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EXAME DOS MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS E ATM Texto de: Juliana Vasconcelos da S Zinni Fuzaro (www.fisioweb.com.br) Modificado por: Ana Carla F. C. Rios para a Disciplina CIAB 3 Introdução O exame clínico inicia com a realização da anamnese do paciente, em que deve-se investigar histórico de dor na musculatura facial e cervical seguido do exame físico em que são usados alguns procedimentos básicos: avaliação da amplitude de movimentos mandibulares; analise da oclusão, palpação dos músculos e ATM para identificar alterações anatômicas e origem da dor; auscultação da articulação durante os movimentos funcionais para determinar a presença de ruídos articulares (WITZIG & SPAHL, 1999). Segundo ALVES et al. (2003), o exame clínico deverá ser realizado aferindo a movimentação mandibular (movimentos cêntricos, excêntricos) e presença de interferências oclusais (verificar se há facetas de desgastes dentários,mobilidade dental e presença de bolsa périodontal). Se os movimentos mandibulares são simétricos, mensurar a abertura da boca com paquímetro ou régua (medindo da superfície incisal dos dentes superiores até os inferiores), fazer a palpação dos músculos mastigatórios para verificar se há sintomatologia dolorosa, se há presença de ruídos (estalido, crepitação ou ressalto) na região da articulação temporomandibular. Segue palpação de músculos e ATM que deverá incluir músculos cervicais. No exame passivo da coluna cervical não é recomendado para pacientes com supostas fraturas ou instabilidade relacionada a doenças inflamatórias ou tumores. O examinador deve excluir sinais neurológicos. (FRICTION et al., 2003). Só depois de feito o exame clínico o diagnóstico pode ser realizado, tendo identificado os fatores associados aos quadros patológicos. E só com diagnóstico firmado pode-se indicar o tratamento mais adequado. (WITZIG & SPAHL,1999). Exame dos Músculos Segue os músculos mastigatórios com suas devidas funções: MUSCULOS ELEVADORES DA MANDÍBULA: 1. O músculo temporal auxiliar na elevação; contrai os feixes posteriores na retrusão da mandíbula, age no deslocamento contralateral. 2. O músculo masséter contribui para a projeção anterior da mandíbula (movimento de protrusão), também para lateralidade. 3. O músculo pterigóideo medial também age em conjunto com masséter na protrusão e no movimento de lateralidade da mandíbula, com a boca fechada. MÚSCULOS DEPRESSORES DA MANDÍBULA 1. O músculo pterigóideo lateral auxilia na depressão da mandíbula; determina a projeção da mandíbula para frente ( protrusão) e movimentos de lateralidade. 2. O músculo digástrico são músculos supra-hióideos depressores. Promovem a elevação do osso hióide e abaixamento da mandíbula (abertura da boca). O ventre anterior traciona o osso hióide para frente e o ventre posterior para trás. 3. O músculo geni-hióideo é depressor da mandíbula e também supra-hióideo. Quando a boca esta fechada, projeta o hióide para cima, diminuindo o soalho da boca facilitando a deglutição. 4. O músculo milo-hióideo projeta o osso hióide para cima como o faz o geni-hióideo, deprimindo a mandíbula quando o hioide está fixo e promove a elevação da língua. MÚSCULOS AUXILIARES 1. O músculo bucinador puxa a comissura labial, comprime os lábios e bochechas, tornando-se fundamental na sucção. É importante na mastigação, estando a boca aberta, empurra o bolo alimentar para a superfície oclusal, nesta fase, permite a locação do bolo, com a boca fechada. 2. O músculo orbicular dos lábios produz fechamento e projeção dos lábios para a frente. 3. O músculo zigomático maior junto com a zigomático menor, leva a comissura labial para cima e para o músculo zigomático menor puxa a comissura labial e o lábio superior. Palpação do Músculo Temporal Figura 1 - Palpação do músculo temporal (BARROS ,1995). A palpação do músculo temporal deve ser feita com os dedos indicadores e médio posicionados bilateralmente e simultaneamente. O músculo deve ser palpado em sua quase totalidade, desde sua origem até sua inserção ampla, em forma de leque, na fossa do osso temporal, seguindo com a palpação nos três feixes – anterior, médio e posterior (BARROS ,1995). A identificação de pontos gatilhos neste músculo podem referir dores do tipo cefaléia (WITZIG & SPAHL ,1999). Palpação do Músculo Masseter