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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA origem das cidades o trânsito no Brasil administração ou gestão? unidade I unidade II unidade III Prof.ª Me.Daiane Maria De Genaro Chiroli VIVER EM CIDADES CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE TRÂNSITO ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE TRÂNSITO Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsa- bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democra- tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promo- ver a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cida- dãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas Reitor Wilson de Matos Silva palavra do reitor Direção UniceSUMar reitor Wilson de Matos Silva, Vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de eaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. neaD - núcleo De eDUcação a DiStância Direção de operações Chrystiano Mincoff, coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, coordenação de Polos Reginaldo Carneiro, coordenação de Pós-Graduação, extensão e Produção de Materiais Renato Dutra, coordenação de Graduação Kátia Coelho, coordenação administrativa/Serviços compartilhados Evandro Bolsoni, Gerência de inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson Brait, Supervisão do núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design educacional Nalva Aparecida da Rosa Moura, Diagramação Melina Belusse Ramos, revisão textual Hellyery Agda Gonçalves da Silva, ilustração Melina Belusse Ramos, Fotos Shutterstock. neaD - núcleo de educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento aca- dêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição univer- sitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de com- petências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer- sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu- cação continuada. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: C397 Administração e Gestão de Trânsito / Daiane Maria De Genaro Chiroli. Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014. 119 p. “Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”. 1. Administração. 2. Trânsito . 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. ??? CIP - NBR 12899 - AACR/2 Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de- mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu- cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa- ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co- nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer- ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor de EaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva boas-vindas sobre pós-graduação a importância da pós-graduação O Brasil está passando por grandes transformações, em especial nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor- tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior devido a uma grande carência de mão de obra especializada. Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega- bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida- des deste novo Brasil. Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun- to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal e profissional. Professor Dr. Renato Dutra Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais NEAD - UNICESUMAR “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” Missão apresentação do material Caro(a) aluno(a), Sou a professora Daiane Maria De Genaro Chiroli, possuo graduação em Engenheira de Produção e mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá. Sou Especialista em Engenharia de Produção com ênfase em Logística pela Faculdade Paranaense e doutoran- da no programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção pela UniversidadeFederal de Santa Catarina, na área de Logística e Transportes. Atuo como docente do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá desde 2008, nas áreas de Qualidade, Planejamento e Controle da Produção, Gestão de Custos, Gestão de Projetos e Logística, na Pós-Graduação em Produção Industrial: Sustentabilidade de processos com as disciplinas Gestão de Cadeias e Redes de Empresas e Tópicos Avançados de PCP. Na Unicesumar, sou professora na EAD desde 2011, no curso de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão de Trânsito nas disciplinas de Projetos Especiais de Segurança e Mobilidade e Administração e Gestão de trânsito. Nos cursos presenciais atuei na Pós-Graduação de Gestão de Negócios Internacionais e Relações Internacionais, Engenharia de Produção e Qualidade e Produtividade com a dis- ciplina de Gestão da Qualidade e na Pós-Graduação de Engenharia de Edificações com a disciplina Lean Construction. Professora Mestre Daiane Maria De Genaro chiroli Desejo a você boas-vindas à disciplina de Administração e Gestão de Trânsito. É com muita satisfação que apresento o material para estudo, que permitirá melhor familiarização do tema. Nesta introdução, apresento parte de minha dissertação de mestrado, em que estudei como avaliar a qua- lidade no