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DO DIREITO DAS COISAS COMPLETO

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DO DIREITO DAS COISAS
DA PROPRIEDADE 
1. NOÇÕES GERAIS 
1.1. Conceito 
A propriedade é um feixe de poderes sobre uma coisa. É a soma de diferentes poderes: uso, gozo/fruição, disposição e reivindicação. É um direito subjetivo, patrimonial e com oponibilidade erga omnes. 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
1.2. Propriedade x Domínio 
Exatamente pela oponibilidade erga omnes o direito brasileiro exige que tais poderes estejam acompanhados do título para que se fale em direito de propriedade. 
Por sua vez, o domínio é a união dos quatro poderes citados, sem o título, logo, domínio e propriedade são coisas distintas. A propriedade é defendida por meio de Ação reivindicatória, já o domínio por meio de ação publiciana. 
1.3. Elasticidade do Direito de Propriedade 
A elasticidade do direito de propriedade decorre da possibilidade de desmembramento dos poderes do domínio. 
Ex: desmembrando uso e fruição teremos o usufruto – quando parcela dos poderes do domínio são conferidas a um terceiro. Mesmo no desmembramento, o proprietário permanece titular da propriedade, visto que permanece com o título. 
 
2. EXTENSÃO DO DIRETO DE PROPRIEDADE 
O direito de propriedade, em relação ao solo, abrange, também, o espaço aéreo e o subsolo. Mas o titular não pode se objetar a atividades que não violem seus legítimos interesses. Ex: avião, metrô. 
À União pertencem as riquezas materiais do subsolo, mas o proprietário pode utilizar tais riquezas como materiais de uso próprio, Ex: construção. 
3. A DESCOBERTA 
3.1Conceito
Trata-se de encontrar coisa móvel alheia perdida. O CC estabelece que o descobridor é obrigado a restituir a coisa ao legítimo proprietário. Não sabendo quem é o proprietário, restitui-se a coisa a autoridade policial. 
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. 
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o 
Encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. 
3.2. Achádego 
O descobridor terá direito a ser ressarcido pelas despesas efetuadas com a coisa achada e a receber uma recompensa, chamada de achádego (natureza d e ato-fato jurídico, pois independe da vontade humana). O achádego será fixado em valor não inferior a 5% da importância da coisa. Caso o proprietário não seja conhecido, são publicados editais com prazo de 60 dias. Não sendo o proprietário encontrado, a coisa descoberta ficará para o poder público municipal. Portanto, a descoberta não é forma de aquisição de propriedade
3.3. Exceções 
Duas são as situações nas quais a descoberta gera a aquisição da propriedade: 
a) Quando o proprietário renunciar à coisa em seu favor para não pagar indenização; 
b) quando o Poder Público não tiver interesse em ficar com a coisa. 
 
3.4. Descoberta x Ocupação x Arrecada ção de Coisas Vagas 
a) Ocupação: A o cupação é modo aquisitivo de propriedade. É encontrar coisa móvel alheia sem dono . Na descoberta encontramos coisa perdida, se é perdida, tem proprietário, por isso não gera aquisição de propriedade. A ocupação é encontrar coisa sem dono, por isso gera a aquisição da propriedade. Ex: caça e pesca. 
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquir e a propriedade, 
não sendo essa ocupação defesa por lei. 
b) Arrecadação de Coisas Vagas 
Art. 1.175. O procedimento estabelecido neste Capítulo aplica-se aos objetos deixados nos hotéis,oficinas e outros estabelecimentos, não sendo reclamados dentro de 1 (um) mês. É um procedimento de jurisdição voluntária relat ivo a coisas ab andonadas.Ex:roupas em lavanderia. O estabelecimento não pode f icar com o bem, devendo 
entregá-la a autoridade.
Art. 1.170. Aquele que achar coisa alheia perdida, não lhe conhecendo o dono ou legítimo possuidor, a entregará à autor idade judiciária ou policial, que a arrecadará, mandando lavrar o respectivo auto, dele constando a sua descrição e as declarações do inventor. 
4. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
4.1. Previsão Legal 
CC.Art.1.228. § 1 o - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, d e conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
CF. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III - fu nção social da propriedade;
CF. Art. 5º. X XII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
4.2. Doutrina 
Conforme Norberto Bobbio, a ciência jurídica não pode se r e studada pela da estrutura (o que é o Direito), mas sim pela sua função (para que serve o Direito).Logo, advertia Bobbio que o Direito deveria evoluir da estrutura para a função. Acolhendo as lições de Bobbio, o CC está baseada em três diretrizes: eticidade, operabilidade (concretude) e socialidade. E a função social da propriedade é ótimo exemplo da diretriz da socialidade. 
Ainda, a função social da propriedade foi prevista como princípio norteador da 
ordem econômica, art. 170, III, CF. 
Eros Grau, em sua obra “A ordem econômica na Constituição de 1 988”, diz que a f unção social da prop riedade prevista como diretriz da ordem econômica na CF representa a vingança da Grécia sobre Roma. Isso porque a idéia de propriedade sem pre foi patrimonialista e totalitarista, tal qual o pensamento Romano, o qual prevaleceu em razão de Roma ter derrotado a Grécia. Após anos de uma concepção Romanista da propriedade, vem a CF e afirma que a propriedade deve cumprir uma função social, a proximando-se aos ideais humanistas Gregos, afastando-se dos ideais patrimonialistas Romanos. 
 
