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IED PRIVADO II- RESUMO AV.2 (Mauricio Requião)

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AULAS DE CIVIL II
VALIDADE E INVALIDADE
NOÇÕES GERAIS
Esse binômio é algo que já se verifica no campo jurídico do “dever-ser”. Na realidade, não existe algo válido ou inválido. Essa ideia passa necessariamente pelo Direito. Os fatos naturais eles simplesmente são.
Por este motivo, não vamos analisar a validade e a invalidade em Fato Jurídico Strictu Senso ou em Ato-Fato Jurídico, pois estes regulam fatos naturais, fatos do mundo do “ser”.
Outra questão é que, dizer que um ato é invalido é dizer que um ato é ilícito (Ato Ilícito Invalidante), mas não se irá aplicar a consequência do ato invalido em um ato ilícito com uma consequência específica. Ou seja, não faz sentido penalizar de invalidar um ato que já está sofrendo outra consequência pela ilicitude. 
Obs.: No Direito como um todo, muitas vezes se fala do Princípio da Conservação, na qual se deve aproveitar o máximo possível dos atos. Isso é trabalhado em graus diferentes nos diversos ramos do Direito. Ex.: Direito Civil, ato nulo é ato nulo e ponto final.
VALIDADE X EXISTENCIA
A discursão sobre validade só tem sentido se o ato existe. Ele existindo, pode ser que ainda assim, nós nunca façamos a análise da validade dele (fato natural).
- Análise de casos como o Casamento Putativo: São situações em que o ato nulo produz efeitos. Não há como algo inexistente, que não existe no mundo jurídico, produza efeitos.
Ex.: Art.48 
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Ex².: Art.170
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Conversão do Ato Nulo: as pessoas praticam um ato nulo (normalmente quanto a forma). Mas existe no ordenamento um ato B, que tem finalidade parecida.
-Necessidade de desconstituição do Ato Invalido: O ato anulável, enquanto alguém não reclamar nada, este ato invalido produzirá os seus efeitos. Já no ato nulo, o efeito nem sempre se produz, mas pode ser produzido (Ex.: Casamento Putativo). Se isso fosse inexistente, nem sequer seria produzido efeito jurídico. 
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (ART. 104 do C.C.)
Obs.: Por força do Art.185, acaba sendo também, pressupostos de validade do A.J.S.S.
1) AGENTE CAPAZ
Capaz, é o individuo acima de 18 anos ou emancipado com, pelo menos, 16 anos, podendo exercer autonomamente, atos da vida civil.
Antes, os deficientes eram considerados incapazes, mas após o novo CPC e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, os deficientes físicos e mentais se tornaram plenamente capazes, podendo ser relativamente incapazes se não puderem expressar temporariamente sua vontade, de acordo com o Art.4º do CC/02.
Obs.: A ideia de legitimidade e legitimação é circunstancial, sendo diferente da lógica de capacidade.
*Perfeição da Exterioridade da Vontade
Mesmo sendo o sujeito capaz, pode haver um problema na sua vontade.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Todos esses artigos estão relacionados com a exteriorização da vontade.
2) OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL
- A questão do lícito é um pouco óbvia. Não haveria como o ordenamento acolher objeto ilícito para Negócio Jurídico.
- O objeto deve ser possível, tanto na questão fática, quanto jurídica (um contrato no céu, objeto impossível; ou uma herança, não podendo fazer um contrato sobre a herança). Ao comprarmos a planta de um apartamento, não podemos dizer que o mesmo é nulo, pois mesmo que o apartamento ainda não tenha sido construído, há uma possibilidade absoluta que perdurará até o cumprimento do negócio, vide o Art.106 do CC.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. 
No momento em que eu celebro o NJ, não vou poder dizer que ele é invalido por impossibilidade do objeto, em caso de uma impossibilidade relativa.
- Quando eu faço um NJ, eu já tenho que saber qual é o objeto, (Determinado), ou qual será (Determinável), para que seja verificado se o NJ se cumpriu de forma adequada.
3) FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI
Para a maior parte dos NJ, temos a liberdade de forma, porque são NJ não-solenes, mas haverá também NJ que são solenes, que possuem uma forma específica exigida para a sua realização, como está previsto no Art.107 do CC (A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente exigir).
