Buscar

Conciliação e Mediação no Novo CPC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�
Conciliação e Mediação no Novo CPC
1. Introdução
Nos últimos anos, a Conciliação e a Mediação têm sido destacados como importantes instrumentos para solução rápida e pacífica dos conflitos, quer na área judicial, quer na esfera extrajudicial.
O atual Código de Processo Civil, é bem verdade, tem no seu bojo a utilização da conciliação, nas ações de procedimento sumário (art. 275, incisos I e II), como procedimento preliminar à apresentação da defesa pelo réu, em audiência, e nas ações de procedimento ordinário, após o decurso do prazo para a defesa, por designação do juiz, conforme o artigo 331, § 1º.
Igual previsão está contida na Lei 9.099/95, que trata dos Juizados Especiais Cíveis.
Ocorre que na prática, essa audiência é pouco ou mal utilizada pelos Magistrados, uma vez que as ações de procedimento sumário, via de regra, são convertidas ao procedimento ordinário; e as audiências preliminares de conciliação, muitas vezes não se realizam por desinteresse das partes, ou pelo pouco empenho dos juízes, que no geral se limitam a perguntaram as partes, se tem proposta ou não de composição, sem nenhum empenho para a solução consensual do litigio, o que acaba por prolongar por anos a fio, um processo que poderia ter solução mais rápida e eficiente para as partes.
A questão nos parece cultural, uma vez que os advogados são habituados à litigiosidade, e os juízes, não estão acostumados, e quiça, preparados para a utilização da mediação, sob o argumento, muitas vezes que a pauta de audiências não permite a “perda de tempo” com uma conversa mais amistosa com os litigantes, o que poderia evitar no nosso entendimento, milhares e milhares de processos que se amontoam nas prateleiras dos Fóruns, e que segundo estatística do CNJ, chega ao acervo de 95 milhões de processos.
2. CNJ inicia uma nova era da Conciliação e Mediação
A partir da Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, o Conselho Nacional de Justiça deu um importante passo para estimular a Mediação e a Conciliação, ao instituir a Política Judiciária Nacional de tratamento aos conflitos de interesses, incumbindo aos órgãos judiciários, de oferecer mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem como prestar atendimento e orientação ao cidadão.
Pela Resolução nº 125, foi determinado aos Tribunais, a criação de Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, e para atender aos Juízos, Juizados ou Varas com competência nas áreas cível, fazendária, previdenciária, de família ou dos Juizados Especiais Cíveis, Criminais e Fazendários, foi determinado a criação dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, conhecidos como os CEJUSCs, incumbidos de realizarem as sessões de conciliação e mediação pré-processuais, cujas audiências são realizadas por conciliadores e mediadores credenciados junto ao Tribunal.
A partir de então, um grande esforço para treinamento de conciliadores e mediadores passou a ser desenvolvido, com a multiplicação de Cursos de Capacitação, supervisionados pelo próprio CNJ e Tribunais, para o fim de treinamento dos interessados, para a nova atividade então estimulada.
Começamos, por assim dizer, uma nova era na mediação e conciliação, numa ação que está vencendo muitas resistências entre os operadores do direito em geral, a começar pelos advogados, que olham com desconfiança e temor pela perda de mercado de trabalho, e pelo próprio Poder Judiciário, onde ,muitos de seus integrantes, não se mostram adeptos da nova técnica de solução pacífica dos conflitos.
3. Projeto de Lei nº 166/2010 absorveu a idéia do CNJ
Justamente na mesma época que o CNJ deu novas diretrizes à conciliação e a mediação no Brasil, deu entrada no Senado, o Projeto de Lei nº 166/2010 tratando do Novo Código de Processo Civil, que mais tarde foi transformado no Projeto Substitutivo nº 8.046/2010, na Câmara dos Deputados, e que em 17 de dezembro de 2014, após retornar ao Senado, foi finalmente aprovado pelo Poder Legislativo.
O Novo CPC recepcionou os anseios do CNJ, de estimular o que este chamou de “Cultura da Paz”, trazendo o texto aprovado, grande destaque para a Mediação e Conciliação, e que para se firmarem como instrumentos de solução de conflitos de forma rápida e eficiente, por certo, exigirá mudança de postura e ações efetivas para dar o mínimo de suporte material, estímulo, treinamento, inclusive com a previsão de remuneração dos mediadores e conciliadores, sob pena de perecer todo o esforço legislativo até então empreendido.
Para identificarmos as atividades que os Conciliadores e Mediadores passarão a desenvolver com uma participação ativa na vigência do Novo CPC, é importante verificarmos em que consiste cada uma dessas atividades.
4. Conceitos de Conciliação, Mediação e benefícios protagonizados
A Conciliação é uma forma de resolução de conflitos, onde um terceiro, neutro e imparcial, chamado conciliador, facilita a comunicação entre pessoas que mantém uma relação pontual na busca de seus interesses e na identificação de suas questões, através de sua orientação pessoal e direta, buscando um acordo satisfatório para ambas.
A Mediação, por sua vez, é a forma de resolução de conflitos, onde um terceiro, neutro e imparcial chamado mediador, facilita a comunicação entre pessoas que mantém uma relação continuada no tempo, na busca de seus interesses e na identificação de suas questões com uma composição satisfatória para ambas.
Segundo estudos apresentados por especialistas, são inúmeros os benefícios e vantagens que podem ser alcançados pela mediação e conciliação, tais como: redução do desgaste emocional e do custo financeiro; construção de soluções adequadas às reais necessidades e possibilidades dos interessados; maior satisfação dos interessados envolvidos; maior rapidez na solução de conflitos, quer pessoais, familiares ou de negócios; desburocratização na solução de conflitos, uma vez que impera a informalidade nas sessões de mediação ou conciliação; possibilidade da solução do litígio por profissional escolhido pelos interessados, conforme a natureza da questão e a garantia de privacidade e sigilo.
Pela natureza da atividade desenvolvida pelos profissionais, a Mediação se mostra mais adequada para as questões que envolvem conflitos na área da família, e a Conciliação, para as questões da área comercial e do consumidor, destacando que podem ser utilizadas as duas técnicas de solução de conflitos, quanto se tratar obviamente de direitos disponíveis.
5. A Mediação e a Conciliação no Novo CPC
O texto do Novo Código de Processo Civil aprovado pelo Poder Legislativo, dá um destaque especial à Conciliação e à Mediação, prevendo e disciplinando sua aplicação em várias oportunidades, a saber:
1. O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
2. A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
3. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
4. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o mediador e o conciliador judicial.
5. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
6. O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não tiver havido vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidaçãopara que as partes conciliem.
7. O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que tiver havido vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
8. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
9. A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes.
10. Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação.
11. Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
12. A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.
13. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional.
14. Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.
15. Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, para efeito de distribuição alternada e aleatória, observado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.
16. Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de causas de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes.
17. Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que exerçam suas funções.
18. O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos.
19. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação. 
20. O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado junto ao tribunal.
21. Inexistindo acordo na escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação.
22. Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.
23. O conciliador e o mediador, ressalvadas as exceções previstas na lei, receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.
24. A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.
25. Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que haja sido deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento.
26. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz da causa, ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos e cidadania, devendo este realizar nova distribuição.
27. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador.
28. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de um ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes.
29. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade; atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito.
30. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
31. O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, designada pelos juiz nas ações de Procedimento Ordinário.
32. Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não excedentes a dois meses da primeira, desde que necessárias à composição das partes.
33. A autocomposição obtida pelo conciliador ou mediador será reduzida a termo e homologada por sentença.
34. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de vinte minutos entre o início de uma e o início da seguinte.
A Arbitragem e seus pontos principais
Introdução
A arbitragem existe há muitos anos, desde a Grécia Antiga, onde os litígios eram resolvidos por um laudo arbitral, porém vem obtendo maior espaço nos dias de hoje, devido a celeridade e facilidade que esta proporciona em contraposição com o judiciário, que apresenta-se com grande número de processo, e a conseqüente morosidade.
No Brasil, a Arbitragem possui maior visibilidade em 1996, com a Lei 9.307. Seu objeto de atuação é o direito disponível, e possui o intuito de resolver o conflito entre as partes de maneira célere e mais benéfica. A arbitragem deve ser estipulada entre as partes, e nunca poderá ser imposta à qualquer cidadão.
A arbitragem pode ser utilizada em diversas áreas do Direito, facilitando a resolução de diversos tipos de conflitos.
Por meio deste artigo serão aduzidos os principais pontos da Arbitragem, e suas vantagens e desvantagens.