 
4.3. Conceito
É a utilização do direito de propriedade para a promoção de valores existenciais. 
Logo, a função social da propriedade é p ara que serve a propriedade, não podendo 
os interesses individuais do proprietário sobrepujar os interesses da coletividade. 
 
a) Diversas Funções 
Dentro da função social da propriedade estão hospedadas diferentes funções, 
como a função econômica, ambiental, humana, etc. 
Veja que não se deseja retirar do proprietário a potencialidade econômica de seu 
direito, mas apenas dar a ela uma finalidade, não permitindo que a propriedade seja 
utilizada como instrumento especulatório. 
 
b) Valor Constitucional de Aplicação Imediata 
O STF vem entendendo que a função social da propriedade é um valor constitucional com aplicação direta/imediata, independentemente de lei. Exemplo disso é a Súmula 668, STF, a qual trata da cobrança de IPTU progressivo. A EC 29/00 permitiu a cobrança de IPTU progressivo. Ocorre que várias leis municipais cobravam IPTU p rogressivo antes da EC 29/00. A súmula, por sua vez, disse que a cobrança de IPTU progressivo antes da EC era inconstitucional, contudo, se a cobrança se baseasse no descumprimento da f unção social da propriedade, esta cobrança n ão foi tida como inconstitucional.Po r isso se d iz que a função social é um valor de aplicação imediata: 
STF Súmula nº 668 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 4; DJ de 10/10/2003, p. 4; DJ de 
13/10/2003, p. 4. - Consti tucionalidade - Lei M unicipal - Alíquotas Progressivas - IPTU - 
Função Social - Propriedade Urbana - É inconstitucional a lei municipal que tenha 
estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, 
salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana. 
c) Obrigacionalização do Direito de Propriedade 
O direito de propriedade é um bônus, um feixe de poderes, mas a todo bônus 
corresponde um ônu s, qual seja, o cumprimento da função so cial. Por isso a fu nção 
social é uma obrigacionalização do direito d e propriedade, visto que o proprietário 
assumirá posiçõe s ativas e passivas, ou seja, o d ireito de propriedade se torna uma 
relação jurídica complexa, pois, a partir da CF/88 o proprietário, além de direitos, 
passa a ter obrigações. 
d) Funcão Social das Propriedades
Modernamente, a doutrina apresenta uma nova tese, a função social das 
propriedades. Diz que, toda e qualquer propriedade/titularidade, precisa cumprir a 
função social. 
Ex: Função Social da Propriedade Urbana - Estatuto da Cidade. Ex: Função Social 
da Propriedade Rural – Desapropriação para fins de reforma agrária
Mas esses são exemplos do cotidiano. A nova doutrina entende que a função 
social deve se r cumprida em todas as searas, ou seja, função social, por exemplo, 
do direito autoral. 
Ex: quebra de direito autoral; espetáculos culturais gratuitos, não haverá 
recolhimento de direito autoral; função social da empresa – meia entrada estudantil. 
O STJ, no REsp 27.039/SP, permitiu que, em hospital privado, o médico particular 
operasse o paciente, em razão da função social da propriedade. 
Por fim, se o proprietário não cumpre sua função social, e alguém o faz e m seu 
lugar, há a função social da posse. 
 