Figura 2 e 3 - Palpação do músculo masseter (MONGINI, 1998). Para palpar o músculo masseter com os dedos indicador e polegar em forma de pinça seguindo na direção antero-posterior no nível da zona media do ventre do músculo intra e extra bucal. Na palpação facial deste músculo deve-se pedir para o paciente ocluir enquanto os músculos são palpados de ambos os lados em sua extensão na direção supero-inferior (MONGINI, 1998). Nos pacientes com alteração na dimensão vertical de oclusão por ausência de suporte posterior ou aqueles que sofrem de bruxismo ou apertamento dental parafuncional a origem do masseter é com freqüência sensível, assim como o ventre. Os pontos gatilho ativos no masseter podem causar dor no músculo propriamente dito e restrição de movimento (WITZIG & SPAHL, 1999). Palpação do Músculo Pterigóideo Medial Figura 11 - Palpação do Músculo Pterigóideo Medial (BARROS, 1995). É um músculo que tem sua origem na fossa pterigóidea e inserção na face medial do ângulo da mandíbula. Apenas sua inserção pode ser palpada diretamente, localizando a borda inferior da mandíbula perto do ângulo e realizando a pressão na borda ínfero-medial. A palpação se faz por via intrabucal, introduzindo-se o dedo indicador na região que corresponde à metade do músculo masseter. (BARROS, 1995) Pelo difícil acesso à palpação e por ser uma região normalmente dolorida, não é confiável a palpação direta desse músculo. Nesses casos, deve-se dar preferência a outros métodos de avaliação do estado do músculo, como por exemplo a manipulação funcional. Ele é freqüentemente referido como o mais sensível dos músculos elevadores da mandíbula. A ativação do ponto de gatilho no pterigóideo medial pode também originar dores referidas na língua e na porção posterior da garganta. Isto pode também resultar em dor referida profunda na região auricular e na articulação temporomandibular, (WITZIG & SPAHL, 1999) Palpação do Músculo Pterigóideo Lateral Figura 12 e 13 - Palpação do Músculo Pterigóideo Lateral (BARROS, 1995). O músculo Pterigoideo Lateral tem sua origem na face lateral da lâmina lateral do processo pterigóide e inserção na fóvea pterigóide (côndilo mandibular) e na cápsula articular. Antes de inserir-se, ele divide-se em dois feixes com funções diferentes, o feixe superior e o feixe inferior. Durante muito tempo, o pterigóideo lateral, especialmente o feixe inferior, esteve incluído no exame de palpação direta dos músculos associados as patologias da ATM. Acreditava-se que era possível acessá-lo por meio da palpação intra-bucal, posicionando o dedo indicador ou mesmo o dedo mínimo no vestíbulo na região do terceiro molar superior e exercendo uma pressão para posterior, superior e para medial, atrás da tuberosidade da maxila (TÜRP, 2001). Barros (1995) indica realizar a palpação, inicialmente, pedindo ao paciente que oclua seus dentes. Em seguida introduzindo-se a ponta do dedo indicador de maneira que a polpa do dedo, na sua região superior, toque a região posterior da tuberosidade, na altura da porção lateral do processo pterigóide. Porem, em 1980, Johnstone & Templeton publicaram um trabalho questionando a palpabilidade do músculo pterigóideo lateral. Seus achados levaram a conclusão que é muito difícil alcançar o músculo pterigóideo lateralatravés da palpação e seu acesso não ocorre sem pressionar consideravelmente o músculo pterigóideo medial. Sendo assim por razões anatômicas, é praticamente impossível alcançar o músculo pterigóideo lateral inferior através da palpação digital. Fica fácil justificar, portanto, alguns resultados encontrados na literatura que, comumente, mostram o pterigóideo lateral como o músculo mais sensível à palpação, no entanto a dor relatada nessa área pode ser atribuída a vários fatores: • compressão da mucosa oral; • compressão do músculo bucinador; • palpação da inserção do tendão do músculo temporal na superfície medial do processo coronóide; • pressão nas fibras do pterigóideo medial. A maneira mais efetiva de verificar seu acometimento é por meio da manipulação funcional, já que seu acesso direto é impossível, tornando a palpação um método pouco confiável (OKESON, 1998). Contudo, o comprometimento deste músculo tem sido referido em indivíduos com queixa de cefaléia na região retro ou supra-orbitaria devido à articulação temporomandibular e com freqüência são erroneamente atribuídas a problemas sinusais, alergias ou até mesmo ao bode expiatório do diagnóstico: a enxaqueca.