1) Conceito
Arbitragem é o meio alternativo e privativo de solução de conflitos referentes a direitos patrimoniais e disponíveis. A arbitragem é realizada por meio do árbitro, o qual poderá ser um especialista na questão controvertida, este proferirá uma sentença arbitral.
Existem princípios que norteiam a arbitragem, os principais são:
Princípio da Imparcialidade livre convencimento do árbitro
A parcialidade de qualquer julgador seja no âmbito do processo estatal, seja no âmbito do processo arbitral, torna inidôneo o processo. Portanto, se não houver garantia para as partes de que o julgador seja imparcial em relação aos litigantes e indiferente quanto ao resultado do processo, não poderá haver justiça. No processo arbitral, no entanto, as garantias concedidas às partes, podem ser arrefecidas, desde que os litigantes concordem. Este cenário,no entanto não se verifica no processo civil estatal, pois, a lei é expressa e tal possibilidade é impensável.
Princípio da Igualdade
Tem o condão de estabelecer a paridade entre as partes, todavia, é necessário que se verifique que no processo arbitral, não existem mecanismos de transformação da igualdade formal em igualdade material, disponível ao Poder Judiciário. Assim, sendo a igualdade estabelecida pela Lei 9.307/96, permanece em uma dimensão estática, dificilmente superável. Carmona, no entanto, assinala para a necessidade de se lembrar que: "No processo arbitral as partes encontram-se em situação bastante equilibrada e escolhem espontaneamente o meio através do qual resolverão seu litígio; no processo estatal, ao contrário, o equilíbrio das partes não é regra e a participação no processo não é voluntária, mas sim obrigatória". Com isto, assevera que as partes ao elegerem o processo arbitral como forma de solução de seus conflitos, estão em par de igualdade, sendo desnecessária esta preocupação já que as partes são livres para constituir ou não advogado, ao passo em que no processo civil na esfera estatal são obrigadas
2) Vantagens e desvantagens da arbitragem
As vantagens da arbitragem são:
-rapidez (maior celeridade para solução final do conflito)
-especialização (o arbitro é um especialista na matéria controvertida ou no objeto do contrato entre as partes)
-irrecorribilidade (a sentença não é passível de recurso)
-informalidade (as partes escolhem o arbitro, o direito material e o processual que serão utilizados na solução do conflito)
-confidencialidade (o conteúdo fica circunscrito as partes e o arbitro que esta sujeito a sigilo profissional)
Como desvantagens podemos citar 2 pontos, primeiramente a sentença arbitral faz título executivo. Eis que os árbitros não são dotados de poder de policia, de poder de coerção, o que significa que se a parte vencida não se submeter a decisão dos árbitros quando condenatória, a parte vencedora terá que ingressar no Judiciário para executar a decisão, pois a arbitragem depende desse para valer suas decisões. Outro ponto é o custo da arbitragem ainda se revela uma desvantagem, pois seu custo é muito alto e dispendiosa as partes.
3) Aplicação da Arbitragem
A arbitragem se limita à capacidade da pessoa de contratar e aos direitos patrimoniais e disponíveis. Ademais, as pessoas podem ser representadas ou assistidas na convenção de arbitragem desde que nos limites dos direitos patrimoniais dos incapazes.
Questões que não envolverem direito que admita transação não são passíveis de arbitragem.
Os direitos patrimoniais disponíveis são aqueles sujeitos à transação e alienáveis, exclui-se os direitos indisponíveis como a filiação, estado das pessoas, casamento, poder familiar e questões de direito penal. Ainda, admite-se que os reflexos patrimoniais dessas questões sejam dirimidos pela arbitragem, como por exemplo a partilha do patrimônio na separação e os danos decorrentes de fato típico.
Segundo o artigo 25 da Lei 9.307/1996, se, durante o procedimento, for suscitada questão referente a direito indisponível, da qual depende a apreciação do mérito, haverá questão prejudicial que extrapola os limites da possibilidade de solução arbitral. Neste caso, o árbitro deve suspender o procedimento e remeter as partes ao Judiciário, para resolução da pendência. Ressalte-se que compete às partes provocar o Judiciário.
Como exemplo, podemos citar a alegação de incapacidade para firmar o contrato sobre o qual pesa a controvérsia ou discussão sobre a existência ou não, de união estável. Resolvida a questão, a arbitragem terá prosseguimento.
4) Diferenças entre arbitragem, mediação e conciliação.
A arbitragem é uma forma de autocomposição das partes, onde estas convencionam que, na ocorrência de um litigio irão resolvê-lo perante arbitro, afastando a situação do judiciário, que irá impor uma decisão com força de sentença judicial e capacidade executiva de titulo judicial. A mediação, é apenas uma forma de aproximação das partes, onde o mediador não propõe resolução do litigio, visando apenas a abertura da possibilidade de um dialogo entre as partes litigantes. Por fim, a conciliação é uma forma de autocomposição das partes onde estas se apresentam perante um conciliados que ira propor uma forma de resolução do conflito, sendo apenas uma proposição de acordo, não sendo obrigatório que as partes acatem a decisão, diferentemente da arbitragem que há a imposição de uma solução ao litigio.
5) Arbitragem nos contratos de adesão
Nos contratos de adesão, seja relação de consumo ou não, é permitido o compromisso arbitral, ou seja, a convenção mediante a qual as partes se comprometem a submeter seus conflitos a arbitragem depois que o conflito já existe.
Se o caos for de clausula arbitral em contrato de adesão em razão da vedação do art. 51, VII CDC não é possível a clausula arbitral. Assim, a clausula arbitral é admitida nos demais contratos de adesão que não configure, relação de consumo e nesses contratos a Lei de Arbitragem exige forma escrita, clausula no bojo do contrato ou em documento em anexo, destaque e visto ou assinatura especifica.
6) A arbitragem aplicada aos demais ramos do Direito
6.1 Direito do Consumidor
De acordo com o artigo 51, VII da Lei 8.018/1990 não pode ser imposta a arbitragem nas relações de consumo, caso fosse seria nula, isto porque o consumidor é vulnerável, e assim poderia ser compelido a aceitar cláusula arbitral. Porém a doutrina entende que depois do conflito instaurado, com o judiciário a sua disposição, é possível ao consumidor firmar compromisso arbitral manifestando livremente sua vontade em submeter seu conflito a um árbitro. Sendo assim, não pode haver cláusula arbitral nos contratos de consumo, podendo haver, apenas, o compromisso arbitral posterior à existência do conflito caso o consumidor o queira.
6.2) Direito Trabalhista
Existe corrente que entende ser possível a arbitragem em conflitos trabalhistas individuais, pois ao final da relação trabalhista, os direitos como por exemplo férias proporcionais e 13º salário proporcional, já foram adquiridos podendo ser objeto de transação. Nos contratos de trabalho não se admite a cláusula arbitral para não deixar o empregado à mercê do empregador.
Nos conflitos coletivos nada obsta que haja solução pela via arbitral, conforme disposto no art. 114 § 1º da CF. Além disso, é possível a arbitragem nos conflitos trabalhistas decorrentes de greve e participação nos lucros.
6.3. É possível a Convenção de Arbitragem nos Contratos Societários?
Sim, a Lei das S/A permite. Assim, tanto neste caso, como no caso das demais sociedades e até dos estatutos das associações, não encontra-se impedimento à cláusula arbitral. Os que integrarem a sociedade, adquirirem ações ou se associarem-se a ela posteriormente serão vinculados ao que antes foi decidido nos atos constitutivos por unanimidade.
7) A Arbitragem e o Poder Estatal
O Brasil está compreendendo e aceitando a importância da necessidade de oferecer métodos de solução de controvérsias alternativos à instância judicial. Em se tratando de direitos patrimoniais disponíveis, não somente é lícito e constitucional, mas é também recomendável aos interessados, diante do acúmulo de processos e do formalismo excessivo que têm gerado a lentidão das demandas judiciais, abdicarem do direito ou do poder de ação e buscarem a composição do conflito por meio de sentença arbitral cujos efeitos sejam idênticos àquele das decisões prolatadas pelo Poder Judiciário. Nas situações de locações imobiliárias, como a aplicação do interesse público nesta relação, caracterizando direito disponível, não se aplica a arbitragem. Porem caso trate apenas uma situação pontual e que não conste interesse público, é possível a aplicação da arbitragem.