5. TUTELA JURÍDICA 
Dá-se por meio de Ação Reivindicatória. Tal ação te m natureza m era mente 
declaratória, portanto, imprescritível, a qual tende à proteção do direito de 
propriedade. É importante perceber que a ação tem como pressuposto o título registral, 
portanto, quem não dispõe de título não tem acesso a mesma, devendo valer -se da 
ação publiciana. 
A ação reivindicatória tem procedimento comum ordinário, logo, não há previsão 
de liminar, mas nada impede que se faça uso da antecipação de tutela com seus 
requisitos genéricos, conforme art. 273, CPC. 
A competência para processar e julgar a ação reivindicatória é fixada pelo art. 95, 
CPC, portanto, o foro da situação do imóvel, logo, regra de competência territorial, 
mas o CPC o trata como competência funcional para que se transforme em 
competência absoluta. Ex: art. 2º da LACP – diz que a competência é d o foro do 
local do dano, logo, critério territorial, m as o §único diz que a competência é 
funcional, para que o juiz possa controlar de ofício, pois torna-se absoluta. 
 
6. PROPRIEDADE RESOLÚVEL 
6.1. Conceito 
A regra geral é a de que toda propriedade nasce para ser perpétua, mantendo -se 
mesmo depois da morte do titular, através da transmissão sucessória. Obs.: 
vitaliciedade se extingue com a morte; perpetuidade se mantém. Mas existem casos nos quais a propriedade pode se extinguir, perdendo seu caráter perpétuo. É o que chamamos de propriedade resolúvel. Sendo a regra geral a perpetuidade, a propriedade só pode ser resolúvel nos casos previstos em lei. 
 
6.2. Hipóteses de Propriedade Resolúvel 
a) Propriedade Resolúvel com causa originária: quando constar do próprio título 
aquisitivo a previsão de possibilidade de extinção. 
Ex: propriedade fiduciária. Já nasce para se extinguir, havendo previsão no título; 
retrovenda, art. 505, CC. O alienante pode comprar de volta o bem alienado n o 
prazo de 3 anos; fideicomisso, art. 1.952, CC. Previsão de indicação de substituto 
em testamento em favor de prole eventual. 
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, 
entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o 
proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem 
a possua ou detenha. 
 
b) Propriedade Resolúvel com causa superveniente : quando, apesar de ter se 
constituído originariamente perpétua, decisão judicial posterior reconhece uma 
causa extintiva. Ex: revogação da doação, art. 557, CC. 
Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por tí tulo anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a reso lução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor. 
 
6.3. Efeitos da Propriedade Resolúvel 
a) Se a resolubilidade é originária, extinta a propriedade, e xtinguem -se 
automaticamente todos os direitos constituídos em sua pendência. 
O terceiro não pode alegar boa -fé, visto que a resolubilidade consta do título. 
 
b) S e a resolubilidade é superveniente, extinta a propriedade, não se extin guem os 
direitos constituídos em sua pendência, garantindo interesses de terceiro de boa-fé. 
 
7. PROPRIEDADE APARENTE 
Tese construída primeiramente por Orlando Gomes. T rata -se de projeção da 
teoria da aparência no ca mpo da propriedade, com fundamento na proteção dos 
terceiros de boa-fé que celebrou negócios com o proprietário aparente. 
O CC traz um excelente exemplo - o herdeiro aparente: 
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor origin ário pelo valor dos bens alienados. 
Parágrafo único. São eficazes as ali enações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé. 
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa -fé houver pago u m legado, n ão está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, res salvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu. 
Ex: pessoa morre e não deixa descendentes. Os bens vão para os ascendentes, os 
quais vendem o bem. P osteriormente surge herdeiro d escendente, o qual reivindica 
os bens. O legítimo herdeiro exercerá direito regressivo contra o herdeiro aparente 
(avós), protegendo o terceiro que celebrou negócios com o proprietário aparente
Obs.: caso os ascendentes t ivessem doado os bens, o terceiro não teria prot eção, visto que 
o CC presume a fraude nos negócios jurídicos gratuitos. 
 