GRAUS DE INVALIDADE
-Noções Gerais
No geral, o que acontece é que o ato nulo (atribuição do caráter de nulo a determinado fato), é uma atribuição que o ordenamento faz para que aquele fato não venha a integrar de maneira alguma o ordenamento, e quando se trata de anulabilidade, o ordenamento não tem um problema objetivo com a conduta.
Por conta dessa questão (...)
- Eficácia do Ato Invalido
Existem situações de exceção, como o casamento putativo, sendo momentos que o ordenamento opta pela eficácia do ato com o intuito de proteger a boa-fé de uma das partes, possuindo eficácia, mas não a eficácia pretendida pelo ato.
Já quando falamos do Ato Anulável, o interesse que se quer proteger é muito mais ligado ao sujeito, até que alguém venha ingressar com uma ação, pedindo a anulação desse ato, ele vai produzir seus efeitos normalmente, igualzinho como realizaria um ato plenamente válido, com a diferença que, como esse ato é invalido, se uma pessoa ingressar com interesse ingressar com a anulação desse ato, e o juiz conceder a sentença, ele será anulado.
- Extinção da invalidade
Quando se trata de ato nulo, em regra, não há que se falar em extinção de invalidade. Da mesma forma, se o ato é nulo, não há nada que possa ser feito para transformar esse ato nulo em ato valido. Não há como extinguir a invalidade. Há uma exceção: (...). Mas o normal, é que não há como extinguir essa invalidade. 
Agora, quando falamos de anulabilidade, nós teremos situações de extinção dessa invalidade, podendo acontecer de duas maneiras:
Convalidação: Acontece quando, embora exista anulabilidade, passasse o prazo que o código concebeu para o interessado arguisse essa anulabilidade, ficou inerte com a passagem do tempo, teremos a extinção da anulabilidade pela convalidação.
Art. 178 e 179 – Trazem os prazos de convalidação (os prazos decadenciais para pleitear a anulação). 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Sanação: Você vai sanar o problema que era a causa da anulabilidade, aquilo que era causa, vai deixar de ser. Isso pode acontecer através de uma Confirmação (quando o sujeito que foi prejudicado pela anulabilidade, toma conhecimento e, ainda assim, confirma a realização do negócio, quando compramos um relógio dourado pensado que é de ouro e, na verdade é de latão, mas, mesmo sabendo disso,compramos o relógio) e pode ser que aconteça essa anulação pelo chamado Assentimento Posterior, nessa situação você tem alguém relativamente incapaz, pratica o ato sem seu assistente, então esse ato é anulável, mas depois, o assistente da o seu assentimento sobre o ato, e ele passa a ser um ato válido.
Ex.: Art. 172, 173 (normalmente, a vontade de confirmar o negócio deve ser expressa), 174 (exceção), 175, 176 (assentimento posterior).
Obs.: Art. 169
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
- Legitimação para alegação 
Ou seja, quem é que pode reclamar que um ato é invalido.
Quanto ao nulo, a regulamentação está no Art. 168.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
No ato nulo, a noção de quem é interessado no Art. 168 é diferente da noção de interessado no Art. 177 (que trata de anulabilidade). A noção aqui é muito mais abrangente. Além disso, a nulidade ela pode ser concedida de ofício pelo juiz, então mesmo que ninguém tenha reclamado algo, se houver nos autos das provas, de que aquele ato é nulo, o juiz deve decretar essa nulidade, mesmo contra a vontade das partes.
Na anulabilidade, quem pode reclamar é quem esta no Art. 177.
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Aqui na anulabilidade, não há a possibilidade do juiz anular de ofício, ele só vai avaliar a anulabilidade se for provocado por uma das partes, pois na anulabilidade, são interesses mais pessoais do sujeito, atuando então, apenas quando for provocado.
Obs.: Mesmo que uma anulabilidade afete diversos sujeitos, ele só irá incidir o efeito de anular para aqueles que reclamarem a sua anulação.
- Desconstituição do ato invalido
Quando falamos de negócio jurídico nulo, muitas vezes, não será necessária sequer, a sua desconstituição, porque como ele é nulo, ele não poderá produzir efeitos jurídicos, a exemplo de uma compra e venda nula, ela pode produzir efeitos materiais.
