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Um projeto mantido por: Idealização: e-commercebrasil EXCELÊNCIA EM E-COMMERCE w w w .ecom m ercebrasil.com .br R EV IS TA E-C O M M ER C E B R A S IL 12 www.ecommercebrasil.com.br dezembro 2012 / Ano 02 > Edição 12 OMNICHANNEL Mais do que um novo conceito para o varejo, um novo conceito de consumidor, que utiliza vários canais para efetuar sua compra, de acordo com o que for mais rápido e prático. CHECKOUT Se os dados não são utilizados para realizar campanhas segmentadas, por que as lojas virtuais continuam pedindo muitas informações para os clientes? B R A S IL R $ 34 ,0 0 R EV IS TA B R A S IL EI R A D E CO M ÉR CI O E LE TR Ô N IC O R EV IS TA E -C O M M ER CE B R A S IL CURADORIA Selecionar textos, fotos, vídeos e, por que não, produtos?. As oportunidades são diversas e podem auxiliar muito a melhorar a experiência de compra do seu cliente e, consequentemente, a conversão. SEO São tantos os requisitos em SEO, UX, Webwriting etc, que é quase impossível conseguir alcançar todos. Quais são aqueles que seu e-commerce não pode, de forma nenhuma, deixar passar? Oferecimento: SORTIMENTOS: O NOVO DESAFIO DO E-COMMERCE BRASILEIRO > > > > > > > > > > > >>>>>> > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > > >> > > > > > > > > > > > sUMário pág. 8 pág. 12 pág. 14 pág. 16 pág. 20 pág. 22 pág. 24 pág. 25 pág. 26 pág. 28 pág. 30 pág. 34 pág. 36 pág. 38 pág. 40 pág. 42 pág. 44 pág. 46 pág. 50 pág. 52 pág. 54 pág. 56 pág. 58 pág. 62 pág. 64 pág. 66 pág. 68 pág. 70 conteúdo tel: +55 11 3926-0174 www.zupidesign.com expediente PUBLISHER Tiago Baeta CORPO EDITORIAL Rina Noronha (editora), Mariana Anselmo, Nathália Torezani, Tiago Baeta e Vivianne Vilela ZUPI DESIGN Projeto Gráfico / Design JORNALISTA RESPONSÁVEL Rina Noronha (MTB. 2759-ES) COLABORADORES Adriana Bello, André Ghion, Andrezza Carvalho, Bernardo Carneiro, Caio Braga, Daniel Nepomuceno, Danilo Fadel, Elcio Santos, Erick Formaggio, Fábio Pires, Felipe Del Nero, Felipe Martins, Fernando Di Giorgi, Filipe Sinhoreli Zoldan, Flávio Inácio, Francesco Cardi, Graziela Rodrigues, Juarez de Paula, Leonardo Cid Ferreira, Marcelo Coelho, Marcelo F. Silva, Michelle Ramos, Ricardo Soares, Roberto Kakihara, Vasco Crivelli Visconti, Victor Popper. EXECUTIVOS DE NEGÓCIO Fernanda Fruet, Rafael Ribeiro, Tiago Baeta e Vivianne Vilela EMPRESAS PARCEIRAS Abril, Accurate, All In Mail, Aunica, Buscapé, Buy Buy, Café Azul, Certisign, Chaordic, Ciashop, ClearSale, CNT Log, Cobre Bem, Completa Logística, Dotstore, dp6, eNext, ExactTarget, Experian Virtual Target, Finch, GPMidia, hybris, Internet Innovation, IBM, Jet E-Commerce, KPL Soluções, LeadMedia, Locaweb, MercadoLivre, MercadoPago, Moip, NeoAssist, PayPal, Profite, Pukis, Responsys, Sieve, Site Blindado, Softvar, Uniconsult, Vtex, WB4B ORGANIZAÇÃO Grupo iMasters ILUSTRAÇÃO André Luiz Massayuki Ota, Lucas Freitas Lobo e Maria Eduarda Saldanha Rosa. PUBLICIDADE +55 (11) 3063 5941 contato@ecommercebrasil.com.br EDITORA ZUPI: A revista E-Commerce Brasil é uma publicação da Editora Zupi em parceria com site iMaster > 4.000 EXEMPLARES > ISSN 2179-7315 www.ecommercebrasil.com.br redacao@ecommercebrasil.com.br Twitter: @Ecommerce_Br Facebook: www.facebook.com/EcommerceBrasil ENDEREÇO: Alameda Santos, 2395, 1º andar - Jardim Paulista, São Paulo, SP - CEP: 01419-002 Eskenazi indústria gráfi ca eNtreVista os desafi os de um e-commerce de sucesso Modelo de Negócios o caminho do meio gestão o varejo virtual de moda caPa sortimentos: o novo desafi o do e-commerce brasileiro coNteÚdo como a curadoria pode melhorar a experiência de compra e diferenciar sua loja da concorrência exPeriêNcia de coMPra o que você está fazendo para melhorar a experiência de compra do seu cliente? desigN Qual a importância do design no e-commerce? segUraNÇa transforme segurança em marketing e aumente sua taxa de conversão teNdêNcias internet: uma inovação a cada 5 anos. Qual é a próxima? gestão fluxo do pedido de venda: da web store ao cliente checkoUt o futuro do checkout para aumento de conversão Modelos de Negócio o e-commerce e a era do omni-channel gestão Meu Vestido de cerejas e-Mail MarketiNg em e-mail marketing, reputação é tudo! teNdêNcias filantropia online: como o comércio eletrônico começa a ajudar o terceiro setor gestão comércio eletrônico: um universo de oportunidades case o poder do e-commerce feminino seo erros de seo que não se pode cometer gestão contratei uma plataforma de e-mail marketing, e agora? MoBile o que o mercado pode esperar dos pagamentos móveis? checkoUt crie hoje seu comitê de conversão PersoNaliZaÇão layout bem feito: mais do que importante, indispensável Modelos de Negócio a próxima década vai ser do modelo de assinatura. e você tem que fazer parte dele. gestão confi abilidade e credibilidade - quais os principais pontos para adquirir e manter sua reputação na Web? cloUd e-commerce nas nuvens: saiba mais sobre a rackspace e a amazon aWs teNdêNcias Brasil é a bola da vez! Você está pronto? iNfográfico infográfi co: moda, vestuário e acessórios diretório catálogo de fornecedores 6 Editorial “Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor”. A frase é do Walt Disney, mas queria tanto que fosse minha! Você vai me achar arrogante se eu disser que aqui no E-Commerce Brasil, a gente persegue e gosta do impossível porque lá (ou aqui) as coisas são menos genéricas e ninguém faz nada no piloto automático? Assim o possível é o OK, é o mais do mesmo, é o nota 7. Já o impossível... ah, o impossível foi realizar 100 atividades de fomento, capacitação e qualificação do comércio eletrônico brasileiro através de worlkshops, webinars, cafés da manhã, encontros regionais, congressos, revista impressa, webTV, congressos e o Fórum. Ao todo, atendemos a mais de 25 mil pessoas, entre varejistas e profissionais das mais diversas áreas de conhecimento que fazem o e-commerce brasileiro. Nesta última edição do ano, trazemos a você assuntos tão importantes quanto complexos para o varejo online, como sortimento e variedade, curadoria da experiência de compra, design, segurança, fluxo do pedido, checkout, omnichannel, erros de SEO, etc. A explicação que posso dar para a escolha destes temas para a última revista do ano é que, seja pelo volume de joio ofertado no mercado, ou pela ausência de discussão sobre os temas, compartilhar o trigo é uma tarefa árdua e, sua procura exige cada vez mais foco. Se a gente consegue ou não, você é quem diz através, do nosso Twitter (@ecommerce_br) ou na nossa fan page (www.facebook.com/ecommercebrasil). Mas a gente tenta. Porque ninguém chega a lugar nenhum sem ousar. Temos, ainda, dois convites pra você: 1) Que você continue junto com a gente em 2013, quando teremos o Encontro em Alto Mar, Congressos focados em Search & Vendas, Experiência do Usuário, Operações & Negócios, Encontros Regionais e o Fórum E-Commerce Brasil, além de outras dezenas de atividades. 2) Que você compartilhe os seus conhecimentos aqui na Revistaou no Portal. Sua contribuição é muito importante e valiosa! Entre em contato conosco pelo redacao@ecommercebrasil.com.br Aproveito para desejar-lhe boas festas e um feliz 2013, em nome de toda a equipe do E-Commerce Brasil. Vivianne Vilela Diretora Executiva – E-Commerce Brasil 8 eNtreVista E-commerce Brasil: É comum escutarmos que a logística é, hoje, o setor que mais enfrenta problemas no e-commerce brasileiro. É verdade? Seria a logística o maior desafio do comércio eletrônico? André Alves: O volume do e-commerce tem aumentado significativamente, e as principais dificuldades são relacionadas à infraestrutura do sistema. As empresas de logística têm feito constantemente investimentos pesados para garantir um bom serviço ao consumidor, o que acaba gerando uma variável de custo que não se sustenta com as políticas de frete grátis atualmente trabalhadas. Precisamos de uma reeducação do consumidor para mostrar o valor do serviço de qualidade prestado. Mas o principal desafio mesmo é conciliar custo, pessoas capacitadas, infraestrutura, tecnologia e serviço ao cliente. São fatores que contribuem para propiciar ao consumidor uma boa experiência de compra e, no fim, é isso que nós queremos. Fala-se muito da necessidade de oferecer uma boa experiência de compra para o público, mas quais elementos caracterizam essa boa experiência? Como fazer para conquistar e fidelizar o cliente, garantindo uma boa participação no mercado? É muito fácil, como consumidores, procuramos sempre a melhor oferta, com o máximo de informação possível para esclarecimento de dúvidas, com o melhor custo e, principalmente, com um bom pós-venda; ou seja, um bom canal de relacionamento, no qual se possa falar e alguém responder. No mercado, temos visto cada vez mais uma fidelização do cliente onde ele vê valor em cada um dos itens acima. Hoje, podemos dizer que o cliente está mais seletivo e crítico - conhece os direitos e os deveres e reconhece um bom serviço. O pré e o pós-venda e a entrega no prazo correto são diferenciais importantes no momento da decisão de compra. O consumidor não está olhando somente para o preço do produto. Ele influencia, mas não é o fator decisivo. entrevista Os desafiOs de um e-cOmmerce de sucessO Por Mariana Anselmo – Redação E-Commerce Brasil Muito se fala sobre e-commerce. Muitas dicas, soluções e caminhos são oferecidos para trilhar uma carreira de sucesso no setor. Mas a verdade é que ainda há muito que fazer, e o período é propício para experimentações. Logística, pré e pós-venda, relacionamento com o cliente, atendimento e frete são os pontos cruciais e que devem ser muito bem trabalhados e explorados, de acordo com os especialistas. E é um pouco da realidade do e-commerce brasileiro que você vai ver agora nesta entrevista com André Alves, diretor de Internet da Livraria Saraiva, que fala sobre o dia-a-dia de um e-commerce, suas principais problemáticas e os maiores desafios. 