8. MODOS AQUISITIVOS DA PROPRIEDADE 
8.1. Originário 
Não há translatividade, ou seja, não há relação jurídica entre o anterior 
proprietário e o adquirente. Dois são os modos aquisitivos originários: a usucapião e 
as acessões. 
 
8.2. Derivado 
Há translatividade, ou seja, há relação jurídica entre o anterior proprietário e o 
adquirente. Havendo relação jurídica, aplica -se a regra de que ninguém pode 
transmitir mais do que tem. Ainda, a propriedade será adquirida com todos os vícios 
e gravames que eventualmente pesem sobre ela. O modo derivado de aquisição da 
propriedade é o registro em cartório. 
 
9. ESPÉCIESDE AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DA 
PROPRIEDADE 
9.1. Usucapião 
 
a) Conceito 
É modo originário de aquisição de propriedade, móvel ou imóvel. 
A sentença que reconhece a usucapião é declaratória de domínio e constitutiva 
de propriedade. 
Obs.: a grande maioria da doutrina afirma que se trata apenas de sentença declaratória de domínio, mas se assim fosse, não resolveria o problema, pois não haveria justo título ao possuidor. 
E uma sentença pode, ao mesmo tempo, ser declaratória do domínio e constitutiva 
da propriedade. Pontes de Miranda, nos Tratados das Ações, já dizia que não 
existem sentenças puras. Toda sentença carrega consigo mais de uma carga. 
CPC. Art. 945. A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante mandado, 
no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais. 
O artigo acima diz que a sentença que julga procedente a usucapião somente será registrada depois de pago o tributo. Esse tributo não é um imposto de transmissão, pois a usucapião é modo originário d e aquisição. Considerando que a sentença é declaratória de domínio e constitutiva de propriedade, esse imposto é de titularidade (IPTU, na zona urbana e ITR na zona rural ). A sentença reconhece a titularidade desde a data que se aperfeiçoou o prazo de usucapião, logo, serão recolhidos tantos anos quantos transbordem o prazo exigido por lei. Não esquecer que a prescrição fiscal ocorre em 5 anos. 
A usucapião serve como modo originário de aquisição não apenas da 
propriedade, como também de outros direitos reais de coisa alheia; outros direitos 
reais suscetíveis de posse. Ex: servidão, superfície, enfiteuse. 
 
É possível usucapir enfiteuse de terra pública? 
 
Na enfiteuse há a entrega, ao terceiro (enfiteuta ou foreiro) de todos os poderes 
do domínio, ou seja, terá o domínio útil, ficando o proprietário (senhorio) tão somente 
o título. O que o CC proíbe é a usucapião de propriedade pública. Na usucapião de 
enfiteuse de terra pública, o que se quer é um direito real na coisa alheia. A propriedade continua pertencendo ao Poder Público. A posição do STJ é pela admissibilidade de usucapião de enfiteuse de terra pública. Não só a enfiteuse, mas todos os direitos reais na co isa alheia, como o direito de uso. A usuca pião n ada mais é que a prescrição vista pelo ângulo aquisitivo. A usucapião é dualista, binária , é ao mesmo tempo extinção e aquisição de direitos. A face aquisitiva d a prescrição é a usucapião (aplicam -se à usucapião as regras da prescrição). 
Ex: suspensão e interrupção de prazo prescricional. 
Se não corre prescrição também não corre usucapião. Não corre prescrição 
entre marido e mulher n a constância do casamento. Assim, o marido não pode 
usucapir imóvel da esposa . Não corres prescrição contra brasileiro que estiver no 
estrangeiro a serviço público. Assim, não é possível usucapir terreno no Brasil do 
embaixador brasileiro na França. 
b) Requisitos Obrigatórios 
b.1. Idoneidade da Coisa Usucapida: é preciso que o objeto da usucapião seja 
suscetível de aquisição. 
Comércio Jurídico: coisas em geral su scetíveis de se r usucapidas são as coisas que estão no comércio jurídico, logo, o que não está no chamado 
comércio jurídico não pode ser usucapido. 
Bem de Família: é possível usucapir bem de família. A proteção ao bem de 
família é para que o titular n ão sofra p enhora, mas o bem de fam ília não é 
imprescritível. 
Bens gravados com cláusulas restritivas (impenhorabilidade, inalienabilidade e 
incomunicabilidade): podem ser usucapidos, pois não se torna imprescritível 
com essas cláusulas. 
Res furtiva: (coisa proveniente de roubo ou furto) pode ser usucapida, pois a 
boa-fé não é requisito obrigatório da usucapião, mas somente poderá ser 
objeto de usucapião se a posse se tornar mansa e pacífica. 
 
