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ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA8 TÓPICO Alessandra Bizerra Suzana Ursi 8.1 Iniciando a conversa 8.2 Introdução ao Ensino de Ciências 8.2.1 As Leis de Diretrizes e Bases 8.2.2 O Plano Nacional de Educação 8.2.3 Os Parâmetros Curriculares Nacionais 8.2.4 A Proposta Curricular do Estado de São Paulo 8.3 Uma abordagem metacognitiva: o que aprendi durante a disciplina? Licenciatura em ciências · USP/ Univesp 148 ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA 8 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp Caro estudante, Percorremos um longo caminho em nossa disciplina, sempre objetivando proporcionar uma “Introdução aos Estudos da Educação” prazerosa e consistente. Esperamos que você tenha gostado e refletido sobre seus conhecimentos durante a nossa disciplina! Como sempre ressaltamos, essa temática é bastante ampla e nos obriga a fazer recortes dos conteúdos. Realizamos nossas escolhas baseando-nos na pertinência dos tópicos e também na vontade de estimulá-lo a querer saber cada vez mais sobre os assuntos que foram brevemente tratados, uma vez que esta foi a primeira de muitas disciplinas mais diretamente voltadas aos saberes pedagógicos. Iniciamos nossos estudos abordando o papel do professor e passamos a algumas “pinceladas” sobre a história do pensamento pedagógico, inclusive refletindo sobre as mudanças desse papel ao longo do tempo. Tratamos dos saberes docentes e enfatizamos a transposição didática como importante componente relacionado aos saberes disciplinares e sua adequação ao universo es- colar. Abordamos as estratégias de ensino e sua relação com os objetivos educacionais e práticas avaliativas. Finalmente, conhecemos e refletimos sobre as diferentes teorias de aprendizagem e suas transformações históricas, compreendendo que tais ideias permeiam a prática docente, mesmo que, muitas vezes, o professor não se dê conta disso. Neste tópico, vamos fazer uma breve reflexão sobre o Ensino de Ciências. Afinal, você participa do presente curso que irá formá-lo como professor dessa disciplina. No entanto, a parte fundamental do presente tópico refere-se ao fechamento das atividades dessa disciplina; afinal, chegamos ao fim do nosso percurso! Para encerrar, propomos uma abordagem metacognitiva (você deve se lembrar que tratamos desse tema no tópico sobre estratégias didáticas!), na qual você realizará uma reflexão sobre os seus ganhos (novos conceitos, habilidades, senso crítico) ao longo da disciplina. É sempre muito interessante tentar comparar nossas ideias ao início e ao final de um período de aprendizagem. Essa abordagem também será útil como uma revisão para a avaliação final da disciplina. Figura 8.1: Fechamento da disciplina! / Fonte: Thinckstock 149 VIDA E MEIO AMBIENTE Introdução aos Estudos da Educação Licenciatura em Ciências · USP/Univesp 8.1 Iniciando a conversa O estudo da ciência é importante para os cidadãos que constituem a sociedade? Por quê? Em nossa disciplina, abordamos muitos aspectos sobre a Educação. Convidamos você, nesta última aula, a refletir mais diretamente sobre a sua futura área de atuação - a educação científica! Nosso convite tem início na questão acima. Mantenha-a em mente ao estudar o presente tópico. 8.2 Introdução ao Ensino de Ciências Atualmente, existe o consenso de que a educação científica é importante por ampliar o senso crítico dos cidadãos. Em nosso país, os documentos oficiais que normatizam o ensino preconizam que a educação científica deve auxiliar no entendimento do mundo e das mudanças que nele ocorrem, proporcionando ao cidadão que se coloque como agente ativo e parte integrante e transformadora desse mundo. Visando a atingir esse objetivo geral, o estudo das ciências tem como função a construção dos conhecimentos que permitam uma compreensão da natureza e de formas de nela intervir. O conhecimento científico pode influenciar na tomada de decisão dos indivíduos, permitindo desde a utili- zação não destrutiva da natureza até a compreensão e escolha consciente sobre medicamentos e outros produtos e serviços a serem utilizados em seu cotidiano. Formar cidadãos que tenham consciência de como articular esses conhecimentos e ha- bilidades não é tarefa fácil, não existindo uma maneira ampla, definitiva e totalmente eficaz de realizá-la. Dessa forma, espera-se que as maneiras de encarar o ensino de ciências também mudem ao longo do tempo, sendo acompanhadas por intensas reformulações em currículos e diretrizes educacionais. Vale ressaltar que essas