10 eNtreVista Como alinhar todos os setores da empresa, para que, por exemplo, o esforço feito para atrair o cliente e realizar a venda não seja perdido por um processo de entrega mal feito? Todos têm que estar alinhados em volta dos clientes e nas necessidades deles. Acredito que antes de tudo somos clientes e sabemos quando somos bem tratados. Todos devem estar alinhados com os mesmos objetivos de atendimento ao cliente, somente dessa maneira não deixamos nenhuma ponta aberta. Temos que trabalhar muito bem o pré e o pós- venda para garantir a satisfação dos clientes e a excelência em atendimento, pois essa é uma oportunidade de identificarmos possíveis melhorias em processos e produtos. Com isso, conseguimos aumentar o índice de retenção de clientes. Qual setor que mais vem crescendo no e-commerce? A que se deve esse crescimento? Estamos com o mercado de nicho crescendo a taxas de dois dígitos. O cliente está comprando cada vez mais em sites especializados em determinados produtos. O cliente procura um nível de informação especializado, no qual ele tenha todas as informações necessárias para ajudá-lo na compra. Retomando a “cultura do frete grátis” que você citou no começo, a gente sabe que na verdade isso de “grátis” não existe. Como resolver essa equação de forma sustentável tanto para o cliente, quanto para a empresa? Toda operação tem um custo, o que gera um nível de qualidade na prestação do serviço. Dessa maneira, temos que proporcionar o melhor serviço com o melhor custo e com a melhor qualidade. Temos que criar diferentes níveis de serviços com diferentes custos, em que o cliente possa optar pelo que for melhor para ele. Que contas precisam ser feitas todos os dias na gestão de uma operação de e-commerce? Despesa é detalhe. É necessário olhar todos os dias para as despesas com a venda e se a conta está focando sempre na rentabilidade e na perenidade do negócio. Que dica você deixa para o empreendedor que está entrando no e-commerce com relação à gestão do fluxo de caixa da loja online? Afinal, a conta precisa fechar todo mês. Atenção total com as contas. Principalmente com as mais críticas, como parcelamento, despesa de frete, armazenagem, mídia, entre outras. Não se devemos desistir dos objetivos, mas sim sermos conscientes e planejarmos todas as etapas do crescimento. 12 Modelo de Negócios O caminhO dO meiO André Ghion Vice Presidente de União estratégica do Buscapé company e ceo do Brandsclub Muito se fala da explosão do comércio eletrônico no Brasil. Segundo o relatório WebShoppers nº 26, da consultoria e-bit, o mercado de e-commerce no país atingiu a cifra de R$ 10,2 bilhões de faturamento apenas no primeiro semestre de 2012, um crescimento de 21% em relação ao mesmo período no ano de 2011. Junto com essa expansão, vem ocorrendo um fenômeno já visto nos mercados norte-americano e europeu: o aparecimento de lojas cada vez mais especializadas concorrendo com os grandes varejistas. Essa maior especialização, combinada com a popularização das tecnologias de e-commerce, possibilitou a entrada de pequenas e médias empresas no mundo online com dois caminhos bastante definidos – como fornecedor ou desenvolvendo as atividades de e-commerce na própria empresa. No entanto, vem surgindo como tendência a utilização de um terceiro caminho, intermediário entre esses dois: o fullcommerce. O fullcommerce é a parceria entre o lojista e um prestador de serviços especializado, que desenvolve a plataforma tecnológica de comércio eletrônico, controla a logística de armazenamento e entrega dos produtos, trata das questões de pagamento e do pós-venda, SAC e trocas. Esse tipo de contrato pode consistir na cobrança de comissões por venda ou na definição de uma parcela da margem indo para o prestador, além de uma taxa de instalação do site. Em relação ao modelo de vendas apenas como fornecedor, o fullcommerce apresenta duas principais vantagens. Primeiro, é uma forma de a marca do lojista estar presente diretamente no comércio eletrônico, podendo aumentar suas vendas e estando em contato com o consumidor sem intermediários. Em segundo lugar, é uma forma encontrada para que a pequena ou a média empresa tenha independência dos grandes varejistas ou multimarcas, que possa controlar os seus preços e expandir sua atuação geográfica tomando suas próprias decisões estratégicas. Assim, a empresa não fica à mercê da troca de fornecedores e da qualidade variável dos serviços dos varejistas ou multimarcas. Frente à opção pelo desenvolvimento de e-commerce interno, o modelo de negócios de fullcommerce traz alguns benefícios. O primeiro éo custo, uma vez que toda a despesa de manter um centro de distribuição, SAC e infraestrutura tecnológica é do parceiro comercial. Além disso, esse modelo de operação possibilita que a pequena e média empresa atue no comércio eletrônico sem causar grandes impactos em sua folha de pagamentos, uma vez que normalmente apenas um funcionário já é suficiente para atuar na ponte entre a empresa e o operador de comércio eletrônico. Um último ponto de atenção é o know-how nas áreas críticas que o operador de fullcommerce já apresenta. Com o mercado bastante aquecido, é cada vez mais difícil e cara a contratação de profissionais com experiência comprovada nos diversos campos do comércio eletrônico, como tecnologia, publicidade online, logística e atendimento. Entretanto, alguns cuidados são necessários para a escolha do operador de fullcommerce. É importante que o empresário conheça a estrutura desse operador, se possível visitando as instalações de armazenamento e pesquisando sobre o background dos profissionais que tocam a operação. É desejável também que o lojista busque a referência no mercado sobre a qualidade da atuação do prestador de serviços. Por último, é importante que a pequena e média empresa mantenha acompanhamento próximo ao parceiro de fullcommerce, uma vez que qualquer falha operacional será vista pelo cliente como um erro da própria marca. Assim, seja qual for o tamanho da sua empresa, existe um espaço no comércio eletrônico para ela. O importante é escolher uma forma de operação compatível com o porte, os cofres e, sobretudo, as ambições da organização dentro do mercado de Internet. Boas vendas! Eu costumo dizer que o e-commerce é um negócio de entrega. Com isso, quero dizer que o backoffice, a logística e o suporte pós-venda são provavelmente a parte mais importante do e-commerce e, ao mesmo tempo, a menos valorizada. A importância da cadeia de sistemas, as interfaces e os processos que seguem a “loja virtual” são os únicos que garantem que a experiência de compra do consumidor seja completamente positiva, e não apenas uma sequência de frustrações depois da euforia da compra. Mas a verdadeira questão não é apenas a satisfação pessoal do consumidor em relação a uma compra online, mas principalmente a probabilidade de ele ou ela voltar a comprar na mesma loja no futuro próximo. Agora, não quero ser mal entendido: é minha convicção total de que a loja virtual é absolutamente fundamental na cadeia de uma operação de e-commerce de sucesso. Aliás, a loja virtual precisa ser simplesmente a melhor possível, em termos de usabilidade, escalabilidade e, por que não, beleza. O que infelizmente não é verdade é que a loja virtual, além de necessária, é também suficiente para garantir o sucesso de uma operação de e-commerce. De fato, a importância da loja virtual não é maior do que do resto da cadeia. A demonstração de que o mercado ainda não percebeu essa verdade está na predominante importância que o ROI possui entre as métricas do marketing digital. O ROI de uma campanha é o resultado das vendas geradas dividido pelo total gasto na campanha. Em outras palavras, o ROI é uma medida do retorno que um investimento em novo tráfego para a loja virtual gera através de vendas diretas. Se de um lado o ROI é uma métrica extremamente simples de apurar e extremamente poderosa na fase de crescimento de uma loja virtual, por outro lado, no médio prazo, leva a uma gestão míope do negócio, porque foca a atenção do gestor apenas no resultado da loja, e não no resto. Paradoxalmente, você pode ter um ROI muito alto em uma campanha de venda, mas se por qualquer outro motivo a disponibilidade de estoque, o backoffice e a logística não estiverem prontos para atender tempestivamente às vendas, o verdadeiro resultado da campanha será simplesmente desastroso. Além do ROI Começar a gerir uma operação de e-commerce com uma visão de médio e longo prazo leva naturalmente a buscar métricas além do ROI que possam incorporar a experiência do usuário como um todo, e não apenas a conversão de venda da loja. A mais importante métrica nesse sentido é o CustomerLifetimeValue, CLV. Existem diversas definições dessa métrica, mas de fato o objetivo é medir (em dinheiro) quanto cada consumidor cliente de uma loja virtual contribui ao longo de sua vida útil. Essa métrica ainda é muito pouco utilizada, porque é bastante complexa de ser medida corretamente: envolve a noção de vida útil de um consumidor, margem de contribuição de cada compra, frequência