Bens Públicos: não podem ser usucapidos. Antes do CC/1916, bens públicos 
podiam ser usucapidos em 40 anos. Desde a entrada em vigor do CC/1916 (eCF/88) o Supremo entendeu que bens públicos não podem ser usucapidos. Na doutrina de Arruda Alvim, bem público não pode ser usucapido, mas pode se r objeto de posse. Mas é possível usucapir direito real no bem público. Obs.: há uma discussão em torno das terras devolutas, mas, sendo esta de natureza constitucional, não trataremos dela. 
Área comum em condomínio edilício: também não pode ser usucapida. 
 
Coisa condominial: é o bem p ertencente a mais de uma pessoa. O bem objeto 
de condomínio pode ser usucapido por um terceiro. Mas poderia ser usucapido 
por um dos condôminos? Em linha de princípio, não é possível, pois todos 
exercem os seus poderes sobre o todo. Contudo, o STJ vem reconhecendo 
usucapião de coisa condominial quando um dos condôminos estabelecer posse 
com exclusividade, afastando os demais. 
b.2. Posse Qualificada: ou seja, posse mansa, pacífica e com animus domini. 
Mansa e pacífica é a posse sem oposição. A simples propositura de ação não retira 
da posse essas características, pois se a ação promovida por julgada improcedente, 
a pose permanece mansa e pacífica. 
b.3. Lapso Temporal: o tempo também é um requisito fundamental para o 
reconhecimento da usucapião, mas não é o mesmo para todas as espécies de 
usucapião, por isso, veremos o lapso temporal para cada espécie. 
 
c) Requisitos Facultativos - Justo título e Boa-fé 
Não são obrigatórios, mas uma vez presentes geram redução do prazo. O justo 
título faz presumir a boa-fé. 
Justo título é qualquer documento, público ou privado, que te ria idoneidade 
para a transferência de propriedade se não fosse um vício que pesa sobre ele. Ou 
seja, se ele não tivesse viciado, ele conseguiria transferir a propriedade. 
Ex: escritura pública nula. 
 
d) Espécies de Usucapião 
Abaixo veremos oito espécies de usucapião e seus requisitos específicos. d.1.Usucapião Extraordinária (15 anos): CC. Art. 1.238. Aquele que, por quinze 
anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a 
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o 
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir -se-á a dez anos se o possui dor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
Exige posse mansa e pacífica e sem interrupção pelo prazo de 15 (quinze) 
anos, independente do justo título ou boa -fé. Entretanto, o prazo será reduzido para 
10 (dez) anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, 
ou nele tiver sido realizados obras e serviços de caráter produtivo
A usucapião extraordinária é a da propriedade imobiliária. Não se importa com 
a existência ou não de justo título ou de boa -fé. É como se fosse um rolo 
compressor. V ai passando por cima. Desde que configurados os requisitos, não 
importa se o cidadão invadiu minha fazenda, esbulhou -me. Ele pode até responder 
criminalmente, m as se vai imprimindo destinação econômica à coisa, exercendo 
posse pacífica, contínua, animus domini, a usucapião extraordinária pode acontecer. 
Para a usucapião extraordinária, 15 anosdepois, exercendo posse contínua, 
pacífica, animus domini, não interessa o título e a boa-fé, adquire a propriedade. No 
parágrafo único o prazo de 15 anos pode ser reduzido para 10: é a chamada função 
social da posse, posse-trabalho. Se a pessoa vem realizando a função social, 
morando, realizando obras ou serviços de caráter produtivo, a usucapião 
extraordinária pode se dar em dez anos. 
d.2. Usucapião Ordinária (10 anos):CC. Art. 1.242. Adquire também a 
propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possui r por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 
Exige posse mansa e pacífica e ininterrupta pelo prazo de 10 (dez) anos, sendo necessário o justo título e boa -fé. Entretanto, o prazo será reduzido para 5 (cinco) anos se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com b ase no registro constante do respectivo cartório (instrumento público), cancelado posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecidos a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Há presunção do registro público tem veracidade relativa (e não absoluta) 
porque é passível de impugnação. Mas existe um que tem presunção absoluta, que 
é o registro Torrens. 
 