trânsito em cidades brasileiras. Uma das formas de melhorar a qualidade de vida nas cidades é melhorar as condições no trânsito das mesmas, e para isso a sua especialização, a sua preparação para o mercado de trabalho é fundamental. Você está no caminho correto, pois existe grande carên- cia de profissionais nesta área de conhecimento. Como todos sabem, o homem sempre buscou ferramentas e maquinários para facilitar sua vida diária de maneira a ter conforto, comodidade e melhor qualidade de vida. Após a Segunda Guerra Mundial, e com o advento da mecanização, os veí- culos de transporte modificaram a vida das pessoas, pois além de proporcionar grandes benefícios, lhes deram o sentido de poder e status social. Estes ins- trumentos com suas funcionalidades conquistaram o mercado rapidamente, favorecendo a melhoria da economia. Apesar da grande contribuição social e técnica desses equipamentos para a sociedade, trouxeram também alguns problemas. As cidades nem sempre estavam preparadas para atender tal demanda de veículos, pois o planejamento de po- líticas públicas urbanas e viárias não cresceu no Administração e Gestão de Trânsito 8 mesmo ritmo, acarretando em problemas sociais. Abreu (2006) cita que no Brasil, o trânsito é um dos piores e mais perigosos do mundo. Algumas estatísticas podem ilustrar essa asser- tiva, pois, estudos técnicos de mapeamento das mortes de trânsito no Brasil mostram que a quanti- dade de fatalidade em acidentes de tráfego cresceu 30% entre os anos de 2000 a 2007 (BOSSELI, 2009). Os problemas não estão somente nos aciden- tes ocasionados, mas no individualismo e estresse dos condutores, na violência e perda de pessoas no trânsito, nos impactos ambientais e urbanís- ticos, nos altos custos no setor de saúde pública entre outros. Para reduzir o número alarmante de acidentes, os altos custos para o poder público e evitar que mais vidas se cessem, é necessário buscar soluções práticas que visem à melhoria da quali- dade de vida no trânsito das cidades. Para que isso ocorra, é preciso criar subsídios para a tomada de decisões e de ações. Aqui cabe fazer uma pergunta: Quem toma de- cisões e define as ações a serem executadas para melhorar tais condições? A resposta: uma equipe bem preparada formada pelo Sistema Nacional de Trânsito (SNT), a qual você fará parte, se já não faz. Todos os órgãos formados pelo SNT podem também ser nomeados como processos, com suas diretrizes definidas e a cada um deles compete um nível de responsabilidades (nação, estado, município). No entanto, a estes profissionais cabe compre- ender o que acontece no trânsito das cidades e a competência de gerenciá-la neste quesito. Para tal, faz-se necessário entender que o trânsito é um sistema, o qual interage diversos atores em prol de um mesmo objetivo: o deslocamento, o sair de uma origem até um destino e vice-versa e chegar no tempo certo ao local pré-determinado com segurança, isto seria um sistema ideal. Mas o que na prática ocorre, é que a rapidez, o que querer chegar a tempo, faz com que muitos condutores tomem atitudes, que mesmo inconsciente, coloca em risco a vida das pessoas que utilizam as vias e, como citado anteriormente, a posse do veículo dá poder para tal. Por que falar em atores, se este conteúdo não apresenta roteiros de teatro, cinema ou novela? Pois o elemento fundamental da sociedade é o homem (homo sapiens), é o protagonista do sistema e o seu comportamento se reflete de forma impor- tante no trânsito, pois este age de diversas formas, podendo por hora ser o condutor do veículo, e por Pós-Graduação | Unicesumar 9 hora ser o pedestre, atuando também como pas- sageiro, operador de trânsito, e com uma série de fatores inter-relacionados com o mesmo. Neste sentido diversos fatores devem ser anali- sados e contextualizados de acordo com a realidade de cada lugar para que as intervenções possam realmente proporcionar efeitos positivos. Este con- texto mostra a necessidade de se fazer o trabalho de gestão no trânsito das cidades brasileiras, com uma visão estratégica que vise atuar de forma res- ponsável e contínua junto à sociedade. Deste modo, administração e gestão de trânsito possibilitará conduzir o planejamento do mesmo de forma criteriosa, o qual deverá ser preparado com uma abordagem criteriosa e ser elaborado com uma ampla visão, de modo a poder detectar todas as consequências positivas ou negativas de sua execução. Com o intuito de que você realmente compre- enda e desenvolva planos de trabalho de forma a gerenciar de maneira eficaz o trânsito de onde atua, o presente material apresentará na Unidade 1 o por quê vivemos em cidades, pois como cita Wright (1988), o transporte urbano é uma ativida- de essencial que abrange toda a movimentação de pessoas e mercadorias nas nossas cidades. É muito interessante observar como as cidades evoluíram com o tempo e como as necessidades da socieda- de, são explícitas no trânsito das cidades, pois este, é uma atividade-meio que permite a realização das demais atividades urbanas, como trabalho, estudos, diversões, manufaturas e comércio. São as calçadas, ruas e avenidas que dão vida às