Resenha de A Escola Sustentável: Eco-alfabetizando pelo Ambiente

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LEGAN, Lúcia. A escola sustentável: eco-alfabetizando pelo 
ambiente. 2. ed. Atualizada e revisada. São Paulo: Imprensa Oficial 
do Estado de São Paulo, Pirenópolis, GO: Ecocentro IPEC, 2007.
Resenhado por:
Bruno Gonçalves Borges1
Universidade Federal de Uberlândia
Adriana Cristina de Souza
Universidade Federal de Uberlândia
Camila Pereira da Silva
Universidade Federal de Uberlândia
Se você quer que uma sociedade, com base na vida sus-
tentável, comece pela escola... Talvez esse seja o apontamento 
inicial de Lucia Legan, que concebe sua obra como um guia para 
educadores interessados na eco-alfabetização para um futuro sus-
tentável. É mesmo um manual que oferece informação, exercícios 
e atividades, combinando a sabedoria das culturas tradicionais e 
indígenas com tecnologias e informação da ciência moderna. Essa 
pedagoga, natural da cidade de Adelaide, na Austrália, que em 
1997, quando retornou ao Brasil, fundou junto a seus amigos e co-
laboradores o Ecocentro IPEC, um local destinado ao trabalho de 
divulgação da sustentabilidade e da preservação do planeta onde 
inclusive, vive Lucia hoje.
A obra é estruturada em treze capítulos de forma progres-
siva, em que o conteúdo é organizado com vistas a propiciar a 
iniciação e o aprofundamento sucessivo dos conhecimentos abor-
dados. Assim, no capítulo 1, a autora propõe a reflexão de como 
vivemos hoje, das ações humanas e do possível esgotamento do 
planeta, através da exploração ilimitada dos recursos. Nesse capí-
tulo, a intenção é situar o leitor, professor e estudante, no contexto 
em que a escola pretende intervir. E é nesse capítulo que a autora 
1 Bolsista de Iniciação Científica do CNPq, Estudante do curso de Pedagogia da Faculdade 
de Educação da Universidade Federal de Uberlândia. 
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apresenta as primeiras proposições acerca da construção da escola 
sustentável, ao elencar atividades e métodos para a educação na 
perspectiva sustentável. 
Em toda a obra, é de se destacar o fundamento básico que 
constitui a escola sustentável: o conceito de Permacultura, apre-
sentado no capítulo 2. Logo, Permacultura significa cultura per-
manente. É um sistema de design para a criação de ambientes pro-
dutivos, sustentáveis e ecológicos para que possamos habitar na 
Terra sem destruir a vida. 
Já nos capítulos seguintes, a autora apresenta uma série de 
técnicas de ensino na perspectiva sustentável, como a segurança 
alimentar, a manutenção de jardins, nutrição, reciclagem, controle 
de pragas entre outras técnicas. Bem como acompanhadas de al-
ternativas de conceitos básicos sobre o conhecimento biológico. 
A partir do capítulo 9, a obra ocupa-se de abordar questões 
recorrentes no cotidiano, como a água, a energia e tecnologia e, a 
economia local. 
Sendo assim, a obra de Lucia Legan é, sem dúvida, im-
portante contribuição ao ensino de ciências. Por isso, há que se 
destacar alguns pontos essenciais em “A escola sustentável”. De 
início, é reconhecido o esforço em construir uma proposta inter-
disciplinar, inclusive com um método objetivo de identificação 
das áreas afins – aqui, refere-e ao campo “atividades integradas”. 
Outro ponto de destaque é a linguagem contemporânea utilizada 
para apresentar os conteúdos, o que certamente questiona os anti-
gos “jargões” das ciências naturais do século XIX. 
No que se refere a essência do livro, é possível identificar 
que foi construído numa perspectiva sócio-interacionista ou his-
tórico-social. O livro pode assim ser identificado, pois baseia-se 
na problematização do ambiente para o acontecimento do ensino 
e da aprendizagem. Por exemplo, não se estuda, a partir do livro, 
a classificação de animais, mas sim a presença desses animais e as 
relações entre eles, que são o foco do processo. 
Por fim, é preciso ressaltar que, por mais que se apresente 
de forma didática, essa obra não se configura nem substitui o livro 
didático, a intervenção do professor e a pesquisa. Assim, desta-
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cam-se a seguir, alguns pontos que devem ser analisados, como 
por exemplo, o foco dado pelo livro em técnicas e o pouco conhe-
cimento científico apresentado. 
As técnicas são, a priori, o que saltam aos olhos por ofe-
recerem mecanismos práticos para o ensino. No entanto, é impor-
tante que, através da história, as conquistas científicas não sejam 
esquecidas ou desprezadas e que as técnicas não sirvam para en-
grossar o discurso contra a ciência dentro da escola. 
Outro ponto relevante a ser discutido é que muito do que é 
apresentado como inovador, na verdade já é conhecido dentro da 
escola. Hortas, visitas a parques e museus, a sustentabilidade, a 
reciclagem entre outros já estão presentes nas escolas. 
Mas por que propor tais atividades? Muitas dessas e ou-
tras mais são rotineiras na escola, porém, qual o sentido de tais 
atividades? A que proposta pedagógica estão vinculadas? A Es-
cola Sustentável de Lucia Legan oferece mais do que atividades 
e projetos, apresenta uma possibilidade de transformar o mundo a 
partir da prática educativa. Por isso, a Eco-alfabetização torna-se 
fundamental para essa proposta. 
Recebido em 03 de outubro de 2009.
Aprovado em 12 de dezembro de 2009.