d.3. Usucapião Especial Urbano (pro moradia ou pro misero): CF. Art. 183. 
Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos , ininterruptamente e sem oposi ção, utilizando -a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não s eja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. §1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. §2º - Esse direito não será reconhecido ao m esmo possuidor mais de uma vez. §3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
CC. Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até du zentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a a mbos, independentemente do estado civil. § 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Exige posse ininterrupta e sem oposição, d e imóvel urbano utilizado como 
moradia, pelo prazo de cinco anos em área não superior a 250 metros quadrados. 
O usucapiente não pode proprietário de outro imóvel, rural ou urbano. Não admite 
mais d e uma a quisição. Trata -se de exemplo de prova diabólica pr ovar que o 
usucapiente não é proprietário de outro imóvel ou u rbano. A jurisprudência entende 
que d eve juntar certidão de seu município e do lugar em que está usucapindo e 
declarar que não é proprietário em qualquer outro local
.d.4. Usucapião Especial Rural (pro labore): CF. Art. 191. 
 Aquele que, não sendo o proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva p or seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
CC. Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposi ção, área de terra em zona r ural não superior a cinquenta hectares, torn ando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Trata-se do Direito Civil dos Po bres. É possível utilizar esta espécie mais de uma vez. Pode adquirir, vender e adquirir novamente. Exige posse ininterrupta esem oposição, de imóvel rural tornando -o produtivo por seu trabalho, pelo prazo de 5 anos em área não superior a 50 hectares. Em ambosmbos os casos (usucapião especial urbano e rural) , o requerente deve comprovar que n ão possui outro imóvel e que dele retira a subsistência, quando rural.
d.5. Usucapião Especial Urbano Coletivo - Lei 10.257/01. Estatuto da Cidade 
Art. 10. As áreas u rbanas com mais de d uzentos e cinquenta metros qu adrados, ocupadas 
por população de baixa renda p ara sua moradia, por cin co anos, ininterruptamente e sem oposição, onde n ão for possível id entificar os terrenos ocupados por c ada possuidor, são susceptíveis de serem usucapid as coletivamente, desde que ospossuidores não sejam proprietários de outro imóvel u rbano ou rural . §1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. §2o A usucapião especial coletiva de imó vel urba no será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. §3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuid or, independentemente da d imensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de a cordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais dif erenciadas. §4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos , no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio. §5o As deliberações relativas à administra ção do condomínio especial se rão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, f icarão sob restadas 
quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias , que venham a ser propost as 
relativamente ao imóvel usucapiendo.
 
Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana: 
I - o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente; II - os possuidores, em estado de composse; III - como substituto processual, a associação d e moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados. 
§1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público. 
§2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuit a, inclusive 
perante o cartório de registro de imóveis. 
 