Já o ato anulável, até que seja alegada a anulabilidade, ele produz seus efeitos normalmente. Por isso, é que vou precisar desconstituir, porque os efeitos estão sendo produzidos no ordenamento, se alega a anulabilidade, então deverá ser desconstituído, colocando-o na situação anterior.
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
CAUSAS DE ANULAÇÃO
O Art. 171 traz a descrição das situações em que o Negócio Jurídico pode ser anulado.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
A primeira situação que pode gerar a anulabilidade é a determinação expressa da lei, a lei diz expressamente, a situação da anulação. 
Outra situação que pode gerar a anulação é a incapacidade relativa do agente, então, todas as causas do Art. 4º são causas de anulação.
Obs.: Art. 180
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Se ele frauda a sua idade, não pode requerer depois a anulação.
Obs²: Art. 181 
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
Além disso, podemos ter também ter a incapacidade pelos defeitos do negócio jurídico.
DEFEITOS DA VALIDADE
São também causas de Anulabilidade. São os vícios resultantes de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, ou fraude contra credores.
ERRO
Um sujeito, quando vai realizar o negócio jurídico, realiza emitindo sua vontade de uma maneira que não seria o regular, porque está enganado quanto a algum dos aspectos que envolvem aquele negócio jurídico. O erro ou ignorância se pauta no fato de que o contraente do negócio, por si mesmo, sozinho, entende de modo equivocado algum dos aspectos envolvendo aquele negócio jurídico. O erro parte do próprio sujeito (diferentemente do dolo, que há uma indução de outro sujeito). Não teria feito o negócio ou não teria feito daquela maneira. Há um conjunto que deve ser analisado para poder dizer que foi erro: erro substancial (Art. 139) e padrão abstrato (está vinculado ao padrão médio das pessoas).
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
1) Erro de negócio: quando acha que está fazendo um negócio, mas na verdade está fazendo outro, erro na declaração de vontade, podendo ser anulado. 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante 
2) Erro quanto a pessoa: possibilidade de haver um engano quanto à pessoa mesmo (queria fazer um contrato com X e faz com Y, situação de homônimos) ou quanto às qualidades essenciais da pessoa (ex. pessoa contrata um auxiliar de enfermagem pensando em enfermeiro). 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. 
3) Erro de direito: (ex. pessoa compra um terreno pretendendo construir um edifício, mas aquele terreno, por uma norma municipal, não pode ter nenhuma construção). O que muda é a regulamentação jurídica do terreno. 
 Os outros artigos trazem situações que não são anuláveis, mas que em essência poderia ser dito que houve erro. 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Motivo normalmente não integra o negócio jurídico, só pode ser motivo de anulação quando passar a ser causa do negócio.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. 
Não importa se houve a declaração direta ou por meio interposto (assinatura de contrato que eu ditei, mas na hora de digitar a pessoa digitou errado), nos dois casos se procede a anulação. 
Não há anulação quando existe o erro, mas pelo contexto, é possível identificar e resolver o erro, quando a pessoa, que não foi a que errou, quer evitar a anulação do negócio, basta que ela se disponha, quando for possível, a realizar o negócio nos moldes do que pensou a pessoa que declarou sua vontade em erro (comprei uma corrente dourada pensando ser uma corrente de ouro. Se a pessoa se dispor a entregar uma corrente de ouro, não é possível mais a anulação). 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. 