8) Normas aplicadas à Arbitragem
Na solução arbitral do conflito as partes podem escolher quais as normas de direito material serão aplicadas pelo arbitro, desde que estasnormas e leis, inclusive internacionais, não afrontem normas de ordem pública. Assim, aqueles que se submetem a arbitragem podem valer de: leis internacionais de comercio, leis estrangeiras, “lex mercatória”, leis corporativas, princípios gerais de direito, equidade e direito nacional. Ressalta-se que, uma norma eleita para a solução arbitral não afronta a necessária igualdade, configurada, neste contexto, como questão de ordem pública.
9) Diferença entre arbitragem institucional e “ad hoc”
A arbitragem institucional ou administrativa é aquela na qual existe uma instituição especializada que administra a arbitragem com regras procedimentais de acordo com a Lei de Arbitragem (9.307/96) acerca dos prazos, formas, prática do ato, maneira de escolher o árbitro, custos para realizar a arbitragem, forma de produção de provas entre outras regras.
A arbitragem avulsa, também conhecida como “ad hoc”, que se realiza sem a participação de uma entidade especializada.
Poderão, assim, as partes, contratar um árbitro e, com isso, normalmente reduzir os custos da arbitragem.
10) Arbitragem pactuada na convenção de arbitragem e sua inafastabilidade
Ninguém é obrigado a se submeter a qualquer solução alternativa de conflitos, uma vez que a solução arbitral somente pode ser adotada em razão da vontade das partes, em um acordo de vontades. Neste sentido, caso uma das partes resolva acessar a via judicial, o juiz será obrigado a extinguir o processo sem julgamento de mérito, conforme artigo 207 VII e 301 IX do CPC
Sendo assim, como consequência do contrato, que surge a partir do acordo de vontades supramencionado, surge uma obrigação de não fazer, consistente em não ingressar com pedido junto ao Poder Judiciário, e, consequentemente, uma obrigação de fazer, que consiste em levar os conflitos à solução arbitral.
Ou seja: a arbitragem não é obrigatória, uma vez que ninguém pode ser obrigado a se submeter à arbitragem, mas uma vez convencionada, em razão da manifestação volitiva livre e consciente, e por conta do princípio do pacta sunt servanda, ela se torna obrigatória.
11) Constitucionalidade da Arbitragem
É lugar-comum considerar a jurisdição como monopólio do Estado. Sendo ela uma função que cumpre substitui as partes na solução de litígios. O meio para tanto é o processo em que o Estado-Juiz vai dizer quem tem o direito e pacificar o conflito definitivamente. Daí o consagrado princípio insculpido no art. 5.º, XXXV, da Constituição da República chamado de Inafastabilidade da Tutela Jurisdicional quando houver lesão ou ameaça a direito.
Por outro lado, como todo instituto em direito este monopólio estatal não é absoluto. Haja vista que há previsão flexibilizando esta substituição das partes, quando o Estado permite a autotutela e a autocomposição. São exemplos da primeira o direito de greve, de retenção etc. O do último a transação (art. 840 do CC).
Nesse sentido, às partes é lícito transigir sobre determinados direitos, sobretudo patrimoniais, respeitando a autonomia privada, vetor da liberdade de contratar. Dentro desse esquema a solução arbitral é legítima e por conseguinte constitucional pelos fundamentos abaixo detalhados.
Em primeiro lugar, a arbitragem é possível quando se trate sobre direitos patrimoniais disponíveis. E, por isso, não há obrigatoriedade de recorrer ao Judiciário, pois as partes podem renunciar ao direito patrimonial disponível e não necessitar de forma alguma do Judiciário para fazer isso.
O direito à ação representa uma faculdade e não um dever. Assim em razão do princípio da autonomia da vontade as partes podem optar pela solução arbitral para dirimir os conflitos provenientes de direitos sujeitos à transação, é dizer patrimoniais disponíveis. ’’ E, em se tratando de direitos patrimoniais disponíveis, não somente é lícito e constitucional, mas é também recomendável aos interessados – diante do acúmulo de processos e do formalismo excessivo que têm gerado a lentidão das demandas judiciais – abdicarem do direito ou do poder de ação e buscarem a composição do conflito por meio de sentença arbitral cujos efeitos sejam idênticos àquele das decisões prolatadas pelo Poder Judiciário”.
Em segundo lugar, não é a lei de arbitragem que afasta as partes da Justiça mas elas que convencionam a arbitragem em razão de seus direitos patrimoniais e disponíveis. O princípio da Inafastabilidade significa que a Lei, em sentido amplo, não afastará do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Nesse sentido, pela autonomia privada não é a lei de arbitragem (Lei 9.307/1996) que afasta as partes a apreciação de uma lesão ou ameaça a direito. São as partes que fazem isso, visto que há a necessidade de convencionar, em razão de um direito que é patrimonial e disponível.
Por último, a arbitragem é semelhante à transação, na medida em que as partes combinam solucionar suas diferenças nomeando alguém da confiança delas com conhecimento e autoridade sobre a matéria na qual há divergência. Ora se é lícito às partes transacionarem sobre direitos patrimoniais disponíveis, também lhes é lícito, utilizando seu poder negociar se vinculem à arbitragem. Na arbitragem haverá um acordo sobre como vai se resolver o direito patrimonial e disponível.
12) Espécies de Convenção de Arbitragem
As convenções de arbitragem diferenciam-se entre cláusula arbitral e compromisso arbitral. A cláusula arbitral vem escrita no próprio contrato, em documento anexo ou em aditivo contratual, caracterizando-se pelo pacto de levar futuras e eventuais controvérsias decorrentes de direitos patrimoniais disponíveis à solução arbitral. Por sua vez. O compromisso arbitral é o pacto entre as partes que, diante de um conflito já existente, se obrigam a submetê-lo à arbitragem. O compromisso pode ser judicial ou extrajudicial. No judicial as partes encerram o procedimento judicial e submetem o conflito à arbitragem. Na modalidade extrajudicial, o compromisso é firmado depois do conflito, mas antes da propositura de ação judicial.
A cláusula arbitral, por sua vez, subdivide-se entre cheia e vazia. Cheia é aquela que prevê a forma de instituição da arbitragem por completo. A vazia, portanto, não prevê a instituição por completo, embora preveja a arbitragem.
13) Cláusula Arbitral Vazia e Cláusula Arbitral Cheia
Cláusula arbitral vazia ou “em branco” é aquela que embora preveja a arbitragem não prevê a forma de sua instituição, isto a indicação das condições obrigatórias do artigo 10 da Lei de Arbitragem ou a indicação do árbitro. Se as partes não chegarem a um acordo quanto a instituição da arbitragem, firmando compromisso arbitral, cabe execução específica da cláusula arbitral, pelos artigos 6 e 7 da Lei de Arbitragem, que seguirá via judicial.
É aquela clausula que prevê a forma de instituição da arbitragem, seja referindo-se as regras de uma entidade especializada, seja ela mesmo prevendo a forma de instituição e desenvolvimento de arbitragem, com as regras e do compromisso, dispensando a assinatura de posterior compromisso.
14) Execução específica da cláusula arbitral vazia, e o procedimento para a instituição da arbitragem (regras do art. 7º da Lei n. 9.307/1996)
Cláusula arbitral vazia é aquela na qual as partes simplesmente se obrigam a submeter seus conflitos, sem estabelecer as regras mínimas para a solução arbitral; quando o conflito vier a surgir será necessário que as partes firmem o compromisso arbitral estabelecendo as regras que utilizarão conforme previsto no artigo 10 da LA.
Se houver discordância sobre a instituição da arbitragem, caberá execução específica da cláusula arbitral nos termos dos arts. 6 e 7 da LA.
Com relação ao procedimento, o interessado em instituir a arbitragem providencia notificação da outra parte para em dia, hora e local determinados firmar o compromisso; havendo recusa ou não comparecimento, o interessado elabora petição juntando cópia de notificação, do contrato com a cláusula arbitral e indicação da matéria objeto da arbitragem; o juiz determina a citaçãopara comparecimento da parte contrária à audiência de conciliação; na audiência tenta acordo quanto ao mérito e, se impossível, quanto ao compromisso arbitral objeto do pedido; não havendo acordo quanto ao mérito e sequer quanto a forma de instituir a arbitragem, o juiz recebe a defesa na própria audiência; eventualmente, se houverem outras provas a serem produzidas, será designada audiência de instrução, seguindo-se a sentença, cuja apelação não terá efeito suspensivo.
