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APOSTILA Advocacia e Direitos do Consumidor

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1 
CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
CURSO DE FÉRIAS UNIFIL – 17ª EDIÇÃO 
CURSO: A ADVOCACIA E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR 
“QUESTÃO POLÊMICA DO DIREITO CONSUMERISTA 
CONTEMPORÂNEOE A SUA APLICABILIDADE ÀS RELAÇÕES ENTRE OS 
ADVOGADOS E SEUS CLIENTES” 
Curso ministrado por: STEFANY TAMEIRÃO, Acadêmica do 5º ano do Curso 
de Direito do Centro Universitário Filadélfia. 
Orientado por: ANDERSON DE AZEVEDO, Professor do Colegiado do Curso 
de Direito do Centro Universitário Filadélfia. 
26 de junho de 2017 
1. CONCEITO DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
• Partes na relação de consumo 
• Consumidor: art. 2 do CDC 
• Fornecedor: art. 3 do CDC 
• Produto e Prestação de Serviço: art. 3, § 1° e § 2 ° do CDC 
 
2. PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
• Vulnerabilidade 
• Transparência 
• Informação 
• Segurança 
• Equilíbrio 
• Reparação Integral 
• Solidariedade 
• Interpretação mais favorável ao consumidor 
• Boa-fé objetiva 
• Equidade 
• Acesso à justiça 
 
3. RESPONSABILIDADE CIVIL 
3.1. Conceito da Responsabilidade Civil 
3.2. A Responsabilidade no CDC 
• Da responsabilidade Objetiva 
 
 
2 
CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
• Responsabilidade pelo fato do produto/ serviço: artigos. 12 a 
17 do CDC 
• Responsabilidade pelo vício do produto/ serviço: artigos. 18 a 
20 do CDC. 
3.3. Teoria do Risco da Atividade 
• A ligação entre fornecedor e consumidor em todas as fases da 
contratação (pré, contratual e pós) 
 
4. EXCEÇÃO PRESENTE NO CDC 
4.1. Conceito de Profissional Liberal 
4.2. Responsabilidade do Profissional Liberal 
• Artigo: 14, § 4º do CDC 
• Responsabilidade civil subjetiva 
• Responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais 
• O Consumidor tem de demonstrar o dano o nexo causal e o 
profissional que causou o dano 
 
5. O ADVOGADO ENQUANTO PROFISSIONAL LIBERAL 
5.1. O Advogado Enquanto Profissional Liberal 
5.2. Do Ordenamento Jurídico Brasileiro – Hermenêutica Jurídica 
5.3. LEI 8.906/1994 Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do 
Brasil (OAB) 
5.4. Existindo Lei Genérica e lei especial Regulando o Mesmo Objeto, 
Aplicar-se-á a lei Especial 
 
6. DA NÃO APLICABILIDADE DO CDC AS RELAÇÕES ENTRE 
ADVOGADOS E SEUS CLIENTES 
6.1. Necessidade de Pressuposto Mercantil para que haja a 
Aplicabilidade do CDC 
6.2. Natureza da Prestação de Serviços do Advogado 
6.3. Relação Jurídica com Base em Confiança - Código de Ética e 
Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil 
 
 
3 
CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
CONCEITO DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
Partes na Relação de Consumo 
A relação de consumo pode ser conceituada de forma mais técnica 
como sendo o liame jurídico existente entre um fornecedor e o consumidor, na 
qual este último busca satisfazer uma necessidade sua, como destinatário final, 
através da aquisição de bens ou serviços oferecidos por aquele primeiro sujeito 
por meio de sua atividade empresarial. Por meio deste conceito, nota-se, 
portanto, que a relação de consumo é composta por dois elementos principais, 
quais sejam, o subjetivo e o objetivo. Tais componentes, para melhor 
entendimento, são aqueles que representam os sujeitos envolvidos na relação 
de consumo e o próprio objeto dessa relação. O elemento subjetivo é aquele 
composto pela figura do consumidor e pela figura do fornecedor, já o objetivo é 
composto pela existência de mercadorias ou serviços envolvidos na relação de 
consumo. 
Consumidor: art. 2 do CDC 
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a 
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que 
haja intervindo nas relações de consumo.” 
 
 A tarefa de se formular o conceito de consumidor torna-se 
importante na medida em que o âmbito de aplicação do CDC será por ele 
delimitado. Como o sujeito consumidor é um elemento essencial na 
composição da estrutura da relação jurídica de consumo, a sua conceituação, e 
 
 
4 
CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
a posterior interpretação de tal conceito deve ser feita de modo a não restringir 
nem ampliar demasiadamente a proteção que o CDC tem por fim conferir ao 
consumidor. 
O Código de Defesa do Consumidor não adota um único conceito de 
consumidor. Através de uma mera análise literal dos seus dispositivos, é 
possível notar quatro conceitos distintos, mas harmônicos entre si, pois todos 
eles integram um conjunto de situações em que uma determinada pessoa 
poderá ser considerada consumidora e gozar da tutela protecionista oferecida 
pelo CDC. 
Fornecedor: art. 3 do CDC 
“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços.” 
 É um conceito que não tem dado margem a interpretações 
divergentes por parte da doutrina, ao contrário do que ocorre com relação ao 
conceito de consumidor, conforme analisado anteriormente. 
O legislador pretendeu dar ao conceito de fornecedor a maior 
abrangência possível, na medida em que são fornecedores, de um modo geral, 
todas as pessoas, e até os entes despersonalizados, que propiciem a oferta de 
produtos e serviços no mercado de consumo. 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
Uma das grandes novidades do CDC foi ter incluído entre os 
fornecedores as pessoas jurídicas de direito público, as quais podem figurar 
com tal qualidade na prestação de serviços públicos. 
Em vez de empregar especificamente as categorias das pessoas de 
acordo com a natureza da atividade praticada por cada uma, como produtora, 
seguradora, empresa, construtora etc., o CDC utiliza o termo genérico 
fornecedor e relaciona a atividade de prestação quanto aos serviços e as de 
produção, montagem, criação etc. quanto aos produtos. Todos que exercerem 
esses vários tipos de atividades serão considerados fornecedores. 
 
Produto e Prestação de Serviço: art. 3, § 1° e § 2° do CDC 
“§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, mate rial ou 
imaterial. 
§ “2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mer cado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista.” 
 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
Poder Judiciário da União - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO 
FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS 
Vulnerabilidade 
A vulnerabilidade é uma condição inerente ao consumidor, ou seja, todo 
consumidor é considerado vulnerável, pois é a parte frágil da relação de 
consumo. A vulnerabilidade do consumidor pessoa física é presumida. Artigo 
relacionado: art. 4º, inciso I, do CDC. 
A vulnerabilidade da pessoa jurídica deverá ser demonstrada no caso 
concreto. Assim, à luz da jurisprudência do STJ, em determinadas hipóteses, a 
pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à 
condição de consumidora por apresentar frente ao fornecedor alguma 
vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das 
relações de consumo (premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, 
que legitima toda a proteção conferida ao consumidor). 
 
Transparência 
O CDC exige transparênciados atores do consumo, impondo às partes 
o dever de lealdade recíproca a ser concretizada antes, durante e depois da 
relação contratual. Frisa a lei que as cláusulas que implicarem limitação de 
direito do consumidor deverão ser regidas com destaque, permitindo sua 
imediata e fácil compreensão. Artigos relacionados: art. 4º e art. 54, §4º, do 
CDC. 
 
 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
Informação 
É dever do fornecedor nas relações de consumo manter o consumidor 
informado permanentemente e de forma adequada sobre todos os aspectos da 
relação contratual. O direito à informação visa assegurar ao consumidor uma 
escolha consciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto 
ou serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo denominado 
de consentimento informado ou vontade qualificada. Artigos relacionados: art. 
6º, inciso III; art. 8º; art. 9º e art. 31, do CDC. 
 
Segurança 
O consumidor tem o direito básico à proteção de sua vida e de sua saúde. 
Assim, o fornecedor não pode colocar no mercado produtos ou serviços que 
possam oferecer riscos ao consumidor. Os riscos devem ser claramente 
advertidos, inclusive, com orientações seguras de como minimizá-los. Artigos 
relacionados: art. 6º, inciso I; art. 8º; art. 10 e art. 12, §1º, do CDC. 
 
Equilíbrio 
São inválidas as disposições que ponham em desequilíbrio a 
equivalência entre as partes. Se o contrato situa o consumidor em situação 
inferior, com nítidas desvantagens, poderá ter sua validade judicialmente 
questionada, ou, em sendo possível, ter apenas a cláusula que fere o equilíbrio 
afastado. Artigos relacionados: art. 4º, inciso III; art. 6º, inciso V; art. 51, inciso 
IV e §1º, inciso III, do CDC. 
 