DOLO
 O que diferencia do erro é que no dolo há uma participação de alguém, seja para gerar o erro de quem declara a vontade, seja para manter a pessoa em erro. Ex. Se ofereço uma corrente de ouro, que na verdade não é de ouro. Ou não há um esclarecimento de que essa não é de ouro, há um dolo. Se vier de terceiro, também será considerado dolo. Se divide emduas espécies: 
(a) Dolo causal: o dolo é causal quando o negócio jurídico só se realizou por causa do dolo, ele foi a causa do negócio. Tivesse o sujeito conhecimento das reais circunstâncias, ele não teria realizado o negócio. O negócio jurídico é anulável por dolo. Ex. só comprei a corrente porque essa era de ouro, se não fosse de ouro não teria comprado. 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
(b) Dolo acidental: quando o sujeito teria realizado o negócio jurídico mesmo se soubesse da verdade, mas em circunstâncias diferentes. Um exemplo seria se eu tivesse comprado a corrente de qualquer maneira, mas não teria pago o mesmo preço que paguei. Não permite a anulação, apenas a indenização por perdas e danos, mantendo o negócio jurídico. 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
 Se a pessoa que está tendo a vantagem com o dolo tinha ou devia ter conhecimento (relação de subordinação, se considera que o superior tem a obrigação de ter conhecimento que o empregado direto está agindo) que terceiro praticou o dolo, o negócio jurídico é anulável, mesmo o sujeito contraente não tendo diretamente agido com dolo, mas sabia que a vontade que estava sendo declarada estava viciada. Se ele não tinha conhecimento ou não deveria ter, o negócio é válido, mesmo uma das partes sofrendo o prejuízo. Porém, a parte que foi vítima do dolo vai poder pedir indenização por perdas e danos contra o terceiro. 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
 Não é o sujeito que vai ser vinculado ao dolo, mas sim seu representante. Código distingue o representante convencional (ato de vontade fazer algo em nome de alguém) e o representante legal (caso do menor incapaz). Código atribui responsabilidades distintas conforme seja representante legal ou convencional, no legal, a pessoa não tem a opção de não ter o representante, o representado não tem muita responsabilidade pelo representante. No convencional, o representado quem escolhe, a responsabilidade deve ser maior. 
 A responsabilidade do representado se o representante for legal, só responderá pelo proveito que teve, o sujeito não terá prejuízo, o máximo que vai perder é o que ganhou. 
 A responsabilidade do representado se o representante for convencional, quem teve prejuízo poderá ingressar contra qualquer um dos dois para obter a indenização. 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
COAÇÃO
O sujeito só realiza o negócio jurídico porque foi coagido pela outra parte. O código traz uma especificação do que pode ser considerado coação. 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
 O que se está pretendendo alegar como coação deve ser suficiente para ser um fundado temor de um dano considerável e iminente (dano prestes a acontecer). Pode ser de natureza pessoal como patrimonial, podendo falar também em outras pessoas senão família (amigos próximos, etc.). Não é necessário que o dano seja real, basta que a pessoa acredite no dano, por exemplo, se uma pessoa assina um contrato porque a outra está apontando uma arma, pouco importa se esta é de brinquedo ou de verdade, está descarregada ou carregada, já que existe o fundado temor da ocorrência do dano. 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
 A apreciação da coação não é de todo objetiva, deve-se levar em consideração contra quem a coação foi realizada. Ex. uma ameaça física de empurrão feita a um adulto ou a uma pessoa idosa será coação para a pessoa idosa. 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
 A ameaça de exercício normal de direito, por exemplo, uma pessoa loca o apartamento para outra e o locatário não paga o aluguel. O locador faz a ameaça de despejá-lo, não considerado uma coação. Também não é considerado coação o temor reverencial, ou seja, o temor em relação ao outro por causa da posição respeitada que o outro assume, como o filho com o pai (a palavra tem um peso maior). Não significa que as pessoas que o sujeito tem temor reverencial não possam fazer coação. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
ESTADO DE PERIGO
Está no: Art.156
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
Ex.: Um sujeito está numa situação de medo real que aconteça um dano grave a ele ou alguém da família dele. Em meio a esse medo real, a outra pessoa sabendo disso, faz com que eu assuma uma obrigação excessivamente onerosa.
Só se aplica após uma análise do caso concreto, em relação à danos pessoais (Perigo a vida, saúde e integridade física). Existem dois elementos do Estado de Perigo, que são:
- Obrigação excessivamente onerosa, que não é que aquilo é excessivamente oneroso para mim, mas sim em comparação para o valor normal (um médico cobra 5 mil reais, sendo este preço o regular, para uma pessoa que ganha um salário mínimo não será excessivo);
- Outro evento aqui no Estado de Perigo é o Dolo de Aproveitamento, que é quando a outra parte está suscetível ao grave dano e, portanto, alguém irá se aproveitar disso, extrapolando um preço normal que seria cobrado, por exemplo.
LESÃO
Está no Art. 157 do C.C. 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Ela pode se considerar inicialmente por duas causas:
- Pessoa sobre premente necessidade: A premente necessidade é quando a situação está numa situação tão urgente que não consegue pensar em outra saída que não seja concretizar o negocio. Não se enquadra nessa ideia de premente necessidade, aquilo que se encaixa em estado de perigo. 
