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Aula Fac Mga art 14 15 16 17 e 19 MAIO 2016

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I-CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1)-DISPOSITIVO LEGAL:
	O legislador esclarece quais são os momentos por ele considerados como consumação de um crime e também tentativa noart. 14, CP.
Art.14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
2)-ITER CRIMINIS OU CAMINHO DO CRIME:
	Sãoetapas que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito.
	É o caminho percorrido pelo crime desde seu surgimento na ideia íntima do agente, até a sua consumação.
	O “iter criminis”é composto por05 fases:
1.cogitação (cogitatio):Fase interna ao agente.
	Corresponde à definição da infração que deseja praticar erepresentação e antecipação mental do resultado;
2.preparação (atos preparatórios):Eleição dos meios dos quais fará uso para alcançar o resultado;
3.execução (atos de execução):É o início da execução do crime.
	Aqui, duas situações podem ocorrer:
a)-oagente consuma a infração penal;
b)-a infração não chega a consumar-se, por circunstâncias alheias à vontade do agente, ocorrendo então a tentativa.
4. consumação (summatum opus);
5. exaurimento:	é a fase que se situa após a consumação do delito, esgotando-o plenamente.
OBS:O “iter criminis” somente se refere aos crimes dolosos, não existindo quando a conduta do agente for culposa.
3)-CONSUMAÇÃO:
	Diz-se estar consumado o crime quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (art.14, I, CP).
	Dada a variedade de espécies de delito, vários também são os momentos em que eles se consideram consumados.
	Para cada tipo de crime há um momento de consumação:
a)-crimes materiais, omissivos impróprios e culposos:
	consumam-se quando há a produção do resultado naturalístico, ou seja, a modificação no mundo exterior.
	P.ex., homicídio (art. 121, CP);
b)-crimesomissivos próprios:
	consumam-se com a abstenção do comportamento imposto ao agente.
	P.ex., omissão de socorro (art. 135, CP);
c)-crimes demera conduta ou simples atividade:
	consumam-se com o simples comportamento previsto no tipo, não se exigindo qualquer resultado naturalístico.
	P.ex., violação de domicílio (art. 150, CP);
d)-crimesformais ou de consumação antecipada:
	consumam-se com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo, independentemente da obtenção do resultado esperado pelo agente, que, caso aconteça, será considerado meroexaurimentodo crime.
	P.ex., extorsão mediante sequestro (art. 159, CP);
e)-crimequalificados pelo resultado:
	consumam-se com a ocorrência do resultado agravador.
	P.ex., lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 2º, V, CP);
f)-crimes permanentes:
	consumam-se enquanto durar a permanência, vez que o crime permanente é aquele cujaconsumação se prolonga no tempo.
	P.ex., sequestro e cárcere privado (art. 148, CP).
4)-NÃO PUNIBILIDADE DA COGITAÇÃO E DOS ATOS PREPARATÓRIOS:
	O crime tentado ocorre quando,INICIADA SUA EXECUÇÃO,não se consuma por circunstâncias alheias à vontade doagente.
	Daí pode-se concluir que a conduta criminosa só é punível após a 3ª fase do “iter criminis”,ou seja, após a prática de atos executórios, excluídas, portanto, a cogitação e a preparação.
	Acontece que, em alguns casos expressamente previstos nalei, os atos preparatórios foram alçados pelo legislador penal à categoria de delito autônomo.
	É o caso, p. ex., do delito previsto noart. 294, CP(Petrechos de Falsificação) eart. 25, da LCP(gazuas, chaves falsas).
	P. ex.,Quando 03 ou mais pessoasse reúnem para a prática de um único crime de furto, essa conduta não é punida pelo direito penal, pois a reunião é considerada mero ato preparatório para aquele fim.
	Por sua vez, quando04 pessoas ou mais pessoasse reúnem com a finalidade de praticar crimes, não sendo uma reunião eventual, mas de caráter duradouro, o que antes era mero ato preparatório passa a ser crime autônomo(organização criminosa – art. 1º dalei 12.850, de 02 AGO 2013).
OBS-A cogitação, jamais poderá ser objeto de repressãopenal “cogitationis poenam nemo patitur”.
5)-DIFERENÇA ENTRE ATOS PREPARATÓRIOS E ATOS DE EXECUÇÃO:
	É extremamente importante o estudo sobre essa diferenciação, tendo em vista que, conforme exposto anteriormente, somente após iniciados os atos deexecução o direito penal poderá usar sua força repressiva, e entre a preparação e a execução de um delitoé tênue a linha divisória.
	Várias teorias tentaram definir a tentativa, senão vejamos:
a)-teoria subjetiva:
	haveria tentativa quando o agente, demodo inequívoco, exteriorizasse sua conduta no sentido de praticar a infração penal.
	Essa teoria não faz distinção entre os atos preparatórios e os de execução.
	P.ex.,caso um sujeito queira matar o outro em uma emboscada, encurralando-o numa viela por onde sempre passava, e, por um motivo qualquer, no dia exato em que aguardava a vítima, esta resolveu fazer o caminho de carro, responderia por tentativa, vez que exteriorizou de maneira inequívoca sua intenção criminosa;
b)-teoria objetiva:
b.1)-formal:
	Formulada por Beling, só haveria tentativa quando o agente já tivesse praticado a conduta descrita no núcleo do tipo penal.
	Tudo o que antecede a esse momento é considerado como ato preparatório.