15) Quais as condições da Convenção Arbitral
Requisitos facultativos que as partes poderão pactuar no compromisso, observamos
tais requisitos no Art. 11 da Lei, quais são:
- o compromisso arbitral poderá conter o local onde se desenvolverá a arbitragem;
- autorizar, expressamente, que o árbitro julgue por equidade. Não sendo nada pelas partes convencionado, caberá ao arbitro julgar com as regras do Direito estrito;
- as partes podem estabelecer o prazo para a apresentação da sentença arbitral;
- escolha da lei nacional ou as regras corporativas aplicáveis à arbitragem;
- acordar, livremente, sobre a responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem. Não sendo estipulada a responsabilidade, as partes serão solidariamente responsáveis.
- fixar os honorários do arbitro no compromisso arbitral.
Tais requisitos facultativos não são únicos, podendo as partes estipular qualquer cláusula, desde que não contrária à Lei, à ordem pública e aos bons costumes.
A ausência desde requisitos, segundo a Lei de Arbitragem serão dirimidos conforme estatuto do Centro Arbitral selecionado pelas partes ou, por meio de convenção entre as partes e o arbitro.
16) Execução específica da Cláusula Arbitral, nos termos do Art. 7ºda Lei de Arbitragem
É necessária a execução específica da cláusula arbitral na hipótese de existência de uma cláusula arbitral vazia (ou em branco), sendo esta uma cláusula firmada pelas partes, sem a observância dos requisitos formais mínimos para o desenvolvimento da solução arbitral, os quais se encontram estipulados no artigo 10 da Lei de Arbitragem. Nesse caso, diante de um conflito, as partes terão que firmar um compromisso e se submeter ao Poder Judiciário para que o juiz possa impor por sentença as regras que regerão a arbitragem.
17) “Autonomia da cláusula arbitral”
De acordo com o disposto no artigo 8º da Lei 9.307/1996, “a cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória”. Vale ressaltar que tal cláusula não é acessória do contrato, de modo que, a ocorrência de nulidade do contrato não implica em nulidade da cláusula arbitral.
Portanto, determinamos que o significado do dispositivo indica que qualquer alegação de nulidade do contrato ou da cláusula arbitral, deve ser dirimida pela arbitragem e não pelo Poder Judiciário.
18) O Árbitro
Os árbitros deverão ser pessoas capazes e que gozem da confiança das partes, conforme expõe o art 13 da lei 9.307/96. No entendimento da doutrina majoritária, a pessoa jurídica não pode ser arbitra, devendo esta ser pessoa natural. No entanto, conforme entendimento desta cátedra, as pessoas jurídicas podem ser árbitras, vez que também são dotadas de personalidade e capacidade, e este é o único requisito exigido pela lei. Caso as partes nomeiem árbitros em número par, nos termos do art. 13 da lei 9.307/96, § 2º, estes estão autorizados a nomear mais um árbitro. Não havendo acordo, as partes deverão requerer ao poder judiciário o julgamento acerca da nomeação do arbitro. Finalmente, o presidente do tribunal arbitral deverá ser escolhido pelas partes ou por consenso dos árbitros eleitos. Ele é responsável por: (i) receber a notificação para prolação da sentença, caso escoe o prazo legal ou convencional para tanto, sob pena de extinção da arbitragem (art 12, III da lei de arbitragem); (ii) receber exceção de suspeição ou impedimento (art. 15 da lei de arbitragem); (iii) requerer ao juiz togado a condução coercitiva de testemunha renitente (art 22, § 2º da lei de arbitragem); (iv) proferir voto de minerva na hipótese de dissenso entre os árbitros (art. 24, § 1º da Lei de Arbitragem); (v) certificar a recusa de um dos árbitros em assinar a sentença que, mesmo assim, será válida (art. 26, parágrafo único da lei de arbitragem) e (vi) enviar cópia da sentença às partes (art. 29 da Lei de Arbitragem).
De acordo com o artigo 14 da lei de arbitragem estão impedidos de ser arbitro as pessoas que tenham com as partes do litígio que irão julgar algumas das relações que caracterizam casos de impedimento ou suspeição de juízes. Assim estará impedido, o arbitro que for parte da relação (não pode o árbitro ser juiz em causa própria, ou sócio ou acionista de uma das partes, ainda que seja a parte na arbitragem seja pessoa jurídica), o árbitro que for cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta, ou, na colateral, até terceiro grau, e o arbitro integrar direção ou a administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Quando houver impedimento ocorrera a substituição do arbitro na forma do artigo 16 da Lei de Arbitragem, porém, podem as partes, incluir cláusula de que não aceitam substituição, e assim acordaram em extinguir o compromisso arbitral, fazendo com que o litígio seja submetido ao Poder Judiciário. Caso não haja cláusula que impeça a substituição do arbitro está será realizada a vontade das partes e de acordo com a forma pactuada na convenção de arbitragem, ou por acordo entre as partes, e se não houver forma de substituição ou acordo, será utilizado o procedimento judicial do artigo 7º da Lei de Arbitragem, para que o juiz escolha um novo arbitro.
Os poderes conferidos ao arbitro são proferir sentença com força de uma sentença transitada e julgado, que não poderá ser submetida a recurso, salvo disposição na convenção de arbitragem. O arbitro é juiz de fato e de direito, mas isto não significa que ele possua as mesmas prerrogativas dos magistrados.
Conforme disposto no art. 22 da Lei de Arbitragem, os árbitros detem poderes instrutórios exacerbados no sentido em que, a par das provas requeridas pelas partes, poderá determinar a realização de outras provas que julgar pertinentes. Qualquer prova é admitida, ainda que não seja uma prova tradicional no nosso direito.
Nos termos do artigo 22 da LA, poderá o árbitro ou tribunal tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e também determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, sempre mediante requerimento das partes ou de ofício. Poderá também pedir repetição de provas para seu convencimento. Havendo substituição de árbitro, conforme o art. 16, poderá este determinar a repetição das provas a teor permissivo do § 5º do art. 22 da Lei de Arbitragem.
Caso a testemunha se ausente, pelo art. 22 da Lei de Arbitragem, caso seja necessária a presença da testemunha, o arbitro pode solicitar a autoridade policial que conduza a testemunha renitente, desde que comprovada a convenção arbitral.
19) Procedimento da Arbitragem
Cabe às partes disciplinar o procedimento, respeitando os limites impostos pelos princípios impositivos.
Caso as partes não disciplinarem o procedimento arbitral:
a) Seguir-se-ão as regras do órgão arbitral escolhido na arbitragem institucional ou;
b) na ausência dessas regras, os árbitros disciplinarão o procedimento.
c) Ata de missão – entendendo o árbitro que há necessidade de esclarecer algum ponto da convenção de arbitragem, poderá chamar as partes a assinar um aditivo que passará a fazer parte da convenção anteriormente firmada.
A arbitragem se considera instituída no momento em que o árbitro ou todos os árbitros aceitam a incumbência, sua importância está vinculada aos efeitos que gera, são eles: (i) termo inicial para contagem do prazo de seis meses para emissão de sentença arbitral e; (ii) torna a questão litigiosa e interrompe a prescriçãoretroativamente à data da expedição ou protocolo da convocação dos árbitros.
Dentre algumas regras que devem ser observadas na Arbitragem, está presente a tentativa de conciliação, no início do procedimento, conforme disposto no artigo § 4º do art. 21 da Lei de Arbitragem. Importante ressaltar que caso o árbitro não observe a tentativa obrigatória de conciliação entre as partes, tal ausência ocasionará a nulidade do procedimento arbitral, desde que a parte que deseja alegar tal vício se manifeste na primeira oportunidade. Isto pois a lei exigiu a tentativa de conciliação e não a sugeriu, não sendo sua ausência portanto considerada como mera irregularidade.
Na arbitragem o termo revelia não possui o esmo significado que no CPC, aqui o termo foi mal empregado, pois não significa que automaticamente serão reputados verdadeiros os fatos afirmados. A revelia na arbitragem traduz total ausência de atos ou abandono do processo, tanto no compromisso arbitral, como na cláusula arbitral, o que não significa que não será proferida sentença arbitral válida.
No procedimento arbitral existe a possibilidade do pedido contraposto, isto porque aquele que não foi o primeiro a provocar a instituição da arbitragem, supondo clausula arbitral cheia, não esta impedido de formular o pedido além da oferta da defesa. Pedido do requerimento em faze do requerente, na mesma peça de defesa, p. Ex. O fornecedor de determinada mercadoria litiga buscando a condenação do comprador no pagamento do preço e por sua vez o comprador pleiteia perdas e danos em razão da qualidade do produto vendido. Firmado o compromisso, ambas as partes poderão formular pedido de indenização indiferente de quem tenha sido a primeira a requerer a instituição de arbitragem.