- Inexperiência: Essa análise da inexperiência deve ser feita em cada situação. Ninguém é experiente em tudo.
- Na lesão, ao contrário do que acontece do Estado de Perigo, não temos como elemento o Dolo de Aproveitamento. Portanto, é mais fácil identificar a lesão, do que o Estado de Perigo.
- Este desequilíbrio de prestação deve ocorrer, no momento da formação do contrato, ela é originária. 
- O sujeito pode evitar a anulação do negócio equacionando as prestações.
FRAUDECONTRA CREDORES
Possui uma configuração diferente dos demais defeitos, pois aqui, não há nenhum problema quanto a exteriorização da vontade. A vontade é exteriorizada exatamente como o sujeito queria. Enquanto em todos os outros, protege-se o contraente do negócio, aqui você protege o terceiro, alguém que foi prejudicado pelo negócio. Por isso, é chamado de Defeito Social.
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Na fraude contra os credores, sempre teremos essa ideia do sujeito insolvente (inadimplente que não tem como pagar).
Já no Art. 159, ele trata de em casos em que o sujeito TEVE GANHO.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
*Insolvência notória: Todas as pessoas sabiam que aquele sujeito era insolvente.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
*Ação paulina: Ação por anulação por fraude.
Outras situações:
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Aqui, no momento que o sujeito ficou insolvente, ele não pode privilegiar um credor quirografário em detrimento dos outros. 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Ou seja, a mesma ideia: Não privilegiar um credor, em detrimento dos outros.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
Esses negócios não podem ser anulados.
O ultimo ponto é a destinação diferente que tem a anulação aqui, pois a ideia aqui não é proteger o insolvente, mas sim, os credores, como diz o Art.165:
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.
Única ressalva está no parágrafo único (anulando apenas a garantia, não fazendo com que o bem passe a compor o acervo).
CAUSAS DE NULIDADE
O Art. 166 trata das hipóteses de Nulidade do Negócio Jurídico:
O NJ é nulo quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
SIMULAÇÃO
A Simulação acontece quando as partes, em comum acordo, “fingem” que estão produzindo um negócio jurídico.
“Declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito adverso do ostensivamente indicado”. 
No Código de 1916, a simulação era passível de anulação, o que foi alterado no Código atual (2002), que a simulação é um negócio nulo.
Está no Art.167:
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
Obs.: Relaciona muitas vezes com fraudes contra credores. O sujeito faz esse contrato com a data anterior à data em que ele se tornou insolvente. 
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Obs.: Esse terceiro de boa-fé (§2º) não pode ser prejudicado.
A simulação possui espécies: 
Simulação Nocente X Simulação Inocente 
Simulação Nocente é aquela que gera um prejuízo a um terceiro. Já a Inocente, é uma simulação que não gera um prejuízo a um terceiro. A intenção aqui, não compõe o Suporte Fático. Ou seja, a outra pessoa não precisa comprovar a sua intenção de prejudicar, mas apenar comprovar que foi prejudicada. 
Simulação Absoluta X Simulação Relativa
A Simulação Absoluta é aquela que não entra no mundo jurídico, é caso de inexistência, já que não houve uma exteriorização de vontade real, para que ela ingresse no mundo do direito. Já a Simulação Relativa, é aquela que eu tenho um negocio simulado e um dissimulado (Simulado + Dissimulado), ou seja, você finge que está fazendo um negócio simulado e na verdade está fazendo outro (dissimulado), e que será caso de invalidade. Então a questão da Nocencia ou Inocencia entra aqui na Relativa. 
EXTRAVERSÃO
Só vai acontecer na Simulação Inocente Relativa.
Se desfaz o ato simulado, mas se aproveita o ato dissimulado, se válido na substancia e na fórmula.
FIGURAS SEMELHANTES
- Simulação X Reserva Mental
Na simulação, por si só, já há uma exteriorização de vontade, por mais que cause um dano a terceiro, diferente da Reserva Mental, que está apenas na mente do individuo e não é externada.
- Simulação X Fraude à Lei
Na simulação, eu finjo que estou fazendo um negócio, ou finjo que estou fazendo um negócio em certas circunstancias, ou finjo que estou fazendo um negócio em determinada data, muitas vezes também, com o fim de fraudar a lei. Já a Fraude à Lei, eu realizo Negócios Jurídicos afim de fraudar a lei.