reformas geralmente acompanham as mudanças dos paradigmas educacionais (que foram tratados no primeiro tópico desta disciplina). Figura 8.2: O conhecimento científico pode influenciar na tomada de decisão dos indivíduos / Fonte: Thinckstock 150 ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA 8 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp Abordaremos, a seguir, alguns aspectos da normatização oficial brasileira. Lembramos que essa temática será amplamente discutida em futuras disciplinas. Neste momento, apresentamos apenas uma breve introdução para que você, futuro professor de Ciências, vá se familiarizando com o tema. Para tanto, temos de esclarecer que a Secretaria de Educação Básica é o órgão federal responsável pela gestão da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio, as- segurando a todos os brasileiros uma formação comum para o exercício da cidadania. Dois dos principais documentos dessa Secretaria serão apresentados a seguir: a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE). Apresentaremos ainda duas propostas curriculares baseadas nesses documentos - uma em nível federal e outra estadual: os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Proposta Curricular do Estado de São Paulo. 8.2.1 As Leis de Diretrizes e Bases A primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional foi promulgada apenas em 1961, visando a definir e estabelecer a regulamentação do sistema educacional brasileiro. Essa regulamentação foi pautada nos princípios da Constituição de 1934, que trouxe à União a responsabilidade de “traçar as diretrizes da educação nacional”. A LDB de 1961 definia o estabelecimento de um ensino primário que deveria ser minis- trado em, no mínimo, quatro anos e, no máximo, seis anos. Tal ensino era obrigatório a partir dos sete anos. Já o ensino de grau médio foi dividido em dois ciclos: o ginasial e o colegial. O ciclo ginasial deveria ter quatro séries e o colegial, no mínimo, três. Até a promulgação dessa lei, ministravam-se aulas de Ciências apenas nas duas últimas séries do antigo ensino ginasial. Após sua promulgação, ocorreu a obrigatoriedade do Ensino de Ciências para todas as séries ginasiais. Na época da promulgação da primeira LDB, o ensino era extremamente tradicional, incluindo-se aqui a educação científica. Em 1971, foi promulgada a lei 5.692, determinando que o primeiro e o segundo graus tives- sem um currículo nacional comum e a disciplina de Ciências passou a ser obrigatória para as oito séries do primeiro grau. Houve também a ampliação do número de dias letivos para duzentos. Nessa ocasião, vivia-se a influência do movimento “Escola Nova” (abordado na aula 1 da discipli- na) e o ensino de ciências também sofreu suas influências, como muitas propostas de renovação. A percepção sobre o processo de ensino-aprendizagem sofreu grandes alterações e as aulas expo- sitivas começaram a perder espaço para aulas práticas, em que o aluno deveria construir ativamente 151 VIDA E MEIO AMBIENTE Introdução aos Estudos da Educação Licenciatura em Ciências · USP/Univesp seus conceitos e não recebê-los prontos do professor. Nesse mesmo cenário, o método científico passou a ser o enfoque de construção dessas aulas práticas e levoua um equívoco muito comum entre os professores de Ciências, que se per- petua, muitas vezes, até os dias atuais: confundir a metodologia cientí- fica com a metodologia do ensino de ciências naturais. Apenas na década de 80, através de pesquisas, percebeu-se que uma experimentação vazia, sem problematização e investigação mais ampla, não garante por si só a aprendizagem dos conceitos científicos pelo aluno. Foi também nessa época que ocorreu uma maior aproxi- mação das ciências naturais com as ciências sociais e humanas, o que evidencia uma mudança de percepção sobre as duas áreas. Uma nova LDB foi promulgada em 1996, sendo essa a lei atu- almente em vigor no Brasil. 