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AULA 1
NOME DA DISCIPLINA
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AULA 1
NOME DA DISCIPLINA
Locke: a garantia da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade.  
CURSO DE DIREITO
AULA 6
Caso concreto da aula:
Caso 1 - Marco na luta contra impunidade, detenção de Pinochet completa dez anos
Considerando a leitura da manchete acima, responda as questões que seguem:
 
a) O que é para Locke um direito natural? Quais são eles? 
b) Lendo o texto acima, é possível correlacionar a teoria dos direitos naturais lockeana com o caráter universal dos direitos humanos? Fundamente sua resposta.
c)O sistema jurídico brasileiro, de alguma forma, estabelece proteção aos bens considerados como direitos naturais por Locke?
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Locke: a garantia da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade.  
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1. Assim como Hobbes e Rousseau, John Locke (1632-1704) foi parte da concepção segundo a qual os indivíduos isolados no estado de natureza se unem mediante um pacto que torna legítimo o poder do Estado. Nesse sentido é correto afirmar sobre este autor que: 
 
a) Em sua teoria o ser humano é por natureza egoísta e a condição geral de existência é a violência generalizada.
b) No estado de natureza cada um é juiz em causa própria, portanto os riscos são grandes e podem desestabilizar as relações e por em risco o gozo da propriedade.
c) A soberania popular exerce papel fundamental diante do poder absoluto do soberano que deve estar acima das leis.
d) Elaborou o conceito de liberdade transcendental segundo o qual o ser humano está fadado ao determinismo da natureza.
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Locke: a garantia da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade.  
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John Locke foi um dos mais importantes pensadores do empirismo. A sua tese no âmbito de uma Teoria do Conhecimento influenciou sua teoria política. De que forma? Como empirista refutou a tese das ideias inatas e, no aspecto político, compreendeu que o poder não é inato, mas construção humana (MASCARO, 2010, p. 172).
Vamos conhecê-lo?
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Locke: a garantia da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade.  
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John Locke (1632-1704):
Carta sobre tolerância (1689)
Ensaio sobre o entendimento humano (1690)
Dois tratados sobre o governo civil (1690)
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Locke: a garantia da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade.  
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O Contrato Social:
John Locke combateu o pensamento absolutista, em particular, a tese formulada por Robert Filmer segundo a qual o poder real estaria fundado num poder divino, os Reis seriam descendentes de Adão e Eva. Em sua teoria é o consenso através do contrato social que legitima o poder político e não um poder divino.
Como observa Mascaro (2010, p. 173), é “o contrato social que dá a base ao poder político. A sociedade civil se levanta a partir de um pacto entre os indivíduos, que, antes de tal acordo, viviam sob a situação de natureza. O fundamento da vida em sociedade civil é, portanto, o consentimento dos próprios cidadãos”.
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Segundo os autores, Locke se aproxima do pensamento de Thomas Hobbes quando apresenta a tese da passagem de um estado de natureza para a sociedade civil, legitimada pelo contrato social e, neste ponto, ambos se afastam da tese aristotélica. Todavia, Locke se afasta de Hobbes quando afirma que o estado de natureza não se caracteriza pelo fato da violência, é um lugar pacífico em que os indivíduos compreendem a lei natural (MASCARO, 2010, p. 174).
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Locke: a garantia da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade.  
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Como Locke compreendeu o estado de natureza?
O estado de natureza para este pensador é o lugar da liberdade natural em que os indivíduos são livres e iguais. Essa liberdade natural não é para Locke um óbice ao cumprimento das leis naturais. A situação de guerra decorre do descumprimento das leis naturais, uma possibilidade que pode ocorrer tanto no estado de natureza quanto na sociedade civil. Não é como em Hobbes uma situação constante. Escolher viver em sociedade decorre da necessidade de estabilidade (MASCARO, 2010).
“É possível a paz no estado de natureza e o estado de guerra é possível tanto na vida em natureza como também na vida política” (MASCARO, 2010, p. 174).
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Vamos ver uma citação do Locke?
“Eis aí a clara diferença entre o estado de natureza e o estado de guerra, os quais, por mais que alguns homens os tenham confundido, tão distantes estão um do outro (...). Quando homens vivem juntos segundo a razão e sem um superior comum sobre a Terra com a autoridade para julgar entre eles, manifesta-se propriamente o estado de natureza” (LOCKE, 2005, p. 397).
Nesta citação percebemos que o estado de natureza não é anarquia, mas ausência de um poder político centralizado.
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Como assim?
O que Locke pretende afirmar é que os indivíduos isoladamente não conseguem suportar um possível estado de conflito. Por isso acordam que a vida em sociedade é mais interessante para salvaguardar os direitos naturais de cada um e precisam de um poder político centralizado para resolver eventuais conflitos. Subjaz aqui um interesse em proteger a propriedade privada. Para este pensador, a ausência de governo compromete a proteção à vida, à liberdade e aos bens (MASCARO, 2010, p. 175).
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Então a finalidade do contrato social é a garantia da propriedade?
