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Esporotricose: uma micose zoonótica

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INTRODUÇÃO
 A esporotricose é uma micose zoonótica é uma micose provocada pelo fungo Sporothrix schenckii e, no Brasil, também pela espécie Sporothrix brasiliensis. A doença atinge habitualmente a pele, o tecido subcutâneo e os vasos linfáticos mas pode afetar também órgãos internos. É incluída no grupo das micoses profundas.
O fungo causador da esporotricose habita a natureza (solo, palha, vegetais, madeira) e a instalação da doença se dá através de ferimentos com material contaminado, como farpas ou espinhos. Animais contaminados, principalmente gatos, também podem transmitir a esporotricose através de mordeduras ou arranhaduras.
Apesar de poder ser encontrada em todo o mundo, a esporotricose é mais comum em países de clima quente.
EPIDEMIOLOGIA
O Sporothrix está presente em todo o globo terrestre, principalmentel em regiões de clima tropical e subtropical, sendo o Brasil o país com uma das maiores taxas de prevalência. A infecção ocorre por inoculação traumática do agente na derme.
Gatos machos inteiros, de vida livre desemprenham um grande e importante papel na disseminação da doença, em virtude do territorialismo inerente à espécie, que ocasiona brigas resultantes em escoriações e lesões, facilitando a transmissão do agente. Animais imunossuprimidos também estão mais susceptíveis ao desenvolvimento do quadro.
Outros fatores também são importantes na epidemiologia da doença, como os abandonos que acontecem quando o animal começa a apresentar os sintomas ou é diagnosticado, justamente por ser uma zoonose e de tratamento prolongado.
ETIOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA ESPOROTRICOSE
Após a inoculação na pele, há um período de incubação, que pode variar de poucos dias a 3 meses. As lesões são mais frequentes nos membros superiores e na face.
A esporotricose apresenta formas cutâneas, restritas à pele, tecido subcutâneo e sistema linfático, que são as mais frequentes, e formas extra-cutâneas, que afetam outros órgãos e são mais raras.
Entre as formas cutâneas da esporotricose, encontramos:
Forma cutâneo-localizada: restrita à pele ou com discreto comprometimento linfático (íngua). É caracterizada por um nódulo (lesão elevada) avermelhado, que pode ser verrucoso (endurecido e com superfície áspera) ou ulcerado (ferido), geralmente recoberto por crostas. Esta forma também pode ocorrer nas mucosas (boca, olhos);
Forma cutâneo-linfática: é a forma mais frequente de manifestação da esporotricose. A lesão inicial é um nódulo que pode ulcerar (ferir). A partir dela, forma-se um cordão endurecido que segue pelo vaso linfático em direção aos linfonodos (gânglios) e, ao longo dele, formam-se outros nódulos, que também podem ulcerar, dando um “aspecto de rosário”. Pode ocorrer o surgimento de ínguas, que são, geralmente, discretas (foto abaixo);
Forma cutâneo-disseminada: as lesões nodulares, ulceradas ou verrucosas se disseminam pela pele. Esta forma é mais comum em pacientes imunodeprimidos.
Existe, ainda, a forma extra-cutânea, ocorrência mais rara, na qual a infecção atinge outros órgãos como: pulmão, testículos, ossos, articulações e sistema nervoso. Nesta forma, a via de contaminação costuma ser a ingestão ou inalação do fungo e também pode haver imunodepressão associada ao seu surgimento.
4.TRANSMISSÃO
A contaminação ocorre através do contato das garras dos animais com material orgânico em decomposição (cascas de árvores, espinhos, palha, tábuas úmidas de madeira, etc.), na presença do fungo, que pode ser trazido na sola dos sapatos, através de outros animais e mesmo através das correntes de ar.Uma vez que a esporotricose tenha se instalado, ela passa a ser transmitida através de arranhões, mordidas e contato direto com a área lesionada da pele dos animais infectados com outros pets e com os donos. O ambiente é considerado a fonte de infecção para animais e humanos, os quais adquirem a doença através da penetração traumática na pele causada por felpas de madeira, espinhos de plantas e material vegetal contaminado. A infecção através da inalação de estruturas fúngicas (conídios) presente no ambiente é considerada rara. O fato de o fungo estar presente no ambiente faz com que seja facilmente carreado pelos felinos, devido aos hábitos inerentes da espécie, como afiar as unhas em árvores, escavar e rebolcar-se no solo. Dessa forma, tanto animais doentes como sadios podem carrear e transmitir o agente para outros animais e ao homem através da arranhadura e mordedura. Não se conhecem casos de transmissão da esporotricose de pessoa para pessoa. A infecção ocorre através da boca ou das vias aéreas superiores, com o contato frequente com gatos, cachorros e outros animais domésticos, como vacas e cabras, além de pequenos mamíferos criados em gaiolas, como hamsters e esquilos-da-mongólia.
5. DOENÇA EM HUMANOS
 A esporotricose em humanos ocorre mais comumente nas formas cutâneas como: cutânea fixa, linfocutanea ou linfangite ascendente e cutânea disseminada. A forma cutânea disseminada assim como as formas extracutâneas ocorrem com maior freqüência em pacientes imunocomprometidos, especialmente em portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e de outras doenças concomitantes. 
