Buscar

Geografia e Modernidade: Os Dois pólos epistemológicos da modernidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Nome: Ana Carolina de Freitas
	Nº matrícula: 11611GEO038
Disciplina: História do Pensamento Geográfico
	Turma: Diurno X Noturno
	Prof. Dra. Rita de Cássia Martins de Souza
	
	Referências Bibliográficas
 GOMES, P.C.C. Os dois polos epistemológicos da modernidade. In: ______. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. pp. 19-47.
	
Geografia e Modernidade: Os Dois pólos epistemológicos da modernidade
O pós-modernismo nega o universalismo, a generalização, qualidades e procedimentos básicos no modernismo. (p.21)
Os grandes autores da estética literária moderna, por exemplo, criaram sofisticados códigos de expressão que exigem um trabalho complexo de interpretação, como em Joyce, Beckett, Proust ou Kafka. Já as novas tendências narrativas são arredias a qualquer exercício objetivo e geral de interpretação em razão de seu caráter auto referencial, Da mesma forma, a critica literária que interpretava estes textos com a ajuda de um instrumental semiótico é hoje fortemente contestada pela nova tendência desconstrucionista. Segundo esta perspectiva, um texto se desdobra em um “discurso em contrabando”, composto de detalhes essenciais (metáfora, imagens, parênteses, aspas, etc.) que se infiltraram no discurso “declarado” e escapam á consciência do leitor e mesmo do autor. (p. 22)
Na ciência, devido ao fato de ser uma atividade institucionalizada, esta nova atmosfera incide de forma mais lenta, porem não menos efetiva. Uma das tentativas mais conhecidas é a de Feyerabend, que propõe uma teoria cientifica anarquista. Ele se insurge contra os modelos da ciência convencional diagnosticando a falta de criatividade e os múltiplos obstáculos da estrutura cientifica que prefere reproduzir um saber sem surpresas, fundado na ordem e na lei. Para eles, as grandes inovações teóricas são muito mais fruto do acaso do que da ordem. Assim, somente através do inesperado, da desordem, pode-se realmente abalar a estrutura hegemônica do conhecimento racional. (p. 23)
A aplicação pratica na ciência de uma conduta próxima aos princípios recomendados pelos pós-modernos pode ser ilustrada pela tentativa realizada por um grupo de pesquisadores americanos sob o nome de etnometodologia. Esta abordagem preconiza uma analise fina de cada uma das etapas sucessivas da descoberta cientifica, cada etapa sendo considerada como única singular. (p.24)
 Nas ciências sociais, a nova proposta é reintroduzir a hermenêutica como um idioma comum á filosofia e a cultura nos anos 90 e, segundo Vattimo, por este caminho, substituírem os idiomas do marxismo e do estruturalismo, globalizantes, doutrinários e autoritários, que foram predominantes nos anos precedentes. O horizonte da hermenêutica abriria espaço para um conhecimento não hierarquizado, menos pretensioso em suas generalizações e mais atentos às especificidades, pois não esta comprometida com uma ordem lógica, estável e geral. Outros exemplos, como os deP. Veyne na Historia, ou de M.Maffesoli na sociologia, e diversos outros na filosofia, poderiam ser aguidos. O essencial, porem, é poder reconhecer de maneira sintética estas novas atitudes que tentam lançar as bases de um saber alternativo á ciência racional. (p.24)
 Na Geografia, o hipermodernismo nos é apresentado por A. Pred, que se opõe a apreciação feita por Curry de sua obra como sendo o exemplo de uma geografia pós-moderna. Pred afirma ver denominação de “pós-moderno” como inexata, acrítica, decepcionante, e, por conseguinte, “o rotulo de uma época politicamente perigosa no mundo contemporâneo”. Esta corrente neomoderna ou hipermoderna pretende restaurar o primado da razão e, renovando assim com o paradigma da modernidade, integra as manifestações pós-modernas como um breve momento de ruptura, ou como um momento suplementar na grande marcha da modernidade. Se aceitamos, ainda, que a ciência é: “um pensamento sem dogmas sempre voltado para o futuro, que se arrisca inteiramente sem parar em um jogo infinito com seus próprios limites; um pensamento que só progride destruindo suas certezas”, compreenderemos que talvez sua identidade esteja mesmo irremediavelmente relacionada a este singular destino de se afirmar pelas incertezas e pelos conflitos, o que nos adverte e nos faz hesitar em acatar as sedutoras imagens parciais, redutoras e definitivas.(pp.27/ 28)
Os dois pólos epistemológicos
 Primeiramente, consideram-se que este período começa, a despeito de todas as controvérsias em torno das questões relativas ás suas origens, no momento em que um novo código de valorização intervêm em diversas esferas da vida social, sendo, pois, impossível identificar um evento ou uma data histórica precisa que demarcaria a eclosão. Assim, a historicidade deste período não é um tema central nessa analise; o mais importante é a identificação dos traços característicos dessa mudança de valores que caracteriza esse período. (p.28)
 A geografia foi desde a Antiguidade responsável pela descrição e pela criação de uma imagem de mundo. Assim, enquanto descrição e imagem de mundo, o discurso geográfico procura, na modernidade, ser um discurso cientifico e moderno. Ele reproduz, assim, as características fundamentais da época e acompanha todas as suas modificações. A historia da ciência geográfica pode, então, ser considerada como a historia do imago mundi da própria modernidade.(p.28)
 Na esfera da ciência se supõe a predominância desta ordem para explicar a constituição de modelos da ciência moderna, os quais se agregam em torno basicamente de dois pólos epistemológicos, fontes maiores de todo o movimento cientifico durante esse período. Este dois pólos se opõem, são concorrentes e simétricos, e formam um conjunto, um todo, por suas características definidas como diferenças, de um em relação ao outro. (p.29)
 Se é verdade eu a ciência moderna se legitima pelo método, é então através das diferenças metodológicas que estes dois pólos constroem suas individualidades epistemológicas. (p.29)
 O primeiro pólo epistemológico é oriundo do projeto de ciência fundado no Século das Luzes. A idéia central nesta concepção é a universidade da razão. (p.30) Em termos gerais, este modelo de ciência racionalista procura construir sistemas explicativos. Explicar significa ligar, segundo um corpo metodológico, fenômenos, ou fatos entre si; significa também conhecer o comportamento e o movimento previsível daquilo que se quer explicar. A explicação é, portanto, o resultado de uma analise dos aspectos regulares de um dado fenômeno. (p.31)
 O outro pólo epistemológico também nasceu no Século das Luzes, mas se opõe absolutamente à concepção racionalista. De fato, as posições anti-racionalistas se manifestam a partir de múltiplos movimentos e qualquer caracterização mais precisa pode ser temerária. Entretanto, existe um grande ponto de convergência de todos estes movimentos contra a primazia da razão na produção do saber. A partir desta identidade negativa em relação á razão, os desenvolvimentos são variados e os outros pontos em comum só podem ser apresentados com uma certa reserva e precaução. Na maior parte destas “contracorrentes”, a razão humana não é considerada como a matriz da uniformidade pressuposta pelos racionalistas. A razão humana não é universal, ou pelo menos ela não possui sempre a mesma natureza, as mesmas manifestações e a mesma forma. A razão concebida pelos racionalistas é um valor e a atribuição deste valor é interpretada como produto de uma fé, a fé na razão. (p.32)
 