cidades, por isso devemos desenvolver planos coerentes com o es- tatuto da cidade, seu plano diretor e acessibilidade. A Unidade 2 contextualiza a estrutura do Sistema Nacional de Trânsito, a municipalização, que permi- tiu o desenvolvimento de melhorias pertinentes a característica de cada cidade. Também apresenta a organização da municipalização e os dados im- portantes a serem analisados para que ocorra um gerenciamento com qualidade. Por fim, na Unidade 3 você será levado a apro- fundar seus conhecimentos sobre administração e gestão, o que possibilitará a você entender as diferenças entre estes contextos. Também serão explanados modelos de administração e gestão aplicável no trânsito das cidades. Desejo a você bom estudo! Realize as atividades e pesquise, pois o conhecimento não tem limites e os conceitos evoluem muito rapidamente. su m ár io 01 14 origem das cidades 21 planejamento dos transportes no brasil 27 estatuto das cidades 31 plano diretor VIVER EM CIDADES 02 03 42 o trânsito no brasil 46 o código de trânsito brasileiro e o sistema nacional de trânsito 53 municipalização do trânsito no brasil 61 coleta de dados para compreender a realidade de sua cidade 72 administração ou gestão 73 administração e gestão de trânsito 85 modelosde administração e gestão de trânsito 86 planejamento e gestão estratégica 89 gestão baseada por processos 92 a gestão da qualidade 95 balanced scorecard Contextualização do Sistema Na- cional De Trânsito ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE TRÂNSITO 1 VIVER EM CIDADES Prof.ª Me. Daiane Maria De Genaro Chiroli Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu- dará nesta unidade: • Origem das cidades • Planejamento dos transportes no Brasil • Histórico dos planos no Brasil • Estatuto das Cidades • Plano Diretor objetivos de aprendizagem • Estudar a origem das cidades e seus principais elementos. • Compreender como a industrialização e os meios de transportes influenciaram no desenvolvimento dos sítios urbanos. • Entender a importância do estatuto das cidades para a melhoria da qualidade de vida tendo como consequ- ência a melhoria do trânsito nas mesmas. • Enxergar como o plano diretor retrata como uma cidade pode crescer de forma ordenada e sem ocasionar ônus aos seus citadinos. Ao pensarmos em como as cidades surgiram, podemos imaginar várias formas de crescimento e vários modelos de desenvolvimento, assim como o enredo de uma novela. Mas, na vida real, ao olharmos para o passado, conseguimos enxergar uma linha do tempo, que nos trouxe um grande desempenho e este, correlacionado com um con- junto de elementos que devem ser estudados para que possamos olhar para as cidades que vivemos hoje, analisar suas demandas e assim projetar melhorias para o futuro. Pois bem, as cidades foram constituídas por razão da necessidade. Por quê? Basta tentar responder a esta pergunta: Você consegue viver sozinho? Mas, cito outras perguntas, para fazê-los refletir. Em seu trabalho você necessita de informações para a realização de suas ati- vidades? E para se alimentar, você planta seus alimentos, os prepara sem a necessidade de ir a um supermercado fazer as compras? E, se todas as suas respostas forem negativas? Quais os meios que você utiliza para viver da melhor maneira possível na sociedade e em sua cidade? Se olharmos então para o surgimento das cidades brasileiras, ficare- mos “embasbacados” em enxergar como o crescimento das mesmas se deu ao redor de rios, de estradas e ferrovias. Segundo Borsagli (2010), a manutenção de uma cidade ou região, em parte sempre foi devida aos caminhos que a ela levam. Já que, é por meio deles que se desenvolvem os fluxos migratórios, as trocas de mercadorias, entre outros fatores materiais e imateriais, os quais são necessários para o surgimento, crescimento ou decadência de um núcleo urbano. Os caminhos, portanto, são decisivos para determinar a importância e influência de uma cidade em uma região. Nesta unidade, brevemente, será apresentado este processo de ur- banização, o qual uma população se instala e multiplica numa área dada, que aos poucos se compõe como cidade e que deve ser es- truturada seguindo regimentos e diretrizes, para que os resultados sejam satisfatórios na sua prática gerencial. Administração e Gestão de Trânsito 14 Administração e Gestão de Trânsito 14 origem das cidades Na realidade, não se tem uma data exata de quando a humanidade começou a se urba- nizar. Mas em vários estudos, existem indícios que tal urbanização teve origem há cerca de 5.500 anos, quando a evolução da agricul- tura permitiu a produção e estocagem de excedentes e as sociedades tornaram-se mais complexas, com o surgimento das classes sociais baseadas na divisão social (BRAGA e CARVALHO, 2004). As comunidades passaram a ocupar as terras de plantio e a viver em aldeias. As pri- meiras civilizações surgiram na Mesopotâmia em torno de 3500 a.C. A palavra Mesopotâmia, de origem grega, signifi ca "a terra entre os rios”, nome dado por estar localizado no vale fl uvial do Eufrates e Tigre, atual terri- tório Iraquiano(Figura 1). Ao longo destes rios, muitas grandes cidades