Sim. Para Locke, o fim maior é a proteção da propriedade privada. O contrato permite o nascimento do corpo social que irá legislar e, assim, o Estado se afigura como garantidor dos direitos naturais (MASCARO, 2010, p. 175-6).
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E o que os homens renunciam nesse contrato?
Para Locke, os indivíduos renunciam o direito à preservação de si por conta própria, ou seja, fazer tudo quanto considerem necessário para preservar seus próprios interesses. Eles renunciam o direito de fazer justiça com as próprias mãos. Logo, não há submissão como em Hobbes, mas uma melhoria na organização num nível político e não mais individual (MASCARO, 2010, p. 176).
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Como Locke compreendeu os direitos naturais?
Locke pertence ao pensamento jusnaturalista moderno e, nesse horizonte, reconhece que o direito natural pode ser compreendido por todos e obriga a todos. Todavia, não decorre da razão. Ele é empirista! Pode ser conhecido pela experiência (MASCARO, 2010, p. 178). Sobre isto diz-nos o autor:
“Considerando, como já se mostrou noutra parte, que essa lei de natureza não é tradição, nem certo princípio moral interno escrito em nossas mentes pela natureza, nada resta que permite defini-la, a não ser a razão e a percepção dos sentidos” (LOCKE, 2007, p.124)
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Locke: a garantia
da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade.  
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Segundo Ives Michaud (1991, p. 62), para a corrente do jusnaturalismo, “o que pertence a uma pessoa, a sua propriedade, é o suum, isto é, o que é naturalmente seu, sob a proteção da lei natural. (...) Para Locke, (...) há, desde o início, um princípio de justiça distributiva que define o que é devido a cada um: todo homem tem um direito ativo a usar as coisas necessárias à sua preservação”.
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Por que os indivíduos livres no estado de natureza decidem constituir o Estado e submeter-se ao controle do poder político?
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Para Locke os homens desejam instituir a sociedade civil porque o usufruto da propriedade é inseguro e incerto no estado de natureza, submetem-se para preservá-la.
Segundo Macedo Jr. (2008, p. 334), “Locke afirma que é o trabalho que justifica a apropriação e fixa a propriedade (...). Locke está defendendo que se o trabalho é propriedade do trabalhador, o produto do trabalho também é”.
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Como a propriedade se relaciona com os direitos naturais?
Mascaro observa com propriedade que o “eixo da filosofia do direito em Locke é a afirmação do direito natural como direito de garantia da propriedade individual”(2010, p.179). A propriedade se relaciona com o estado de natureza porque é anterior à criação da sociedade civil. Em seu modo de ver, a Terra foi dada por Deus a todos, mas a sua individualização decorre do trabalho e, assim, o que era coletivo passa a ser privado. Essa é a tese do pensamento burguês liberal (2010, p. 180).
Quando Locke funda a propriedade privada na ideia do trabalho está legitimando a propriedade privada e o acúmulo de capital.
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Como se faz a passagem para a propriedade privada?
Ives Michaud (1991, p. 63) comenta que o “trabalho e a indústria resultaram na invenção do dinheiro, que explica o alargamento das posses: doravante, os homens podem acumular mais do que tem necessidade, sem desperdiçar. É então que eles devem deixar o estado de natureza pela sociedade civil: o direito vai organizar a propriedade privada, mas essa regulamentação deve ser de acordo com a lei natural. Ela limitará as posses de maneira a garantir o respeito aos direitos inclusivos dos indivíduos”.
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A sociedade civil:
Na visão de Locke, os indivíduos tem uma inclinação para viver em sociedade, mas num sentido muito diferente da tese aristotélica porque é fruto de um contrato. “A vida em comunidade política é resultado da decisão de pôr fim ao estado de natureza, da decisão de substituir a liberdade natural pela liberdade civil. Ao afirmar que o fundamento da sociedade e do governo é o consentimento humano, Locke, além de recusar a explicação aristotélica acerca da origem natural da comunidade política, está também e principalmente negando a explicação teológica, corrente em sua época, que atribuía direito divino ao monarca” (MACEDO JR., 2008, p. 339-340).
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Concluindo John Locke...
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Locke formulou a base do pensamento liberal. Admitiu que o estado surge do pacto entre os homens. Estes no estado de natureza não são violentos, mas livres e buscam o bem-estar e a felicidade. Apenas não sabem em que consiste o bem estar.
No estado de natureza vivem uma inquietude e há a necessidade de um terceiro que seja capaz de julgar os conflitos. Os homens necessitam de leis que dirijam suas ações. Torna-se necessário o pacto. Renunciam o direito de fazer justiça com as próprias mãos.
Surgem as leis civis sob tutela do Estado para garantir os direitos fundamentais do homem: o direito à vida, á propriedade e à liberdade.
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Referências
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LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
___________. Ensaios políticos. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
MACEDO JR., R. P. (Org.). Curso de Filosofia Política. Do nascimento da filosofia a Kant. São Paulo: Atlas, 2008.
MASCARO, A. L. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2010.
MICHAUD, Ives. Locke. Rio de Janeiro: Zahar, 1991.
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