Os caminhos da Análise
 A descrição destes dois pólos não pretende esgotar toda a riqueza e diversidade do movimento da ciência. Cada manifestação histórica desses pólos foi acompanhada de outros elementos e argumentos que não são examinados em nossa resumida descrição. Arriscaríamos mesmo dizer que nenhuma das correntes cientificas segue exatamente ou completamente os preceitos identificados anteriormente. Trata-se, pois, de uma representação voluntariamente parciale escolhida entre muitas outras possíveis. Parece, entretanto, que cada representação analítica deste gênero pode ajudar a observar ângulos particulares eu permaneceriam obscuros em um estudo histórico geral. (p.39)
 Essa dualidade polar da modernidade não é em si mesma uma hipótese, mas nos permite a construção de hipóteses sobre o tipo de desenvolvimento da ciência geográfica. Sem pretender ser quadro fiel e absoluto sobre o real, esta estrutura polar se propõe a dotar esta exposição de meios de expressão próprios. Desta forma, a polaridade dual apresentada precedentemente serve para construir duas hipóteses sobre o desenvolvimento da geografia. A primeira é a de que em torno desta confrontação entre estes dois pólos surgiu um gênero de debate na geografia, encontrado recorrentemente a cada momento de transformação ou de discussão metodológica. A segunda hipótese deriva da primeira e consiste em considerar que esta dualidade das posições metodológicas na geografia se deve ao fato de que esta disciplina constitui uma expressão de modernidade, uma vez que ela apresenta exatamente uma imagem do mundo ou a descrição do mundo correspondente a este período moderno. Após essa breve enunciação de nossos propósitos, estamos talvez aptos a apresentar as diferenças e as zonas de recobrimento entre nossa analise e os modelos mais comumente utilizados na interpretação de evolução epistemológica da geografia. (p.41)
 A concepção de episteme de Foucault nos foi sem duvida preciosa, primeiramente pela identificação, a respeito de todas as controvérsias, de um claro corte “arqueológico” no fim do século XVIII, no pensamento ocidental, que separa a Idade Clássica da modernidade; também foi precioso o estabelecimento da diferença entre estas duas épocas através de uma distinção de discursos. Contudo, a episteme da modernidade, para Foucault, possui três dimensões: a das ciências físicas e matemáticas, que propõem uma ordem dedutiva e linear; a das ciências da linguagem e da produção; e, finalmente, a da reflexão filosófica. As ciências humanas, segundo ele, ocupam uma localização difusa nesta episteme, pois elas fazem apelo a estes trás gêneros de reflexão sem, no entanto, definir uma dimensão própria. A modernidade epistemológica do ponto de vista das ciências humanas, segundo Foucault, é, portanto composta de três modelos, que seguem as três “positividades” da modernidade: a vida, o trabalho e a linguagem, que formam juntas o discurso cientificam da modernidade. (p.42)
	Comentários

Continue navegando