comerciais se formaram, tais como Ur e Babilônia. Logo pontilharam outras regiões do Oriente, como a Índia e a China. Pós-Graduação | Unicesumar 15 Figura 1 – Mapa da região Mesopotâmia Fonte da imagem: http://www.historiadomundo.com.br/persa/mapa-do-imperio-persa-e- da-mesopotamia.htm De modo geral, podemos destacar que as causas que deram origem ao nasci- mento das cidades tiveram uma função bem defi nida, destacando-se as condições naturais da região. As cidades nasceram sempre próximas da água, nas regiões mais planas, ou seja, em locais onde a natureza As primeiras cidades surgem como resultado de transformações sociais gerais – econômi- cas, tecnológicas, políticas e culturais -, quando, para além de povoados de agricultores (ou aldeias), que eram pouco mais que acampamentos permanentes de produtores diretos que se tornaram sedentários, surgem assentamentos permanentes maiores e muito mais complexos, que vão abrigar uma ampla gama de não-produtores: governantes, funcionários, sacerdotes e guerreiros. A cidade irá, também, abrigar artesãos especializados, como carpinteiros, ferreiros, ceramistas, joalheiros, tecelões e construtores navais, os quais contribuirão com suas manufa- turas para o fl orescimento do comércio entre os povos (SOUZA, 2005, P.46). era favorável ao homem (água abundan- te – rios ou mar-, facilidades no plantio e deslocamento das pessoas, clima propí- cio). Com desenvolvimento das cidades houve a geração de trabalho, que resultou em transformações sociais, como enfatiza SOUZA (2005, p. 46): Administração e Gestão de Trânsito 16 estas transformações sociais são decor-rentes das características das cidades do ocidente antigo, como cita Tavares (1993, p. 24-26): • A água - origem da sedentarização e formação de grandes povoados. • Topografia - mais relevante que a unidade administrativa. • Enormes povoados. • Divisão de trabalho, diversidade de profissões e diferenciação social. • As primeiras cidades são centros religiosos • Havia plano urbanístico. • A defesa era assegurada por muralhas, em cujas portas se exercia a justiça. Com o decorrer do tempo, aperfeiçoaram-se as técnicas de irrigação e as áreas cultivá- veis ampliaram-se cada vez mais. O que também favoreceu para o desenvolvimen- to das regiões foi a introdução dos metais, da roda, do carro puxado pelos bois, do burro de carga e das embarcações à vela e a remo (ABIKO et al, 1995). Na Europa, a característica da região também favoreceu para o crescimento das cidades, porém, diferentemente das cidades que se propagaram de maneira concentrada ao redor dos rios, as cidades europeias cres- ceram de forma espalhada. No Brasil, a ação da concentração em áreas urbanas e rurais se iniciou quando o território ainda era uma colônia europeia, antes mesmo da definição da maioria das atuais fronteiras. O Brasil, até a metade do século XIX era um país eminente mente agrário, onde apro- ximadamente 10% da população brasileira moravam em áreas urbanas e apenas quatro cidades brasileiras possuíam mais que 100 mil habitantes: Rio de Janeiro (691 mil habitan- tes), São Paulo (239 mil habitantes), Salvador (205 mil habitantes) e Recife (113 mil habi- tantes) (Santos 1998). São apresentados na Tabela 1 os dados do IBGE(2010) referentes à população brasi- leira no período entre os anos de 1872 até 2010. Período PoPulação (habitantes) 1872 9.930.478 1890 14.333.915 1900 17.438.434 1920 30.635.605 1940 41.236.315 1950 51.944.397 1960 70.992.343 1970 94.508.583 1980 121.150.573 1991 146.917.459 2000 169.590.693 2010 190.755.799 tabela 1 – População Brasileira Fonte:iBGe, 2010 Como pode ser observado pelosdados apre- sentados na Tabela 1, foi ao longo do século XX que houve elevado aumento da popu- lação, foi também neste período que um grande número de cidades nasceu, cresce- ram e se desenvolveram. Pós-Graduação | Unicesumar 17 Segundo Oliveira (2001), foi neste século que o país mais se urbanizou. O mesmo autor também enfatiza que o Brasil é um dos países que se urbanizou mais rapidamente em com- paração aos demais países do mundo. Em 50 anos se transformou em um país eminen- temente urbano, onde 82% da população moram em cidades. A industrialização também foi um marco para a história das cidades, e trouxe benefí- cios para o crescimento demográfi co. Esse grande crescimento da população urbana é consequência de progressos científi cos e técnicos realizados a partir da metade do século XVIII (HAROUEL, 1990). O aumento de população, tanto urbana quanto rural, ocorreu devido à diminuição da taxa de mortalidade, maior produção de ali- mentos, melhoria sanitária, diminuição das epidemias, avanço da medicina. Este mecanismo de crescimento dá origem a uma mudança da composição interna - aumenta a porcentagem da po- pulação jovem, pela queda da mortalidade infantil - e interrompe, sobretudo, o secular equilíbrio das circunstâncias naturais, pelo qual cada geração tendia a ocupar o lugar das precedentes e a repetir o seu destino. Sem cidades não há civilização! Fonte: A autora. Como citado em Brasil (2001, p. 9): A cidade é fruto do trabalho coletivo de uma sociedade. Nela está