 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
Reparação Integral 
O princípio da reparação integral dispõe que se o consumidor sofre um 
dano, a reparação que lhe é devida deve ser a mais ampla possível, 
abrangendo, efetivamente, todos os danos causados. Assim, dentre os direitos 
básicos do consumidor, o CDC lista a efetiva prevenção e reparação de danos 
patrimoniais e morais. Os danos devem ser reparados de forma efetiva, real e 
integral, de forma a ressarcir ou compensar o consumidor. Artigo relacionado: 
art. 6º, inciso VI, do CDC. 
Solidariedade 
A regra geral, na lei de proteção ao consumidor, é a responsabilidade 
solidária de todos os agentes envolvidos na atividade de colocação de produto 
ou serviço no mercado de consumo. Portanto, a responsabilização abrange 
não apenas o vendedor ou comerciante, que manteve contato direto com o 
consumidor, mas também os demais fornecedores intermediários que tenham 
participado da cadeia de produção e circulação do bem, como por exemplo, o 
fabricante, o produtor, o construtor, o importador e o incorporador. Artigos 
relacionados: art. 7º, parágrafo único; art. 18; art. 19; art. 25, §1º e art. 34, do 
CDC. 
 
Interpretação mais Favorável ao Consumidor 
Dentre as disposições fundamentais do CDC está aquela que determina 
a interpretação mais favorável ao consumidor, prevista no art. 47. O intérprete, 
diante de um contrato de consumo, deverá atribuir às suas cláusulas conexões 
de sentido que atendam, de modo equilibrado e efetivo, aos interesses do 
consumidor, parte vulnerável da relação. Trata-se do mesmo princípio, visto por 
outro ângulo, que proclama a interpretação contra a parte mais forte, aquela 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
que redigiu o conteúdo do pacto contratual, como ocorre nos contratos de 
adesão. Artigos relacionados: art. 47 e art. 54, §4º, do CDC. 
 
Boa-fé Objetiva 
A boa-fé objetiva é, talvez, o princípio máximo orientador do CDC. Trata-
se do dever imposto, a quem quer que tome parte na relação de consumo, de 
agir com lealdade e cooperação, abstendo-se de condutas que possam 
esvaziar as legítimas expectativas da outra parte. Daí decorrem os múltiplos 
deveres anexos, deveres de conduta que impõem às partes, ainda na ausência 
de previsão legal ou contratual, o dever de agir lealmente. Artigos relacionados: 
art. 4º, inciso III e art. 51, inciso IV, do CDC. 
Equidade 
A necessidade do equilíbrio material entre as prestações, aliada à ampla 
utilização de cláusulas abertas e conceitos jurídicos indeterminados, faz com 
que a equidade seja amplamente valorizada no sistema de proteção ao 
consumidor. Qualquer cláusula que contrarie a equidade será considerada 
nula. A equidade reforça a necessidade de se manter o equilíbrio contratual. 
Artigos relacionados: art. 7º; art. 51, inciso IV e §1º, incisos I e II, do CDC. 
 
Acesso à Justiça 
Para dar efetividade aos direitos do consumidor, o CDC ocupou-se de 
dotar o consumidor de instrumentos que permitam um real exercício dos 
direitos assegurados a ele. Um dos melhores exemplos desse raciocínio é a 
inversão do ônus da prova como instrumento para proporcionar a facilitação da 
defesa do consumidor. Tal inversão, porém, não é automática, depende de 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
circunstâncias concretas, ou seja, que seja verossímil a alegação ou que seja 
hipossuficiente o consumidor. Artigo relacionado: art. 6º, inciso VIII e art. 83, do 
CDC. 
A inversão do ônus da prova, deferida nos termos do art. 6º, VIII, do 
CDC, não significa transferir para a parte ré o ônus do pagamento dos 
honorários do perito, embora deva arcar com as consequências de sua não 
produção. O STJ entende que a inversão do ônus da prova não implica impor à 
parte contrária a responsabilidade de arcar com os custos da perícia solicitada 
pelo consumidor, mas apenas estabelece que, do ponto de vista processual, o 
consumidor não tem o ônus de produzir essa prova. Se, porém, o fornecedor 
não antecipar os honorários do perito, presumir-se-ão verdadeiros os fatos 
afirmados pelo autor. 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Conceito da Responsabilidade Civil 
A Responsabilidade Objetiva destacou-se na época da Revolução 
Industrial, momento em que se iniciou um desenvolvimento de produção em 
massa, colocando maior número de máquinas automáticas de produção e a 
divisão do trabalho por etapas de fabricação nas indústrias, acarretando maior 
produção de bens e uma conseqüente redução do custo, o que facilitou o 
acesso a esses produtos por um maior número de consumidores. 
O acelerado desenvolvimento dos meios de produção trouxe diversos 
benefícios à sociedade. Porém, trouxe juntamente uma subordinação do 
homem a um sistema sobre o qual não tinha nenhum controle. 
A Responsabilidade Civil Objetiva está calcada na liberdade ampla, a ponto 
de que se pode fazer o que quiser, desde que proceda com cuidado. Ora, 
como um homem subordinado a um sistema capitalista de produção em massa 
pode provar a culpa do agente por um dano que sofreu? A sociedade atual, em 
diversos casos, não oferece condições à vítima de um dano para que produza 
as provas necessárias ao alcance da culpabilidade do agente causador. E 
assim sendo, em razão da dificuldade de se provar a culpa, o fato danoso 
passa a ser considerado mera fatalidade. 
E foi neste contexto histórico que a responsabilidade civil objetiva surgiu, 
tendo em vista que o homem se encontrava em uma situação permanente de 
perigo. Assim, foi necessária a busca de um novo fundamento à 
responsabilidade civil, para que se resolvesse os problemas cada vez mais 
crescentes, oriundos de danos e direitos, provocados pelos riscos criados pela 
nova ordem desenvolvimentista,que ameaçavam a segurança das pessoas. 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
Neste sentido, surgiu a teoria da responsabilidade objetiva, preocupando-
se com a justa reparação do dano sofrido, baseando-se no risco, ante a 
dificuldade da prova da culpa pelo lesado para obter a reparação. 
Em síntese, atemos que a vida moderna demonstrou que a idéia de culpa é 
insuficiente para legitimar o dever de indenizar danos que não resultem de atos 
ilícitos. E é neste contexto em que se destaca a importância da 
responsabilidade objetiva, que independe de culpa para obrigar o agente a 
reparar o dano ocasionado. Sendo assim, entendemos por responsabilidade 
civil é a obrigação de reparar o dano que uma pessoa causa a outra. Em 
direito, a teoria da responsabilidade civil procura determinar em que condições 
uma pessoa pode ser considerada responsável pelo dano sofrido por outra 
pessoa e em que medida está obrigada a repará-lo. 
 
A Responsabilidade no CDC 
Da responsabilidade Objetiva 
Em suma, responsabilidade objetiva é a responsabilidade advinda da 
prática de um ilícito ou de uma violação ao direito de outrem que, para ser 
provada e questionada em juízo, independe da aferição de culpa, ou de 
gradação de envolvimento, do agente causador do dano. 
É sabido que o consumidor tem como direito essencial a reparação dos 
danos por ele sofridos, objetivando um reequilibro da relação jurídica abalada 
por um ato antijurídico. 
A responsabilidade pelos danos de consumo teve sua evolução ligada 
ao histórico da responsabilidade civil, bem como suas fases. 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
A princípio, a reparação do dano causado na relação de consumo era 
contratual, sendo, portanto, regida pelo direito comum. Em razão da 
responsabilidade contratual, apenas eram vinculados os contratantes, deixando 
de lado a reparação por danos causados a terceiros que eventualmente 
viessem a utilizar o produto ou serviço. 
Com a evolução da sociedade, tanto quanto das relações de consumo, a 
responsabilidade desvinculou-se do contrato de aquisição do bem, passando a 
vincular-se ao ato danoso, que deveria decorrer de uma conduta culposa do 
agente. Assim sendo, os danos sofridos pelo consumidor só seriam ressarcidos 
se comprovada a conduta culposa do agente. Adotou-se, então, a teoria da 
responsabilidade subjetiva, que subordinou a reparação do dano à ocorrência 
dos seguintes fatores: dano; nexo de causalidade e culpa. 
No que tange a responsabilidade civil na relação consumerista não há 
como prosperar a teoria da responsabilidade civil subjetiva, já que com a 
adoção da referida responsabilização há maior dificuldade na defesa do 
consumidor, que é uma garantia constitucional. Entendo que se a 
responsabilidade civil subjetiva fosse adotada como regra nas relações de 
consumo, estaria o legislador desconsiderando a vulnerabilidade do 
consumidor, que é exatamente a razão de toda a proteção conferida ao 
consumidor. Para tanto, entende-se como vulnerabilidade a qualidade atribuída 
a alguém que se encontra em posição desfavorável à de outrem dentro de uma 
relação existente entre ambos. 
Em razão desta dificuldade sofrida pelos consumidores em provar a 
culpa do agente, adotou-se, hoje, com o Código de Defesa do Consumidor, a 
regra da responsabilidade objetiva. A partir do CDC, então, o consumidor que 
sofrer um dano tem apenas que provar o dano, a utilização do produto ou 
serviço e o nexo de causalidade. 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
 O nosso atual Código Civil, prevê, em seu artigo 927, a possibilidade de 
reparação do dano em virtude da prática de ato ilícito. Vejamos: "Art. 927. 
Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187 do Código Civil), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo." 
Complementando, segue a norma legal: "Parágrafo único. Haverá 
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos, 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo 
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem." 
O referido parágrafo único está justamente inserido de forma a 
representar o Código de Defesa do Consumidor, em sua previsão legal, ao 
mencionar que o causador do dano deve reparar a lesão 
independentemente de culpa, nos casos previstos em lei. Esta Lei, no 
presente caso, é justamente o CDC. Ao contrário do que exige a lei civil, 
quando reclama a necessidade da prova da culpa, na relação entre 
consumidores esta prova é plenamente descartada, sendo suficiente a 
existência do dano efetivo ao ofendido. 
Como podemos contemplar no artigo 1º do Código de Defesa do 
Consumidor: 
“Art. 1° O presente código estabelece normas de 
proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e 
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso X XXII, 170, 
inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas 
Disposições Transitórias.” 
Vemos que esse diploma legal já se auto define, em razão da sua 
origem constitucional do mandamento de defesa do consumidor, como sendo 
de ordem pública e interesse social, sendo, portanto, de aplicação necessária e 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
observação obrigatória, já que as normas de ordem pública positivam os 
alicerces valorativos de uma sociedade. 
Quer seja no Direito Público, no Direito Privado, contratual, 
extracontratual, material ou processual em qualquer relação de consumo, 
referido diploma será aplicado, já que com presente finalidade esta lei criou 
uma sobre estrutura jurídica multidisciplinar, e assim, cumpre sua vocação 
constitucional. A disciplina instituída é única e uniforme e visa a tutela dos 
direitos materiais ou morais de todos os consumidores do país. 
Considerando-se a vulnerabilidade do consumidor na relação de 
consumo, entende-se necessária à proteção deste. E, uma das formas 
encontradas pelo legislador para protegê-lo, foi a adoção da Responsabilidade 
Civil Objetiva como regra geral. 
Atenção importante ao fato de quê, por ser a responsabilidade objetiva 
fundada em um dever geral de diligência, elementos subjetivos podem 
bloquear a solidariedade presente, ou subordiná-la à constatação de culpa. 
Veremos adiante a melhor forma para compreender essa exceção presente 
nas relações de consumo. 
 