de compra etc. Mas o que é realmente importante, na minha opinião, é que o CLV muda radicalmente a forma de olhar para a operação de e-commerce. Uma vez que o objetivo vira a maximização do CLV, o gestor do e-commerce muda também sua estratégia, e novos horizontes se abrem. Vamos imaginar por um segundo que um painel de controle mágico (existem de fato alguns, em comércio) nos forneça uma projeção do CLV de cada um de nossos consumidores. Imediatamente, o gestor de e-commerce gostaria de saber por que um cliente possui um CLV maior que um outro, quais são os fatores que influenciam o CLV de um consumidor? É nesse momento que os departamentos de marketing e comercial começam a trabalhar juntos com o operacional e o técnico, porque a resposta para essas perguntas só pode vir do cruzamento de dados não apenas da loja, mas também do resto da cadeia. Um cliente com elevado CLV já teve que devolver um produto porque foi entregue errado? O prazo de entrega foi sempre respeitado? Vasco Crivelli Visconti fundador do Brandsclub e coo/cto da infracommerce O varejO virtual de mOda 14 gestão E tem mais. Rapidamente se descobre como fatores como o atraso na entrega podem ter influências completamente diferentes em clientes que estão fazendo sua primeira compra ou clientes rotineiros de uma loja virtual; o nível de informação fornecida na hora da compra não apenas influencia a decisão de compra, mas também diminui a incidência de devoluções e reclamações; a decisão de compra nem sempre é fruto de um impulso imediato, mas precisa de múltiplas interações com o site para ser amadurecida, e a frequência dessas interações é proporcional à probabilidade de compra. A realidade da moda Apesar do grande crescimento do e-commerce em nosso país, a gestão continua focando na grande maioria dos casos em conversão de venda e ROI, sem foco relevante no resto da cadeia. Por esse motivo, continuo encontrando situações em que a euforia do departamento de marketing e comercial contrasta com o desespero dos departamentos operacionais e técnicos (próprios ou terceirizados que sejam), que recebem “bolas quadradas” cada vez piores e maiores. Essa situação é ainda mais comum quando se trata do mercado de moda. O motivo disso, como descrito acima, não tem nada a ver com a competência (ou incompetência, às vezes!) dos departamentos operacionais, e sim com o foco da gestão. O foco da gestão, pilotada pelo ROI, leva à criação de lojas virtuais cada vez mais eficientes e bem feitas, mas menospreza os detalhes do resto da cadeia: e no mercado de moda existem muitos detalhes que não podem ser esquecidos. Quero falar um pouco dos dois principais: o cadastro de produtos e a gestão do estoque. Cadastro de produtos O cadastro de produtos de moda é uma tarefa extremamente complexa. E não estou apenas me referindo ao lado “comercial” do cadastro, mas também ao seu lado técnico. Em uma empresa movida pelo ROI, o cadastro será realizado de uma forma que priorize a conversão de venda e não as outras métricas. A ênfase principal será dada a informações que despertem o desejo impulsivo de compra, mas são negligenciadas informações que se tornam extremamente relevantes no pós-venda, como informações delavagem, composição etc. Essas informações provavelmente têm impacto baixo na conversão de venda da loja (e portanto no ROI!), mas têm impacto relevante no número de contatos com o SAC ou até de devoluções que os produtos podem gerar e, portanto, são relevantes para quem está focando em maximizar o CLV. Gestão do estoque De um ponto de vista de gestão de estoque, o cadastro de produtos de moda é um processo complexo por causa da falta de padronização no mercado. Nem mesmo dentro de um nicho específico, como por exemplo surfware ou biquíni, existem práticas comuns na identificação das peças. Existem fornecedores que utilizam um código único para o mesmo modelo, independentemente de cor e tamanho, outros que variam o código em função do tamanho, mas não a cor etc. Essas práticas dependem da forma em que a cadeia de distribuição para abastecimento de lojas físicas (próprias, franquiadas, multimarca ou de outro tipo) está estruturada. De fato, na maioria dos casos, a identificação das peças raramente é feita por SKU, e a razão disso é muito simples: tradicionalmente quem faz o picking do produto é o cliente na loja! Isso quer dizer que, para adequar a cadeia às exigências do e-commerce, em muitos casos, é necessária uma reidentificação e uma etiquetagem das peças, com consequentes incrementos de custos e introdução de possíveis erros. Para evitar esses processos, a cadeia inteira e a forma de gerir o estoque deveriam ser mudadas. Numa gestão baseada em ROI, dificilmente a segunda opção ganharia prioridade sobre a primeira. O varejO virtual de mOda 16 caPa A Internet é conhecida por ser um espaço infinito. Nela, cabe todo e qualquer conteúdo, sem que haja problemas de armazenamento e/ou de espaço – coisa que não acontece com material impresso ou em vídeo e áudio. Essa característica positiva da Internet, infelizmente, não se aplica a todos os setores que estão ligados a ela. O e-commerce, por exemplo, apesar de estar estruturado na web, que possibilita todo esse espaço infinito para a apresentação dos produtos oferecidos pela loja, também está atrelado ao mundo físico - nos setores de logística, armazenamento e entrega. Isso cria a necessidade da empresa de limitar seu estoque e, consequentemente, o número de sortimentos que oferece em suas lojas online. Atualmente, um dos grandes desafios do comércio eletrônico brasileiro é explorar melhor essa capacidade infinita da Internet, sem que isso afete de forma drástica a sua estrutura física. Mas uma coisa que a observação de mercados estrangeiros – e que já ultrapassaram essa fase – ensinou é que aumentar o sortimento de um e-commerce é um dos primeiros passos para fazer dele um líder de mercado. Ampliar a variedade de ofertas que você tem para o seu cliente significa conectá-lo cada vez mais à sua loja, aumentando a possibilidade das vendas recorrentes e distanciando-o cada vez mais da concorrência. Se você oferece o que ele precisa, além de uma boa experiência de compra, cria a tão esperada fidelização do cliente. Mas para que o investimento em sortimento dê resultados – ou seja, para que haja conversão –, é preciso ir além. É preciso investir em gestão comercial, tecnológica e operacional para poder explorar ao máximo o potencial de um sortimento amplo. Afinal, é preciso reestruturar várias áreas da empresa para melhor gerenciar esse novo estoque. Pedro Donati, Internet Superintendent do Itau-Unibanco e profissional de e-commerce “das antigas”, aponta a logística e o comercial como os setores mais são impactados pela decisão da loja da aumentar o seu sortimento. Ele alega que, além do custo de manutenção do estoque ser alto, é preciso pensar em como reorganizar - muitas vezes até em realocar - o estoque de forma que facilite todo o trabalho. Já o setor comercial precisa recriar toda sua estratégia de vendas. “Esses dois setores são os mais afetados, porque sortimento tem que estar em equilíbrio, principalmente, com a logística. Mas uma decisão dessas afeta outras áreas também. Desde o setor que cuida da estrutura do site, até quem faz as imagens que vão ao ar para apresentar o produto”, explicou Donati. No e-commerce, de uma forma em geral, o setor que hoje mais investe em sortimentos é o de vestuário. Isso porque a moda permite um mix de alternativas e de produtos muito extenso. Marcelo Guerra, diretor de e-commerce da FastShoes, explica que, pelo fato de a moda ser dinâmica e se renovar constantemente, facilita para a loja oferecer um leque maior de opções para o cliente. Segmentação: uma das aliadas do crescimento no e-commerce Porém, não basta aumentar o número de sortimentos e esperar que isso, por si só, traga mais conversões para a loja. Ao oferecer uma maior variedade de produtos, é preciso gerenciá-los da forma correta, trabalhando cada vez mais e melhor a segmentação feita pela loja. É ela que vai fazer com que o cliente não se perca em um amontoado de produtos – que muitas vezes não têm nada a ver com o que ele procura. Um dos pontos que precisa ser bastante trabalhado é como trazer para o virtual a segmentação que o consumidor já conhece e está habituado no mundo físico. E isso passa pelo comportamento do consumidor. O cliente das lojas offline vê de forma panorâmica toda a exposição dos produtos da loja – e, graças à ajuda de um bom trabalho de merchandising, os produtos que se complementam estão próximos e acessíveis aos olhos, ao toque e até mesmo à experimentação. Já no mundo online, o espaço sOrtimentOs: O nOvO desafiO dO e-cOmmerce BrasileirO Por Mariana Anselmo – Redação E-Commerce Brasil para divulgação dos produtos é limitado à tecnologia que a empresa está usando, somada às facilidades que o e-commerce disponibiliza para a experiência de navegação em seu site. Edouard Hieaux, consultor de e-commerce, lembra ainda que o comerciante físico tem mais chances de conhecer o seu público. Isso porque ele consegue delimitar melhor quem são as pessoas que ele atinge e até onde ele consegue atingi-las. “Dependendo da região, da cidade, do bairro e até da rua, já é possível pensar em uma estratégia de segmentação para trabalhar melhor a relação produtos x público”, afirmou Hieaux. Uma das apostas mais certeiras para se trabalhar a segmentação no e-commerce é a personalização da oferta de acordo com cada cliente. Tecnologias que possibilitam o trabalho de remarketing e retargeting ajudam a marca a conhecer o perfil do seu público e a se posicionar da melhor maneira para impactá-lo. Atualmente, um dos sistemas mais inteligentes é o Behavior, que quer dizer, literalmente, comportamento em português. Ele analisa o histórico de navegação do cliente e, através desse comportamento, cria automaticamente um ambiente de navegação muito mais segmentado e de acordo com os interesses do visitante. Os e-varejistas também estão utilizando táticas oriundas do comércio tradicional para tentar trabalhar melhor a segmentação de suas lojas, ao mesmo tempo em que tentam expandir a sua variedade de ofertas. A criação de linhas Premium e de marcas próprias agora faz parte da realidade do comércio virtual, mas foi no varejo offline que essas táticas se consolidaram. Nas linhas Premium, as empresas costumam trabalhar com produtos de maior qualidade e refinamento, o que consequentemente eleva o custo final do produto. Assim, a marca consegue alcançar um público diferente, mais sofisticado e com maior poder aquisitivo, sem deixar de lado, é claro, seu público habitual. Empresas de calçados, vestuário e acessórios costumam lançar mão dessa tática para poder abranger um público maior (aumentando o seu sortimento) e, ao mesmo tempo, segmentando-o (não ficaria melhor “segmentá-lo”?), oferecendo a cada um aquilo que lhe interessa.