	P.ex.,No homicídio com arma de fogo, a ação de matar começa no acionamento do gatilho da arma carregada e apontada para a vítima;
b.2)-material:
	É um complemento da primeira.
	Incluem-se no âmbito da tentativa as condutas que, por sua necessária vinculação com a ação típica, aparecem como parte integrante dela, segundo uma natural concepção ou que produzem uma imediata colocação em perigo de bens jurídicos.
	P. ex.,no homicídio o fato de apontar a arma para a vítima;
c)-teoria da hostilidade ao bem jurídico:
	ocorreria tentativa quando houvesse uma agressão direta ao bem jurídico.
	Ato de execuçãoé o que ataca efetiva e imediatamente o bem jurídico.
	Ato preparatórioé o que possibilita, mas não é ainda, sob o prisma objetivo, o ataque ao bem jurídico.
OBS:- Ainda não surgiu uma teoria suficientemente clarae objetiva que pudesse solucionar esse problema.
6)-DÚVIDA SE O ATO É PREPARATÓRIO OU DE EXECUÇÃO
	Se no caso concreto, após analisar a conduta do agente e uma vez aplicadas as teorias acima descritas, ainda persistir a dúvida para distinguir os atospreparatórios dos executórios, deve-se decidir em benefício do agente, no sentido de se declarar a inexistência da tentativa.
7)-TENTATIVA E ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO MEDIATA
	De acordo com o que foi visto anteriormente, dado o princípio dalegalidade somente a conduta que perfeitamente se amolde no tipo descrito na lei penal (tipicidade formal) poderá ser objeto de sanção pelo direito penal.
	Porém, uma vez que o legislador, via de regra, descreve a consumação do delito no tipo penal, como adequar a tentativa (em que não há consumação) aos respectivos tipos?
	Para se evitar que as condutas restem impunes, foram criadas asNORMAS DE EXTENSÃO, tais como a prevista no art. 14, II, CP, que funcionam fazendo com que se amplie a figura típica, de modo a abranger situações não previstas expressamente pelo tipo penal.
	Assim, quando não é o próprio tipo quem prevê expressamente a tentativa, como noart. 352, do CP, OCORRE UMA ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO INDIRETA, OU MEDIATA, pois será necessária a ação de uma norma de extensão prevista na lei.
	P. ex., furto tentado (art. 155 “caput c/c o art. 14, II, CP).
8)-ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM O CRIME TENTADO:
	Para que haja tentativa, são necessários três requisitos:
a)-conduta dolosa;
b)-prática de atos de execução;
c)-o crimenão se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
	Não existe dolo próprio para o crime tentado.
	O dolo do agenteé dirigido a realizar a conduta descrita no tipo penal.
	Quando o agente exterioriza a suaação, o faz com a vontade de consumar a infração penal.
	Quando a sua ação é interrompida por circunstâncias alheias à sua vontade, o seu dolo não se modifica.
9)-TENTATIVA PERFEITA E IMPERFEITA
a)-Tentativa Perfeita, Acabada, ou Crime Falho:
	Ocorre quando o agente esgota todos os meiosque tinha ao seu dispor a fim de alcançar a consumação da infração penal, que somente não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade.
	P.ex.,TÍCIO armado com revólver carregado com 06 cartuchos, efetua 2 disparos contra a vítima, acertando-a em região letal e resolve parar de atirar, supondo que os ferimentos levarão a vítima à óbito e vai embora.
	A vítima é socorrida e salva diante de uma intervenção cirúrgica;
b)-Tentativa Imperfeita, Inacabada:
	Ocorre quando o agente é interrompido durante a prática dos atos de execução, não chegando a fazer tudo aquilo que intencionava visando consumar o delito.
	P.ex.,TÍCIO ainda durante os atos de execução, é interrompido sem que, de acordo com o seu entendimento, tenha exaurido tudo aquilo que entenda como necessário à consumação do crime de homicídio, sendo a vítima salva.
10)-TENTATIVA E CONTRAVENÇÃO PENAL
	Sendo o Dec-Lei nº 3.688/41(LCP) regra especial em relação ao CP e, ainda, prevendo em seu art. 4º, quenão é punível a tentativa de contravenção,não se aplica o art. 14, II, CP, sendo impossível, portanto, a adequação típica de subordinação indireta ou mediata.
	Contravenção não consumada éfato atípico.
11)-CRIMES QUE NÃO ADMITEM A TENTATIVA
a)-crimeshabituais:
	São delitos em que, para se chegar à consumação, é preciso que o agente pratique, de forma reiterada e habitual, a conduta descrita no tipo.
	P. ex.,art. 229, CP e art. 284, CP;
b)-crimes preterdolosos:
	Fala-se em preterdolo quando há dolo na conduta antecedente e culpa no resultado consequente.
	As infrações culposas demandam resultado.
	Se não há resultado, não há crime culposo (e na tentativa não há resultado, ao menos o pretendido pelo autor).
	P.ex.,art. 129, § 3º, CP;
c)-crimesculposos:
	Se não há vontade dirigida à prática de uma infração penal não existirá a necessária circunstância alheia à vontade do agente, que impediria a consumação do delito.
	Não existeiter criminisem delito culposo.
	ENTRETANTO, NA CULPA IMPRÓPRIA PODER-SE-IA COGITAR EM TENTATIVA.