8.2.2 O Plano Nacional de Educação De forma simplificada, o Plano Nacional de Educação (PNE), que tem como base a LDB de 1996, objetiva a melhoria da quali- dade de ensino em todos os níveis, bem como a elevação do nível de escolaridade da população. Empenha-se ainda no sentido de auxiliar na redução das desigualdades sociais e regionais e de for- talecer a democratização da gestão do ensino público entre outros. O plano estabelece como prioridades em ordem decrescente: • Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos (com posterior meta progressiva para nove anos, pela Lei 10.172 de 2001) de todas as crianças de 7 a 14 anos, assegu- rando o seu ingresso e permanência na escola; Figura 8.3: Uma experimentação vazia, sem problematização e inves- tigação mais ampla, não garante por si só a aprendizagem dos conceitos científicos pelo aluno. / Fonte: Thinckstock Para saber mais acesse: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2762/ldb_5ed.pdf Figura 8.4: PNE objetiva a melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis, bem como a elevação do nível de escolaridade da população brasileira. / Fonte: Cepa 152 ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA 8 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp • Garantia de acesso ao ensino fundamental a todos que não tiveram acesso na idade pró- pria, ou que não o concluíram; • Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino (educação infantil, ensino médio e ensino superior); • Valorização do profissional da educação; • Desenvolvimento de sistemas de informação e de avaliação em todos os níveis e modali- dades de ensino. Apesar do estabelecimento dessas prioridades, os Estados brasileiros estão longe de atingir seus objetivos, uma vez que, na maioria deles, não houve a elaboração e aprovação de um plano de ação para que esses objetivos fossem localmente atingidos. Embora a implementação do ensino de nove anos tenha sido completada, além de as avaliações dos níveis de ensino terem sido aprimoradas como no caso do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), outras metas deixaram a desejar, como a melhoria do ensino de jovens e adultos e os índices de repetência e abandono escolar. Em relação ao ensino de Ciências, o PNE menciona a carência de professores nessa área e afirma que essa carência constitui problema que prejudica a qualidade do ensino, além de se constituir como fator limitante tanto para a manutenção quanto para a expansão dos cursos. Por esse motivo, enumera, entre outras necessidades, a de programas emergenciais de formação de professores de ciências. Também menciona a implantação de laboratórios em escolas voltadas para o ensino médio, argumentando que, em apenas 15% das escolas, há ambiente adequado para o estudo das ciências. Caro estudante, diante do que foi colocado, fica claro o quão importante é o seu papel no cenário nacional! Para saber mais acesse: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf 153 VIDA E MEIO AMBIENTE Introdução aos Estudos da Educação Licenciatura em Ciências · USP/Univesp 8.2.3 Os Parâmetros Curriculares Nacionais O documento que estabelece os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da 1ª à 4ª série foi publicado em 1997 e no ano seguinte, em 1998, foi publicado também o PCN da 5ª à 8ª série. O documento nasceu da iniciativa de se elaborar um currículo nacional comum para que as escolas pudessem ter parâmetros para construir seus próprios currículos levando em conta a sua realidade. A criação desses parâmetros foi motivo de ampla discussão entre os estudiosos da área. Para alguns, a visão de engessamento do ensino era inevitável, enquanto, para outros, a falta de participação democrática de representantes das diversas regiões do país na ela- boração do documento era um forte motivo de crítica. Entretanto, divulgou-se que a intenção do Ministério da Educação e do Desporto (MEC) ao elaborar esse documento teria sido a criação de uma base comum nacional. Diversos pesquisado- res foram consultados para a criação dessa base; entretanto, muitos desses pesquisadores alegaram que não lhes foi dado tempo suficiente para que pudessem emitir suas opiniões em relação aos documentos. Os parâmetros curriculares têm como alguns de seus objetivos: desenvolver a capacidade de exercício da cidadania pelos alunos do ensino fundamental para que sejam capazes também de se posicionarem de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes relações sociais; conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões culturais, sociais e materiais; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio cultural brasileiro. No âmbito das ciências naturais, os parâmetros curriculares estipulam os conhecimentos neces- sários para o desenvolvimento de competências que permitam ao aluno compreender o mundo e atuar como indivíduo e cidadão, utilizando conhecimentos de natureza tecnológica e científica. De acordo com os PCNs de ciências naturais, ao final do ensino fundamental, o aluno deve ser capaz de: • Compreender a natureza como um todo dinâmico e o ser humano, em sociedade, como agente de transformações do mundo em que vive, em relação essencial com os demais seres vivos e outros componentes do