“Ter para uma mesma linha de produtos de qualidades padrão e Premium ajuda a conquistar o consumidor das mais diversas classes e poder de compra”, explica o diretor de e-commerce da FastShoes. Outro aprendizado do comércio físico é a criação da marca própria da empresa, que é comercializada juntamente com as tradicionais marcas do mercado. Muito comum em supermercados, que criam suas próprias linhas de produtos alimentícios, essa tática agora começa a aparecer no e-commerce. Lojas que revendem grandes marcas criam produtos com qualidade e design similares ao dos produtos que oferecem, mas que levam o nome da loja. Normalmente, essa nova marca tem preços mais competitivos, saindo mais em conta para o consumidor. Para as empresas que mantêm duas frentes de atuação (online e offline), uma boa opção para trabalhar melhor sua segmentação é oferecer produtos diferentes nessas duas frentes. Assim, em vez de as lojas concorrerem entre si por mercado, elas se tornam complementares. Para os clientes do e-commerce, a loja offline serve para completar um atendimento personalizado; para os clientes da loja física, a loja online serve como um complemento de sortimentos e uma alternativa de compra. 18 caPa Como o mercado brasileiro encara a questão dos sortimentos O que se percebe no mercado de e-commerce brasileiro é um receio de se aventurar em oferecer um maior número de sortimentos. Receio esse que tem fortes razões de existir, afinal, como dito anteriormente, é preciso investir em tecnologia, em gestão, no setor operacional e em reestruturação. E ainda não se tem no mercado nacional muitos exemplos de lojas que aumentaram seus sortimentos e trilharam um caminho para que isso gerasse retorno satisfatório. Mas o que se percebe também é o medo de explorar as alternativas. O mercado internacional já mostrou que o marketplace, por exemplo, é uma boa saída para as lojas que ainda têm receio de aumentar drasticamente seu estoque – e de como essa decisão pode afetar todo o negócio. Através do marketplace, uma loja consegue atingir um público maior, oferecendo mais opções de produtos e sem a necessidade de tê-los em estoque. Isso acontece porque a loja trabalha em parceria com outras lojas, que, a partir da compra, se tornam responsáveis pela entrega. Mas acontece que o cliente, quando faz a compra, associa toda a experiência (desde a navegação pelo site, até a entrega do produto e o pós-compra) à loja onde ele viu e comprou o produto. Dessa forma, se a qualidade do serviço e do produto oferecido pela loja parceira deixar a desejar, ele vai transferir essa má experiência para a primeira loja. E é disso que os grandes e-varejistas ainda têm medo: ter a sua reputação e credibilidade junto ao seu público afetadas por um mau serviço de parceiros. É claro que isso é algo com que se preocupar, afinal, as grandes lojas sabem da dificuldade para manter um serviço de qualidade. Mas também é preciso ir mais longe e enxergar que não tomar medidas a esse respeito pode trazer, no fim, perda de público. Pedro Donati afirma que aumentar o sortimento de um e-commerce possibilita a experimentação. Mas para isso é preciso “perder o medo de errar, de arriscar e de ousar. Só assim para se criar novas oportunidades para a empresa e se destacar em um mercado cada vez mais nivelado e competitivo”. 20 coNteÚdo cOmO a curadOria pOde melhOrar a experiência de cOmpra, aumentar a cOnversãO e diferenciar sua lOja da cOncOrrência Michelle Ramos gerente de e-commerce da abril Mídia michelle.ramos@abril.com.br A Internet democratizou a publicação de conteúdo, possibilitando que um volume infindável de sites, textos, imagens e vídeos fosse ao ar. Com isso, ficou mais difícil acessar as novidades, encontrar material relevante sobre um tema específico e filtrar, a partir desse grande, acervo aquilo que realmente importa. Essa realidade motivou a criação de sites como Digg e Reddit, que já estão por aí há algum tempo e, mais recentemente, do Polyvore, Svpply e Pinterest, plataformas de curadoria de conteúdo que permitem que seus usuários organizem seus achados em composições temáticas que podem ser “seguidas” por qualquer pessoa. Alguns usuários se destacam nesses ambientes, conquistando um volume maior de seguidores. Podem ser tanto especialistas num determinado assunto, quanto pessoas que têm um olhar interessante sobre o que é legal. Eles são os tastemakers e possuem um grande poder de influência na sua base de seguidores. Até agora falamos de conteúdo, mas, quando olhamos a dinâmica do e-commerce, os problemas são parecidos. Os varejistas online se multiplicam, a oferta de produtos fica cada vez maior, nem sempre o cliente sabe o que quer comprar e, quando sabe, tem dificuldade de encontrar o que procura. É aí que a curadoria entra, proporcionando ao cliente uma melhor experiência de compra e, consequentemente, aumentando as chances de ele voltar a comprar na sua loja. Um estudo publicado pela eMarketer no início de 2012 (veja aqui: http://bit.ly/xZb5oW) mostra um claro aumento de investimento nessa área por parte dos varejistas monitorados (base Q4 2011x Q4 2010). Os esforços concentram-se nas seguintes frentes: - Butiques de marcas: lojas especiais que reúnem todos os produtos de uma determinada marca com ambientação e linguagem adequadas à identidade dessa marca. Esse tipo de iniciativa ajuda a aumentar a percepção de valor dos itens. - Produtos exclusivos: área que destaca os itens e as marcas que só podem ser encontrados naquela loja, estimulando a conversão imediata (o cliente sabe que não vai encontrar aquele produto em outra loja). - Guias e manuais de uso: têm por objetivo ajudar o cliente a escolher o produto certo e desfrutar da sua aquisição da melhor maneira possível. Quanto mais seguro o cliente se sente em relação à sua decisão, maior a chance de conversão naquele momento. - Áreas temáticas: reúnem produtos em torno de interesses, situações de uso, características similares, dentre outras variáveis. Ajudam a contextualizar os itens do portfolio e são um bom artifício para dar visibilidade a produtos com alto potencial de venda. - Guias e manuais nas páginas de produto: este recurso já é utilizado pelos sites de leilão como eBay e Mercado Livre e começa a ser incorporado por outros varejistas. Traz informações detalhadas sobre como usar o item, os principais cuidados a serem tomados e até uma seção de perguntas mais frequentes. Também tem por objetivo passar mais segurança e incentivar a compra imediata. - Assinatura/presente do mês: é um serviço que o cliente assina para receber mensalmente produtos que foram selecionados por um curador. Gera uma receita recorrente e automática para o varejista. - Lookbook: recurso bem explorado por varejistas de moda e acessórios, reúne combinações de peças que servem de sugestão de uso para os compradores. A mistura do apelo da vitrine com o caráter editorial estimula a conversão e a venda casada. Essas iniciativas ilustram a aplicação do conceito de curadoria na estratégia de merchandising de um e-commerce. Mas o verdadeiro desafio é tornar essas seleções relevantes para o usuário, e essa relevância deriva de dois pilares: a autoridade do curador no assunto e o grau de identificação que o público tem com ele. Ter autoridade não significa necessariamente ser um especialista, mas sim ser referência naquele assunto. Tanto uma consultora de estilo quanto uma celebridade que se veste bem são referências no tema. No entanto, se a cliente não se identificar com essas mulheres, ela não enxergará valor naquela recomendação; vai pensar que aquilo não é para ela e abandonará a página. Em função dessa dificuldade de encontrar a figura de um curadorque seja amplamente aceita (dificuldade esta que varia de acordo com a categoria), a maioria dos sites opta por não personificá-lo. É uma opção, mas certamente o conteúdo não terá tanto peso para o cliente, a não ser que a marca seja, por si só, uma referência no assunto. Outros sites trabalham com vários curadores, de modo a cobrir um número maior de nichos e segmentos. Nessa linha, vem sendo testado o modelo de