	Ocorre CULPA IMPRÓPRIA quando o agente, em virtude de ERRO EVITÁVEL PELAS CIRCUNSTÂNCIAS, dá causa DOLOSAMENTE a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um DELITO CULPOSO;
d)-crimes de atentado ou empreendimento:
	São crimes nos quais a simples prática da tentativa é punida com as mesmas penas do crime consumado.
	Na verdade, nesse caso pode ocorrer tentativa.
	A diferença é que não haverá qualquer diminuição na pena do agente se ele não alcança o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade.
	P. ex.,art. 352, CP;
e)-crimes unissubsistentes:
	Éo crime no qual a conduta do agente é exauridanum único ato, não se podendo fracionar oiter criminis.
	P. ex.,art. 140, CP (injúria verbal);
f)-crimesomissivos próprios:
	Nesses crimes, ou o agente não pratica a conduta determinada pela lei e consuma a infração, ou pratica a conduta, não havendo qualquer fato típico.
	P.ex.,art. 135, CP.
12)-TENTATIVA E CRIME COMPLEXO
	Crime complexo é aquele emque, numa mesma figura típica, há a fusão de dois ou mais tipos penais.
	Consumam-se os crimes complexos pela realização dos dois tipos integrantes de sua essência.
	O problema surge em relação aolatrocínio(homicídio + subtração):
a)-homicídio consumado + subtração consumada = latrocínio consumado;
b)-homicídio tentado + subtração tentada = latrocínio tentado;
c)-homicídio tentado + subtração consumada = ?
	Para o profº NELSON HUNGRIA, haveriatentativa de homicídio qualificado(art. 121, § 2º, V, CP)
	Esseautor justifica sua posição com base na discrepância entre a conduta do agente e a pena cominada ao latrocínio.
	Acontece que, após 1990, com a Lei 8.072/90, a pena mínima do latrocínio foi aumentada para 20 anos, não mais subsistindo os argumentos do autor.
CONCLUSÃO:
1-Homicídio tentado + subtração consumada = latrocínio tentado.
2-Homicídio consumado + subtração tentada= 3 correntes:
a)-LATROCÍNIO TENTADO, por ser crime complexo;
b)-HOMICÍDIO QUALIFICADO CONSUMADO, nas lições de HUNGRIA,acima descritas;
c)-LATROCÍNIO CONSUMADO–corrente majoritária, inclusive com asúmula 610 do STF.
	Entretanto, para o profº Rogério Greco: havendohomicídio consumado e subtração tentada, deve o agente responder portentativa de latrocínioe não por homicídio qualificado ou mesmo latrocínio consumado.
13)-TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA:
	Ocorre quando o agente, mesmo utilizando-se de todos os meios ao seu dispor, não consegue sequer lesar minimamente o bem jurídico visado.
	Para que se fale emtentativa branca, deve-se analisar o dolo do agente.
	P. ex.,A atira em B e erra o alvo.
	Sem analisar-se o dolo de A não se pode dizer se ele desejava matar, ferir, ou somente expor a vida de 3º a perigo (arts. 121, 129 e 132, respectivamente).
14)-TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE DO CRIME TENTADO:
a)-teoria subjetiva:
	tendo em vista que o agente não consuma o delito por circunstâncias alheias à sua vontade, responde como se houvesse a consumação, aplicando-se a pena do delito consumado e não ocorrendo qualquer redução pelo fato da não consumação do mesmo. (NÃO É ADOTADA NO BRASIL);
b)-teoria objetiva:
	deve haver uma redução na pena quando o agente não consegue alcançar o resultado.
	Entretanto, essa regra sofre algumas exceções, conforme já exposto anteriormente (art. 352, CP-pune-se a tentativa com a mesma pena do crime consumado).
	Assim sendo, adota-se no Brasil aTEORIA OBJETIVA MODERADA, TEMPERADA OU MATIZADA.
15)-TENTATIVA E APLICAÇÃO DA PENA
	Pune-se a tentativa com a pena do crime consumado,reduzida de 1/3 a 2/3.
	Qual o critério a ser utilizado pelo julgador para escolher o percentual de diminuição?
	Entende a doutrina que, quanto mais próximo o agente chegar da consumação da infração penal, menor será o percentual de redução e, ao contrário, quanto mais distante o agente permanecer da consumação do crime, maior será a redução.
16)-TENTATIVA E DOLO EVENTUAL
	É completamente incompatível a tentativa com o dolo eventual. A própria definição legal da tentativa nos impede de reconhece-la noscasos em que o agente atua com dolo eventual.
	Se o CP, em seu art. 14, II, diz ser o crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias À VONTADE DO AGENTE, nos está a induzir, mediante a palavravontade, que a tentativa somente será admissível quando a conduta do agente for finalística e diretamente dirigida à produção de um resultado, e não nas hipóteses em que somente assuma o risco de produzi-lo, nos termos propostos pela teoria do assentimento.
	PORTANTO, O art.14, II, CP adotou, para fins de reconhecimento do dolo, aTeoria da Vontade.
	Para alguns autores espanhóis, essa incompatibilidade se explica no fato de que o dolo eventual tem a estrutura de uma imprudência a que, por razões político-criminais, se aplica a pena do delito doloso.
II-DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
1)-DISPOSITIVO LEGAL:
	O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados (art. 15, CP).
	Quem desiste de prosseguir na execução desiste de perseguir a consumação, evidentemente.