Responsabilidade pelo Fato do Produto/ Serviço: Artigos. 12 a 17 do CDC 
Na responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, o defeito 
extrapola a esfera da coisa ou do serviço prestado e atinge a incolumidade 
física ou psíquica da pessoa e gera um dano (material ou moral) passível de 
reparação. O fato do produto e do serviço também é chamado de acidente de 
consumo, pois o dado fundamental não é a origem do fato (do produto ou 
serviço), mas sim a localização humana de seu resultado (o acidente de 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
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consumo). Assim, os produtos e serviços que, por seus defeitos, causarem 
danos ao consumidor, fazem surgir a responsabilidade civil do fornecedor, 
independentemente de culpa. A informação insuficiente ou inadequada acerca 
do produto e do serviço também é defeito e, como tal, gera o dever de reparar. 
Exemplos de fato do produto: aqueles famosos casos dos telefones celulares 
cujas baterias explodiam, causando queimaduras no consumidor; o automóvel 
cujos freios não funcionam, ocasionando um acidente e ferindo o consumidor; 
um ventilador cuja hélice se solta, ferindo o consumidor; um refrigerante 
contaminado por larvas ou um alimento estragado que venha a causar 
intoxicação etc.Exemplos de fato do serviço: uma dedetização cuja aplicação de veneno 
seja feita em dosagem acima do recomendado, causando intoxicação no 
consumidor; um serviço de pintura realizado com tinta tóxica, igualmente 
causando intoxicação; uma instalação de kit-gás em automóvel, que venha a 
provocar um incêndio no veículo etc. 
 
É importante memorizar: o fato do produto ou do serviço deve desencadear 
um dano que extrapola a órbita do próprio produto ou serviço. Sem a 
ocorrência desse pressuposto da responsabilidade civil, inexistirá o dever de 
indenizar. 
Isso porque, os artigos da Lei assim o determinam. Vejamos: 
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, 
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
Discente: Stefany Tameirão | stefanytameirao@hotmail.com 
independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
utilização e riscos.” 
Dessa forma, constatado o fato que gerou o dano, proveniente da 
relação de consumo, e o dano à parte mais fraca, caberá ao responsável a sua 
reparação, não havendo necessidade do consumidor apresentar prova da 
culpa. 
Nesse mesmo sentido, a redação do art. 14 do CDC é clara: 
“Art. 14. O fornecedor de serviços 
responde, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição 
e riscos.” 
Tais artigos visam, como as demais normas previstas no código 
consumerista, proteger, de forma privilegiada, a parte mais fraca da relação de 
consumo, visando evitar, claramente, abusos dos comerciantes e fabricantes, 
ou prestadores de serviços, estes visivelmente mais fortes em relação àqueles. 
Por tal motivo, qualquer produto posto no mercado de consumo deve 
atender as mínimas exigências de qualidade e quantidade, para que não venha 
o consumidor a sofrer prejuízos. Se isso ocorrer, pode valer-se dos arts. 12 e 
14 do CDC. 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
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Assim, o fornecedor responde independentemente de culpa por 
qualquer dano causado ao consumidor, pois que, pela teoria do risco, este 
deve assumir o dano em razão da atividade que realiza. Vejamos o 
ensinamento de Cavalieri: 
 
“Uma das teorias que procuram justificar a 
responsabilidade objetiva é a teoria do risco do negócio. 
Para esta teoria, toda pessoa que exerce alguma 
atividade cria um risco de dano para terceiros. E deve ser 
obrigado a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta 
de culpa.” 
Assim sendo, verifica-se que a Lei nº 8.078/90 estabeleceu a 
responsabilidade objetiva dos produtores e fornecedores da cadeia produtiva, 
não levando em consideração a existência da culpa frente aos danos 
provenientes de acidentes de consumo ou vícios na qualidade ou quantidade 
dos mesmos ou na prestação dos serviços. 
Para pontuarmos, vejamos a exposição de um julgado referente ao 
tema supracitado, da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito 
Federal: 
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. 
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA ACOLHIDA. 
DANOS À SAÚDE DO CONSUMIDOR. FATO DO 
PRODUTO (ARTS. 12 A 17 DO CDC). INEXISTÊNCIA DE 
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO COMERCIANTE, 
UMA VEZ QUE EXISTE IDENTIFICAÇÃO CLARA E 
COMPLETA DO FABRICANTE E NÃO SE ALEGOU 
 
 
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FALHA NO ACONDICIONAMENTO DO PRODUTO. 
RECURSO CONHECIDO. PRELIMINAR ACOLHIDA. 
PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA PARA EXTINGUIR 
O PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. 1. A 
pretensão do autor se resume à indenização por danos 
morais face à ofensa a sua saúde por consumir produto 
estragado. O fato do produto ou do serviço se configura 
toda vez que o defeito, além de atingir a incolumidade 
econômica do consumidor, atinge também a sua 
incolumidade física ou psíquica, caracterizando danos 
à saúde física ou psicológica do consumidor, ou seja, o 
fato do produto ou do serviço desencadeia um dano 
que extrapola a órbita do próprio produto ou serviço, 
no qual reclama a ocorrência de riscos a saúde ou 
segurança do consumidor ou de terceiros. 2. 
Responsabilidade por fato do produto e do serviço. A 
solidariedade se dá somente entre as pessoas 
expressamente elencadas no caput do art. 12 do CDC, o 
qual dispõe que: "O fabricante, o produtor, o construtor, 
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação 
dos danos causados aos consumidores por defeitos 
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, 
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento 
de seus produtos, bem como por informações suficientes 
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos". Quanto ao 
comerciante, sua responsabilidade encontra-se 
condicionada à ocorrência das situações específicas do art. 
13: "O comerciante é igualmente responsável, nos termos 
 
 
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do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o 
produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - 
o produto for fornecido sem identificação clara do seu 
fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não 
conservar adequadamente os produtos perecíveis". 3. 
Recurso conhecido. Preliminar acolhida. Provido. Sentença 
reformada para extinguir o processo sem julgamento de 
mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC. Sem custas e 
sem honorários advocatícios. (Acórdão n. 764307, Relator 
Juiz FLÁVIO FERNANDO ALMEIDA DA FONSECA, 1ª 
Turma Recursal, Data de Julgamento: 18/2/2014, Publicado 
no DJe: 7/3/2014). 
 
Responsabilidade pelo vício do produto/ serviço: artigos. 18 a 20 do CDC. 
 O vício de produto ou de serviço restringe-se ao uso e funcionamento do 
bem, não atingindo a integridade física do consumidor. É um problema ou 
“defeito” que não extrapola, impede ou compromete o simples uso do bem, 
como, por exemplo, a TV que não funciona ou o fogão que não acende. Nos 
casos de vícios, o importador continua sendo responsável, mas a lei agora 
faculta ao consumidor incluir o comerciante como responsável solidário, pois 
estão envolvidos na cadeia produtiva e distributiva. 
 
Exemplos de vício do produto: uma TV nova que não funciona; um 
automóvel 0 Km cujo motor vem a fundir; um computador cujo HD não 
armazena os dados, um fogão novo cuja pintura descasca etc. 
 