incorporar os tastemakers à estratégia de curadoria da loja. Esses influenciadores são identificados e convidados a criar suas seleções dentro do site e dos perfis sociais do varejista. Por fim, há um movimento de aproximação de players de e-commerce com o mercado editorial. Publicações líderes em seus segmentos possuem autoridade no tema e uma base relevante de leitores que se identifica com seu conteúdo. Essas marcas enxergam na parceria a possibilidade de oferecer uma experiência completa a seu público. Endossos de celebridades, recomendação de especialistas, clubes do livro e outras formas de seleção de produto sempre foram usados para gerar vendas. O que muda é a maneira como isso está sendo transposto para a Internet, com seu imediatismo e a possibilidade de relacionamento entre marcas, varejistas, consumidores e influenciadores. Online Retail Merchandising Tactics Used by US Retailers, Q4 2010 & Q4 2011 % of sites studied Brand boutiques Channel/merchant exclusives Guides/how to Themed areas Guides/how to on product pages Automatic reordering/gift of the month 76% 89% 67% 83% 64% 74% 39% 64% 39% 48% 16% 20% Automatic reordering/gift of the month 24% Q4 2010 Q4 2011 Source: the e-tailing group, “14th Annual Mystery Shopping Study” provided to eMarketer, Jan 25, 2012 137430 www.eMarketer.com 22 exPeriêNcia de coMPra O que vOcê está fazendO para melhOrar a experiência de cOmpra dO seu cliente? “Inovar, ser transparente, falar a linguagem do cliente, criar intimidade com ele e proporcionar experiências são ações fundamentais para uma empresa obter sucesso. O consumidor não quer só comprar, ele quer ser transformado pelo que compra”. Essa foi a conclusão de Henry Mason, sócio e diretor global de pesquisa da Trendwatching.com, no Consumer Trend Seminar realizado em São Paulo em Agosto deste ano. Para acompanhar a evolução das necessidades dos consumidores, um dos principais desafios dos e-commerces é engajar os visitantes, especialmente os usuários novos e não-recorrentes, antes que eles saiam e visitem outro site. Para as lojas que possuem muitos SKUs, o desafio é ainda maior, pois, além de engajar os visitantes, é necessário evitar que eles fiquem muito perdidos e frustrados devido ao excesso de opções existentes. Atualmente, muitas lojas virtuais ainda fazem a mesma oferta para todos consumidores. Algumas segmentam os clientes em grupos baseado em informações demográficas, como sexo, idade, poder aquisitivo, cidade, entre outros, e criam ofertas segmentadas. Entretanto, são poucos os casos de empresas que adotam a estratégia de marketing one-to-one, criando ofertas personalizadas para cada usuário. O marketing one-to-one (Peppers & Rogers 1997) busca superar a natureza impessoal do marketing tratando cada consumidor individualmente. Essa abordagem envolve a captura dos dados de preferência do usuário (input), o processamento dessa massa de dados para gerar inteligência e a utilização da inteligência a favor do negócio (output). Os sistemas de recomendação são soluções que ajudam os gestores de e-commerce a implementar a estratégia de marketing one-to-one. Esses sistemas analisam a base de dados das preferências das pessoas e apresentam recomendações personalizadas para cada indivíduo. Resumidamente, os sistemas de recomendação auxiliam os gestores a decidir “o que ofertar”, “a quem ofertar” e “quando ofertar”, praticamente criando uma loja única para cada cliente. Como resultado, os sistemas de recomendação incrementam as vendas dos e-commerces de 3 formas: Convertendo visitantes em compradores – os internautas geralmente visitam as lojas virtuais sem comprar nada. Os sistemas de recomendação propiciam aos visitantes encontrar produtos pelos quais eles se interessam mais, aumentando a taxa de conversão. Aumentando o cross-selling – se as recomendações forem boas, o tamanho médio do pedido aumenta, o que, consequentemente, aumenta o ticket médio do pedido. Um exemplo é oferecer um suporte de parede para um usuário que está comprando uma TV LED. Construindo lealdade – quanto mais uma pessoa visita sua loja virtual, mais indicações sobre o que ele quer e/ou gosta são capturadas e mais personalizadas são as recomendações. Esta é uma barreira de saída grande para seus clientes: se um e-commerce concorrente quiser conquistar seu usuário, este terá que gastar muito tempo e energia para indicar o que quer e/ou gosta para a loja nova, informações que seu e-commerce já possui. Roberto Kakihara Marketing roberto@chaordic.com.br Francesco Cardi Negócios francesco@chaordic.com.br Amazon e os fatores-chave de sucesso “In the online world, businesses have the opportunity to develop very deep relationships with customers, both through accepting preferences of customers and then observing their purchase behavior over time, so that you can get that individualized knowledge of the customer and use that individualized knowledge to accelerate their discovery process. If we can do that, then the customers are going to feel a deep loyalty to us, because we know them so well. And if they switch to a competitive website, as long as we never give them a reason to switch, as long as we’re not trying to charge higher prices or providing lousy service, or don’t have the selection that they require; as long as none of those things happen, they’re going to stick with us because they are going to be able to get a personalized service, a customized website that takes into account the years of relationship we’ve built with them”. Essas frases foram ditas em 1998 por Jeff Bezos, CEO Amazon, e resumem a estratégia de negócios da empresa. Há quase 15 anos, Bezos já enxergava o marketing one- to-one como alavanca principal para o crescimento da Amazon. Hoje, ela é o principal e-commerce do mundo. Para ter uma base de comparação de seu tamanho, em 2011, a receita da Amazon atingiu US$ 48 bilhões, o que representa quase cinco vezes o que todo e-commerce brasileiro movimentou no mesmo período. Não é à toa que a Amazon é sempre citada como caso de sucesso quando se fala em e-commerce. Para os gestores que querem utilizar o marketing one-to-one como estratégia de diferenciação em seu e-commerce, é preciso investir em soluções específicas, como os sistema de recomendação. Esse investimento pode ser in-house, mas tipicamente é contratado de um fornecedor especializado. Independentemente do caminho escolhido, é importante levar em consideração 3 fatores-chave de sucesso: Algoritmo e estatística – é o cérebro do sistema de recomendação e tem o desafio de recomendar com precisão e, ao mesmo tempo, com uma boa cobertura da sua carteira de produtos. Assim como uma boa recomendação melhora a experiência de compra, uma má recomendação pode afastar um potencial cliente de sua loja. Regras de negócio e comunicação – saber o que ofertar, no momento certo, na hora certa e para a pessoa certa é crucial para converter um visitante em um comprador. A solução de recomendação deve ter a capacidade de autoaprendizagem à medida que os usuários interagem com a loja virtual. Não menos importante que a aprendizagem constante é a comunicação das recomendações, que envolve o layout, a imagem e o conteúdo exibidos. Todos esses elementos devem ser divulgados de forma transparentepara que o visitante não sinta que sua privacidade está sendo invadida, além de chamar a atenção para o que lhe está sendo recomendado. Escalabilidade e performance em tempo real – o sistema de recomendação deve ser capaz de prover recomendações para dezenas de milhares de usuários em poucos milissegundos. Ou seja, deve-se aguentar os picos de acessos simultâneos para não prejudicar suas vendas nos momentos nos quais sua loja mais necessita. Lojas de comércio eletrônico dependem muito de informações sobre os usuários para conseguirem ter vantagem competitiva. O marketing one-to-one, por meio da solução de um sistema de recomendação, permite que os e-commerces pratiquem a customização em massa ao criar uma experiência de compra personalizada a cada visitante da sua loja virtual. Ao utilizar essa estratégia, você pode criar um diferencial frente aos concorrentes, fidelizar mais seus clientes e aumentar as vendas. O mercado de e-commerce, apesar de ser emergente, já oferece um ambiente bastante concorrido para qualquer segmento. Considerando que a grande maioria das lojas virtuais compartilham recursos similares, mesmo sendo plataformas de diferentes fornecedores, preços, promoções, entre outras características criadas para chamar a atenção do consumidor, o que mais seria importante? O que pode ajudar a fazer a diferença? O design Não importa o tamanho do seu investimento em plataforma, propaganda, mídias sociais, campanhas no Adwords, segurança, logística, gestão, ou qualquer outro esforço gasto em ações para alavancar as vendas. Se o design não presta, tudo isso cai por terra. Se a sua loja virtual tem tudo isso, mas não tem um design caprichado, vai sofrer com o preconceito dos usuários. Loja feia não vende. Fato. O design atrai, enche os olhos, passa credibilidade, reforça a identidade da loja virtual com a marca e, consequentemente, desperta a confiança do consumidor. Além da beleza, o design cumpre a função de oferecer um ambiente organizado, bem elaborado e coerente. Aplica os preceitos de usabilidade, faz as cores terem sentido e cumprirem seu papel de guiar psicologicamente o usuário enquanto navega, atraindo seus olhos e cliques para as áreas certas, estimulando sua vontade e a compulsão pela compra. Nada mais