materializada a história de um povo, suas relações sociais, políticas, econômicas e religiosas. Sua exis- tência ao longo do tempo é determinada pela necessidade humana de se agregar, de se interrelacionar, de se organizar em torno do bem estar comum; de produzir e trocar bens e serviços; de criar cultura e arte; de manifestar sentimentos e anseios que só se concretizam na diversidade que a vida urbana proporciona. Todos buscam uma cidade mais justa e mais democráti- ca, que possa de alguma forma, responder a realização dos nossos sonhos. Nesta evolução de desenvolvimento das cidades, as economias modernas procu- raram, por meio da especialização de suas atividades, fazer o melhor uso de seus re- cursos produtivos. Deste modo, cada região procura produzir o que tem de melhor, ou o que tem mais vocação, e através do câmbio com outras regiões, igualmente especializa- das, buscam satisfazer as necessidades de seus habitantes (MELLO, 1975). Tal fator cria certa interdependência entre as diferentes regiões ou nações, as quais passam a de- pender umas das outras, originando o fl uxo de transportes. O transporte urbano é uma atividade essencial que abrange toda a mo- vimentação de pessoas e mercadorias nas nossas cidades, e forma o elo na cadeia de desenvolvimento das cidades, sem o qual levaria as mesmas à crise. Administração e Gestão de Trânsito 18 cabe aqui salientar que o trânsito é uma atividade essencial. De fato, ele representa importante elemen- to transformador do cenário econômico mundial. Ele se constitui também de forte receita de trocas para as nações desenvolvi- das e em desenvolvimento, é fonte geradora de empregos diretos e indiretos, explorador de potencial agrícola, turístico e comercial, enfim possibilita melhores condições de vida das populações (MELLO, 1975). No entanto, apesar da grande contribuição social e técnica para a sociedade, o trânsito e o transporte trouxeram também alguns problemas. No Quadro 1 se apresentam os efeitos ambientais e externos do transporte, segundo pesquisas de Bovy (1990), Button (1993), Miller &Moffet (1993), Verhoef (1994) e Litman (1996), estes autores foram pesqui- sados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2003). bovy (1990) button (1993) Miller &Moffet (1993) verhoef (1994) litMan (1996) Poluição do ar Poluição do ar Energia Congestionamento Acidentes Ruído Água Congestionamento Acidentes Congestionamento Solo Solo Estacionamento Poluição Estacionamento Lixo sólido Lixo sólido Vibração Ruído Uso do solo Acidentes Acidentes Acidentes Estacionamento Valor da terra Energia Ruído Ruído Recursos naturais Poluição do ar Paisagem Destruição urbana Poluição do ar Lixo Ruído Congestionamento Poluição da água Efeito “barreira” Recursos naturais Perda de solo Impacto visual Efeito “barreira” Construções históricas Poluição da água Valor da propriedade Lixo sólido Expansão urbana Quadro 1- efeitos ambientais e externos do trânsito Fonte: iPea, 2003. Pós-Graduação | Unicesumar 19 ao observar os efeitos ambientais pesquisados na literatura técnica, podemos enxergar um grande con- junto de elementos que o trânsito pode influenciar negativamente para o desenvol- vimento das cidades, mas os que estão em destaque, tanto pela visibilidade quanto pela natureza mais tangível são o congestiona- mento, a poluição e os acidentes. Os acidentes têm particular importância entre os fatores negativos produzidos pelo trânsito, não somente pelos custos econô- micos provocados, mas, sobretudo, pela dor, sofrimento e perda de qualidade de vida imputados às vítimas, seus familiares e à so- ciedade como um todo (IPEA, 2003). Os problemas não estão somente nos acidentes ocasionados, mas no individualis- mo e estresse dos condutores, na violência e perda de pessoas no trânsito, nos impactos ambientais e urbanísticos, nos altos custos no setor de saúde pública entre outros, pois as cidades nem sempre estavam preparadas para atender tal demanda de veículos, pois o planejamento de políticas públicas urbanas e viárias não cresceu no mesmo ritmo, acar- retando em problemas sociais. Por isso, a implantação de um sistema de transportes deve ser calcada em um plano que racionalize a aplicação dos investimentos otimizando a colocação dos escassos recursos disponíveis. Erros de planejamento dos siste- mas de transportes provocam consequências irremediáveis a toda camada social, tais como: elevação dos custos de produção, desvalori- zação de áreas urbanas, prejuízos à paisagem, má localização industrial, enfim, problemas ir- remediáveis e de elevado custo social. No ano de 2005, foi inserida no Brasil a Lei Federal Nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Esta Lei introduz o biodiesel na Matriz Ener- gética brasileira. A mesma é importante, pois permite ao país melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes, é claro que deve-se tam- bém incentivar o uso do transporte coletivo. Podemos afirmar que um grande passo para os ganhos ambientais foi dado, uma vez que o uso do biodiesel pode diminuir a poluição entre 65% e 72% se comparado ao diesel de petróleo. Além de ser isento de enxofre, reduz significativamente os demais poluen- tes emitidos pelo diesel fóssil, inclusive os cancerígenos. Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em:12 out. 2014 Administração e Gestão de Trânsito 20 Diante do que foi abordado sobre a criação e função das cidades, bem como sobre os impactos que o homem provoca na cidade, seja por meio do uso excessivo do ve- ículo, seja por falta de cultu- ra, vamos falar um pouco de uma cidade que está sendo construída com o objetivo de não poluir. O projeto está em andamento desde o ano de 2008. Masdar (a fonte), uma cidade no emirado de Abu- Dhabi, no golfo Pérsico é a “primeira cidade do mundo com neutralidade na emis- são de carbono, é uma cida- de moderna com um con- sumo de energia per capita nove vezes inferior ao que se tem nos Estados Unidos. Os planejadores a concebem como um núcleopara o de- senvolvimento de tecnologia ‘verde’. Foi projetada pensando no mais vulnerável no trânsito “o pedestre”, estão desenvol- vendo um sistema de trân- sito rápido individual – mini vagões sobre trilhos – que oferecerá uma mobilidade comparável a andar num va- gão de metrô particular. O projeto, que pode ser consi- derado um verdadeiro expe- rimento social com centenas de cobaias humanas, foi de- senhado pelo arquiteto bri- tânico Norman Foster. Entre os recursos disponíveis aos residentes estão carros elé- tricos que se movimentam sem o auxílio de motoristas, ruas resfriadas por uma gi- gantesca torre eólica e até mesmo uma “polícia verde” responsável por gerenciar o gasto de energia dos mora- dores. Fonte: Adaptado de: <http:// www.tecmundo.com.br/futuro/ 9871-masdar-city-bem-vindo-a- cidade-do-futuro.htm>. Acesso em: 15 set. 2014. Devido a tantos fatores envolvidos no trânsito de uma cidade e que podem ocasionar problemas irre- versíveis, é que a administração e a gestão de trânsito se fazem tão necessária, ou seja, é por meio do planejamento dos transportes, abordando criteriosamente todos os aspec- tos positivos e negativos de sua execução que se faz de maneira ímpar a coordenação de planos baseados na realidade de toda a população. Por isso, os transportes e os demais setores da economia formam um todo, não sendo possível dissociar as implicações dos sistemas de movimentação de pessoas e bens da restante atividade econômica. Pós-Graduação | Unicesumar 21 planejamento dos transportes no brasil histórico dos planos no brasil "Em uma apreciação geral, pode-se afi rmar que a prática do planejamento de transportes no Brasil não é tão nova assim. Desde o Império, a adoção de planos de viação foi preocupação de muitas personalidades, embora a história tivesse de esperar até o início da República para que o Estado brasileiro tomasse alguma iniciativa com vistas a preparar planos. Após a frustração com relação ao primeiro plano geral, fruto de uma comissão composta em 1890, continuou-se a adotar programas independentes para cada modal, e somente em 1934 o país adotou formal- mente um Plano Geral de Viação. A prática de planejamento, mais sistemática e recorrente, iria, contudo, começar após a Segunda Guerra e se consolidar, defi nitivamente, no Regime Militar, onde gozou de alguma estabilidade institucional". (GEIPOT, 2001, pg. 434) Administração e Gestão de Trânsito 22 neste tópico, será apresentada uma linha do tempo relacionando a questão de planejamento nacional, regional e municipal brasileiro. Dentre os anos de 1926-1930 no Governo de Washington Luís, devido ao fracasso que assolava as estruturas do setor ferroviário, foi imprescindível investigar modos alternativos de transportes de longa distância, com isso, houve grande investimento para o desen- volvimento das rodovias brasileiras. Vale destacar os seguintes planos desenvolvidos: Nos anos 1926 e 1927 foram estabele- cidas as bases da Rede Rodoviária do Brasil, com o Plano Catrambi, que criou as cate- gorias de estradas Federais ou troncais de penetração e Estradas Estaduais ou de união dos estados (SEMAN apud DNIT, 19??). No ano de 1927, no Plano de Luis Schoor, Ministro da Viação e Obras Públicas criou o Fundo Especial para a Construção e Conservação de Estradas de Rodagem, um imposto adicional sobre os combustíveis e veículos importados. Para o presidente Washington Luís, além de "abrir estradas", era preciso "construir estra- das para todas as horas do dia e para todos os dias do ano" e, ainda: a rodovia seria um elo com as ferrovias, sua plataforma de governo enfatizava “Governar é abrir estradas” (Paula, 2006). No ano de 1930, em que Getúlio Vargas destituiu o Presidente Washington Luís, exis- tiam 2.255 km de estradas de rodagem e 5.917 km de estradas carroçáveis, em mau estado de conservação (SEMAN apud DNIT, 1934). Ou seja, o Brasil não entrou, nos anos 30, no que se poderia chamar de era rodoviária. No entanto, no ano de 1934 foi aprovado pelo governo um plano geral de viação na- cional (Figura 2), o qual se contempla todas as modalidades de transporte, porem ainda existia prioridade à cabotagem e à navega- ção fluvial sobre as rodovias, e preferência total era atribuída às ferrovias (GALVÃO, 1996), estas últimas vistas pela comissão