	Oiter criminis, como já se viu, possui 04 fases:cogitação, preparação, execução e consumação.
	A distinção entre desistência voluntária e arrependimento eficazreside, exatamente, na realização das fases do delito.
	Nadesistência voluntáriao agente cessa, voluntariamente, a prática dos atos executórios, deixando de perseguir o resultado inicialmente desejado.
	Noarrependimento eficaz, o agente pratica todos os atos deexecução, passando, nesse momento, a buscar o impedimento do resultado.
	P.ex.,TICIO cogita e se prepara para envenenar a vítima e, no momento em que esta vai, desavisadamente, ingerir a substância letal, TICIO impede que o fato ocorra (desistência voluntária).
	Pode ocorrer, todavia, que a vítima sorva o veneno e o agente, imediatamente, por ato voluntário, ministre-lhe um antídoto, impedindo o resultado morte (arrependimento eficaz).
	Em ambos os casos o agente só é responsável pelos atosjá praticados.
	A doutrina e a jurisprudência a respeito são fartas, mesmo porque há questões doutrináriasrelevantes, como entendimento de estar presente causa de exclusão da punibilidade ou a atipicidade da conduta.
2)-DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA:
	Para que se possa falar em desistência voluntária é necessário que o agente já tenha ingressado na fase dos atos de execução.
	Neste caso, o agente interrompe, voluntariamente, os atos de execução, impedindo, por ato seu, a consumação da infração penal, razão pela qual a desistência voluntária é também conhecida porTENTATIVA ABANDONADA.
	Com a desistência voluntária, o agente só responde pelos atos já praticados, ficando afastada sua punição pela tentativa da infração penal por ele pretendida inicialmente.
	Por razões de política criminal, prefere-se punir a desistência voluntária de forma menos gravosa que a tentativa, numa forma de incentivar o agente a desistir dos atos executórios já tomados a efeito.
	A desistência deve ser voluntária, e nãoespontânea(pode haver interferência de terceiros).
	A lei não exige que o agente decida-se por parar os atos de execução ESPONTANEAMENTE.
	De forma mais clara: para a lei, não interessa se a ideia de desistir da execução partiu do agente (espontaneamente) ou se ele foi induzido a isso por circunstâncias externas que, se não houvessem, não o impediriam de consumar a infração (provocado).
	O que interessa é que o agente, no momento de sua desistência, seja DONO DE SUA VONTADE.
	A desistência tem que serVOLUNTÁRIA.
	O agente deve ter tido a vontade de desistir.
Fórmula de FRANK-serve para distinguir a desistência voluntária dá não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Funciona assim: se o agente disser:
-DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: “posso prosseguir, mas não quero”;
-TENTATIVA: “quero prosseguir, mas não posso”.
2.1)-Responsabilidade do agente somente pelos atos já praticados
	Verifica-se, após a cessação dos atos executórios, quais infrações penais o agente cometeu até o momento dadesistência.
O OBJETIVO DO INSTITUTO É IMPEDIR QUE O AGENTE RESPONDA PELA TENTATIVA.
2.2)-O agente que possui um único cartucho em seu revólver:
	Está é uma questão sempre levantada pela doutrina.
	É o caso do agente que, possuindo um único cartucho emsua arma, dispara-o, agindo com dolo de matar, e atinge seu desafeto em região não letal.
	No caso, poderia ele sustentar a desistência voluntária para se eximir da pena de tentativa?
	RESP-Não!
	O agente, ao efetuar o disparo, exauriu todos os meios dos quais dispunha para causar o resultado morte.
	Tendo deixado a fase dos atos executórios, não mais se pode falar em desistência voluntária, devendo o agente responder, portanto, por tentativa de homicídio, e não por lesões corporais.
3)-ARREPENDIMENTO EFICAZ:
	Ocorre quando o agente, após esgotar todos os meios de que dispunha para chegar à consumação da infração penal, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a produção do resultado inicialmente pretendido.
4)-NATUREZA JURÍDICA DADESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E DO ARREPENDIMENTO EFICAZ:
	Enquanto o profº NELSON HUNGRIA dizia que são causas de extinção da punibilidade não previstas no art.107, CP, os Profº FREDERICO MARQUES, DAMÁSIO e GRECO defendem a tese de que se trata de CAUSAS QUE CONDUZEM ÀATIPICIDADE DO FATO.
5)-DIFERENÇA ENTRE A DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E O ARREPENDIMENTO EFICAZ:
	A diferença reside no momento em que a conduta do agente direcionada ao ilícito cessa: Nadesistência voluntáriao processo de execução do crime aindaestá em curso; Noarrependimento eficaz, a execução do crime já foi encerrada.
	Se, ainda que com a desistência voluntária ou com o arrependimento eficaz o resultado lesivo antes pretendido ocorrer, o agente não será beneficiado com os institutos, respondendo portanto pelo crime consumado.
III-ARREPENDIMENTO POSTERIOR
1)-DISPOSITIVO LEGAL:
	Nos crimes cometidos sem violência ou graveameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 16, CP).
	Diferentemente no disposto no artigo anterior, no caso, ocorreu o resultado.
	Há doutrinadores que criticam o dispositivo, por entender que é um benefício injusto àquele que consumou um delito.
	Mashá, também, aqueles que seguem o entendimento do legislador, que foi não o de beneficiar o agente mas a vítima, oferecendo ao sujeito ativo o benefício, uma vez reparado o dano ou restituída a coisa.