repugnante aos olhos do consumidor do que uma loja virtual desarrumada, com informações (em excesso ou faltando) soltas e sem nenhuma liga ou nexo, textos minúsculos (ou gigantes), fontes ilegíveis e fotos de produtos mal produzidas. Isso tudo só para enumerar o básico. São dezenas de pequenos detalhes que compõem o layout de uma loja virtual e que devem ser devidamente cuidados pelo design. E mais: o bom design pode ajudar no SEO da loja virtual. Como? Oferecendo, além da beleza, um ambiente adequado para as técnicas e as ferramentas de SEO funcionarem adequadamente e de forma mais clara e eficaz. O resultado dessa mistura bem elaborada reflete na confiança do cliente, que irá clicar mais, navegar mais, voltar sempre e quem sabe até trazer com ele aquele amigo indicado. Aprecie o aumento nas visitas, pageviews, conversões e veja como isso vai impactar na relevância do seu endereço nos resultados de busca. Importante também é a manutenção do seu e-commerce, com atualizações e novas ferramentas. Novos recursos surgem a todo tempo no mercado e é sempre bom ter alguém focado nas mudanças do mundo virtual, como também uma empresa especializada para fazer o negócio progredir. Essas novidades, em grande, parte são aplicativos de front end de loja, que foram desenhados, pensados e receberam o design ideal para cumprirem sua função de otimizar a loja, do processo de venda e da taxa de conversão. O design não deixa segredos. Ele mostra o caminho para o usuário, da vitrine ao momento do pagamento, conduzindo-o por um ambiente seguro, bem construído, proporcionando o menor número de cliques possível entre o desejo de comprar e a informação do número do cartão de crédito no pagamento do pedido. As lojas virtuais disputam o consumidor oferecendo-lhe oportunidades, descontos, promoções, e quem ganha a preferência é aquela que oferece a melhor experiência geral de compra. E uma boa fatia dessa experiência positiva é proporcionada pelo design. O restante é apenas plataforma. qual a impOrtÂncia dO design nO e-cOmmerce? 24 desigN Filipe Sinhoreli Zoldan Web designer na Jet e-commerce fi lipe@jet.com.br Marcelo F. Silva diretor de arte e criação e coordenador de integração na Jet e-commerce marcelo@jet.com.br Que segurança é um dos principais pontos necessários no e-commerce todo mundo já está cansado de saber. Certificado SSL, EV, anti-malware, blindagem contra hackers, entre vários outros termos ajudam o lojista e o cliente a manter os dados da loja em segurança. Porém, o que muitos não fazem é trabalhar o aspecto de segurança no aumento de conversão. O que quero dizer é que o varejista não explora o potencial de marketing de um certificado digital para aumentar a taxa de conversão. Os certificados de segurança, conhecidos como Certificados Digitais EV SSL ou SSL de Validação Avançada, são documentos qualificados que se apresentam aos usuários da Internet de forma distinta, transmitindo alta segurança por serem analisados em auditoria. SSL é a sigla para “Secure Socket Layer”, em que a tradução seria similar a “Camada de Conexão Segura”. O objetivo de uma loja possuí-lo é a necessidade de que em uma transmissão de formulário com os dados do cliente, incluindo dados de cartão de crédito, sejam encriptadas e decriptadas somente no servidor, evitando a exposição de informações durante o envio. O serviço é capaz de criptografar dados que trafegam em servidores, laptops ou desktops, seja dentro de uma rede interna de uma empresa ou externa. O SSL é responsável em alterar o endereço de “http” para “https”, em que esse “s” significa “segurança”. Colocar o certificado em toda a loja virtual é uma boa opção para gerar credibilidade logo no primeiro acesso do visitante. Ao utilizar o SSL, o navegador da loja irá dispor de um ícone que o indica. Costuma ser representado por um ícone em formato de cadeado, localizado na parte inferior da janela ou sob a barra de endereços. Ao fazer um duplo clique sobre a imagem, é possível verificar o certificado digital de servidor. Com o SSL, é possível garantir uma alta segurança no comercio eletrônico, além ganhar a confiança aos clientes. Por isso é importante o conhecimento sobre os selos e os tipos de certificados para que os consumidores tenham a certeza de que o negócio utiliza sistemas de segurança. Com esse certificado, o comércio online aumenta a confiança dos usuários, legitima sites e reduz significativamente os ataques de fraude e roubo de senha. Existem no mercado diversas marcas e tipos de certificados de segurança SSL, oferecendo muitas vezes o mesmo tipo de encriptação de dados, a mesma qualidade, mas com preços que podem variar de US$ 49 até US$ 2 mil. O que muda na maioria dos casos é simplesmente a marca. Certificados de boa procedência ajudam no aumento da taxa conversão, em alguns casos chega a aumentar mais 8%. Vale calcular se esse aumento justifica o investimento. Outro ponto importante é que os com valores mais baixos geralmente não incluem um suporte técnico no caso de problemas na instalação no servidor. Outro ponto que pode ajudar a aumentar ainda mais a taxa de conversão é o certificado SSL com EV (Extended Validation), que quando ativo deixa a barra de endereço do navegador na cor verde, indicando que o site está seguro e o certificado é válido. Certificados com EV são mais trabalhosos para comprar, mas vale a pena, se considerado o resultado na conversão. Vale lembrar que somente a certificaçãoSSL com EV não garante toda a segurança de um site, e sim as informações em trânsito na rede. Uma invasão ao servidor pode possibilitar roubos de informações de todo o banco de dados do site e não vai adiantar trafegar a informação de forma criptografada pela rede. Para ter a segurança completa do sistema, é necessária também a blindagem do site. Essa prática de roubo de informações em trânsito é chamada de “sniffing”, e tem ocorrido em grande escala. A cada dia, as fraudes estão cada vez mais rápidas e apuradas. Uma certificação SSL simples elimina o “sniffing”, mas não combate o “phishing” (roubo de informações através de páginas falsas). Uma dica básica, mas que muitos não fazem, é colocar um cadeado fechado no processo de checkout da loja junto com o selo fornecido pela certificadora, em que o cliente pode verificar a validade do certificado. Esse processo da sua loja deve fazer parte da estratégia de conversão. Pelo menos 75% dos clientes potenciais abandonam o carrinho de compras antes de finalizar o pedido. Por isso, além do cadeado, é importante que o site disponibilize contato, endereço, política de devolução, prazo de entrega, entre outras informações sobre a compra. Quanto mais informações o cliente obtiver, maior será a chance de finalização do pedido sem nenhum tipo de receio. Não se esqueça de perguntar para o fornecedor da plataforma, ou sua equipe de TI, se o certificado SSL que você pretende comprar é possível instalar no servidor antes de fechar o negócio. Se preocupar com a segurança e a credibilidade da loja virtual é cada vez mais importante para contribuir com o aumento das vendas. A desconfiança dos consumidores em sites está aumentando e, assim, internautas deixam de fazer transações online por receio de terem seus dados divulgados e/ou não confiarem na qualidade do produto. Por isso, os varejistas devem se atentar para as estratégias e as ferramentas capazes de transmitir ao cliente segurança, qualidade e eficiência no atendimento. Com todas essas dicas, é possível ter um aumento na taxa de conversão de até 15%. transfOrme segurança em marketing e aumente sua taxa de cOnversãO Flavio Inacio gerente de e-commerce da eletrônica santana fl avio.inacio@eletronicasantana.com.br 25 segUraNÇa No último evento do Shop.Org 2012, em Denver, Colorado, Estados Unidos, assisti a uma palestra que chamou muito a atenção. Ela tratava sobre o ciclo recente de inovação na Internet, e no final nos arremeteu a uma constatação que nos trouxe uma reflexão impressionante. Vejamos abaixo: 1995 – A era dos portais Em 1995, quem dominava a Internet eram os portais, todo o tráfego e as informações disponibilizadas eram providos pelos portais. Os portais provinham o acesso à Internet propriamente dito; com isso, “fidelizaram” clientes e direcionavam todo o conteúdo acessado pelos usuários. Para os e-commerces, gerar tráfego para seu site era sinônimo de anunciar em algum portal. Inimaginável nos dias hoje, na época, tudo o que o usuário acessava e/ou lia era monopolizado por 2 ou 3 empresas. 2001 – A era dos buscadores Em 2001, surgiu aquele que até hoje é um gigante na Internet, o Google. O Google popularizou e democratizou a Internet. Através de seus mecanismos de busca, passou a levar a demanda para o conteúdo de maior “relevância” para o usuário, independentemente de esse conteúdo estar dentro de um grande portal ou não. O mundo inteiro realiza buscas, e o Google traz para os varejistas online (e offline também, por que não?) a demanda que determinados termos têm mensalmente; isso nos faz saber para que caminho a demanda está indo, comprar palavras-chave, e hoje é óbvio que o Google é um dos melhores negócios do mundo. 2005 – A era das redes sociais Em 2005, surgiu o Facebook, o que não quer dizer que a era do Google terminou, mas, com certeza, roubaram boa parte do tráfego dos buscadores. As redes sociais trouxeram para a Internet uma nova forma de as empresas se relacionarem com os consumidores; mudaram o foco e o hábito do internauta, o que fez com que as empresas tivessem que aprender a lidar com a comunicação neste novo local. As redes sociais são uma poderosa ferramenta de engajamento, e, apesar da baixa conversão em vendas, alguns varejistas já estão aprendendo a transformar seus likes em pedidos. 