 
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Exemplos de vício do serviço: dedetização que não mata ou afasta insetos; 
película automotiva mal fixada, que vem a descascar; conserto mal executado 
de um celular, que faz com que o aparelho não funcione etc. 
É importante memorizar: no caso de vício do produto ou do serviço, não há 
danos à saúde física ou psicológica do consumidor. O prejuízo é meramente 
patrimonial, atingindo somente o próprio produto ou serviço. 
Como podemos constatar, haverá vício quando o “defeito” atingir 
meramente a incolumidade econômica do consumidor, causando-lhe tão 
somente um prejuízo patrimonial. Nesse caso, o problema é intrínseco ao bem 
de consumo. 
Neste sentido, temos a regulamentação por meio do artigo 16 do CDC, 
que traz em sua redação: 
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis 
ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios 
de qualidade ou quantidade que os tornem imprópriosou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes 
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes 
da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, 
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, 
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, 
podendo o consumidor exigir a substituição das partes 
viciadas.” 
 
 Segundo a própria redação do Código, temos os vícios separados em, 
por qualidade e por quantidade. Sendo assim, os entendemos por: 
 
 
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 Vícios de qualidade do produto: são aqueles que tornam os produtos 
inadequados ao consumo ou lhes diminuam o valor. Podem ser ocultos ou 
aparentes. Como exemplo de vícios ocultos pode ser considerado o defeito no 
sistema de freio de veículos; defeito no sistema de refrigeração; som; etc.. A 
estes se pode acrescentar os vícios aparentes, como os que decorrem do 
vencimento do prazo de validade, adulterações etc. 
 Vício de quantidade do produto: são os vícios de quantidade do 
produto são os decorrentes da contratação em relação às indicações 
constantes do recipiente, embalagem, mensagem publicitária, etc. Os artigos 
18 e 19 fazem ressalva sobre "a variações decorrentes de sua natureza" que 
acontece com alguns produtos. Neste caso, o vício só existirá se as variações 
quantitativas forem inferiores aos índices padrões fixados. 
 Vício de qualidade do serviço: os vícios de qualidade ocorrem quando 
os serviços são impróprios ao consumo, sendo inadequados para atingirem o 
fim a que se destinam ou quando não obedecem as normas da prestabilidade. 
Como exemplo podemos citar: não existe atendimento preferencial para idosos 
nos bancos, etc. 
 Vício de quantidade do serviço: o serviço é defeituoso quando houver 
disparidade com as indicações constantes da oferta. Estes são os vícios de 
quantidade dos serviços prestados. 
 
 
 
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Teoria do Risco da Atividade 
A ligação entre fornecedor e consumidor em todas as fases da 
contratação (pré, contratual e pós) 
A proteção contratual do consumidor brasileiro, apresenta-se como um 
processo, bem no entendimento do professor Clóvis do Couto e Silva, uma vez 
que possui várias fases que surgem no desenvolvimento da relação 
obrigacional e que entre si se ligam com interdependência. A proteção 
contratual vista como um processo compõe-se, em sentido lato, do conjunto de 
atividades necessárias à satisfação do interesse do credor, que neste caso é o 
consumidor. 
Fase Pré- Contratual 
Na fase pré-contratual observa-se a predominância do princípio da 
transparência, ou seja, informação clara e correta acerca do contrato e a 
respeito do produto ou serviço; e lealdade e respeito entre fornecedor e 
consumidor. 
A informação surge antes da formação do contrato ao mesmo tempo 
como um dever imposto pela lei ao fornecedor (art. 8º do CDC) e como uma 
obrigação que vincula a manutenção da oferta (art. 30 do CDC). Assim teremos 
como dois principais deveres por parte do fornecedor o dever de informar sobre 
as condições da negociação e sobre as características do produto ou serviço, 
tais como preço, composição, riscos . 
A publicidade, sempre tida como mero instrumento de vendas, e 
portanto juridicamente neutra, ganha múltiplas funções no Código do 
Consumidor. É vedada quando enganosa - mentirosa, fraudulenta, omissa - ou 
abusiva - atentatória contra os bons costumes, incitadora de violência (32) - 
 
 
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deve ser identificável enquanto publicidade (art. 36 do CDC) e sobretudo ser 
verdadeira (art. 38 do CDC). 
Observa-se que todos estes papéis atribuídos a publicidade são 
decorrentes da sujeição ao princípio da boa-fé objetiva no sentido de que a 
publicidade seja uma atividade leal e refletida, pensando no receptor da 
mensagem. A publicidade pode, inclusive, ser fonte de obrigação, sendo 
equiparada à oferta quando suficientemente clara e precisa (art. 30 do CDC). 
Houve um alargamento da contratação, no sentido de entender os processo de 
publicidade comercial como integrante do contrato, em razão do aumento da 
preocupação com o consumidor. Por isso, os anúncio públicos, a apresentação 
de mercadorias e produtos devem ser feitos no interesse do consumidor, 
quanto a indicação dos preços, a embalagem e os rótulos. 
A oferta, considerada como elemento inicial do contrato, aumenta seu 
caráter vinculativo não somente no que se refere à publicidade, mas também 
em razão de qualquer informe seja ele um pré-contrato, um recibo, ou qualquer 
declaração de vontade. Os efeitos gerados pela oferta é a obrigação de efetuar 
a obrigação principal, uma vez dada à aceitação pelo consumidor. 
Formação do Vínculo 
O art. 46 do CDC prevê que sem o conhecimento prévio do conteúdo 
contrato ou a presença de contrato cuja redação não for clara, não obriga o 
consumidor. Deve-se levar em conta o evidente desequilíbrio entre as partes, 
evitando-se a Lesão Enorme para um dos contratantes, Dentre os dispositivos 
que visam o equilíbrio contratual temos o art. 6º, VI, 1ª parte, e a norma que 
proscreve o destaque em caixa alta para as cláusulas restritivas dos direitos 
dos consumidores. 
 
 
 
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Fase Contratual 
Na fase contratual propriamente dita, temos a presença do Dirigismo, que não 
se limita a interpretar os contratos realizados em massa, mas manifesta-se 
também através da imposição de cláusulas contratuais em favor do mais fraco 
e proibição de certas condutas que, uma vez presentes, são anuladas ou 
tornadas ineficazes quando pouco eqüitativas (35). 
Neste mesmo sentido insere-se a regra da interpretação mais favorável, em 
caso de cláusulas dúbias em favor do consumidor. Caso a cláusula seja 
abusiva segundo o art. 51 do CDC ou se inobservar os princípios da equidade 
e da boa-fé, teremos a nulidade de pleno direito. 
Em caso de vendas agressivas, ou seja aquelas realizadas fora do 
estabelecimento comercial temos o direito de arrependimento que se manifesta 
através da devolução do produto e reembolso das quantias já pagas a ser 
exercido no prazo de sete dias. (art.49 do CDC) 
Por fim, temos a execução forçada da obrigação a ser realizada nos termos do 
art. 84 (36). (art. 48 do CDC) 
Fase Pós-Contratual 
A responsabilidade civil em matéria de consumidor deu-se em razão de 
dois principais fatores: a produção em série e o circuito de distribuição dos 
bens em massa. O Código de Defesa do Consumidor Brasileiro prevê nos 
artigos. 12 a 14 a responsabilidade civil objetiva, independentemente de culpa 
do agente, por todos os danos causados aos consumidores. Esta 
responsabilidade do fabricante ou do produtor situa-se na esfera 
extracontratual, já que não há vínculo contratual direto como consumidor, não 
 
 
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obstante as construções doutrinárias e jurisprudenciais para estabelecer uma 
relação direta entre as pontas de produção e do consumo. 
A responsabilidade sem culpa não é uma inovação do direito moderno. 
A Antiguidade pôde desenvolver o instituto da reparação civil, em substituição 
à vingança privada e à retaliação, sem precisar da noção jurídica de culpa. A 
inovação da Modernidade reside, justamente, no fruto das teorias unitárias do 
agir ético, desenvolvidas pelo jusnaturalismo dos séculos XVI a XVIII, que 
implicam a noção de culpa. 
Como fundamento do dever de indenizar, a culpa está intrinsecamente 
ligada às teorias modernas do sujeito, concebidocomo sujeito de direito, livre 
para agir e igual aos demais, com a igualdade atuando como limitador da 
liberdade. Ao fundo, há a ideia de que, como a ética, a responsabilidade pode 
não só promover a reparação de danos, mas também atuar para adaptar as 
condutas socialmente indesejáveis (imprudentes, imperitas ou negligentes), 
estabelecendo padrões de previsibilidade social. 
A inovação técnica está na cláusula geral de responsabilidade (em 
oposição aos sistemas casuístas/taxativos), fundada na culpa. Quando, a 
partir do final do séc. XIX, na esteira das consequências sociais da revolução 
industrial (particularmente os acidentes de trabalho), juristas europeus 
buscam desenvolver uma teoria da responsabilidade sem culpa, não 
abandonam a técnica da cláusula geral, mas buscam substituir a culpa, como 
fundamento da responsabilidade, por outros elementos. 
Daí o nascimento das teorias do risco, com a ideia central de que, 
aquele que tira proveito de uma atividade que gera riscos, deve, em nome da 
pacificação social, arcar com os prejuízos sofridos por terceiros. São teorias, 
vale lembrar, nascidas no contexto do Estado liberal, ou seja, na ausência de 
um sistema social de seguridade em que aqueles atingidos por um dano 
 