PLANO DA EFICÁCIA 
NOÇÕES GERAIS
Eficácia é o ultimo dos planos de análise. Toda eficácia será consequência de um fato, então algum fato aconteceu, e a ocorrência desse fato produz efeitos. 
Além disso, no mundo do direito, nós falamos da eficácia de alguns modos diferentes, mas aqui, estamos falando da eficácia do fato (foi preenchido o suporte fático, esse fato ingressou o mundo jurídico, e a partir dai, esse fato produziu efeitos). 
ESFERAS JURÍDICAS
Marcos Bernardes chama de Esfera Jurídica, um conjunto total, abrangente, que traz todo um complexo de direitos, deveres, obrigações, ônus, sujeições que se relacionam com o sujeito. Ou seja, a esfera jurídica traz tudo aquilo que é juridicamente analisável e que diz respeito a um sujeito. A esfera jurídica lembra um pouco a ideia de patrimônio, mas a ideia de esfera jurídica é mais abrangente, pois além de tratar dessas questões que possuem valor econômico, ela trata também de questões que não possuem nenhum valor econômico. 
- Princípio da Incolumidade: É a ideia de que um sujeito não pode violar a esfera jurídica alheia, e, caso haja tal violação, isso resultará em um ato ilícito, portanto a eficácia parte da verificação da esfera jurídica.
CATEGORIAS EFICÁCIAIS
São os possíveis tipos de efeitos; quais são os efeitos que podem decorrer de um fato.
1) SITUAÇÃO JURÍDICA BÁSICA:
1.1) SITUAÇÃO JURÍDICABÁSICA SIMPLES: O efeito se dá concomitantemente com a própria existência do fato. A simples recepção do fato no ordenamento jurídico, já é um efeito, que é colocado como situação jurídica básica simples. Normalmente, o fato vai acontecer, e você não vai falar desse efeito, mas ele vai desenvolver outro efeito. 
Quando o ato for nulo, ele ficará só nessa situação jurídica básica simples, que envolve o efeito dele só ingressar no ordenamento jurídico.
1.2) SITUAÇÃO JURÍDICA BÁSICA UNISUBJETIVA: Ela é um efeito que se dá em relação apenas ao sujeito e, para acontecer, precisa apenas de um sujeito, não precisa de outro. Vão ser situações jurídicas básicas unisubjetivas, aquelas qualificações básicas dadas ao sujeito, como por exemplo, ser capaz ou incapaz, solteiro, maior ou menor de idade etc.
2) SITUAÇÃO JURÍDICA COMPLEXA: 
Quando falamos em uma situação complexa, é que, para o efeito acontecer, precisa de mais de um sujeito.
2.1) SITUAÇÃO JURÍDICA COMPLEXA UNILATERAL: Para ela acontecer, precisamos que tenha ali duas esferas jurídicas, dois sujeitos, mas os efeitos se dão apenas para uma esfera, um sujeito. Ex.: A ideia da recompensa, eu perdi meu celular, e prometo a pagar a alguém 200 reais por ele. Para eu criar uma promessa de recompensa, eu tenho que prometer a pagar a alguém, eu preciso de um outro sujeito. Só que, nesse exato momento que eu faço a promessa, essa promessa só produz efeitos para mim, porque eu estou obrigado agora a pagar 200 reais para quem achar o meu celular, o outro lado não tem obrigação nenhuma.
Outra exemplo que se pode pensar, são os casos das propostas de um contrato. Quando eu faço a proposta de um contrato, eu também tenho uma situação jurídica complexa unilateral. “Estou vendendo esse celular por 500 reais”, pra eu fazer uma proposta, eu preciso de alguém, mas note que, também aqui, quando eu faço uma proposta de contrato, essa proposta só gera efeito a mim, porque ninguém é obrigado a aceitar a proposta. Caso alguém aceite, eu sou obrigado a seguir com o contrato.