	Como bem ensina o preceito, havendo violência ou grave ameaça à pessoa, não pode ocorrer o arrependimento posterior, como é o caso do roubo.
2)-NATUREZA JURÍDICA:
	Sempre que o legislador nos oferecer em frações as diminuições ou os aumentos a serem aplicados, estaremos, respectivamente, diante de causas de diminuição ou de aumento de pena.
	Se essas causas estiverem na Parte Geral do CP, serão causas gerais de diminuição ou de aumento de pena.
	Se estiverem na Parte Especial, serão causas especiais de diminuição ou de aumento de pena.
	A natureza jurídica do arrependimento posterior é deCAUSA GERAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA.
3)-POLÍTICA CRIMINAL:
	A instituição do arrependimento posterior foifeita mais em benefício da vítima que em benefício do autor, pois serve de incentivo ao infrator a reparar o dano ou restituir a coisa, amenizando, para a vítima, as consequências da infração penal.
4)-MOMENTOS PARA A REPARAÇÃO DO DANO OU RESTITUIÇÃO DA COISA:
	Pela leitura do dispositivo legal percebe-se que o marco final para a reparação do dano ou restituição da coisa é oRECEBIMENTO DA DENÚNCIA.
	OFERECIDA a denúncia, o agente poderá se beneficiar do favor legal, desde que não tenha sido RECEBIDA pelo juiz.
5)-INFRAÇÕES PENAIS QUE POSSIBILITAM A APLICAÇÃO DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR:
	É aplicável a causageral de diminuição de pena a todos os delitos em que não existam como elementares do tipo a violência ou a grave ameaça CONTRA A PESSOA, desde que reparado o dano ou restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário do agente.
6)-ATO VOLUNTÁRIO DO AGENTE:
	Exige-se que o ato seja voluntário (espontâneo ou provocado), e não somente espontâneo.
	Pode ocorrer, entretanto, que 3ª pessoa restitua a coisa ou repare o dano em nome do agente.
	Existe 2 correntes sobre o assunto:
1ª)-MAIS LEGALISTA, mais atrelada à letra da lei, exige a pessoalidade do ato, não permitindo a redução de pena se este for realizado por 3º, ainda que em nome do agente;
2ª)-MAIS LIBERALISTA, atende aos interesses davítima e do agente, permitindo aaplicação da redução de pena.
7)-REPARAÇÃO OU RESTITUIÇÃO TOTAL, E NÃO PARCIAL:
	Para o profº GRECO, a reparação ou restituição devem ser totais, e não parciais.
	A restituição parcial da coisa definitivamente não dá ensejo à redução da pena.
	Na verdade, na impossibilidade de restituição da coisa, ou no caso de sua restituição parcial, admite-se a reparação parcial do dano DESDE QUE CONJUGADO COM O CONFORMISMO DA VÍTIMA.
8)-EXTENSÃO DA REDUÇÃO AOS CO-AUTORES:
	Existem casos em que a subtração da coisaou a realização do dano à vítima são realizados com a participação de dois ou mais agentes.
	Como fica o problema da redução da pena aqui?
a)-se a coisa for restituída integralmente à vítima, ainda que por um só dos agentes, o benefício se estenderá aos demais;
b)-se a coisa for restituída parcialmente, nenhum dos agentes terá direito ao benefício, nem sequer aquele que a restituiu.
	Eo mesmo raciocínio é aplicável à reparação do dano, nos casos em que a restituição da coisa se tornou impossível.
	A reparação do dano é um dado do mundo da realidade, portanto circunstância objetiva, que não se restringe à esfera pessoal de quem a realiza.
9)-COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA E ARREPENDIMENTO POSTERIOR:
	Cooperação dolosamente distinta é aquela que ocorre quando um dos agentes do crime queria praticar crime menos grave do que o efetivamente praticado (art. 29, § 2º, CP).
	Nesse caso, se o agente que tinha a intenção de praticar o delito menos grave (furto, p. ex.) devolver a coisa ou reparar o dano integralmente, somente a ele será aplicada a redução de pena, caso no crime mais grave efetivamente praticado tenha ocorrido violência ou grave ameaça a pessoa.
10)-DIFERENÇA ENTRE ARREPENDIMENTO POSTERIOR E ARREPENDIMENTO EFICAZ:
	A diferençaprincipal reside no fato de que no arrependimento posterior o resultado já foi produzido, enquanto no arrependimento eficaz a eficácia reside justamente no fato de o resultado ser evitado.
	Outra diferença é a ressalva que a lei faz à aplicação da redução de pena do arrependimento posterior dizendo ser aplicável somente nos casos em quenão houver violência ou grave ameaça contra a pessoa.
	No arrependimento eficaz não há esta restrição.
	No arrependimento posterior há uma redução obrigatória de pena.
	No arrependimento eficaz,o agente só responde pelos fatos já praticados.
11)-SÚMULA nº 554, STF:
	A súmula 554, do STF, diz o seguinte: "O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos,após o recebimento da denúncia, não obsta aoprosseguimento da ação penal".
	Da simples leitura do teor da súmula podemos deduzir que o pagamento do cheque sem fundosantes do recebimentoda denúnciaobsta ao prosseguimento da ação penal.
	A súmula foi publicada antes da vigência do novo teor da parte geral do Código Penal, que introduziu o arrependimento eficaz noart. 16, CP.