 
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poderiam ficar relegados ao total abandono. O seu foco é o problema social 
resultante do dano e não a adaptação de condutas indesejadas. 
Na verdade não se trata em rigor de espécies de responsabilidade civil, 
mas de maneiras diversas de reparação do dano. Chamamos de 
responsabilidade subjetiva aquela inspirada na idéia de culpa, e de objetiva 
quando baseada na teoria do risco. Nestes termos, a diferença entre a 
responsabilidade civil subjetiva e objetiva se encontra no fundamento da 
responsabilidade civil. 
A responsabilidade civil subjetiva é a mais tradicional, em que a 
responsabilidade do agente causador do dano só resta configurada se o 
causador do dano agiu culposamente ou dolosamente. Assim, é imprescindível 
provar a culpa do agente causador do dano para que possa surgir o dever de 
indenizar. O nome subjetiva se deu em face da referida responsabilidade 
depender do comportamento do sujeito. Neste caso, na ação reparatória é 
necessário que a vítima prove a autoria, a culpabilidade, o dano e o nexo 
causal. 
Já na responsabilidade objetiva não é relevante que o agente tenha 
causado o dano culposamente ou dolosamente, pois para que surja o dever de 
indenizar basta que exista relação de causalidade entre o dano sofrido pela 
vítima e o ato do agente. 
A responsabilidade objetiva é baseada na Teoria do Risco, também 
chamada de Teoria Objetiva da Responsabilidade Civil. Segundo esta teoria, a 
responsabilidade civil é baseada no dano, que é um elemento objetivo, daí o 
nome responsabilidade civil objetiva. Para esta teoria, surge o dever de 
reparação apenas em razão da ocorrência de um dano. Esta teoria surgiu em 
face do alto risco de determinadas atividades e pela impossibilidade prática de 
se provar a culpabilidade, em certas circunstâncias. 
 
 
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CURSO DE FÉRIAS UNIFIL 17ª EDIÇÃO 
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O Código de Defesa do Consumidor não adotou a teoria do risco 
integral, já que a responsabilidade do fornecedor poderá ser ilidida em alguns 
casos, conforme tratarei adiante. 
Isso posto, a regra, nos dias atuais, é a reparabilidade de todo e 
qualquer dano. 
 
 
 
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EXCEÇÃO PRESENTE NO CDC 
Conceito de Profissional Liberal 
A princípio, é mister verificar-se o conceito de profissionais liberais, que 
é uma categoria de pessoas que exercem atividade laboral diferenciada pelos 
conhecimentos técnicos reconhecidos por meio de um diploma de nível 
superior. 
O senso comum indica que tais profissionais seriam aqueles que 
trabalham por conta própria, sendo patrões de si mesmo. Seriam médicos, 
advogados, engenheiros, etc. 
No entanto, há outra definição para profissional “liberal”, com a qual a 
CNPL – Confederação Nacional Dos Profissionais Liberais, está mais de 
acordo. Esta diz respeito àqueles profissionais, trabalhadores, que podem 
exercer com liberdade e autonomia a sua profissão, decorrente de formação 
técnica ou superior específica, legalmente reconhecida, formação essa advinda 
de estudos e de conhecimentos técnicos e científicos. O exercício de sua 
profissão pode ser dado com ou sem vínculo empregatício específico, mas 
sempre regulamentado por organismos fiscalizadores do exercício profissional. 
Nos tempos atuais, diminui cada vez mais aqueles que conseguem 
exercer de forma autônoma a sua profissão, sem vínculos empregatícios (não 
temos um estudo aprofundado sobre esse dado). O que se tem visto é uma 
crescente proletarização ou assalariamento desses profissionais. Não se têm 
estudos precisos, pesquisas que apontam qual ou quais profissões liberais 
ainda resistem ao assalariamento. No entanto, sabe-se que as categorias dos 
dentistas, corretores de imóveis, contadores, advogados e médicos, 
provavelmente nessa ordem inclusive, seriam as que ainda teriam uma 
substancial parcela de seus profissionais, ainda exercendo suas atividades 
como liberais e autônomos, ou trabalhadores de si próprio. Mas mesmo os 
 
 
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médicos, advogados e dentistas – nessa ordem – que ainda mantêm seus 
consultórios e escritórios, mantêm também pelo menos um (ou às vezes mais 
de um) vínculo empregatício. 
Alguns definem ainda profissão “liberal” como aquelas de nível superior 
ou médio, cujo exercício é regulamentado por lei específica, que encerra certo 
prestígio social ou intelectual e é caracterizada especificamente pela 
inexistência de qualquer vinculação hierárquica e pelo exercício 
predominantemente técnico dos conhecimentos adquiridos pelos profissionais. 
É uma definição “romântica”, por assim dizer, pois mesmo aqueles que 
trabalham por conta própria, sem vínculos empregatícios, o fazem para 
alguém, que compra os seus serviços, detendo sempre um poder sobre o 
profissional que vendem tais serviços técnicos. 
Os estatutos da CNPL, em seu artigo 1º, parágrafo único, assim define o 
profissional liberal: 
 
“é aquele legalmente habilitado a prestação de serviços de natureza 
técnico-científica de cunho profissional com a liberdade de execução que lhe é 
assegurada pelos princípios normativos de sua profissão, independentemente 
de vínculo da prestação de serviço”. 
 
Apesar dos profissionais autônomos também exercerem sua atividade 
livremente, sem nenhuma subordinação, diferenciam-se dos liberais em razão 
de não possuírem graduação em nível superior. Assim, o que caracteriza o 
profissional liberal é a sua formação universitária, o desenvolvimento de um 
trabalho predominantemente intelectual, livre de subordinação, exercido 
dentro da área de sua formação e baseado na confiança depositada pelo 
consumidor. 
 
 
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O profissional liberal recebe um tratamento especial pelo Código de 
Defesa do Consumidor em razão de que o mesmo exerce sua atividade 
predominantemente apenas com suas forças pessoais. Aparentemente há uma 
paridade entre esta espécie de fornecedor de serviço e o consumidor, a ponto 
de também ser merecedor de proteção. 
Ora, tendo em vista o conceito de profissional liberal, não há como 
referido profissional sujeitar-se a uma responsabilização objetiva, pois nem se 
compara a disparidade de forças econômicas existente entre o consumidor e 
uma grande empresa e a existenteentre o consumidor e um profissional liberal. 
Se não existisse a exceção determinada pelo art. 14, § 4° do CDC estaria o 
profissional liberal sujeito ao pagamento de indenizações que poderia não 
suportar, inviabilizando o exercício de sua profissão. Neste sentido, poderia até 
mesmo ocorrer uma diminuição da oferta destes serviços, já que, como são 
exclusivos, ou seja, que somente podem ser prestados com a autorização do 
órgão competente, acabaria por restringir o mercado de trabalho destes 
profissionais, tendo em vista o risco da profissão. 
É importante a exigência do registro no órgão competente para certas 
profissões, porque assim, pelo menos teoricamente, há segurança de que o 
serviço prestado é exercido por um profissional competente, já que este é 
habilitado para o exercício da profissão. 
 
 
 
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Responsabilidade do Profissional Liberal 
Artigo: 14, § 4º do CDC 
Responsabilidade Civil Subjetiva 
Denomina-se responsabilidade civil subjetiva aquela causada por 
conduta culposa lato sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa 
(stricto sensu) caracteriza-se quando o agente causador do dano praticar o ato 
com negligencia ou imprudência. Já o dolo é a vontade conscientemente 
dirigida 
A responsabilidade civil poderá ser subjetiva, quando necessária a 
comprovação de culpa do agente causador do dano, ou objetiva, quando 
importante comprovar somente a ocorrência do dano e o nexo causal. É o que 
explica Sebastião Geraldo de Oliveira: A responsabilidade será subjetiva 
quando o dever de indenizar surgir em razão do comportamento do sujeito que 
causa danos a terceiros, por dolo ou culpa. Já na responsabilidade objetiva, 
basta que haja o dano e o nexo de causalidade para surgir o dever de 
indenizar, sendo irrelevante a conduta culposa ou não do agente causador. 
Para Maria Helena Diniz na responsabilidade subjetiva o ilícito é o fato 
gerador, sendo que o imputado deverá ressarcir o prejuízo, se ficar provado 
que houve dolo ou culpa na ação. Já na responsabilidade objetiva a atividade 
que gerou o dano é lícita, mas causou perigo a outrem, de modo que aquele 
que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dela não resulte prejuízo, 
terá o dever ressarcitório, pelo simples implemento do nexo causal. Neste 
caso, a vítima deverá demonstrar pura e simplesmente o nexo de causalidade 
entre o dano e a ação que o produziu. 
 