Diferentemente do processo civil, a forma da comunicação dos atos processuais no âmbito da arbitragem seguirá aquilo que foi convencionado pelas partes. A comunicação pode se dar a respeito de: I) Decisões acerca de requerimentos diversos, como arguição de impedimento e suspeição; II) Designação de audiências para produção de provas; III) Juntada de documentos por uma parte, oportunizando à outra a manifestação sobre o seu teor em razão do princípio da igualdade entre as partes e do contraditório e; IV) A sentença arbitral, nos termos do artigo 29 da Lei de Arbitragem.
Em suma, a forma do envio respeitará o que for determinado pelas partes, o procedimento do órgão arbitral, ou, na ausência de ambas, qualquer outra forma inequívoca, com a comprovação do recebimento.
20) Medidas cautelares e antecipatórias de tutela no âmbito da arbitragem
Se durante o procedimento arbitral for necessária alguma tutela de urgência, o artigo 22, parágrafo 4, da Lei n. 9.307/1996 ("Lei de Arbitragem") admite que o árbitro ou tribunal arbitral requeira à autoridade judiciária originalmente competente para julgar a causa, o cumprimento das medidas cautelares ou das antecipação de tutelas determinadas na arbitragem. Dessa forma, cabe ao árbitro analisar e determinar as medidas cautelares e deferir tutelas antecipadas e, coordenadamente, solicitar ao judiciário o cumprimento destas medidas, ressalta-se que à este último somente cabe a análise dos requisitos formais para deferimento da tutela pleiteada, uma vez presentes tais requisitos, o magistrado não pode se negar à determinar o cumprimento da medida determinada pelo árbitro, sob pena de representação correicional. Entretanto, em se tratando de tutela de urgência necessária antes da instauração da arbitragem, a parte deve requere-las diretamente ao magistrado originalmente competente para julgamento da causa, ressaltando a existência de compromisso arbitral e assegurando que irá cumprir o prazo de trinta dias previsto no artigo 806 do Código de Processo Civil para instauração da arbitragem, no caso de medida cautelar preparatória.
21) Sucumbência na Arbitragem
A arbitragem demanda expedição de correspondências, realização de diligências e extração de cópias, dentre outros gastos, o que torna necessário o adiantamento de valores para fazer frente às despesas, assim como ocorre com relação às custas nas ações judiciais. Neste caso, deverão ser aplicadas as regras escolhidas pelas partes ou as normas da entidade especializada. O que se observa na pratica é que aquele que provoca a arbitragem adianta as despesas, que, depois, deverão ser carreadas ao vencido nos termos do art. 27da lei de arbitragem. Neste sentido, é possível concluir que há sucumbência.
22) Quanto à sentença arbitral
O prazo para a emissão da sentença arbitral será estipulado pelas partes na convenção de arbitragem, sendo que na ausência de estipulação pelas partes ou pelo órgão arbitral (arbitragem institucional) o prazo será de 6 meses. Caso não seja observado o prazo a sentença arbitral será nula, porém esta nulidade não é automática, cabendo ao prejudicado, se quiser arguir a causa de nulidade de sentença arbitral, notificar o árbitro, manifestando seu inconformismo. Desde que o prejudicado tenha notificado o árbitro para que este no prazo de dez dias profira sentença, extingue-se a convenção de arbitragem, e eventual sentença será nula, assim as partes deverão buscar novo compromisso, ou se não houver acordo sobre novo compromisso, deverão buscar a resolução da lide no Poder Judiciário.
Os efeitos da sentença, conforme os artigos 18 e 31 da Lei de Arbitragem, são idênticos aos feitos das sentenças judiciais, e nos termos do artigo 475-N CPC, qualquer que seja a natureza ainda que possam ser declaratória, desde que reconheçam, assim, como as condenatórias, a existência de direito a prestação já exercitável de obrigação de fazer, não fazer ou quantia certa. Caso a parte vencida se negue a cumpri-la espontaneamente, sofrera prejuízo a imagem, bem como a impossibilidade de atuação no mercado e sanções corporativas.
Na arbitragem existe a possibilidade do “voto de minerva”, que caberá ao presidente do tribunal arbitral, ainda que este seja formado por árbitros em número ímpar (art. 13 § 1º e 2º da LA). Quando não for possível consenso sobre, por exemplo, o “quantum debeatur” divergindo cada árbitro sobre o valor, prevalecerá o voto de presidente.
A homologação de acordo pelo arbitro ou tribunal no processo arbitral, dá a decisão força de titulo executivo judicial, sendo assim o seu descumprimento por um das partes, garante a outra a possibilidade de impetrar Ação de Execução de Titilo Judicial de forma direta, não sendo necessária ação de conhecimento para reconhecer o título, o que traz maior celeridade para a execução da decisão arbitral.
A Lei de Arbitragem, em seu artigo 18, determina expressamente que a sentença arbitral é irrecorrível, ou seja, não existe um tipo de recurso apto a reformar o mérito da decisão prolatada pelo árbitro.
Conforme dito anteriormente, uma vez expedida a sentença arbitral, torna-se a mesma irrecorrível, fazendo coisa julgada entre as partes quanto à matéria decidida. Não existe, portanto, um mecanismo legal que possa remeter a matéria decidida a novo julgamento, e reformar a decisão do árbitro, como ocorre nas decisões judiciais.
No entanto, a Lei prevê, em seu artigo 30, uma espécie de embargos de declaração. A parte interessada, num prazo de cinco dias, contados do recebimento da sentença, poderá solicitar ao árbitro que “esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia ter manifestar-se a decisão”.
A sentença arbitral não pode ser atacada por recurso, no entanto, não se descarta a possibilidade de ação anulatória, da mesma forma que a sentença judicial pode ser atacada com ação rescisória. Importante frisar que a doutrina majoritária admite que as causas de nulidade dispostas no art 32 da lei de arbitragem são consideradas taxativas. Conforme entendimento do professor, as causas de nulidade da sentença arbitral são dotadas de profunda atecnia, uma vez que tais são causas de anulabilidade, visto que são submetidas ao prazo decadencialde 90 dias para desconstituição, e, verificando-se a intempestividade, não podem mais ser alegadas.
Neste sentido, em razão da natureza material e obrigacional da arbitragem, a sentença arbitral é um negócio jurídico, e, como tal, se submete às causas de nulidade no código civil, podendo ser nulidade absoluta e nulidade relativa.
Existem hipóteses em que é necessário provocar o Poder Judiciário, ainda que haja convenção arbitral e está é uma das hipóteses.
Os artigos 6 e 7 da Lei 9.307/1996 versam a este respeito, admitindo seja levado ao Poder Judiciário casos em que, existindo cláusula compromissória, houver resistência quanto a instituição da arbitragem ou, ainda, casos em que a parte se recuse a firmar o compromisso arbitral.
Sendo assim, diante de sentença arbitral que reconheça obrigação líquida, deverá o devedor efetuar o pagamento em 15 dias, sob pena de ser acrescido ao valor multa de 10%.
Em razão da redação defeituosa do artigo 475 J, do CPC, não foi pacificada a necessidade de intimação para inicio da contagem do prazo, embora prevaleça no STJ a necessidade da intimação e o trânsito em julgado. Para o professor Luiz Antônio Scavone não há necessidade da intimação uma vez que o artigo se refere a aquele que foi condenado, e condenado está com o trânsito em julgado e não com a intimação.
Ultrapassado o prazo de 15 dias sem o devido pagamento, o credor deverá juntar memória de cálculo e requerer a penhora e avaliação dos bens do devedor, exceto se requerer a penhora de bens imóveis que será feita por termos nos autos. Feita a penhora, o devedor será intimado para, caso queira, impugnar, nos termos do artigo 475 L, do CPC.
A impugnação somente poderá versar sobre determinados assuntos, quais sejam, (i) a falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;(ii) inexigibilidade do título; (iii) penhora incorreta ou avaliação errônea; (iv) ilegitimidade das partes; (v) excesso de execução; e finalmente, (vi) qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.
A homologação de sentença arbitral estrangeira é necessária. Muito embora esta necessidade tenha sido discutida em razão da Convenção de Nova Iorque, que preceitua que não serão impostas condições substancialmente mais onerosas do que as impostas para as sentenças arbitrais nacionais, a necessidade de homologação decorre de dispositivo constitucional. Como as convenções integram nosso ordenamento jurídico como sendo leis ordinárias, estas, em razão em razão da hierarquia normativa, não prevalecem em razão da Constituição federal.