encarre- gada da elaboração do plano como a única modalidade de transporte que "poderia satisfazer como solução definitiva no esta- belecimento dos grandes troncos da viação nacional" (BRASIL, 1974, p. 125). Pós-Graduação | Unicesumar 23 Figura 2 –Plano Geral de Viação nacional Fonte: DNIT(1934) Porém, mais precisamente na década de 1940 foi que se iniciou o pensamento dos gestores brasileiros na implantação de planejamento econômico nacional. Nos anos entre 1946 e 1947 (Governo Dutra) foi elaborado o plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transportes e Energia), onde se previa a aplicação de in- vestimentos na ordem de 500 milhões de dólares somente no setor de transportes (MELLO, 1975), contudo este plano não foi amplamente implementado devido às ques- tões de caráter financeiro e de aumento de dívidas externas. Segundo Almeida (2005), foi no governo de Juscelino Kubitschek, no período de 1956 a 1960, que ocorreu a elaboração do Plano de Metas do Governo, constituído o primeiro plano brasileiro a ser efetivamente executado. As metas foram coordenadas entre o setor público e o privado, estimulando à indus- trialização, e visava à eliminação de pontos de estrangulamento na infraestrutura e na demanda de vários setores da economia, for- mação de recursos humanos, financiamento público, empréstimos externos, investimen- tos privados, abertura ao capital estrangeiro. O plano foi formado por trinta metas a serem atingidas em cinco anos e repartidas em cinco segmentos: energia, transportes, alimentação, indústrias de base e educação (formação de pessoal técnico). O setor de transportes estava em segundo lugar no in- vestimento, representando 29,6% do total, porém, de forma indireta, o impulso pela industrialização atingiu este setor, pois o desenvolvimento da ocupação automobi- lística gerou a necessidade de investimentos crescentes para a melhoria e construção de rodovias (MELLO, 1975). No período datado entre 1961 e 1964 foi proposto o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, no Governo Goulart, im- plementado de forma incompleta, visava superar desequilíbrios estruturais da eco- nomia brasileira; reforma fiscal, redução do dispêndio público e mobilização de recur- sos externos. Administração e Gestão de Trânsito 24 nos anos de 1964 a 1967, o Governo Castelo Branco instituiu o Plano de Ação Econômica do Governo o qual estabelecia uma ampla reforma da política econômica e de seus instrumentos básicos, como início de uma forte expansão do setor estatal, com criação de empresas públicas e forte intervencionismo e centralização econômica. No ano de 1965, o Governo Federal esta- beleceu o Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (GEIPOT), criado pelo Decreto nº 57.003, de 11 de outubro de 1965 onde iniciou um estudo profundo e exaustivo dos transportes nacionais. A direção superior era formada pelo Ministro da Viação e Obras Públicas, Ministro de Estado da Fazenda, Ministro Extraordinário para o Planejamento e Coordenação Econômica e pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, confor- me foi sugerido pelo Acordo de Assistência Técnica firmado naquele ano entre o governo brasileiro e oBanco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) (GEIPOT, 2011). No ano de 1968, cobrindo o período de 1968 a 1970 (Governo Costa e Silva) foi lançado o Programa Estratégico de Desenvolvimento com o objetivo de acelerar o desenvolvimento regional, com o intuito de conter a inflação. O plano setorial de transportes distinguia duas áreas de ação: política de investimento e de tarifas, ficando assegurada aos usuários dos transportes a liberdade de escolha dos serviços. Em 1970, foi apresentado no Governo Médici, o Programa de Metas e Bases para a Ação do Governo, com diretrizes gover- namentais para a elaboração de um novo orçamento plurianual, com orientação para quatro áreas prioritárias: sendo a primeira grande área de educação, saúde e saneamen- to; a segunda de agricultura e abastecimento; a terceira de desenvolvimento científico e tecnológico; e por fim, de fortalecimento do poder de competição da indústria nacional (ALMEIDA, 2005). Nos anos de 1972 a 1974, o Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, conjeturou grandes investimentos no setor de transportes, visando permitir um fluxo de movimentação, o que resultou em cor- redores de exportação, telecomunicações e expansão dos investimentos estatais e uso da capacidade regulatória do Estado. O plano preconizou o crescimento anual a taxas de 9 a 11%. O GEPOIT intuído em 1969 foi converti- do em órgão do Ministério dos Transportes, e em 1973 originou-se a Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes pela Lei nº 5.908, de 20 de agosto de 1973, preservan- do a sigla GEIPOT. Um dos principais objetivos da Empresa Brasileira de Planejamento e Transportes é dar apoio técnico e administrativo aos órgãos do Poder Executivo que tenham atribuições de formular, orientar, coordenar e executar a política nacional dos transportes, bem como Pós-Graduação | Unicesumar 25 promover, executar e coordenar atividades de estudos e pesquisas necessárias