Exige posse ininterrupta e sem opo sição, de área u rbana com ma is de 250 metros quadrados, ocupada por população de baixa renda para sua moradia e desde que não se ja possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor e que nenhum deles não seja proprietário de outro imóvel urban o ou rural. 
Prazo de 5 anos, requisitos obrigatórios, imóvel urbano superior a 250m 2 (até 250 é o individual), posse coletiva com finalidade de m oradia d e popu lação de baixa renda.Esta ação pode se r promovida pelos próprios po ssuidores, individualmente ou em conjunto, e também pela asso ciação de moradores. Toda usucapião especial dispensa boa-fé. 
d.6. Usucapião Especial Urbano Familiar ou Conjugal : CC. Art. 1.240-A.
Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o do mínio in tegral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) . Trata-se da aquisição da meação por abandono do lar. O imóvel usu capiendo deve pertencer à meação do ca sal, ocorrendo o abandono de lar (pelo prazo de 2 anos). Essa usucapião só pode gerar uma única aquisição (assim como no usucapião especial urbano). 
d.7. Usucapião T abular: Lei 6.015/73. Lei d e Registros Públ icos. Art. 214 
As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas, invalidam -no, independentemente de ação direta. §5o A n ulidade não será d ecretada se atingir ter ceiro de boa-fé que já tiver preenchido as condições de usucapião do imóvel. Trata-se de usucapião em ação que d iscuta registro de imóvel. Mesmo que o registro seja nu lo, quando o te rceiro for de boa -fé e as condições da u sucapião estiverem preenchidas, a nulidade não será decretada.
d.8. Usucapião Indígena: Lei 6.001/73 Estatuto do Índio. 
 Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez an os consecutivos, trecho de terrainferior a cinqu enta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. Parágrafo único. O disposto neste artigo n ão se aplica às terras do d omínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de q ue trata esta Lei , nem às t erras de propriedade coletiva de grupo tribal. Trata-se d a usucapião e m favor do índio, integrado ou n ão à civilização, com posse de mais de 10 anos em área não superior a 5 0 hectares. Essa aplicação é reduzida, tendo em vista que a usucapião rural é reduzida a 5 anos. 
 
e) Súmula 237 do STF 
Permite que toda e qualquer esp écie de usucapião seja alegada como matéria de defesa. Ou seja, seja alegada dentro d a contestaç ão. Exemplo: ação reivindicatória (o réu da reivindicatória pode alegar u sucapião). Se o juiz acolher a usucapião alegado co mo matéria d e defesa , julgará o pedido imp rocedente, contudo, o réu, vencedor d a demanda, não pode pegar a sentença para registrar o imóvel em seu nome. Isso porque o registro tem oponibilidade erga omnes. É preciso que seja proposta ação de usucapião. Ou seja, usucapião alegada em matéria de defesa não gera registro. Mas em se tratando de usucapião especial, rural e urbano, alegado c omo matéria de defesa, gera registro. Só nesses dois ca sos gera registro. O fu ndamento da intervenção d o MP na ação de usucapião é o A rt. 944 do CC, é a sua eficácia erga omnes. Por isso o MP funciona como fiscal. Diante disso, usucapião alegado como matéria de defesa nãogera intervenção do MP, po is não há eficácia erga omnes, salvo a usucapião especial, rural ou urbano, pois nesses dois casos há eficácia erga omnes. MP intervirá em usucapião de bens móveis? 5 anos ou 3 anos com boa fé e justo título. Aqui haverá espaço para intervenção do MP? Não, pois na usucapião de bens móveis, pois não há eficácia erga omnes.
f) Procedimento da Ação de Usucapião 
O procedimento comum ordinário é pentafásico. São cinco f ases: p ostulatória, conciliatória, saneatória, instrutória e decisória. 
Para que um procedimento seja especial é preciso que haja uma subversão dessas f ases. Se nada for alterado o procedimento será comum. O procedimento da usucapião é e special. Arts. 941 a 945 do CPC. O que tem de especial? No lugar da fase conciliatória haverá uma fase de editais. P ublicados os editais o procedimento ordinariza. O novo CPC não prevê o procedimento de usucapião como especial, apenas prevê uma fase de publicação de editais. 
Na ação de usu capião serão citados pe ssoalme nte os confinantes, aquele em cujo nome estiver registrado, as 3 Fazendas Públicas, a súmula 363 do STF estabelece que também deve ser citado o atual possuidor, se houver. Isso porque ele não precisa e star na posse, mas provar que esteve na posse pelo perí odo exigido, e ainda será citada por edital a coletividade. É por isso que o procedimento da usucapião é chamado procedimento edital.
b) Acessões 
São acréscimos que podem decorrer da natureza ou da intervenção humana. 
b.1. Acessões Naturais
 