(WITZIG & SPAHL, 1999). Figura 14 - Exercícios de variação de movimento e alongamento (FRICTION et al., 2003). Palpação dos Músculos Supra-hióideos Figura 15 - Palpação dos Músculos Supra- hióideos (WITZIG & SPAHL, 1999). Podem ser palpado colocando-se o dedo indicador no assoalho da boca, posicionando-se o polegar da mesma mão contra a borda inferior da mandíbula, na face externa, e então pressionando o polegar da mesma mão contra a borda inferior da mandíbula, na face externa, e então pressionando o polegar para cima e para dentro, (WITZIG & SPAHL, 1999). Palpação dos Músculos Sub-Occipitais Figura 16 - Palpação dos Músculos Cervicais (BARROS, 1995). A palpação dos músculos cervicais é particularmente importante, em especial onde há problemas posturais concomitantes e pontos de gatilho. (MONGINI, 1998). Os occipitais localizam-se na região posterior do crânio, sobre o osso occipital, acima da margem basal do crânio. Geralmente sua sintomatologia dolorosa pode estar associada a um quadro de desordem da articulação temporomandibular ou da relação cabeça-coluna cervical, associada a ausência de suporte dental posterios (BARROS, 1995). Palpação do Músculo Esternocleidomastóideo Figura 17 - Palpação do Músculo Esternocleidomastóideo (BARROS, 1995). A palpação do músculo deverá ser feita em todo seu trajeto, desde sua origem até sua inserção. O paciente realiza uma inclinação lateral esquerda ou direita da cabeça e realizamos a palpação do músculo do lado contrário, em toda sua extensão, (BARROS, 1995). Palpação do Músculo Trapézio Superior Figura 18 - Palpação do Músculo Trapézio Superior. (MONGINI, 1998) Palpa-se o músculo trapézio desde sua origem, no processo espinhoso da cervical até a clavícula, (BARROS, 1995). O músculo é palpado ao longo do pescoço e no ombro. Esse músculo freqüentemente é local de pontos de gatilho. (MONGINI, 1998). Os músculos são palpados bilateralmente para verificar tono muscular, alterações estruturais, dor ou ponto de gatilho. Os pacientes são questionados sobre o nível de dor ou sobre outros sinais durante a palpação. (FRICTION et al., 2003). Avaliação da Articulação Temporomandibular Durante o exame clínico são usados quatro procedimentos básicos: palpação; auscultação da articulação durante os movimentos funcionais para determinar a presença de ruídos articulares; amplitude de movimentos mandibulares; analise da oclusão, (WITZIG & SPAHL, 1999). O exame da articulação temporomandibular deverá ser feito simultaneamente (lado esquerdo e lado direito) nos estados de repouso e movimento de abertura e fechamento de boca. Quando da realização dos movimentos mandibulares procurar-se-á analisar a amplitude do movimento e a trajetória mandibular/condilar. Conforme ALVES et al. (2003), o exame clínico será realizado medindo-se a movimentação mandibular (movimentos cêntricos e excêntricos, bem como a presença de interferências oclusais). Neste momento deve-se verificar se esses movimentos são simétricos e mensurar a abertura da boca com uma fita métrica, paquímetro ou régua (medindo da incisal dos dentes superiores até os inferiores). Figura 19 – Avaliação da amplitude dos movimentos mandibulares Palpação da Articulação Temporomandibular Figura 20 - Palpação da articulação temporomandibular (BARROS, 1995) A palpação pode ser feita posicionando os dedos indicadores lateralmente sobre a face na direção a ATM, bem como a introdução de dois dedos mínimos no meato auditivo externo, pressionando-se suavemente para frente, tanto em estado de repouso como em movimento de abertura e fechamento da boca. A palpação no meato auditivo externo permite examinar tanto zonas dolorosas pos- condilares como movimentos incoordenados do côndilo da mandíbula, nos movimentos de abertura e fechamento bucal, bem como presença ou não de ruídos e saltos articulares, (BARROS, 1995). Além da presença e intensidade de dor deve-se também observar se há presença de estalido, crepitação ou ressalto na região da articulação temporomandibular, além de desvios e deflexões mandibulares. Neste momento deve-se verificar se estes eventos estabelecem correlação com desgastes dentários e/ou interferências dentais. Estes ruídos podem ser uni ou bilaterais.
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