As formas cutânea fixa e linfocutânea correspondem a cerca de 95% dos casos em humanos e se caracterizam clinicamente por uma lesão única normalmente localizada na extremidade do membro torácico, de aspecto eritematoso, pustular e/ou nodular que se dissemina pela cadeia linfática formando nódulos que podem fistular e drenar exsudato serosanguinolento com formação do “rosário esporotricótico. As formas extracutâneas podem ser primárias ou secundárias e cursam principalmente com acometimento pulmonar, ósseo, articular, ocular e sistêmico, sendo estas formas de ocorrência rara. Na forma pulmonar, a sintomatologia é inespecífica, sendo semelhante as outras micoses pulmonares cursando com tosse, fadiga, febre, anorexia e perda de peso. A forma ocular pode resultar em comprometimento de diferentes estruturas oculares como conjuntiva, esclera, córnea, íris entre outros. Clinicamente podem ser observadas conjuntivite, episclerite, uveíte, ulcerações corneais, panoftalmite, dacriocistite, lesões retrobulbares e cegueira. Na forma óssea as lesões se caracterizam por intensa destruição óssea, semelhante a osteomielite e periostite, frequentemente localizada nos ossos dos membros anteriores e face. As lesões articulares ocorrem geralmente na articulação do joelho e se caracterizam por sinovite podendo ocorre destruição total da articulação.
DIAGNÓSTICOS 
O diagnóstico da esporotricose pode ser realizado com base no histórico clínico-epidemiológico e exames laboratoriais. O exame micológico constituído por exame citopatológico e cultura fúngica pode ser realizado a partir de amostras de exsudatos, tecidos ou aspirados de lesões. No exame citológico corado por coloração simples, GRAM ou GIEMSA, a presença de estruturas fúngicas em espécimes clínicas de humanos e caninos é rara, o que determina a baixa especificidade e sensibilidade do exame. Por outro lado, em amostras de felinos, freqüentemente, são encontradas inúmeras células pleomórficas compatíveis com S. schenckii. O isolamento fúngico pode ser obtido em diferentes meios de cultivo num período de 7 a 15 dias, devendo ser realizada a confirmação do dimorfismo fúngico, com incubação em temperaturas de 25ºC e 37ºC. O exame histopatológico permite evidenciar a reação inflamatória caracterizada por reações inflamatórias granulomatosas, focais ou multifocais, compostas, principalmente, por macrófagos e polimorfonucleares. Também podem ser visualizadas células leveduriformes de localização intra ou extracelular em forma de charuto, pleomórficas ou em brotamento. Nas laminas histológicas de amostras de humanos comumente observa-se a presença do fenômeno de Splendori-Hoeppli o qual é considerado indicativo de esporotricose. A pesquisa de anticorpos anti-Sporothrix pode ser realizada pelos testes de soroaglutinação do látex, fixação do complemento, imunodifusãoe imunofluorescência indireta, os quais são utilizados principalmente em casos de esporotricose humana nas formas extracutânea e sistêmica. Destes, o teste de soroaglutinação do látex é o mais recomendado por apresentar maior especificidade e sensibilidade.
TRATAMENTO
O tratamento da esporotricose pode ser realizado com o iodeto de potássio, que é bastante eficaz mas pode ser acompanhado de efeitos colaterais, além de antifungicos de uso sistêmico (via oral) são eles: Itraconazol (10 mg/kg) e Cetoconazol (5-10 mg/kg). As doses e o tempo de tratamento variam e devem ser determinadas pelo médico dermatologista.
Fomas graves da doença podem necessitar de tratamento com antimicótico por via venosa. Na forma localizada, pode ocorrer cura espontânea.
Quando diagnosticasa, a doença nesses animais, o tratamento é essencial, a fim de reduzir a incidência e propagação da doença; infelizmente, o tratamento além de oneroso, demanda terapia contínua e prolongada, sendo, às vezes, impossibilitado. Por isso, frequentemente a eutanásia do animal é indicada.
CONTROLE E PREVENÇÃO
Não há vacina contra a esporotricose. O tratamento, relativamente longo, tanto para humanos como para cães e gatos, é feito com medicamentos orais, que são caros e não estão disponíveis na rede pública de saúde. Os gatos ficam mais expostos à doença, em função do seu instinto de caça.
Nos seres humanos, a doença é curável (mas pode provocar ulcerações gravíssimas na pele, de difícil tratamento), mas, em animais de pequeno porte, ela pode ser fatal. Nestes casos, o corpo deve ser cremado; enterrado, ele continuará sendo um vetor de transmissão da esporotricose.
A principal providência é levar os pets ao veterinário e seguir o tratamento de forma adequada, tomando algumas precauções, como isolar os cães e gatos afetados, usar luvas cirúrgicas nos momentos de aplicação dos medicamentos e lavar as mãos com água e sabonete sempre que houver contato direto.
 As formas de controle e prevenção da esporotricose devem ser baseadas na adoção de medidas higiênico-sanitárias visando reduzir os riscos de transmissão do agente para outros animais e humanos. Assim, os animais doentes devem ser mantidos em isolamento e tratamento até a total cura clínica. Alem disso, deve-se limitar o acesso de animais sadios e doentes a ambientes externos, evitando assim o contato com outros animais e com o ambiente que poderá estar contaminado com o fungo. Como medida complementar, a realização de castração dos felinos, especialmente, os machos semidomiciliados é uma medida que minimiza as brigas que ocorrem pela disputa de territórios e fêmeas. Os cadáveres de animais com esporotricose não devem ser enterrados, sendo recomendada a incineração dos mesmos como medida de evitar a permanência e proliferação do fungo no ambiente. Também, a utilização de luvas durante o manejo do animal acometido pela doença é de extrema importância assim como vestimentas adequadas.
REFERENCIAS
http://www.pelotas.rs.gov.br/centro-zoonoses/zoonoses/arquivos/zoonoses-esporotricose.pdf
http://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/esporotricose/
http://www.caesonline.com/esporotricose-doenca-felina-e-canina-tambem-ataca-humanos/
https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/esporotricose-pesquisadores-esclarecem-sobre-doenca-que-pode-afetar-animais-e-humanos

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