunda hipotensão, naúseas Ajuste lento de doses (semanas a meses) Maior tolerabilidade Ajuste de dose mais rápido (1 semana) Sonolência Agonista D2 e agonista parcial D1 Antagonistas MuscarínicosAntagonistas Muscarínicos � Eficazes principalmente na redução dos tremores e da rigidez muscular, eficácia limitada frente a bradicinesia; � Aumento de dose gradual – relação benefício x reações adversas; � Podem ser associados com levodopa; � Reações adversas: boca seca, visão borrada, prisão de ventre, retenção urinária, dificuldades de memória, sedação, depressão e ansiedade; � Pouco tolerados por pacientes idosos; � Retirada gradual da medicação. NH OH NH OH Biperideno (Akineton®) Triexifenidil (Artane®) + + 13 AmantadinaAmantadina (Mantidan®)(Mantidan®) NH2 � Mecanismo não completamente elucidado: aumenta a liberação de dopamina no estriado, antimuscarínica e antagonista NMDA; � Trata todos os sintomas, porém com eficácia limitada; � Duração de efeito de apenas poucas semanas; � Pode ser utilizada em monoterapia ou em associação com levodopa (controle das flutuações de resposta e discinesias);� Reações Adversas: agitação, depressão, irritabilidade, insônia, excitação, alucinação, confusões, livedo reticularis. Diagnóstico de Doença de Parkison Paciente apresenta prejuízo funcional? Orientação e tratamento não-farmacológico Terapia farmacológica Os sintomas são leves? Paciente < 60 anos e sem déficit cognitivo? Selegilina Biperideno Amantadina Levodopa/carbidopa ou agonistas dopaminérgicos Melhora funcional?Melhora funcional? MonitoramentoTerapia adjuvante sim sim sim sim sim não não não não não 14 Doença de AlzheimerDoença de Alzheimer 1899 – Kraepelin– Classificação dos Ditúrbios Mentais Demência Senil ≠ Demência Precoce 1907 – Alois Alzheimer Descrição de um tipo único de demência pré- senil, de rápida evolução (4 ½ anos), acompanhada de alterações de personalidade Atrofia do córtex cerebral Placas senis (extracelular) Emaranhados neurofibrilares (intraceular) Doença de AlzheimerDoença de Alzheimer Sintomas Cognitivos: perda de memória (perda de objetos, detalhes da vida cotidiana), apraxia, desorientação (déficit na percepção do tempo e incapacidade de reconhecer pessoas conhecidas), déficit de funções executivas Sintomas Não-Cognitivos: depressão, alucinações, delírios, distúrbios comportamentais (agressividade, hiperatividade motora, falta de cooperação, tendência a vaguear, tendência a atividades repetitivas) Sintomas Funcionais: incapacidade de auto-cuidado (vestir-se, tomar banho, ir ao banheiro, alimentar-se) 15 Evolução da Doença de AlzheimerEvolução da Doença de Alzheimer Doença de Alzheimer Doença de Alzheimer -- Fisiopatologia Fisiopatologia Normal DA 16 ExcitotoxicidadeExcitotoxicidade 17 Evolução dos BiomarcadoresEvolução dos Biomarcadores Jack et al., Lancet Neurol. 2011 Hipótese Colinérgica da DAHipótese Colinérgica da DA � perda de neurônios colinérgicos (e outros) � redução de níveis de acetilcolina (e outros) � perda de receptores nicotínicos � anticolinérgicos provocam confusão mental e amnésia � possível ligação entre receptores nicotínicos e metabolismo de Tau, muscarínicos e APP N. basalis Meynert N. septal medial 18 Tratamento Farmacológico da Doença Tratamento Farmacológico da Doença de Alzheimerde Alzheimer � Não existem medicamentos capazes de curar a doença de Alzheimer � As intervenções farmacológicas disponíveis tem como objetivo minimizar os sintomas (especialmente os cognitivos) e retardar a progressão da doença � Tratamento farmacológico dos sintomas secundários pode ser realizado com monitoramento cauteloso e deve ser avaliado caso a caso � Logo após o diagnóstico, o paciente e seu responsável devem ser informados sobre o prognóstico da doença, as decisões legais e as mudanças no estilo de vida que serão necessárias com a progressão da doença � A eficácia dos fármacos é maior nas fases iniciais da doença (sintomas leves a moderados) � Apresentam eficácia moderada para a retomada das atividades diárias e no retardo da progressão da doença � Os efeitos terapêuticos só se tornam evidentes após 1 mês de utilização dos fármacos � Duração dos efeitos de melhoria cognitiva - ≅ 12 meses � Apenas a donepezila é indicada para o tratamento de pacientes em fases avançadas da doença Inibidores da AcetilcolinesteraseInibidores da Acetilcolinesterase 19 Inibidores da AcetilcolinesteraseInibidores da Acetilcolinesterase Inibidor não-seletivo (AchE e BuChE) Ação rápida e reversível Não apresenta seletividade pelo SNC Hepatotoxicidade N NH2 Tacrina (Cognex®) Donepezila (Eranz®) Inibidor seletivo da AchE Ação rápida e reversível Apresenta seletividade pelo SNC O CH3 O CH3 O N Inibidores da AcetilcolinesteraseInibidores da Acetilcolinesterase Rivastigmina (Exelon®) Inibidor não-seletivo (AchE e BuChE) Ação pseudo-irreversível Apresenta seletividade pelo SNC Galantamina (Reminyl®) Inibidor seletivo da AchE Ação rápida e reversível Potenciador alostérico nicotínico Não apresenta seletividade pelo SNC O N N CH3 CH3 O CH3CH3 O N CH3 O CH3 OH 20 Benefício dos AnticolinestrásicosBenefício dos Anticolinestrásicos Donepezila Geldmacher et al. J Am Geriatr Soc 2003; 51: 937-944 Francis (2005) CNS Spectr. 10(11 Suppl 18):6-9 ketamine MemantinaMemantina 21 � Mecanismo de Ação: antagonista não-competitivo do receptor NMDA (neuroprotetor??) � Indicada para o tratamento da doença de Alzheimer de moderada a grave � Pode ser associada a inibidores da acetilcolinesterase � Geralmente adicionada à terapia quando o paciente começa a não responder satisfatoriamente à monoterapia com inibidores da acetilcolinesterase �Reações Adversas: prisão de ventre, confusão, tonturas, dores de cabeça, tosse e hipertensão MemantinaMemantina NH2 CH3 H3C NH2 CH3 H3C Farmacocinética Efeitos prolongados 22 � Agonistas seletivos de receptores M1 - Xanomelina - Talsaclidina - Sabcomeline - MCD-386 - Milamelina � Agonistas de receptores nicotínicos - Nicotina - ABT418 - GTS-21 - Vareniclina - SIB-1553A* - AZD1446 - EVP-6124 * - RO5313534 Novos Fármacos para o Tratamento da DANovos Fármacos para o Tratamento da DA 23 � Inib. de secretase: LY450139, BMS-708163* � Anticorpos e vacinas anti-Aβ: solanezumab* � Anti-amilóides: homotaurina (3APS)* � Anti-histamínico (?): dimebon � Neuroprotetores � Vitamina E, Se, selegilina, resveratrol* � Esteróides: estrogênios, prednisona, EPIA* � Anti-inflamatórios não-esteróides, DHA* � Ginkgo biloba, antioxidantes, curcumina* � NGF (com vetor viral): CERE-110* Novos Fármacos para o Tratamento da DANovos Fármacos para o Tratamento da DA
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