ambiente; Figura 8.5: Parâmetros Curriculares Nacionais Brochura 16 × 23 cm, 136p., 270g, 2º ed. ISBN 85-86584-73-8. / Fonte: http://www.lamparina.com.br/ livro_detalhe.asp?idCodLivro=273. Acesso em 16/04/12 154 ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA 8 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp • Compreender a Ciência como um processo de produção de conhecimento e uma atividade humana, histórica, associada a aspectos de ordem social, econômica, po- lítica e cultural; • Identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições de vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica; e compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades humanas, sabendo elaborar juízo sobre riscos e benefícios das práticas científico-tecnológicas; • Compreender a saúde pessoal, social e ambiental como bens individuais e coletivos que devem ser promovidos pela ação de diferentes agentes; • Formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas reais a partir de ele- mentos das Ciências Naturais, colocando em prática conceitos, procedimentos e atitudes desenvolvidos no aprendizado escolar; • Saber utilizar conceitos científicos básicos, associados à energia, matéria, transformação, espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida; • Saber combinar leituras, observações, experimentações e registros para coleta, comparação entre explicações, organização, comunicação e discussão de fatos e informações; • Valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a constru- ção coletiva do conhecimento. 8.2.4 A Proposta Curricular do Estado de São Paulo No Estado de São Paulo, existe uma proposta curricular pró- pria, que se baseia no princípio de autonomia fornecido pela LDB. Trabalhamos e refletimos sobre essa proposta em nossa aula sobre Estratégiasde Ensino. No tocante ao ensino de ciências, a Proposta Curricular do Estado de São Paulo encontra-se em grande sintonia com os Parâmetros Curriculares Nacionais, enfatizando a importância Para saber mais acesse: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencias.pdf Figura 8.6: Logo da Proposta Curricular do Estado de São Paulo. / Fonte: http://www.rededosaber. sp.gov.br. Acesso em 18/04/12 155 VIDA E MEIO AMBIENTE Introdução aos Estudos da Educação Licenciatura em Ciências · USP/Univesp de formar um cidadão que tenha consciência do seu papel como agente transformador do meio em que vive. Esperamos que esta introdução tenha despertado o seu interesse para aprofundar seus es- tudos nas futuras disciplinas! Mas, antes disso, vamos encerrar a nossa, realizando a abordagem metacognitiva proposta na apresentação da aula. 8.3 Uma abordagem metacognitiva: o que aprendi durante a disciplina? Para cada um dos sete tópicos anteriores da presente disciplina, você deve fazer um fi- chamento contendo o que se pede a seguir. Isso irá facilitar seu estudo para a avaliação final e, principalmente, torná-lo mais consciente do seu processo de aprendizagem e dos ganhos durante estas semanas. Para saber mais acesse: http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/spfe2009/MATERIALDAES- COLA/PROPOSTACURRICULAR/ENSINOFUNDAMENTALCICL OIIEENSINOM%C3%89DIO/tabid/1252/Default.aspx Agora é a sua vez... Acesse o ambiente virtual e prepare um texto com: 1) o resumo com os objetivos principais de cada tópico do curso, 2) o que você sabia ao início de cada tópico 3) seus ganhos durante o estudo de cada tópico. Realize também a atividade 8.2 participando de uma avaliação sobre a disci- plina, pois sua opinião é muito importante para que possamos aprimorá-la. 156 ENCERRAMENTO DA DISCIPLINA 8 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp Bom trabalho e obrigada por nos acompanhar durante a disciplina! Esperamos que vocês tenham gostado de participar da disciplina tanto quanto nós gostamos de elaborá-la. Abraços, Alessandra Bizerra e Suzana Ursi. Bibliografia Brasil, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394, de 20/12/1996. Brasil, Lei 5.692 (LDB), de 20/12/1971. Brasil, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 4.024, de 20/12/1961. Brasil, Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais /Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, MEC/SEF, 1998. Brasil, Ministério da Educação e Cultura. Plano Nacional de Educação: proposta do Executivo ao Congresso Nacional. Brasília: MEC/Inep, 1998. são Paulo. Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Ciências Naturais. Coordenação de FINI, M.I. São Paulo: SEE, 2008.
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