O mérito não pode ser reapreciado na homologação de sentença estrangeira pois, conforme expôs o Ministro Fernando Gonçalves em 2007, "o ato homologatório restringe-se à análise de seus requisitos formais." Quanto à ofensa da ordem pública brasileira, conforme ensina Silvio Rodrigues, "a ideia de ordem pública é constituída por um conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar. Por conseguinte, os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre particulares."Não existe um critério para determinação e identificação do que se considera"matéria de ordem pública", de modo que tal interpretação depende da jurisprudência.
23) Embargos de Declaração na sentença arbitral; prazo para a ação anulatória da sentença arbitral na hipótese de pedido de esclarecimentos.
Quanto à comunicação, compete ao árbitro ou presidente do tribunal arbitral, com os seguintes efeitos a partir do recebimento pela parte (ou pelo advogado se a convenção permitir):
a) Começa fluir o prazo de 90 dias para o pedido de anulação da sentença (art. 32 da LA);
b) Começa a fluir o prazo de 5 dias para o pedido de esclarecimentos (“embargos de declaração” – art. 30 da LA), em razão de: erro material; dúvida fundada; omissão; contradição; obscuridade.
Há a possibilidade de efeitos infringentes aos embargos de declaração, excepcionalmente, se do esclarecimento resultar, por exemplo, em reconhecimento de prescrição não apreciada.
O prazo para decisão dos embargos será de 10 dias (art. 30, parágrafo único, da Lei de Arbitragem).
Haverá novo prazo para ação anulatória da sentença arbitral na hipótese de pedido de esclarecimentos, (art. 33, § 1º, da LA): se os embargos não forem recebidos, é possível a interpretação segundo a qual o prazo começa a contar da primeira decisão, exceto interpretação do CPC (art. 538) por analogia (possibilidade não prevista na LA). Neste caso, escoado o prazo de 10 dias para decisão dos embargos, a parte deve, por cautela, notificar o árbitro e, ao final, propor ação anulatória contando o prazo da primeira decisão.
24) A “sociedade da informação” e a arbitragem
A par dos diversos significados atribuídos ao termo sociedade da informação, certo é que se trata de uma etapa no desenvolvimento da civilização moderna que é caracterizada pelo papel social crescente da informação, pautada pelas novas tecnologias que permitem acessar de maneira simples e incrivelmente rápida uma enorme gama de informações geradas pelos atores sociais. Essa nova sociedade, modificada pelas novas tecnologias, muda, em razão disso, seus tradicionais comportamentos nos diversos campos de atuação do homem, o que não passa à margem do direito arbitral. Não só o direito arbitral pode servir ao chamado direito digital em razão da especialização do árbitro e da possibilidade de escolha das regras aplicáveis, como, igualmente, em razão da liberdade procedimental que impera no procedimento arbitral, o direito digital pode servir ao direito arbitral, justificando as novas formas de contratação e colaborando com o aprimoramento jurídico da celeridade procedimental nesse novo território da sociedade da informação, reforçando o que já é uma das grandes vantagens da solução arbitral dos conflitos.
	
		
�
ARBITRAGEM
CAPÍTULO I –COMENTÁRIOS GERAIS 
O que é arbitragem
Arbitragem é meio privado de solução de conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, mediante o qual as partes selecionam um ou mais especialistas na matéria controversa, para decidir as pendências existentes. Na arbitragem, o litígio é resolvido sem a intervenção do Poder Judiciário, salvo se for necessária a adoção de medidas cautelares ou de urgência. A sentença arbitral, ademais, constitui título executivo judicial, tal qual a sentença proferida pelo juízo estatal, e pode ser executada judicialmente, em caso de resistência da parte vencida em cumpri-la espontaneamente.
Vantagens da arbitragem em relação ao processo judicial
Dentre as vantagens da arbitragem sobre o processo judicial, destacam-se as seguintes:
Especialização: as partes podem nomear como árbitros especialistas na matéria objeto do litígio, o que confere mais consistência à decisão e pode evitar gastos excessivos com perícia. Essa característica mostra-se especialmente positiva quando a disputa versa sobre questão de direito muito específica ou assunto técnico.
Rapidez: o procedimento arbitral, como regra geral, transcorre mais rapidamente do que o processo judicial.
Irrecorribilidade: a decisão do juízo arbitral é definitiva e dela não cabe recurso, apenas pedido de esclarecimento.
Informalidade: o procedimento arbitral é mais informal e flexível do que o processo judicial.
Maior Autonomia da Vontade das Partes: as partes têm maior liberdade no procedimento arbitral do que no processo judicial, e podem escolher, por exemplo, os árbitros e as regras de direito material e processual aplicáveis.
Confidencialidade: o procedimento arbitral é, em geral, sigiloso, ao contrário do processo judicial, que costuma ser público. Assim, na arbitragem as partes podem evitar a publicidade negativa que pode advir do litígio.
Preservação do relacionamento das partes: o procedimento arbitral costuma gerarmenos animosidade entre as partes do que o processo judicial, e cria um ambiente menos danoso ao relacionamento entre elas. Dessa forma, a arbitragem mostra-se adequada, quando há interesse na manutenção de um bom relacionamento entre as partes, após a resolução do conflito (por exemplo, se surgir uma disputa entre as partes, durante a vigência de um contrato comercial de longo prazo).
Nem todo o conflito pode ser resolvido por arbitragem
Segundo a Lei de Arbitragem, só podem ser submetido à arbitragem litígios relativos a “direitos patrimoniais disponíveis”.
Direitos patrimoniais são direitos que podem ser avaliados monetariamente.
Direitos disponíveis, por sua vez, são aqueles dos quais as partes podem livremente dispor, e que podem ser objeto de transação, renúncia ou cessão.
Certas matérias, por envolverem direito indisponível, não podem ser submetidas à arbitragem. Pode-se mencionar, como exemplo, questões de direito penal, direito tributário e direito pessoal de família.
Lei aplicável
As partes podem escolher livremente, desde que de comum acordo, a lei nacional aplicável à arbitragem. É comum, em arbitragens versando sobre questões de comércio internacional, a escolha de legislação estrangeira. As partes podem estabelecer, igualmente, que o procedimento arbitral deverá ser regido com base em princípios gerais de direito, em usos e costumes, em regras internacionais de comércio, ou mesmo em eqüidade. 
Não obstante, não poderão ser aplicadas no Brasil normas estrangeiras que afrontem os bons costumes ou a ordem pública nacional. 
Nesse sentido, é interessante notar que a “Convenção Internacional de Nova Iorque sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras” (“Convenção de Nova Iorque sobre Arbitragem”), ratificada pelo Brasil em 2002, prescreve que a sentença estrangeira não deve violar as normas de ordem pública do país em que vier a ser executada. 
Espécies de arbitragem: institucional ou avulsa 
Há duas formas de se operacionalizar o procedimento arbitral: através de arbitragem institucional ou por meio de arbitragem avulsa, também conhecida como “ad hoc”.
Arbitragem institucional
Na arbitragem institucional, também conhecida como arbitragem administrada, uma instituição especializada, escolhida na cláusula arbitral, ou posteriormente por comum acordo entre as partes, administra o procedimento arbitral. As instituições especializadas normalmente têm regulamento próprio sobre as regras procedimentais aplicáveis, tais como os prazos para os atos processuais, número e forma de nomeação de árbitros, remuneração dos árbitros, custos da arbitragem e normas para realização de perícias e audiências.
A principal vantagem de arbitragem institucional consiste na segurança conferida pela condução e supervisão do procedimento arbitral pela instituição especializada. Vale ressaltar que a instituição não interfere no processo decisório, que cabe exclusivamente aos árbitros escolhidos pelas partes. 
Por outro lado, as instituições arbitrais costumam cobrar remuneração pelos seus serviços, o que eleva o custo da arbitragem.
Arbitragem avulsa ou ad hoc
As partes não são obrigadas a contratar uma entidade especializada para administrar a arbitragem. Os procedimentos arbitrais conduzidos sem a supervisão de entidade são denominados arbitragens avulsas, ou ad hoc. Nessa hipótese, as próprias partes devem estabelecer, na cláusula arbitral ou em convenção posterior, as regras procedimentais aplicáveis à arbitragem, ou fazer menção a um conjunto de regras arbitrais específicias para arbitragens ad hoc. Em caso de lacuna, caberá aos árbitros determinar o procedimento aplicável.