	E aí? A súmula continua sendo aplicada ou não?
	Frise-se que o problema é o seguinte: a conduta de reparar o dano antes do recebimento da denúncia poderia ter 2consequências diferentes, dependendo do fundamento legal:
a)-artigo 16- arrependimento posterior (redução de pena de 1/3 a 2/3).
b)-súmula 554, STF (fim da ação penal).
	A solução apresentada pelo STF é no sentido de que nos casos de emissão de chequessem fundosomente a súmula 554 é aplicável.
E só nesses casos, frise-se bem.
12)-REPARAÇÃO DO DANO APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA:
	Se o agente repara o dano ou restitui a coisaapós o recebimento da denúnciaobviamente estaremos impedidos de aplicara causa geral de redução de pena do artigo 16.
	Entretanto, por motivos de Política Criminal, o agente que assim procede será beneficiado pela aplicação daCIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE(art. 65, III, "b", 2ª parte, CP).
13)-REPARAÇÃO DOS DANOS E A LEI nº 9.099/95:
	Diferente situação ocorre quando comparamos a consequência jurídica da restituição da coisa ou reparação do dano antes do recebimento da denúncia em crime contido no Código Penal com crime de competência do Juizado Especial Criminal.
	Tratando-se deação penal de iniciativa privadaou deação penal pública condicionada à representação, o acordo homologadoacarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação(art. 75 da Lei nº 9.099/95).
	Enquanto oarrependimento posteriortem como consequência aredução da pena entre 1/3 e 2/3, acomposição dos danos entre autor e vítima, realizada na audiência preliminar tem o condão deEXTINGUIR A PUNIBILIDADE(art. 107, V, CP), visto que se trata de hipótese de renúncia legal imposta à vítimaao seu direito de apresentar queixa ou representação.
	
14)-ARREPENDIMENTO POSTERIOR E CRIME CULPOSO:
	Embora haja restrição legal à aplicação do arrependimento posterior aos crimes praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa, é perfeitamentepossível aplicá-lo aos crimes culposos.
	Isto se justifica em razão do teor do item 15 da Exposição de Motivos da parte especial do Código Penal, que deixa claro que a intenção do arrependimento posterior é beneficiar menos o autor que a vítima, fazendoque ela seja reparada dos danos sofridos o mais rápido possível.
IV-CRIME IMPOSSÍVEL
1)-DISPOSITIVO LEGAL:
	Não se pune a tentativa quando, porineficácia absoluta do meioou porabsolutaimpropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime (art.17, CP).
	Quando o legislador trata do crime impossível, parte do pressuposto que o agente já ingressou na fase de execução do delito e que este não se consumou por circunstâncias alheias a sua vontade.
	Essa conclusão podemos tirar do fato de que o legislador já introduz o instituto dizendo“não se pune a tentativa quando...”.
	Por isso, o crime impossível é também conhecido como:tentativa inidônea; tentativa inadequada ou quase-crime.
2)-TEORIAS SOBRE O CRIME IMPOSSÍVEL:
	Duas teorias surgiram para explicar o crime impossível:
a)-Teoria subjetiva:
	Não importa se o meio ou o objeto são absoluta ou relativamente ineficazes ou impróprios, bastando que o agente tenha agido com vontade de praticar a infração penal para que seja configurada a tentativa.
b)-Teoria Objetiva:
b.1)-PURA:
	Não interessa se os meios ou objeto eram absolutamente ou relativamente inidôneos para que se alcançasse o resultado.
	Em qualquer desses casos não haverá bem jurídico em perigo, não existindo fato punível;
b.2)-TEMPERADA:
	Os atos praticados pelo agente só são puníveis se os meios e os objetos são relativamente eficazes.
	ESSA TEORIA FOI ADOTADA NO BRASIL.
3)-ABSOLUTA INEFICÁCIA DO MEIO:
	O que se pode entender por meio?
	É tudo aquilo utilizado peloagente capaz de ajudá-lo a produzir o resultado por ele pretendido.
	E o que vem a ser meio absolutamente ineficaz?
	É o meio de que o agente se vale a fim de cometer a infração penal, mas que, no caso concreto, por mais que o agente queira realizar a conduta descrita no tipo, jamais o conseguirá com a utilização do meio escolhido, pois ele não possui qualquer aptidão para produzir os efeitos pretendidos.
	P. ex.,envenenar alguém com açúcar, falsificação grosseira, etc...
4)-MEIO RELATIVAMENTE INEFICAZ:
	Ocorre a ineficácia relativa do meio quando este, embora normalmente capaz de produzir o evento intencionado, falha no caso concreto, por uma circunstância acidental na sua utilização.
	P. ex.,uso de munição velha em revólver para tentar matar alguém; gestante que, querendo abortar, ingere medicamento abortivo com prazo de validade vencido.
5)-ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO:
	Objeto é tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta do agente.
	A impropriedade absoluta do objeto reside na impossibilidade de lesar o bem jurídico que não existe ou cuja lesão já se exauriu de forma absoluta.
	P. ex.,desferir tiros em direção a pessoa já morta, a mulher, acreditando equivocadamente que está grávida, toma medicamento abortivo.
6)-OBJETO RELATIVAMENTE IMPRÓPRIO:
	Ocorre a impropriedade relativa do objeto quando este é colocado efetivamente numa situação de perigo, ou seja, está apto a sofrer com a conduta do agente, que pode ou não vir a alcançar o resultado inicialmente pretendido.