b.1.1. avulsão: desprendimento abrupto e repentino de terras . Ex: enchente. 
O proprietário prejudicado terá o p razo decadencial de 1ano para reclamar a avulsão. Dentro desse prazo, fazendo a reclamação, o proprietário que acresceu optará entre pagar indenização ou devolver a coisa, se possível. 
aluvião: perda len ta e p aulatina de terras. Ex: assoreamento. Nesse caso, o 
proprietário poderia ter evitado, logo, se não o fez foi porque não quis, não 
havendo direito de indenização. 
Formação de ilhas: são acréscimos de terras provenientes de sua acumulação em meio às águas. As ilhas (formadas em rios não navegáveis, pois as formadas em rios na vegáveis pertencem à Uniã o) pertencem aos proprietários ribeirinhos correspondentes na proporção de suas testadas. 
Abandono de álveo: álveo (art. 9º, Código de Águas) é a superfície do rio ordinariamente encoberta pelas águas. O álveo a bandonado (seja rio navegável ou não, pois o rio de ixa de ser na vegável) pertence ao proprietário ribeirinho correspondente na proporção de suas te stadas. Ex: rio muda o curso, formando uma extensão de terra nova, o álveo abandonado. 
 b.2. Acessões Humanas 
b.2.1. construções e plantações: su bmetem-se a teoria da gravitação, ou seja, o acessório seguirá o principal, logo, o proprietário do solo adquir e a construção ou plantação. 
i) exceção: art. 1.255, §ú nico, CC. Construção ou plantação de boa-fé que excede manifestamente o valor do solo, inverte-se a gravitação. 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edif ica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa -fé, terá direito a indenização. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, pl antou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, m ediante pagam ento da indenização fixada ju dicialmente, se não houver acordo. 
 
8.2. Derivado 
Há translatividade, ou seja, há relação jurídica entre o anterior proprietário e o adquirente. Havendo relaçã o jurídica, aplica-se a regra de que ninguém pode transmitir mais do que tem. Ainda, a propriedade será adquirida com todos os vícios e gravames que eventualmente pesem sobre ela.
a) Registro em Cartório 
Pode decorrer de a to inter vivos ou causa mortis, se ndo disciplinado pela lei 6.015/73. Tal registro, no Brasil, p ossui p resunção relativa de veracidade, portanto, 
força probanterelativa, art. 1.247, CC: 
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o int eressado reclamar que se retifique ou anule. 
Parágrafo único. Cancelado o regist ro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. 
Logo, tal registro pode, eventualmente, não indicar o proprietário, pois pode ser nulo, anulado, etc. 
O art. 214, da LRP, permite que e m qualquer tipo de ação se ja possível declarar a nulidade ou anulabilidade do registro de imóveis. 
Obs.: Registro Torrens - presunção absoluta. O único caso de presunção absoluta do registro é o registro torrens. É exclusivo para imóveis rurais e depende de decisão judicial em procedimento com intervenção do MP como fiscal da lei. absoluta p orque não decorre de ato do cartório, mas sim de ato judicial. 
 
a.1. Usucapião Tabular
 
Contudo, reconhecendo presentes os requisitos para o usucapião, pode o juiz reconhecê-lo na própria ação. Chama-se usucapião tabular (art. 214, §5º, LRP). É forma de evitar a declaração d e nulidade do registro. Tal form a de usucapião homenageia os princípios da celeridade e economia, pois evita a propositura de ação de usucapião daquele que, apesar de ter seu registro anu lado, tem os 
requisitos do usucapião. 
 a.2. Retificação de Registros 
A LRP, art. 213, determina três situações nas quais se pode retificar o registro: 
a.2.1. em ca rtório: quando não houver int eresse de terceiros. Ex: m udança do nome do adquirente. 
a.2.2. em juí zo registr al – jurisdição voluntária: será feita a retificação em juízo registral por procedimento de jurisdição voluntária, quando houver interesse de terceiros, mas não gerar ampliação d e área. Admite -se a decisão por equidade. Art. 1.109, CPC. Ex: mudança do valor do negócio. 
a.2.3. em juízo cível – procedimento comum o rdinário: quando houver interesse de terceiros e ampliação de á rea. Ex: retificação nas m edidas do imóvel. 
 a.3. Função Social Registral 
O registro público nã o pode prejudicar terceiros de boa -fé. Ex: evicção quando há atuação do tabelião. RE 175.739 -6/SP – STF reconheceu responsabilidade civil do estado por ato do tabelião

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