Os custos da arbitragem avulsa são, em geral, inferiores aos da arbitragem institucional. A maior desvantagem consiste no fato de que a ausência de entidade arbitral supervisionando o procedimento aumenta o risco de se cometer irregularidade formal que possa maculá-lo. Há, além disso, maior probabilidade de surgir impasse quanto às regras procedimentais aplicáveis.
�
CAPÍTULO II – CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM
A arbitragem só é obrigatória se as partes assim convencionarem
A regra geral é que litígios sejam decididos pelo Poder Judiciário. Ninguém é obrigado a ver um conflito de que seja parte submetido à arbitragem, se não tiver concordado com isso, previamente ou após o surgimento da disputa. Se uma das partes nunca esteve de acordo com o uso da arbitragem, ela pode se recusar a participar desse procedimento, e exigir que a pendência seja resolvida pelo Poder Judiciário.
Tipos de convenção de arbitragem
O documento pelo qual as partes aceitam, de comum acordo, submeter suas divergências à arbitragem denomina-se “convenção de arbitragem”. Há dois tipos de convenção de arbitragem: (i) cláusula arbitral, também chamada de cláusula compromissória, e (ii) compromisso arbitral.
Cláusula arbitral
A cláusula arbitral é a convenção através da qual as partes de um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam surgir entre elas. A cláusula arbitral deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento em separado que a ele se refira.
A cláusula arbitral poderá prever que a arbitragem deverá ser conduzida de acordo com as regras procedimentais de alguma entidade especializada. A cláusula arbitral poderá também estabelecer regras específicas para a condução da arbitragem.
Cláusula arbitral em contratos de adesão
Contratos de adesão são aqueles em que uma das partes é forçada a aceitar, em bloco, as cláusulas de um instrumento contratual, sem poder negociar seus termos e condições. Segundo o Art. 4, § 2º da Lei de Arbitragem, a cláusula arbitral só será válida em contratos de adesão se estiver em negrito ou em documento separado, e a página em que ela se localizar houver sido especificamente firmada ou vistada pelas partes.
Há controvérsia a respeito da validade de cláusula arbitral em contratos concernentes a relações de consumo, já que o art. 51, VII, do Código de Defesa do Consumidor (“CDC”) determina a nulidade de previsão contratual estabelecendo utilização compulsória de arbitragem. Parte da doutrina entende que a Lei de Arbitragem, posterior ao CDC, autorizou a inclusão de cláusulas arbitrais em contratos envolvendo consumidores, desde que se cumpra as formalidades previstas no Art. 4, § 2º da Lei de Arbitragem, acima explicadas. Existem autores, por outro lado, que sustentam não caber cláusula arbitral em contratos de consumo, e que só pode haver arbitragem nessas circustâncias se as partes firmarem, posteriormente, compromisso arbitral em que concordem com a adoção desse meio alternativo de solução de conflitos, ou se o consumidor tomar a iniciativa de iniciar a arbitragem.
Tipos de cláusula arbitral
Há dois tipos de cláusula arbitral, conhecidos como “cláusula vazia” e a “cláusula cheia”.
Na cláusula arbitral vazia, fica estabelecido apenas o uso da arbitragem para resolver conflitos, sem maiores especificações.
Já a cláusula arbitral cheia contém as principais regras necessárias à instalação do procedimento arbitral, tal como a indicação dos árbitros ou, se for o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros, e o local onde será realizada a arbitragem.
Recomenda-se que as partes celebrem cláusulas arbitrais cheias, nas quais prevejam, pormenorizadamente, as normas procedimentais que regerão futuras arbitragens. Isso porque, se houver um litígio, a cláusula arbitral for vazia e surgir um impasse entre as partes a respeito das regras para condução do procedimento arbitral, as partes deverão recorrer ao Poder Judiciário para resolver essa questão, antes de começar a arbitragem, o que atrasará a solução do conflito.
É comum que cláusulas arbitrais cheias estabeleçam que eventual arbitragem deverá ser regida pelas regras de uma entidade arbitral consagrada.Procura-se, assim, adotar regras confiáveis e, ao mesmo tempo, evitar a elaboração de cláusula arbitral muito extensa.
Compromisso arbitral
O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio existente à arbitragem. A principal diferença entre a cláusula arbitral e o compromisso é que na primeira as partes convencionam que uma futura controvérsia, ainda não surgida, será decidida por arbitragem, enquanto que na segunda as partes, diante de um conflito já em curso, resolvem dirimí-lo através de procedimento arbitral.
Condições formais obrigatórias do compromisso arbitral
Devem constar do compromisso arbitral, obrigatoriamente, os seguintes dados:
o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros; 
a matéria que será objeto da arbitragem; e
o lugar em que será proferida a sentença arbitral.
Condições formais facultativas do compromisso arbitral
Além das informações obrigatórias, os seguintes dados, dentre outros, podem constar do compromisso arbitral:
local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem;
a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim for convencionado pelas partes;
o prazo para apresentação da sentença arbitral;
a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim convencionarem as partes;
a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem; e
a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros.
Execução específica da cláusula arbitral
Na hipótese de existir cláusula arbitral, mas uma das partes recusar-se a participar de arbitragem, poderá a outra parte requerer, em juízo, a execução específica dessa cláusula. Segundo o procedimento previsto na Lei de Arbitragem, a parte que se negar a participar de arbitragem será citada para comparecer a audiência judicial, junto com a outra parte, na qual deverá ser lavrado compromisso arbitral. Se o réu não comparecer à audiência, ou se recusar a assinar o compromisso, o juiz deverá proferir sentença, que valerá como compromisso arbitral. A arbitragem poderá, assim, ser iniciada, mesmo contra a vontade de uma das partes.
O procedimento de execução específica contemplado na Lei de Arbitragem conferiu maior efetividade à cláusula arbitral. Isso porque a arbitragem, caso prevista em contrato ou em documento em separado, só poderá ser afastada de comum acordo entre as partes, uma vez que qualquer uma delas, se quiser, poderá requerer, em juízo, a execução específica da cláusula arbitral, viabilizando o início do procedimento arbitral.
O recurso ao Poder Judiciário, entretanto, não será necessário, na hipótese da arbitragem institucional, quando a própria instituição contiver solução para a instalação da arbitragem em caso de recalcitrância da parte demandada.
 
CAPÍTULO III – OS ÁRBITROS
Requisitos
Os árbitros deverão ser pessoas plenamente capazes, segundo a legislação civil.
Os árbitros deverão ser de confiança das partes, porém deverão atuar de forma imparcial e independente. Saliente-se que os árbitros nomeados pelas partes também devem agir com absoluta imparcialidade e independência.
Advogados como Árbitros
Muito embora a Lei de Arbitragem não exija que o árbitro seja advogado, é recomendável, na maioria dos casos, que pelo menos um dos membros do painel de árbitros tenha formação jurídica, para evitar que o procedimento arbitral incorra em algum vício formal e assegurar que a sentença arbitral cumpra com os requisitos legais de validade.
Não é incomum, quando a pendência versa sobre questão técnica, nomear-se como árbitros profissionais que não são advogados, mas que dominem a matéria objeto da controvérsia, tais como engenheiros, contadores, economistas, médicos.
Número de árbitros
Poderá ser nomeado um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, para evitar empate nas decisões.
Quando as partes nomearem árbitros em número par, esses árbitros poderão nomear, de comum acordo, mais um integrante do tribunal arbitral. Não havendo acordo entre os árbitros indicados pelas partes sobre o árbitro adicional, as partes deverão requerer ao Poder Judiciário a nomeação do membro faltante do tribunal arbitral.
Escolha dos árbitros por entidade especializada
As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros, ou adotar as regras de entidade especializada.
Em arbitragens institucionais, é comum que a escolha dos árbitros seja realizada conforme as regras da entidade arbitral que administra o processo. Essas regras variam de instituição para instituição. Certas entidades determinam que as partes deverão escolher dentre os nomes constantes de um quadro de árbitros pré-selecionados.
Se forem nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do tribunal arbitral. Não havendo consenso, será designado presidente o mais idoso (observadas as regras da instituição arbitral).
Deveres dos árbitros
Os árbitros, no desempenho de suas funções, deverão cumprir com os seguintes deveres: 
Imparcialidade
Independência
Competência
Diligência
Discrição
O árbitro deve revelar às partes, antes de aceitar a função, qualquer fato que possa ensejar dúvida quanto a sua capacidade de cumprir com esses deveres. 
Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com as partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou suspeição de juízes, nos termos do Código de Processo Civil.
Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal. Ressalte-se, entretanto, que os árbitros não são considerados funcionários públicos, nem a eles equiparados para qualquer outro fim.
Poderes do árbitro
O árbitro age, no âmbito do procedimento arbitral, como juiz de fato e do direito. Esclareça-se, entretanto, que o árbitro, apesar de exercer função pública, não possui as prerrogativas atribuídas por lei aos membros do Poder Judiciário.
A sentença proferida pelo árbitro ou tribunal arbitral não está sujeita a recurso e, se tiver sido proferida no Brasil, não precisa ser homologada pelo Poder Judiciário.
CAPÍTULO IV – O PROCEDIMENTO ARBITRAL
Regras Procedimentais
O procedimento arbitral é bem mais flexível do que o processo judicial. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na cláusula compromissória ou no compromisso arbitral, e não precisa seguir fielmente as regras do Código de Processo Civil.
As partes poderão adotar, como normas procedimentais, as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada.
Caso não haja estipulação expressa sobre o procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo.
Instituição da Arbitragem
Considera-se instituída a arbitragem quando todos os árbitros aceitarem sua nomeação.
Princípios Impositivos
O procedimento arbitral deverá observar, obrigatoriamente, os seguintes princípios processuais, sob pena de nulidade da sentença:
contraditório;
igualdade das partes;
imparcialidade do árbitro; e
livre convencimento do árbitro.
Produção de provas
Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes ou de ofício.
O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros.
Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocaçãopara prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença. Se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que ordene que a testemunha preste o depoimento.
Medidas de urgência
Se, durante a arbitragem, houver a necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria, originariamente, competente para julgar a causa.
Se as partes firmarem cláusula ou compromisso arbitral, mas uma delas precisar de tutela de urgência, antes da instituição da arbitragem, essa parte pode recorrer ao Poder Judiciário, para obter essa tutela. Após a instituição da arbitragem, o pedido de concessão da tutela de urgência poderá ser reapreciado pelo árbitro ou tribunal arbitral.
CAPÍTULO V - A SENTENÇA ARBITRAL
Prazo para emissão da sentença arbitral
A sentença arbitral deverá ser proferida por escrito. As partes podem estipular um prazo para que seja dada a sentença. Quando não houver prazo convencionado, a sentença deverá ser apresentada dentro de seis meses, contados da instituição da arbitragem. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar os prazos aplicáveis. 
Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários (art. 19 da Lei de Arbitragem). 
Quorum para decisão de tribunal arbitral
Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria. Em caso de empate, o voto do presidente do tribunal arbitral deverá prevalecer.
Efeitos da sentença arbitral
A sentença arbitral não pode ser modificada pelo Poder Judiciário.
A sentença arbitral produz os mesmos efeitos da sentença proferida pelo Poder Judiciário. Se a sentença for condenatória, constitui título executivo. Caso a parte vencida recuse-se a cumprir a sentença arbitral, a parte vencedora poderá executá-la judicialmente.
Pedidos de esclarecimento sobre sentença arbitral
O árbitro ou presidente do tribunal arbitral deverá enviar cópia da sentença arbitral às partes. Elas terão cinco dias para reclamar de qualquer erro material, pedir esclarecimento sobre alguma obscuridade, dúvida ou contradição, ou requerer que o árbitro ou tribunal arbitral se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual deveria manifestar-se. Dentro de dez dias, o árbitro ou tribunal arbitral deverá responder esses pedidos de esclarecimentos formulados pelas partes.
Pedido de nulidade de sentença arbitral
Não cabe recurso contra o mérito da decisão arbitral. A parte prejudicada, entretanto, poderá requerer, perante o Poder Judiciário, a declaração de nulidade da sentença arbitral, quando:
a cláusula arbitral ou o compromisso for nulo;
a sentença arbitral for proferida por quem não podia ser árbitro;
a sentença arbitral não contiver os resumo do caso, os fundamentos da decisão ou a data e local em que foi proferida;
a sentença arbitral não decidir toda a controvérsia submetida à arbitragem;
for comprovado que a sentença arbitral foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;
o procedimento arbitral não observar os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento; ou
a sentença arbitral for proferida fora do prazo estipulado.
A parte que entender que a sentença arbitral é nula, por qualquer um desses motivos, terá o prazo de noventa dias, após a notificação da decisão, para propor ação no Poder Judiciário, requerendo a declaração de nulidade. 
CAPÍTULO VI - A SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA
Considera-se sentença arbitral estrangeira a decisão proferida fora do território nacional.
Antes da Lei de Arbitragem, o nosso ordenamento jurídico exigia dupla homologação da sentença arbitral estrangeira, uma em seu país de origem e outra no Brasil. A partir da nova lei, a sentença arbitral estrangeira, para ser reconhecida ou executada no Brasil, está sujeita, unicamente, a homologação pelo órgão local (originalmente o Supremo Tribunal Federal e, depois da Emenda Constitucional nº 45/2004, relativo à Reforma do Judiciário, pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ).
O STJ só poderá denegar a homologação de sentença arbitral estrangeira se o réu comprovar que:
as partes na convenção de arbitragem eram incapazes;
a convenção de arbitragem não era válida segundo a lei à qual as partes a submeteram;
não foi notificado da designação do árbitro ou do procedimento de arbitragem, ou tenha sido violado o princípio do contraditório, impossibilitando a ampla defesa;
a sentença arbitral foi proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
a instituição da arbitragem não está de acordo com o compromisso arbitral ou cláusula compromissória;
a sentença arbitral não se tenha, ainda, tornado obrigatória para as partes, tenha sido anulada, ou, ainda, tenha sido suspensa por órgão judicial do país onde foi prolatada;
segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser resolvido por arbitragem (i.e., não versar sobre direito patrimonial disponível); ou
a decisão ofende a ordem pública brasileira.
PERGUNTAS FREQÜENTES
Há ainda questionamento sobre a constitucionalidade da Lei de Arbitragem?
Não. O Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária, proferida em 12.12.01, no julgamento do Agravo Regimental em Homologação de Sentença Estrangeira n° 5.206 (Espanha), declarou, por sete votos a quatro, a constitucionalidade das normas mais polêmicas da Lei de Arbitragem. 
Pessoas jurídicas de direito público e sociedades de economia mista podem participar de arbitragens?
Sim, desde que o litígio verse sobre direitos patrimoniais disponíveis.
A parte é obrigada a participar de arbitragem, se nunca celebrou qualquer cláusula compromissória ou compromisso arbitral?
Não. A regra geral é que litígios sejam decididos pelo Poder Judiciário. Ninguém é obrigado a ver um conflito de que seja parte submetido a arbitragem, se não tiver concordado com isso, através de cláusula ou de compromisso arbitral. Se uma das partes nunca concordou com o uso da arbitragem, ela pode se recusar a participar desse procedimento, e exigir que o conflito seja resolvido pelo Poder Judiciário.
Pode uma das partes se recusar a instituir a arbitragem, quando houver celebrado cláusula arbitral?
Não. A arbitragem é obrigatória, se as partes firmaram cláusula arbitral. Se uma das partes recusar-se a participar da arbitragem, a outra parte poderá requerer, em juízo, a execução específica da cláusula arbitral, e a sentença judicial valerá como compromisso arbitral.
E se, instituída a arbitragem, uma das partes não comparecer aos atos procedimentais?
A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença arbitral. 
Existe órgão oficial de arbitragem?
Não. A arbitragem é um meio privado de solução de conflitos. Ao contrário do processo judicial, não há órgãos estatais de arbitragem, nem “Poder Judiciário Arbitral”, ou tampouco “Tribunal de Justiça Arbitral”. Existem sim, como já mencionado, entidades privadas especializadas em arbitragem e outros meios alternativos de solução de litígios, muitas das quais vêm desenvolvendo importante trabalho nessas áreas.
Há prova ou concurso público para árbitro?
Não, porque não há órgão estatal de arbitragem. Atente-se, com relação a certas entidades arbitrais que realizam cursos para árbitro, que não há garantia de que os aprovados realmente serão escolhidos para atuar em futuros procedimentos arbitrais.
O árbitro tem as mesmas prerrogativas dos membros do Poder Judiciário?
Não. O árbitro é equiparado ao juiz, no âmbito do procedimento arbitral, para fins de decidir os litígios que lhe forem submetidos. O árbitro, entretanto, não tem as mesmas prerrogativas dos membros

Continue navegando