2010 – A era pós-PC, tablets e smartphones Em 2010, com a chegada do iPad, o mundo viu os usuários migrarem do PC para os tablets. Mais uma vez, as empresas precisaram lidar com isso, criar aplicativos e obviamente elaborar formas de gerar receitas. Mais que um tablet, o mercado de aplicativos foi inaugurado, já experimentado desde 2007 pelos usuários do iPhone. 2015 – O que está por vir? Partindo da premissa que a cada 5 (cinco) anos uma grande revolução acontece, pode-se esperar algo para 2015. O mais curioso da recente história da Internet, que resumi rapidamente aqui, é que cada revolução mexeu com o mercado de alguma forma, todas elas impactaram nossas vidas e a vida das empresas. A constatação e a reflexão que devemos fazer é a de que nenhuma das empresas que dominou alguma das eras também dominou a era seguinte. E todas as empresas que surgiram depois impactaram os negócios das anteriores direta ou indiretamente. O que nos deixa mais curiosos, não concordam? Ou acham que o Google direcionar o tráfego de uma busca para um conteúdo fora de um portal não tira o tráfego do portal? Acham que o Facebook não tirou audiência do internet: uma inOvaçãO a cada 5 anOs. qual é a próxima? Daniel Nepomuceno ceo - Meu amigo Pet 26 teNdêNcias internet: uma inOvaçãO a cada 5 anOs. qual é a próxima? Google? E que os tablets e smartphones não fizeram o Facebook vender menos publicidade? Tudo isso no mínimo deve nos deixar atentos para não perder a hora certa de investir em novas tecnologias e tomar ainda mais cuidado para não entrar cedo demais e naufragar junto com algum modismo. Mobile payment Será que finalmente é a vez do mobile payment? Na mesma viagem em que estive no Shop.Org, visitei o Vale do Silício e, dentro da sede do eBay, visitei os escritórios do PayPal e fui apresentado ao PayPal Wallet (carteira PayPal, em tradução livre). Abaixo os principais pontos do que vi (e que acredito que possam determinar o sucesso do produto): Multimeios de pagamento Através do PayPal Wallet, você pode centralizar sua conta bancária, cartões de crédito, cupons de desconto e programa de milhagem. Você pode pagar uma compra em qualquer loja física ou virtual, mesclando todas essas formas de pagamento, exemplo: Uma compra de R$ 300,00 pode ser paga da seguinte forma: R$ 50,00 com crédito do PayPal; R$ 50,00 no débito; R$ 50,00 com programa de milhas; R$ 30,00 com seu cupom de 10% de desconto; R$ 120,00 com o cartão de crédito. E tudo isso numa mesma compra, sem o lojista precisar fazer nada de diferente para disponibilizar essas opções em seu e-commerce, seja via celular ou não. Pagamento em loja física A loja física do lojista filiado ao PayPal também poderá receber pagamentos do PayPal Wallet. O lojista pode ter um tablet que funciona como POS, ou seu POS ser integrado à solução do PayPal, o que possibilita pagamentos via: - NFC; - Digitação de número de telefone e senha; - Check in – isto mesmo, check in, explicarei abaixo. Compra via aplicativo do PayPal O lojista pode enviar via XML seu catálogo de produtos; dessa forma, o consumidor não precisa baixar mil aplicativos diferentes (um de cada empresa) para fazer compras com seu celular. Basta o lojista ser filiado ao PayPal e disponibilizar seu XML. Assim, o consumidor tem em um lugar só a possibilidade de comprar de quantas lojas quiser, sem precisar aprender a usar um novo aplicativocada vez que desejar comprar. Formas de comprar - O lojista pode disponibilizar QR Codes em suas lojas físicas para facilitar o processo de compra do cliente e direcioná-lo para a página do produto dentro do aplicativo do PayPal; - No aplicativo de celular da empresa ou mobile site, pode haver a opção de pagar via PayPal, e daí pra frente deixar o aplicativo do PayPal fazer o resto; - O consumidor não precisa digitar o número do cartão e nem seu endereço, pode escolher que a entrega seja realizada no endereço cadastrado no PayPal, o que torna o processo de compra extremamente simples; - O usuário pode comprar na loja e retirar na hora ou receber em casa, ele escolhe; - Check in – O usuário pode escolher os produtos que deseja comprar na padaria ao lado de sua casa e fazer o pagamento via check in, o que lhe dá a liberdade de ir até a padaria sem o celular e se identificar no balcão - seu pedido já está pago; - Telefone e senha – Você não precisa ter um smartphone para pagar uma compra com PayPal, basta digitar no POS o número de seu telefone e sua senha PayPal; - NFC – com a Near Field Communication, basta aproximar o celular do POS e dar um ok no aplicativo para que sua compra seja paga. Quando isso estará disponível? Já está em teste em algumas lojas nos Estados Unidos, a Abercrombie é uma delas. Perguntei quando isso chega ao Brasil, e me responderam 2013. Agora é aguardar (ansiosamente) para ver. 28 gestão Este artigo tem dois objetivos: explicar o fluxo do pedido desde seu nascimento na web store até sua liquidação através da entrega da mercadoria ao cliente, e demonstrar, através do fluxo do atendimento de pedido, uma das muitas particularidades do back- office do comércio eletrônico. Enquanto na grande maioria dos ERPs o fluxo de pedido de venda é composto por quatro atividades básicas (análise de crédito, reserva de estoque, ordem de separação e faturamento), o fluxo do pedido no back-office é muito mais detalhado pelo fato de se referir ao cliente final (60% dos pedidos têm um só item com uma unidade) e ser entregue em domicílio. Para não ficar muito complexo, o fluxo mostrado aqui refere-se somente aos pedidos de mercadorias gerados pela web store. Foram omitidos os pedidos que geram fluxos alternativos, tais como lista de casamento, B2B, venda de serviços, venda de vale presente, pedido de devolução a fornecedor etc. 1. Primeira fase: aprovações Na maioria das grandes lojas, a análise de fraude e pagamento consta no escopo do back-office, permitindo que o controle integral do fluxo esteja sob domínio de uma única peça de software, condição importante para o cancelamento do pedido e informações ao cliente. Há três validações: fraude, atendimento lógico e pagamento. 1.1. Fraude O pedido pode ser aprovado dando continuidade ao fluxo ou rejeitado implicando seu cancelamento automático. 1.2. Atendimento lógico Esta fase se caracteriza pela possibilidade de fracionamento do pedido em entregas (sub-pedidos), cuja continuidade depende da disponibilidade de estoque. Um pedido é objeto de fracionamento quando seus itens se comportam de modo diverso em relação à transportadora, ao prazo de entrega, à filial de expedição e à reserva de estoque. Na impossibilidade da reserva, o pedido permanece em estado de espera podendo ser anormal (incoerência entre o estoque da web store e o estoque registrado no back- office) ou normal, tratando-se de crossdocking (venda antes da compra baseada num acordo com o fornecedor), abastecimento futuro (lote a um bom preço com prazo de entrega dilatado) ou pré-venda não vencida. O pedido apenas terá continuidade se a reserva de estoque seja bem sucedida, caso contrário, um desastre, a loja poderá propor o cancelamento ou a troca. 1.3. Pagamento Somente os meios de pagamento dos pedidos reservados são oferecidos ao gateway. As possibilidades são: pagamento aprovado - permitindo a continuidade do processo - ou rejeição. Em alguns casos de rejeição, o fluxo permite que o cliente, dentro de um determinado prazo, altere os meios de pagamentos originais e o pedido volte para o início da fase de aprovações. 2. Segunda fase: atendimento físico (fase final de logística interna) Entende-se por atendimento físico o encontro do pedido com a mercadoria que ele está requisitando. Nesse conjunto de atividades, reside a mais notável diferenciação funcional entre um armazém orientado para comércio eletrônico e para abastecimento de loja ou processo produtivo. Para se ter uma ideia de prazo, o período máximo para um pedido ser fisicamente atendido é de 24 horas. Há quatro etapas no atendimento físico. 2.1. Aguardando programação Classicamente, este estado é composto por pedidos cujo item tem data pré-definida para ser expedido, caso típico de bestsellers, quando todos os clientes, independentemente do local, devem receber o item no mesmo dia. Também permanecem neste estado por um período muito curto os pedidos que estão aguardando a hora oportuna para serem separados em função da programação de embarque. 2.2. Separação Trata-se da hora da verdade, pois o estoque lógico (do sistema) pode ser diferente do estoque físico (existente no depósito e em bom estado). A separação é dividida em duas etapas. Pedidos em estado de programação são aqueles selecionados para serem separados e cujas ordens de serviço geradas ainda não estão associadas a um separador. Quando a ordem de serviço for atribuída a um separador, o pedido encontra-se em processo de separação. Caso a mercadoria não seja encontrada, o pedido é revertido ao início do atendimento físico com direito a severos alertas à logística e a compras. fluxO dO pedidO de venda: da WeB stOre aO cliente Fernando Di Giorgi sócio-diretor da Uniconsult 2.3. Expedição Esta etapa corresponde ao balcão de uma loja física após a mercadoria ter sido apanhada pelo vendedor. Trata-se de uma linha de montagem (linha de checkout), na qual as seguintes atividades são realizadas em série: emissão da nota fiscal e etiqueta(s) de volume, empacotamento simultâneo com a conferência (comparação dos itens da nota com as mercadorias através do código EAN), embalagem e inclusão na carga de acordo com a transportadora indicada. 