	P. ex.,se um sujeitoquer bater a carteira do outro e erra o bolso, comete tentativa de furto (pela impropriedade relativa do objeto), mas se a vítima não possuía carteira em nenhum dos bolsos, comete crime impossível (pela impropriedade absoluta do objeto).
7)-CRIME IMPOSSÍVEL E A SÚMULA nº 145 DO STF
	De acordo com a súmula 145, STF, “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
	É o caso do flagrante preparado, em que a total impossibilidade de se consumar a infraçãopenal pretendida pelo agente pode ocorrer tanto no caso de absoluta ineficácia do meio por ele utilizado como no de absoluta impropriedade do objeto.
	A diferença entre o flagrante preparado e o flagrante esperado reside na existência ou não do estímulo, da indução do agente à pratica de algum delito.
	No flagrante preparadoo agente é induzido pela vítima e pelas autoridades policiais, no esperado não há essa indução.
	É justamente por essa razão que o autor discorda de parte da doutrina, que atribui diferentes efeitos ao flagrante preparado (crime impossível) e ao flagrante esperado (tentativa).
	Se o agente não tiver qualquer possibilidade de chegar à consumação do delito, o crime será impossível.
8)-DIFERENÇA ENTRE CRIME IMPOSSÍVEL E CRIME PUTATIVO:
	A diferença reside no fato de que no crime impossível a conduta do agente é descrita em algum tipo penal, mas o resultado não ocorre ou pela absoluta impropriedade do objeto ou pela absoluta ineficácia do meio.
	Já no crime putativo, a conduta do agentenão é descrita em qualquer tipo penal.
	O agente, embora acredite estar praticando crime, pratica fato atípico. É considerado, portanto, um indiferente penal.
V-AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO
1)-DISPOSITIVO LEGAL:
	Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente (art. 19, CP).
	OCP de 1940não possuía dispositivo semelhante ao artigo 19 em sua redação.
	Por isso, haviam duas correntes quanto à responsabilização ou não do agente pelo resultadoagravador da infração penal:
a)-o resultado agravador somente podia ser imputado quando resultante de dolo ou culpa;
b)-o resultado agravador deve ser atribuído ao agente tão-somente pela sua ocorrência, não se importando em verificar se este resultado, pelo menos, era previsível.ERA A CONSAGRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA.
	O item 16 da Exposição de Motivos da nova parte geral do Código Penal deixou bem claro o objetivo da alteração trazida ao ordenamento quanto a esse ponto: “16.Retoma o Projeto, no art. 19, o princípio da culpabilidade, nos denominados crimes qualificados pelo resultado, que o Código vigente submeteu a injustificada responsabilidade objetiva. A regra se estende a todas as causas de aumento situadas no desdobramento causal daação”.
	Ninguém poderá responder pelo resultado mais grave se não o tiver causado ao menos culposamente.
	Não há mais como se cogitar da imposição de pena com base no reconhecimento puro e simples do nexo de causalidade entre a conduta do agente e o resultado qualificador.
2)-CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO:
	Ocorre o crime qualificado pelo resultado quando o agente atua com dolo na conduta e dolo quanto ao resultado qualificador, ou dolo na conduta e culpa no que diz respeito ao resultado qualificador(neste caso, denomina-se crimePRETERDOLOSO).Existe dolo e dolo ou dolo e culpa.
	Por isso afirma-se que todo crime preterdoloso é crime qualificado pelo resultado, mas nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso.
DOLO + DOLO= lesãocorporal qualificada pela perda ou inutilização de membro.
DOLO + CULPA= lesão corporal qualificada pelo resultado aborto.
3)-FINALIDADE DO ART. 19 DO CÓDIGO PENAL:
	O objetivo do art. 19, CP é afastar a responsabilidade penal objetiva, evitando-se queo agente responde por infrações que sequer ingressaram na sua órbita de previsibilidade.
	P. ex.1,o capoeirista dá rasteira em desafeto sobre as areias das dunas de Cabo Frio querendo causar-lhe lesão leve.
	O sujeito cai de cabeça sobre a única pedraexistente naquelas dunas, escondida sob a fina areia =O AGENTE RESPONDE POR LESÃO CORPORAL LEVE, não lhe podendo ser atribuído o resultado agravador morte, pois escapava a seu âmbito de previsibilidade.
	P.ex.2,o capoeirista dá rasteira em desafeto, querendo causar-lhe lesão leve, não sobre as areias de Cabo Frio, mas sobre as pedras do Arpoador =O AGENTE RESPONDE POR LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE, pois o resultado é perfeitamente previsível, podendo ser atribuído ao agente.
VI -ESTRUTURA DO TIPONOS CRIMES OMISSIVOS
1)-OMISSÃO COMO CAUSA DO RESULTADO:
	A omissão também poderá ser considerada causa do resultado (art. 13, caput, parte final, CP), bastando que para isso o omitente tenha o dever jurídico de impedir ou tentar impedir o resultado.
2)-CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS:
	A conduta do agente pode consistir num fazer ou num deixar de fazer alguma coisa.
2.1)-Crimes Omissivos Próprios, Puros ou Simples:
	São descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a leidetermina.
	Para a sua existência, basta que o autor se omita quando deveria agir.