2.2) SITUAÇÃO JURÍDICA COMPLEXA MULTILATERAL ou RELAÇÃO JURÍDICA: Sendo complexa, isso significa que eu preciso também de mais de um sujeito, só que aqui, o efeito acontece para ambos os sujeitos envolvidos, a exemplo aqui da doação, a compra e venda, por que eu estou obrigado a entregar o celular, e a outra pessoa tem o direito de exigir que eu entregue essa coisa, assim como essa pessoa é obrigada a pagar, e eu tenho o direito de exigir o pagamento. 
Obs.: Aqui, no entanto, a ideia de Relação Jurídica está sendo tratada, pela ideia da intersubjetividade, que é da pela relação entre os indivíduos, mas existe uma parte mínima da doutrina, principalmente Orlando Gomes, que destaca a relação jurídica de pessoa com pessoa, mas além disso, de pessoa com coisa e de pessoa com lugar. Quando eu sou dono de uma coisa, eu tenho uma relação jurídica para com essa coisa. No entanto, é importante atentar que coisas não titularizam direitos, ela não pode ser parte, então se ela não titulariza direitos, não podemos ter uma relação jurídica, mas sim, uma situação jurídica. A mesma coisa com o outro caso, eu ser domiciliado em um lugar (...).
Obs².: A relação jurídica não é um negócio jurídico, mas sim o efeito/decorrência de um negócio jurídico.
Além desses efeitos, Marcos Bernardes de Mello cita outros efeitos.
MODOS DE EFICÁCIA
Como é que esses efeitos se desenvolvem. Teremos aqui, vários critérios:
Quanto a Amplitude desses efeitos:
1) Total: Quando todos os efeitos se produziram (se te vendesse o notebook e você me pagasse na mesma hora; todos os efeitos já foram realizados);
2) Parcial: Quando apenas parte desses efeitos se produziram (se te vendesse o notebook, e você me pagasse metade do preço agora, e só vai pagar o resto no próximo mês; ainda falta parte do contrato para acontecer/ parte dos efeitos).
Quanto ao Exercício dos efeitos:
1) Plena: Quando o sujeito tem acesso integral aos direitos da situação que se estiver analisando, tudo que é efeito ali, ele tem acesso;
2) Limitada: Quando o sujeito não tiver acesso à totalidade dos efeitos ali produzidos.
Ex.: Proprietário. Você ser proprietário lhe permite alguns direitos sobre a sua propriedade, que seria o uso, gozo e disposição, podendo dizer aqui que quanto ao exercício, a eficácia é plena. Porém, temos a questão do usufruto, na qual pega-se esses direitos da propriedade, e transfere a dois sujeitos: um se transfere o direito de uso e gozo (usufruto), só não transfere o direito de disposição, que permanece com o proprietário (nuproprietário). Nesse caso aqui, eu tenho uma eficácia limitada, pois eu, proprietário, não tenho o direito de uso e gozo, assim como o usufruto não tem o direito de disposição.
Quanto a Definitividade dos efeitos:
1) Definitiva: Quando não há, em regra, algo que vá fazer com que aquele efeito deixe de acontecer. (Eu transmiti a propriedade pra você, você me paga, e todos os efeitos foram produzidos).
2) Resolúvel: Quando esse efeito pode ser desfeito por um termo, condição ou encargo. (Ex.: Eu te empresto um livro, e digo que vou empresta-lo até o dia 20 de Junho. Se eu digo isso, eu já estou aqui colocando um momento no futuro em que esse empréstimo irá deixar de produzir seus efeitos. Ou empresto até que você passe na matéria, momento futuro e incerto).
3) Interimística: É aquela situação, justamente, do Negócio Jurídico anulável, que o NJ está produzindo seus efeitos, mas esses efeitos podem ser anulados, justamente pela alegação de que esse NJ é anulável; possibilidade desses efeitos deixarem de ser produzidos por força da anulabilidade. 
CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO
-NOÇÕES GERAIS
Quando falamos de condição, termo e encargo, estamos nos referindo ao negócio jurídico, pois ao utilizarmos esses três artifícios, podemos modificar e fazer modulações sobre o negócio jurídico. São clausulas que podem ser colocadas no negócio jurídico e que acabam modificando a eficácia do negócio.
- CONDIÇÃO
Vai ser uma cláusula que vai ser colocada no Negócio Jurídico, que representa um evento futuro e incerto, é algo que pode acontecer ou não, vinculando a eficácia a esse evento futuro e incerto. Está nos Arts. 121 e 122.