2.4. Carregamento Trata-se da transferência dos pedidos constantes numa carga para o veículo da transportadora correspondente. Deve-se garantir que todo volume pertencente à carga seja transferido e que os volumes não pertencentes à carga não sejam transferidos. O veículo, ao transpor o portão de saída do armazém, encerra a fase da logística interna dos pedidos que ele transporta. Esta fase é de responsabilidade da Gestão de Armazém (WMS). 3. Terceira fase: entrega ao cliente – logística externa O processo de entrega tem sua rede própria de eventos. Atualmente, mais de 90% das entregas são feitas no prazo acordado entre a loja e as transportadoras. Perto de 3% não são consumadas, exigindo intervenção do atendimento aos clientes. Tais casos podem ser divididos em dois grupos de acordo com a origem: do cliente (erro de endereço, cliente ausente, cliente se recusa a receber) e da transportadora (roubo, extravio e avaria). No primeiro caso, a mercadoria volta por insucesso de entrega e, no segundo, um novo pedido deverá ser gerado para atender o cliente e deve-se proceder com um débito à transportadora. Esta fase é responsabilidade da gestão de transporte. 4. Quarta fase: reversa Trata-se da reversão do processo de venda. O cliente quer a devolução do que pagou ou trocar o que comprou por outra mercadoria - nesse caso, o lojista se responsabiliza pela coleta da mercadoria a ser devolvida. A primeira atividade do atendimento ao cliente em caso de devolução é a geração (sem liberação) do créditocorrespondente e do pedido de troca. Em seguida, emite- se a nota fiscal de entrada, que será incluída na carga da transportadora para a realização da coleta (nem sempre a transportadora que fez a entrega faz a coleta). Ao receber a coleta, a mercadoria é inspecionada à luz da narrativa do cliente quando da solicitação de devolução. Caso o laudo confirme a narrativa, o crédito e/ou o pedido de troca são liberados. Como se nota, esse fluxo é complexo e longo, devendo ser severamente acompanhado, tendo em vista a pressão do cliente pelo crédito. Nesta fase, a responsabilidade é compartilhada pela gestão de transporte e atendimento ao cliente (SAC). 5. Cancelamento O cancelamento do pedido pela vontade do cliente gera grande complexidade devido à incerteza e às dificuldades de reversão das atividades já realizadas sobre ele no curso de seu atendimento. Podem-se distinguir quatro casos: antes do pagamento, quando não há crédito a ser feito; após pagamento e antes da programação, deve-se creditar o cliente e liberar a reserva; após a programação e antes do faturamento, deve-se impedir a emissão da nota fiscal e creditar o cliente; e após o faturamento e antes da entrega - nesse caso, deve-se avisar a transportadora para não entregar e o cliente para não receber. Esta fase é de responsabilidade do atendimento ao cliente (SAC). Conclusões 1. Controlar integralmente o fluxo do pedido é essencial para o comércio eletrônico. 2. O controle integral do fluxo do pedido somente pode ser obtido pela integração dos sistemas processamento de pedidos, gestão de armazém, gestão de transporte e atendimento ao cliente. 3. A possibilidade de cancelamento do pedido pelo cliente a qualquer momento implica tanto o conhecimento do estágio em que se encontra cada pedido no processo de atendimento, como a existência de procedimentos automáticos associados a cada estágio especialmente capazes de reverter todas as atividades anteriormente realizadas. 4. Devido à quantidade de pedidos e ao tempo preestabelecido de atendimento, é necessário que o tempo máximo de permanência de cada pedido em cada um dos estágios seja controlado para que as exceções sejam rapidamente resolvidas, dando continuidade ao processo. 5. Engana-se quem pensa que o pedido se realiza após seu fechamento na web store. Ao contrário, nesse momento, ele inicia sua caminhada, materializando-se na mercadoria a ser entregue ao cliente. Nesse percurso, há acidentes mortais: por vontade do cliente através do cancelamento, por não ser aprovado e, pior, pela ação da própria loja por ruptura de estoque. Para ser mais completo, o pedido pode ser fracionado em entregas e, através da devolução, ele também pode ser revertido ou mesmo transformado em outro por meio de troca. 30 checkoUt Em uma loja virtual, o checkout compreende as etapas para a finalização da compra. É um processo tão importante quanto a venda em si; não adianta convencer o cliente a comprar, se ele não finalizar o seu pedido. O checkout se inicia no carrinho de compras, etapa na qual o cliente decide comprar, e vai até a efetivação do pedido. No modelo tradicional de checkout, geralmente temos cinco passos: cadastro/dados para login, escolha e confirmação do método de entrega, escolha do meio de pagamento e confirmação do pedido aprovado. Os formulários de checkout nas lojas virtuais brasileiras são em sua maioria extensos, pois o objetivo é conhecer o cliente, obter as informações necessárias para trabalhar campanhas segmentadas pelo perfil do e-consumidor. Essa é uma prática comum que observo nas lojas virtuais, só que em muitos casos temos cadastros longos e nenhuma ação é realizada posteriormente. Se os dados não são utilizados para realizar campanhas segmentadas, por que as lojas virtuais continuam pedindo muitas informações para os clientes? De acordo com estudos conduzidos pela Forrester Research, 25% dos e-consumidores abandonam o carrinho de compras se tiverem que se cadastrar para fazer uma compra. Sem contar aqueles e-consumidores que desistem quando acessam o formulário de cadastro e verificam que ele é extenso. É no checkout que o consumidor tem duas opções: abandonar o carrinho de compras ou efetuar a compra e trazer sucesso para a loja virtual. Então, como incentivar o fechamento de pedidos pelo cliente? Uma forma é poupar o e-consumidor de gastar muito tempo na etapa de compra. Para isso, é necessário ter um formulário de cadastro rápido e fácil, ou ainda disponibilizar a compra sem a necessidade de se cadastrar. Essa ação aumenta a taxa de conversão, pois um dos motivos do abandono de compra é a insatisfação do usuário em preencher cadastros longos. Além disso, poupa o consumidor de possíveis esquecimentos de login e senha já cadastrados, entre vários outros fatores. Por esse e outros motivos, muitas lojas virtuais estão trabalhando com o conceito de GuestCheckout (Compra Como Convidado), na qual o consumidor não precisa se cadastrar na loja e disponibiliza somente as informações essenciais para o fechamento do pedido. Essa prática aumenta a conversão de um e-commerce de 10% a 30% refletindo imediatamente em maior faturamento. Essa prática já está sendo muito utilizada nas lojas virtuais americanas, e está começando a aparecer aqui no Brasil. É uma grande tendência para e-commerce, e com certeza ajudará muitas lojas a aumentarem a taxa de conversão. Os benefícios da compra como convidado são muitos: aumento das vendas na loja, menor número de passos para o fechamento do pedido, simplificação do processo de checkout, e-consumidor mais satisfeito com a agilidade e pelo fato de evitar dúvidas em relação a dados para login. É uma alternativa indicada para as lojas virtuais que têm baixa fidelidade de seus compradores, como algumas lojas de departamento, nas quais a grande maioria do público compra somente uma vez. Há lojas que chegam a ter 70% das vendas/mês feitas por novos compradores. Como é uma tendência, temos ainda muitos compradores que preferem e se sentem seguros ao se cadastrar e logar na loja. O ideal é manter o O futurO dO checkOut para aumentO de cOnversãO Graziela Rodrigues analista de Marketing da ciashop graziela@ciashop.com.br checkout tradicional e oferecer a opção de convidado, assim, atende àqueles clientes mais fiéis, que sempre compram e já têm um cadastro, como também àqueles clientes mais esporádicos ou que não querem preencher um formulário. Quais os benefícios do registro do e-consumidor na loja virtual? Alguns dizem que o checkout é mais rápido a partir da segunda compra para um usuário recorrente, pois a loja salva parte dos dados necessários para a finalização da compra, inclusive informações do cartão de crédito são salvas por algumas das soluções de pagamento. Além disso, o e-consumidor consegue acessar os dados do pedido quando está logado, inclusive com o status de entrega. Mesmo no modelo tradicional, há várias dicas para melhorar o processo de checkout e aumentar a taxa conversão na loja virtual. A primeira delas é apresentar desde o início do processo os passos a serem seguidos até o fechamento da compra, para que o consumidor não crie expectativas e saiba quanto tempo essa tarefa irá levar para a conclusão do pedido. Outra dica é que o checkout deve ser completamente linear, ou seja, seguir uma sequência, sem precisar acessar outras páginas e desviar o usuário do objetivo final, que é a compra. Se o e-consumidor precisar sair das páginas de checkout e depois voltar, a loja pode passar a impressão de que é um erro, e ainda dar a chance de o e-consumidor não voltar para as etapas de checkout. Nas páginas de checkout, as informações necessárias para a conclusão da compra devem estar claras,
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