 
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É evidente que para a responsabilidade subjetiva é necessária a 
comprovação de quatro pressupostos caracterizadores, quais sejam: ação ou 
omissão; dano; nexo de causalidade entre a ação ou omissão e o dano; dolo 
ou culpa do causador do dano. Já para a responsabilidade objetiva só é 
necessário comprovar a ação ou omissão, o dano e o nexo de causalidade. 
A responsabilidade subjetiva tem como um de seus pressupostos a 
culpa do agente. Para sua caracterização é fundamental que a culpa seja 
demonstrada por meio de provas ou através de presunção, como na hipótese 
da responsabilidade subjetiva com culpa presumida em que se verifica uma 
inversão do ônus da prova quanto à culpabilidade. A responsabilidade civil 
objetiva, por sua vez, não exige a demonstração da culpa, bastando a vítima 
comprovar que houve um dano decorrente da conduta do agente. 
Responsabilidade Subjetiva Dos Profissionais Liberais 
A responsabilidade civil dos profissionais liberais é uma exceção à regra 
proclamada pelo CDC, e, portanto, será apurada mediante a verificação de 
culpa. Isso se dá pelo fato desses profissionais exercerem atividades de meio, 
utilizando-se de toda a perícia e prudência para atingir um resultado, porém 
não se comprometendo a alcançá-lo. 
No tocante a responsabilidade civil, a única exceção do CDC baseada 
na culpa que diz respeito aos profissionais liberais, está contida no artigo 14, § 
4°, onde estabelece ser imprescindível a verificação de culpa para a 
responsabilização dessas categorias profissionais que prestam serviços no 
mercado de trabalho. Para esses autores, profissional liberal, e a profissão de 
nível superior caracterizada pela inexistência de qualquer vinculação 
hierárquica e pelo exercício predominante técnico e intelectual de 
conhecimentos, onde se incluem, portanto, os médicos e outras profissões de 
nível superior, desde que não exista vínculo hierárquico. 
 
 
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No campo da responsabilidade civil dos médicos, há ainda, uma questão 
fundamental a ser abordada, a qual diz respeito ao tipo de obrigação que foi 
objeto do contrato médico, ou seja, a verificação das obrigações de meio e de 
resultado. Tais obrigações determinam, implicam na modalidade de culpa que 
o profissional está adstrito, como veremos a seguir. 
 
OBRIGAÇÕES ME MEIO OU RESULTADO? 
 
Obrigações de meio 
Nas obrigações de meio, o profissional está obrigado a empenhar todos 
os esforços possíveis para a prestação de determinados serviços, não 
existindo compromisso de qualquer natureza com a obtenção de um resultado 
específico. Isto significa dizer que, caso seja identificada qualquer conduta 
culposa do profissional no exercício do seu trabalho, será ele responsabilizado, 
nos termos do § 4°, do artigo 14, do CDC. Caso em q ue não poderá lhe ser 
exigido tipo algum de ressarcimento. É o princípio da culpa, baseado na 
responsabilidade subjetiva. 
Assim sendo, torna-se de fácil percepção que, demonstrando o 
profissional a sua diligência adequada frente todas as regras técnicas da 
profissão e recomendações ditadas pela experiência comum, estará afastada a 
possibilidade de sofrer repressões civis ou penais, porque dele nada mais se 
exige, sendo de meios a obrigação, que atue em conformidade com a moléstia 
do paciente promova adequado tratamento ao quadro clínico vislumbrado. 
Incumbirá, ao paciente a demonstração da culpa do profissional contratado, 
sob pena de ver ruir a demanda indenizatória que por ventura for ajuizada. 
 
 
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Pois, na obrigação de meios, como já foi dito, o ônus de provar a ocorrência de 
culpa é fator indispensável para a verificação da responsabilidade civil. 
 
Obrigações de resultado 
Nesta modalidade de obrigações, o médico vende o seu serviço, 
prometendo a execução de um resultado final específico, motivo pelo qual o 
consumidor se sente estimulado a pagar o preço correspondente. Desta forma, 
na eventualidade de não ter sido obtido o que havia sido prometido, caberá ao 
profissional liberal (médico) ressarcir o consumidor, pois o eventual vício na 
realização do serviço decorreu de falha somente imputável ao fornecedor. Tal 
falha pode provir da ordem técnica, da avaliação sobre o futuro ou até mesmo 
decorrente de má-apreciação de fatores externos a específica realização do 
serviço. Diz à doutrina que não importam os motivos, pois, em tal espécie de 
obrigação, não se investiga a culpa, vez que a responsabilidade, neste caso é 
objetiva. Caso em que, só não será responsabilizado se provar, inexistência de 
vício ou culpa do consumidor/paciente, aplicando-se o artigo 14, § 3°, I e II, 
combinado com artigo 20 do Código Protetivo. 
Nesta modalidade obrigacional existe, em tese, um aspecto "certo" do 
obrigado, quando ele assume dever específico e certo de atingir o objetivo, que 
é o resultado final. A obrigação somente remove a desvinculação do dever 
mediante a verificação total do objetivo fixado. 
A posição majoritária da doutrina, que declina para a responsabilidade 
objetiva em contratos cujo objeto da obrigação éa de resultado determinado. 
Opinam que, nas obrigações de resultado à responsabilidade será objetiva, eis 
que baseado em contrato, expresso ou tácito, no qual o serviço deve ser 
prestado com exatidão nos moldes em que fora prometido. Assim, de encontro 
com o que preceitua o artigo 20 do CDC: "o fornecedor de serviços, responde 
 
 
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pelos vícios de qualidade por aqueles decorrentes da disparidade com as 
indicações constantes da oferta ou ordem publicitária". Ainda, segundo eles, as 
regras contidas no artigo 31 do CDC, não permitem exegese diversa, eis que 
traz elementos que afirmam que a oferta e a apresentação de produtos e 
serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas, 
suas características, qualidade, quantidade, composição, preço e garantia, bem 
como sobre os riscos que apresentam a saúde e segurança do consumidor. 
Ademais, todas as informações ou publicidade, suficiente e precisa, 
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação ao produto 
e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular 
ou dela se utilizar e integra o que for pactuado, como nos informa o art. 30, 
também do CDC. Para os autores, a regra, desta modalidade de obrigação é 
atribuída, na Medicina, também, ao cirurgião plástico, que, se por hipótese, 
esse profissional prometer e feitura de um novo formato de nariz ao paciente, 
valendo-se, inclusive, de modernas técnicas de demonstração gráfica 
computadorizada, estará obrigado a concluir, executar, o serviço exatamente 
nos moldes do que foi pactuado, sob pena de responsabilidade sem culpa. 
A observância do critério relativo à oferta realizada pelo profissional 
liberal torna-se imperiosa, vez que se reveste de cunho fundamental, seja para 
eliminar a concorrência desleal, seja para proteger o bom profissional que não 
atrai consumidores com promessas enganosas, assim, tem por fito coibir a 
conduta daquele que sinaliza com um resultado que em realidade não pode 
garantir. Trata-se, neste sentido, uma espécie de repressão eficiente aos 
abusos praticados no mercado de consumo, assim, se constituindo em 
princípio fundamental do Código de Defesa do Consumidor, como direito 
básico do consumidor, "a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais 
e morais", artigo 6°, VI, CDC, que por ventura o consumidor venha a sofrer. 
 
 
 
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Contemplemos: 
RESPONSABILIDADE CIVIL. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. 
PROFISSIONAL LIBERAL. TRATAMENTO 
ODONTOLÓGICO. OBRIGAÇÃO DE MEIO. FALHA NA 
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. NÃO COMPROVADA. 
I - A responsabilidade civil da clínica odontológica é 
objetiva (art. 14 do CDC). Já a responsabilidade civil do 
profissional liberal é subjetiva, de modo que incumbe ao 
paciente comprovar a conduta culposa do profissional, os 
danos sofridos e o nexo de causalidade (art. 14, §4º, do 
CDC). 
II - Em se tratando de obrigação de meio, o ortodontista 
tem o dever de empregar técnicas adequadas e eficientes, 
mas não podem ser responsabilizados pelo insucesso do 
resultado. 
III - Não comprovada a falha na prestação dos serviços, 
uma vez que os profissionais adotaram os procedimentos 
indicados e necessários para o tratamento do paciente, não 
há se falar em reparação de danos. 
IV - Negou-se provimento ao recurso. 
(Acórdão n.869445, 20120710045639APC, Relator: JOSÉ 
DIVINO, Revisor: CARLOS RODRIGUES, 6ª TURMA 
CÍVEL, Data de Julgamento: 20/05/2015, Publicado no 
DJE: 02/06/2015. Pág.: 324) 
 
 
 
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O Consumidor tem de demonstrar o dano o nexo causal e o profissional 
que causou o dano 
Através dos dispositivos legais acima mencionados, nota-se que o CDC 
excepcionou expressamente os profissionais liberais da linha de tendência da 
responsabilização objetiva, no momento em que exige a verificação da culpa, 
art. 14, § 4º, para que tais profissionais sejam responsabilizados, diferenciando 
claramente da responsabilidade objetiva do caput do referido artigo. 
O profissional liberal pode ser contratado tanto para uma obrigação de 
meio, como para uma obrigação de resultado, no entanto, o CDC não faz 
qualquer exceção à regra prevista no art. 14, § 4º, que expressa o termo 
“mediante aferição de culpa” deixando claro que a intenção do legislador é a 
necessidade de culpa do profissional, ainda que seja presumida. 
Diante de tais previsões legais, deixa transparecer então, a aceitação 
absoluta da aplicação da responsabilidade subjetiva aos profissionais liberais, 
ou seja, mediante culpa, não se olvidando, no entanto, que não é excepcionado 
a tais profissionais a aplicação dos demais dispositivos do CDC com relação à 
sua categoria (fornecedor de serviços), como, inversão do ônus da prova, 
proteção contratual, dentre outros. 
Também tem de ser afirmada a aplicabilidade de todas as normas e 
conceitos mencionados aos profissionais liberais que exercem sua função 
através de empresas ou empresas individuais. Assim sendo, conclui-se que a 
responsabilidade do profissional liberal é subjetiva (depende de 
demonstração de culpa), sendo perfeitamente aplicável a inversão do ônus da 
prova, desde que comprovada a verossimilhança das alegações e a 
hopossuficiência do consumidor. 
 