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
Quando se fala de condição, assim como se fala de termo, podemos ter ele de dois modos: 
Suspensiva: O que vai acontecer é que, enquanto a condição não se realizar, o negócio jurídico não irá realizar os seus efeitos. Note que, numa situação dessa de condição suspensiva, por ser uma situação futura e incerta, o sujeito não é titular ainda do direito propriamente dito, ele é titular de um direito eventual, o que não permite que ele cobre, mas não há impedimento para que ele proteja esse seu direito eventual.
Resolutiva: O Negócio vai produzir os seus efeitos, até que a Condição Resolutiva se realiza. Então enquanto ela não acontecer, o NJ vai produzir seus efeitos normalmente.
Obs.: Temos os Termos Suspensivo e Resolutivo funcionando da mesma maneira.
Dos Art. 123 ao 128 vai dizer o que acontece em determinadas situações em que a Condição é suspensiva ou resolutiva.
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.
Se eu prometo doar pra alguém um Vade Mecum, se uma coisa acontecer, e depois prometer a outra pessoa. Se a condição se realizar, ela irá vigorar sob o segundo negócio. 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Quando acontece a condição, o NJ deixa de produzir seus efeitos. Mas existe alguns Negócios, em que essa execução pode ser continuada (algo que vai acontecendo ao longo do tempo), ou pode ser uma execução diferida (que será em um momento do futuro, podendo ser também periódica, em momentos no futuro). (...)
Uma ultima regulamentação sobre a Condição é a do Art.129. Desde o início, nós vimos aqui que a condição está relacionada a algo futuro e incerto. Como estamos diante de coisas incertas, o código tenta impedir que as pessoas trapaceassem a condição, realizando o efeito oposto ao que se queria pretendia acontecer.
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
Se a condição me favorece, e eu ajo maliciosamente para que ela aconteça, ela não irá acontecer (os efeitos).
- TERMO
(...) O termo é um evento futuro e certo. A certeza aqui é quanto à ocorrência. A morte, por exemplo, é tratada como um termo, mas que não sabemos quando vai acontecer. Mas ressalvada a morte, o Termo, de modo geral, nós sabemos quando irá acontecer (dia/data/etc.). 
Quando falamos de Termo, também podemos falar de Termo Suspensivo e Termo Resolutivo.
Ex¹: Vencimento de um boleto/de um pagamento. É um termo suspensivo, pois, a partir da data do vencimento, o individuo terá o direito de cobrar o pagamento. Tem até o dia do vencimento para o pagamento.
Ex².: “Vou te emprestar esse livro por 1 semana”. Quem tem o direito aqui, é quem recebeu o livro, mas esse direito termina em “uma semana”. Então esse Termo aqui é resolutivo.
O código vai trazer no Art.132 de como contar esses prazos.
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Obs.: Importante ressaltar que o prazo de 1 dia, é diferente do que um prazo de 24hrs.
Outra ressalva, é que em sendo contrato, o prazo se presume em favor do devedor, e no testamento, o prazo se presume em favor do herdeiro (Art.133).
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.
Obs.: Quando não se tem condição e nem termo, o NJ tem exigibilidade imediata (Art.134).
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
- ENCARGO (ou MODO)
Normalmente, é encontrado em Negócios Jurídicos gratuitos. O encargo não funciona, normalmente, na mesma função que a condição e o termo, porque ele não vai suspender o negócio, não ira finalizar o efeito. 
Ex.: Vou te doar um terreno, e digo que é para você construir nele uma creche. (Os efeitos da doação foram observados, a construção da creche aqui é ônus, portanto, o Encargo).
Pode se fixar um encargo de certa forma assemelhado a uma condição, como expresso no Art.136:
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
Ex.: Se eu doo pra você um terreno, e digo que, se você construir nele uma creche, eu dou o terreno para você. É um encargo que está se colocando como condição suspensiva. O Encargo é a criação de um ônus para o sujeito, e se esse ônus não for cumprido, não haverá os efeitos do negócio.
O Art.137 diz:
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
Então, normalmente, se o encargo é ilícito ou impossível, desconsidera-se o encargo. Mas se o encargo for a razão determinante do NJ, ele será invalidado.
O Encargo pode ser fixado em favor do próprio sujeito, de terceiros ou de interesse público.

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