	Caso o agente se abstenha de praticar a conduta, incorrerá nas sanções cominadas ao tipo.
	P.ex.,o crime deomissão de socorro(art. 135, CP) em que uma pessoa vislumbra outra em situação de perigo, e podendo ajudá-la, nada faz.Abandono Material (art. 244, CP);abandono intelectual(art. 246, CP);Prevaricação(art. 319, CP);omissão de notificação de doença(art. 269, CP).
2.2)-Crimes Omissivos Impróprios, Impuros ou Qualificados ou Comissivos por Omissão:
	São descritos com uma conduta positiva e para a sua configuração é preciso que o agente possua um dever de agir para evitar o resultado.
	Somente assumem o papel de garantidora, aquelas pessoas que se amoldam às situações elencadas pelo art. 13, § 2º, CP, isso porque o CP adotou o critério das fontes formais do dever de garantidor.
	Assim, quando a lei prevê pena de reclusão, de 6 a 20 anos, para quem “matar alguém” (art. 121 “caput”, CP), está determinando queas pessoas não matem.
	Caso o agente o faça, receberá a pena anteriormente mencionada.
	O resultado pode ser alcançado tanto na conduta dolosa, quanto na culposa.
2.3)-Relevância da Omissão:
	Nos termos do art. 13, § 2º, CP, a omissão é penalmente relevante quando o omitentedevia e podia agir para evitar o resultado.
2.3.1)-A Posição de Garantidor:
	O que a lei deseja é que o agente atue visando, pelo menos tentar impedir o resultado.
	Caso contrário, o resultado lesivo lhe será atribuído”.
	P. ex., durante a madrugada TICIO é ferido à bala e conduzido ao UPA. O médico (garantidor) faz tudo para salvá-lo, mas a vítima falece em face dos ferimentos sofridos.
	Nesta situação, não se atribui o resultado morte ao médico, uma vez que agiu de acordocom as imposições legais.
	Por sua vez, supondo-se que esse médico, mesmo sabendo da gravidade dos ferimentos, seja negligente no atendimento, vindo a fazê-lo somente poucos segundos antes da morte da vítima.
	Neste caso, o resultado morte poderá ser imputado ao médico a título de culpa.
	O garante deverá agir nas situações seguintes:
a)-OBRIGAÇÃO LEGAL: (art. 13, § 2º, alínea “a”, CP) -Quando tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
	É derivada da lei.
	P. ex., a obrigaçãodos paisemrelação aos filhos, derivada do art. 1634, CC; a obrigaçãodos salva-vidas, art. 144, V, CF/88, uma vez que pertencem aos quadros da PM.
	Assim, se o salva-vidas,dolosamente, deixa de prestar socorro à vítima que estava se afogando, por reconhecê-la comosendo seu antigo desafeto e está vem a falecer, não comete o crime de omissão de socorro (art. 135, § único, CP), mas, sim,HOMICIDIO DOLOSO POR OMISSÃO.
	Se fosse um banhista, que visse o seu desafeto se afogando e virasse as costas e fosse embora, permitindo que ele morra, o mesmo não goza da posição de garantidor, devendo responder porOMISSÃO DE SOCORRO(art. 135, § único, CP).
b)-OBRIGAÇÃO CONTRATUAL:(art. 13, § 2º, alínea “b”, CP) -Quando tenha por outra forma assumido a responsabilidade de impedir o resultado:
	O agente estava vinculado a um contrato.
	P. ex.,a babá que se obrigara a cuidar de uma criança.
	Hoje em dia, NÃO se exige a existência ou vigência de um contrato, bastando que o agente tenha assumido por conta própria e mesmo sem qualquer retribuição para esse encargo, como é ocaso do guia alpino que mesmo chegando no local para o qual fora contratado resolve, por conta própria, levar o grupo para outro lugar não previamente contratado ou o pai que querendo mergulhar no mar, peça para alguém cuidar de seu filho por alguns instantes.
	Se por negligência deixar de olhar a criança, responderá porHOMICÍDIO CULPOSO.
c)-INGERÊNCIA OU ATUAR PRECEDENTE:(art. 13, § 2º, alínea “C”, CP) -Quando Oo agente,com o seu comportamento anterior, criouo risco da ocorrência do resultado:
	O agente que criar a situação de risco estará obrigado a agir.
	P. ex.,TÍCIO empurrou o seu amigo CAIO na piscina;
P. ex.,TÍCIO acendeu o fogo para fazer a comida e depois não o apaga permitindo que se inicieum incêndio.
2.4)-Crimes Omissivos por Comissão:
	É aquele em que o agente, por meio de um comportamento positivo,impede que 3ª pessoa realize a conduta a que estava obrigada, com a finalidade de produzir determinado resultado.
	P.ex.,TÍCIOdesejando causar a morte de CAIO, que havia sido picado por uma cobra, vai até o hospital e quebra a única ampola de antídoto; TÍCIO desejando causara a morte de CAIO, percebendo que ele se afoga, rasga o bote inflável com o qual seria efetuado o seu salvamento.
	A melhor saída será responsabilizar o agente por comissão e não omissão, pois, efetivamente, fez alguma coisa para que o resultado viesse a se produzir.
	Assim, nos exemplos acima se o agente quebrar a ampola ou rasgar o bote, com o fim de causar amorte da vítima, responderá porHOMICÍDIO DOLOSOe não por um delito omissivo levado a efeito via comissão.

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