 
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Pouco importa se a obrigação é de meio ou de fim, pois a 
responsabilidade do profissional continua sendo subjetiva, cabendo ao 
consumidor demonstrar o dano o nexo causal e o profissional que causou o 
dano. Assim, é perfeitamente possível requer indenização por dano moral e 
material (incluindo lucros cessantes) em face do profissional liberal desde que 
comprovada a culpa deste. 
A responsabilidade do profissional continua necessitando de 
comprovação de dolo ou culpa, mas apenas e tão somente o ônus, ou a 
obrigação, de provar é do profissional e não de quem alega. Deste modo, a 
responsabilidade continua a ser subjetiva, porém deve o Requerido (obreiro) 
fazer prova negativa, desconstitutiva ou modificativa do direito do autor, em 
razão da inversão do ônus da prova, desde que requerida pelo consumidor. 
Trata-se, portanto, de responsabilidade subjetiva dependente de prova 
negativa dos fatos pelo profissional requerido, nos termos do inciso II, do art. 
333 do Código de Processo Civil cumulado com o VIII do artigo 6º do Código 
de Defesa do Consumidor. 
 
 
 
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O ADVOGADO ENQUANTO PROFISSIONAL LIBERAL 
 
O Advogado Enquanto Profissional Liberal 
Um advogado é um profissional liberal, bacharel em Direito e autorizado 
pelas instituições competentes de cada país a exercer o jus postulandi, ou seja, 
a representação dos legítimos interesses das pessoas físicas ou jurídicas em 
juízo ou fora dele, quer entre si, quer ante o Estado. O advogado é uma peça 
essencial para a administração da justiça e instrumento básico para assegurar 
a defesa dos interesses das partes em juízo.Por essa razão, a advocacia não é 
simplesmente uma profissão, mas, um munus publicum, ou seja, um encargo 
público, já que, embora não seja agente estatal, compõe um dos elementos da 
administração democrática do Poder Judiciário. 
Assim sendo, torna-se importante salientar o que foi tratado a cerca dos 
profissionais liberais, temos então conhecimento suficiente para identificar de 
forma nítida os elementos que compõem a definição de profissionais liberais, e 
relacioná-los aos advogados. Certo? Correto!41 
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Do Ordenamento Jurídico Brasileiro 
Quando adentramos nos estudos acerca do nosso ordenamento 
jurídico brasileiro, compreendemos que ele é baseado na tradição romano-
germânica, isto é, civilista. A Constituição da República Federativa do Brasil, 
em vigor desde 5 de outubro de 1988, é a Lei Maior do país e caracteriza-se 
por sua forma rígida, organizando o país em uma República Federativa, 
formada pela união indissolúvel dos estados, dos municípios e do Distrito 
Federal. Os 26 estados federados têm autonomia para elaborar suas próprias 
Constituições Estaduais e leis. Entretanto, sua competência legislativa é 
limitada pelos princípios estabelecidos na Constituição Federal. 
Vamos entender melhor... 
Os municípios também gozam de autonomia restrita, pois suas 
legislações devem seguir as prescrições da Constituição do Estado ao qual 
pertencem e, conseqüentemente, as da própria Constituição Federal. O Distrito 
Federal harmoniza funções de Estado Federado e de município, e seu 
equivalente a uma Constituição Estadual denomina-se Lei Orgânica, que deve, 
também, obedecer aos termos da Constituição Federal. 
Os poderes da União são: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, 
independentes e harmônicos entre si. O chefe do Executivo é o Presidente da 
República, eleito por sufrágio universal e incumbido tanto das atribuições de 
chefe de Estado quanto das de chefe de Governo. O Congresso Nacional é 
composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, ambos 
integrados por representantes eleitos pelo voto popular. Compõem o Poder 
Judiciário Federal: o Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de 
Justiça (STJ), os Tribunais Regionais Federais (TRFs) e a Justiça Federal. Há, 
 
 
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ainda, tribunais especializados para lidar com questões eleitorais, trabalhistas e 
militares. 
O Poder Judiciário divide-se em federal e estadual. Os municípios não 
possuem sistema jurídico próprio e, portanto, dependendo da natureza do 
caso, devem recorrer ao sistema jurídico federal ou estadual. O sistema 
judiciário é composto por vários tribunais regulados pelo STF. A função 
precípua deste Tribunal, formado por onze ministros, é garantir o cumprimento 
da Constituição. Entre outras obrigações, tem jurisdição, originariamente, para: 
(a) julgar leis federais ou estaduais inconstitucionais em face da Constituição 
Federal; (b) ordenar a extradição solicitada por Estados estrangeiros; e (c) 
decidir casos julgados em tribunais de instância única quando a apelação 
puder violar dispositivos da Constituição. 
O STJ, dentre várias atribuições, é responsável por julgar, em última 
instância, recursos de processos envolvendo leis federais e tratados 
internacionais. Os cinco TRFs são responsáveis por julgar, em grau de recurso, 
as decisões dos juízes federais de primeira instância, que, por sua vez, estão 
incumbidos de julgar os processos em que uma das partes é a União e as 
causas que envolvem Estados estrangeiros ou organismos internacionais. 
A Justiça Estadual no Brasil consiste em Tribunais Estaduais e juízes de 
Direito, também chamados de juízes de primeira instância. 
A respeito do processo legislativo, inicia-se, em termos gerais, com 
projeto de lei em uma das casas do Congresso – a Câmara dos Deputados ou 
o Senado Federal –, então denominada Casa Originária. Após a votação do 
projeto, ele é rejeitado ou, se aprovado, enviado para a outra casa, que é então 
chamada de Casa Revisora. Nesta, o projeto de lei pode ser rejeitado, 
aprovado ou emendado, para ser então devolvido à Casa Originária. O projeto 
 
 
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de lei, após aprovação congressional, é enviado ao Presidente da República 
para ser sancionado ou vetado, no todo ou em parte. Se o projeto é vetado, os 
membros do Congresso Nacional podem anular tal veto. 
A Constituição Federal dispõe sobre os instrumentos legais do 
ordenamento jurídico brasileiro, quais sejam: (a) emendas à Constituição, que 
consistem em mudanças no texto constitucional; (b) leis complementares, que 
complementam a Constituição ao detalhar uma questão sem interferir no texto 
Constitucional; tais leis são admissíveis apenas em casos expressamente 
autorizados na Constituição; (c) leis ordinárias, que lidam com todas as 
matérias, à exceção daquelas reservadas às leis complementares; e (d) 
medidas provisórias, que são editadas pelo Presidente da República em 
situações importantes e urgentes; têm natureza temporária e força de lei, 
devendo, assim, ser submetidas ao Congresso Nacional para possível 
aprovação legislativa. Após serem examinadas pelo Congresso Nacional, as 
medidas provisórias deverão ser convertidas em lei ordinária, se aprovadas. Se 
rejeitadas, tacitamente ou expressamente, perdem a eficácia ex tunc, e o 
Congresso Nacional deverá regular as relações jurídicas que surjam a partir de 
então. 
Bom, após compreender toda sua história, estrutura, 
desenvolvimento, radiçãoentre tantas outras informações riquíssimas, 
trazemos um fragmento de sua interpretação na prática: 
 
 
 
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LEI 8.906/1994 Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do 
Brasil (OAB) 
Existindo lei genérica e lei especial regulando o mesmo objeto, aplicar-se-
á a lei especial 
 Segundo o clássico Pontes de Miranda, “A exigência de lex specialis é 
expediente de técnica legislativa, pelo qual o legislador constituinte, ou o 
legislador ordinário, que a si mesmo traça ou traça a outro corpo legislativo 
linhas de competência, subordinada a validade das regras jurídicas sobre 
determinada matéria à exigência de unidade formal e substancial (= de fundo). 
Determinada matéria, em virtude de tal exigência técnica, tem de ser tratada 
em toda sua inteireza e à parte das outras matérias. A lex specialis concentra 
e isola, liga e afasta, consolida e distingue. Tal concentração e tal 
isolamento implicam: (a) que toda regra jurídica, que deveria, para validamente 
se editar, constar de lex specialis, dessa não sendo parte, não é regra jurídica 
que se possa considerar feita de acordo com as regras jurídicas de 
competência; (b) que a derrogação ou abrogação da lex specialis tem de ser 
em lex specialis, porque exigir-se a lex specialis para a edição, e não se exigir 
para a derrogação ou ab-rogação seria contradição”. (Comentários à 
Constituição de 1967, com a Emenda n. 1, de 1969, Forense, 1987, Tomo I, p. 
378). 
 “Assim, dentro do ordenamento jurídico em que operam, os 
princípios são ponderáveis, isto é, possuem uma dimensão que 
não é própria das regras jurídicas: a dimensão do peso. Assim, 
quando se entrecruzam vários princípios, quem há de resolver o 
conflito deve levar em conta o peso relativo de cada um 
deles. Contudo, as regras não possuem tal dimensão. Se duas 
regras se entrechocam, elas não são ponderáveis, de modo a que 
 
 
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possam ambas ser aplicadas ao mesmo tempo por ponderações 
diferentes, tendo cada uma o seu peso próprio, de acordo com a 
historicidade com que se inseriram ou a logicidade com que se 
harmonizam no ordenamento jurídico em que habitam. Em suma: 
dois princípios em conflito podem ser ambos válidos ao mesmo 
tempo segundo pesos próprios e diversos, ao passo que, se duas 
regras entram em conflito, uma delas não é válida.” 
 Chegamos neste momento no ponto mais importante da questão que 
embasa este estudo. Agora poderemos ter as respostas mais claras e de fácilcompreensão. 
A lei LEI 8.906 de 1994 traz em sua redação o Estatuto da Advocacia e 
a Ordem dos Advogados do Brasil. Sendo ela especifica para tratar a matéria, 
podemos entender que ela é quem prevalece. Sendo assim, tudo o que for 
pertinente à relação estabelecida entre o Advogado/a e seu/sua cliente, será 
regido por esta norma e não pelo Código de Defesa do Consumidor. 
 
De acordo com o ordenamento jurídico pátrio, existindo lei genérica e 
lei especial regulando o mesmo objeto, aplicar-se-á a lei especial, por ser a 
mais adequada ao caso in concreto. 
 
 
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Nesta seara, o exercício da advocacia é claramente regulado pela lei 
8.906/94 que disciplina todo e qualquer procedimento, postura ético-
profissional, assim como sanções ao inadequado exercício da profissão. 
Ademais, como múnus público, o exercício da advocacia não é e nem 
deve ser considerado serviço mercantil, pois qualquer traço de mercantilismo 
é incompatível com a profissão do advogado, que se o exercer, poderá se 
submeter a punições inerentes à categoria. 
 
 
 
 
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DA NÃO APLICABILIDADE DO CDC AS RELAÇÕES ENTRE 
ADVOGADOS E SEUS CLIENTES 
 
Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor em relação contratual 
entre cliente e advogado para a prestação de serviços advocatícios, mas sim o 
Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil – Lei n.º 8.906/94. 
Para que exista relação de consumo, é necessária a figura do fornecedor, 
consumidor e do produto ou serviço prestado. Um dos requisitos para 
configuração da relação de consumo é a existência de mercantilismo, prática 
da mercancia, comércio. O produto ou serviço devem estar disponíveis no 
mercado. 
Com efeito, o mercantilismo é ausente nas atividades profissionais do 
advogado. Ademais, esta constitui um múnus público regulado por lei 
especial. 
Vale salientar que pressuposto essencial para a incidência das normas do 
CDC é a existência de uma relação de consumo. Nesse ponto, o voto da 
conselheira federal da OAB Gisela Gondim Ramos foi claro ao afirmar que: 
"entre advogado e cliente, não se estabelece uma 
relação de consumo, seja porque a advocacia constitui-
se um múnus público, disciplinada por lei especial, seja 
porque, em última análise, não encontramos nela os 
elementos subjetivos e objetivos capazes de inseri-la no 
mercado de consumo". 
Sendo o Estatuto da Advocacia e da OAB uma lei especial, editada em 
data posterior ao CDC — que é uma lei geral — é de se concluir que as 
 
 
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normas consumeristas se mostram incompatíveis com o Estatuto da 
Advocacia. 
As normas do CDC, como afirmou a conselheira federal Gisela 
Gondim, "não têm eficácia no que diz respeito às relações jurídicas 
estabelecidas entre os advogados e seus clientes", prevalecendo as normas 
do último diploma legal referido (Estatuto da OAB) sobre as do primeiro 
(CDC). 
Como se não o bastasse, a lei 8.078/90 (clique aqui) foi editada para 
tornar efetiva a norma do artigo 170, inciso V, da CF (clique aqui) que 
estabelece a proteção do consumidor como um dos princípios nos quais se 
funda a ordem econômica nacional. 
O CDC objetiva a evitar desequilíbrio entre as relações jurídicas, já 
que uma das partes — fornecedor — tem manifesta vantagem econômica e 
técnica em relação ao consumidor — hipossuficiente e parte fragilizada na 
relação. 
É notório que a sociedade de consumo atual é marcada pelos 
contratos massificados, nos quais o consumidor e o fornecedor perdem a 
identidade. Contudo, isso não acontece nas relações entre cliente e 
advogado. 
Esta relação é marcada pela confiança que o primeiro deposita no 
último. A advocacia é avessa à mercantilização. Logo, é impossível pretender 
se aplicar a essa atividade o CDC, diploma legal que tem a existência do 
mercantilismo como pressuposto. 
 
 
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É semelhante o entendimento do STJ sobre a matéria. Em valioso 
precedente, ao apreciar o Resp 532.377/RJ 5 (clique aqui), reconheceu que: 
"não há relação de consumo nos serviços prestados por advogados, 
seja por incidência de norma específica, no caso a lei 8.906/94, seja por 
não ser atividade fornecida no mercado de consumo". 
No julgamento referido, o relator, ministro César Asfor Rocha, foi claro 
ao afirmar que "ainda que o exercício da nobre profissão de advogado possa 
importar, eventualmente e em certo aspecto, espécie do gênero prestação de 
serviço, é ele regido por norma especial, que regula a relação entre cliente e 
advogado, além de dispor sobre os respectivos honorários, afastando a 
incidência de norma geral". 
Assinalou o relator que: 
"os serviços advocatícios não estão abrangidos 
pelo disposto no artigo 3°, parágrafo 2°, do CDC, m esmo 
porque não se trata de atividade fornecida no mercado de 
consumo. As prerrogativas e obrigações impostas aos 
advogados — como, v. g., a necessidade de manter sua 
independência em qualquer circunstância e a vedação à 
captação de causas ou à utilização de agenciador (artigos 
31, parágrafo 1°, e 34, III e IV, da lei 8.906/94) — 
evidenciam natureza incompatível com a atividade de 
consumo". 
Questões parecidas têm sido trazidas à baila em consultas ao Tribunal de 
Ética e Disciplina da OAB, cujo entendimento é uníssono, senão vejamos: 
 
 
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"467ª Sessão de 17 de junho de 2004 
Insatisfação de conveniado deduzida perante órgão de 
defesa do consumidor — posição doutrinária e 
jurisprudencial em favor da inexistência de relação de 
consumo nos serviços prestados por advogados — 
incompetência da Ordem dos Advogados do Brasil — 
dirimência pelo Poder Judiciário ao arbítrio do 
interessado. 
Precedentes: processos E-1.787/98, E-2.151/00 e E-2.415/01. Demais 
providências a serem tomadas como consta do voto. 
Ementa 2 - Proc. E-2.962/04 - v.u., em 17/06/2004, do parecer e 
ementa do Rel. Dr. Benedito Édison Trama – Revs. Drs. Cláudio 
Felippe Zalaf, Fábio Kalil Vilela Leite e Luiz Francisco Torquato 
Avólio – Presidente Dr. João Teixeira Grande." 
Entendido o porquê da não aplicabilidade do Código de Defesa do 
Consumidor neste caso, a diante temos a finalização da nossa pesquisa com 
pontos importantes que permeiam e alicerçam a referida relação. 
 
 
 
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Relação Jurídica com Base em Confiança 
Código de Ética OAB 
 A relação contratual estabelecida entre cliente e advogado é construída 
com base na confiança, na lealdade, na transparência e na confidencialidade. 
No entanto, quando estes valores não são preservados por ambas as partes e 
a quando a confiança resta abalada, uma série de novas demandas judiciais 
são propostas, agora figurando o advogado com réu de uma ação judicial. 
 No capitulo III do Código de Ética da OAB, versa pontualmente sobre a 
importância e presença da confiança, confira: 
 
Art. 9º O advogado deve informar o cliente, de modo claro e 
inequívoco, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das 
consequências que poderão advir da demanda. Deve, igualmente, 
denunciar, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, 
qualquer circunstância que possa influir na resolução de submeter-
lhe a consulta ou confiar-lhe a causa. 
 
Sendo ainda, complementado pelo artigo seguinte: 
 
Art. 10 As relações entre advogado e cliente baseiam-se na

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