ao pla- nejamento de transportes no País. Em setembro de 1973, também foi ins- tituída a Lei no. Nº. 5917 do Plano Nacional de Viação que trata o artigo 8º., item XI da Constituição Federal que complementa a conceituação geral do Sistema Nacional de Viação, do Sistema Nacional de Transportes Urbanos e articulação dos sistemas viário federal, estadual e municipal. E entre os anos de 1974-1979 do Governo Geisel, foi elaborada a parte II do Plano Nacional de Desenvolvimento, o qual previa a integração de rodovias nacionais, destacando também o desenvolvimento das indústrias siderúrgicas e petroquímicas, o programa do álcool e construção de hidrelétricas, como Itaipu. No ano de 1975, no Governo de Ernesto Geisel, foi aprovada a Lei Federal nº 6.261. Esta lei autorizava a criação da Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos (EBTU), como com- plementação da Lei Federal nº 5.917 de 10 de setembro de 1973 a qual instituía o Plano Nacional de Viação. A EBTU foi criada com a finalidade de promover a efetivação da política nacional dos trans- portes urbanos e reunia em seu corpo pessoas altamente qualificadas, focada na estrutura centralizada de planejamento, repasse de recursos e controle da execução de projetos de infraestrutura de transporte urbano Fonte: ANTP, 2013. No Governo de Figueiredo em vigência entre os anos de 1979 e 1985, por motivos de crise econômica, encerrou-se um ciclo de trinta anos do Plano Nacional de Desenvolvimento (I; II e III). A ele incidiu meros planos de esta- bilização macroeconômicos, até meados dos anos 90 (ALMEIDA, 2005). No ano de 1988 foi estabelecida CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exer- cício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o de- senvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pací- fica das controvérsias. Para Moraes (1995) em uma rápida análise Administração e Gestão de Trânsito 26 sobre a divisão de competências prevista nesta Constituição Federal pode-se afirmar que a União não detém de outras compe- tências senão daquelas que lhe são deferidas expressamente pelo texto constitucional. No tocante, porém, aos Estados-membros, apesar de possuírem algumas competências descritas explicitamente no artigo 25, inciso 1º, a grande fonte de sua competência: “§ 1º - São reservadas aos Estados às com- petências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”. Moraes (1995) complementa ainda que, em relação aos Municípios a Constituição adota a técnica de enunciar competências explícitas, além de fornecer um critério para determinar capacidades, por meio da cláu- sula "assuntos de interesse local", conforme o Art. 30, o qual promulga a competência aos municípios: I - Legislar sobre assuntos de interesse local". Neste contexto faz-se necessário iden- tificar a Pessoa Política competente para disciplinar regra sobre trânsito e transporte intermunicipal. Nesta Constituição de 1988 também foi estabelecido o Plano Plurianual (PPA) que es- tabelece os projetos e os programas de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação pública para um período de quatro anos. Cada PPA deve conter diretrizes para a organização e execução dos orçamen- tos anuais e a vigência de um plano deve começar no segundo ano de um governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o objetivo explícito de permitir a con- tinuidade do planejamento governamental e das ações públicas; o primeiro PPA foi ela- borado para o período 1991-1995. Como citado anteriormente, a criação da EBTU foi importante para o desenvolvi- mento da política nacional dos transportes urbanos, porem no ano de 1991, no então governo de Fernando Collor, foi extinta. A jus- tificativa foi que ao cumprir o Art. 30, Inciso V da Constituição Federal de 1988, que dá aos municípios a competência da gestão do transporte urbano e de prestar os serviços de transporte coletivo, direta ou indiretamen- te, por meio de concessões, achou que não se fazia mais necessária a continuidade de uma estatal com a mesma finalidade, redu- zindo o déficit fiscal e das responsabilidades financeiras federais com o transporte urbano (ANTP, 2013). Podemos dizer que por não mais haver uma estrutura forma que permitisse uma efe- tivação da política nacional dos transportes urbanos, houve um regresso ou um “vazio”- de gestão, mais especificamente entre os anos de 1991 e 2012, pois não existia uma metodologia voltada as questões de transi- to e transporte das cidades. Acredito que, por enxergar esse gargalo na legislação, no ano de 2012 foi institu- ída a Lei Federal nº 12.587/2012, a qual designa a Política de Mobilidade Urbana. Um marco regulatório que impõe uma polí- tica de mobilidade com qualidade, associada a integração de transportes e melhoria da acessibilidade. Pós-Graduação | Unicesumar 27 estatuto das cidades Como apresentado no tópico anterior para as cidades se desenvolverem, elas precisam estar baseadas em planos para que o seu crescimento seja ordenado e sustentável. Por isso, fora estabelecida a Lei Nº 10.257, de 10 de julho de 2001, mais conhecida como Estatuto da Cidade, que constitui, sem dúvida alguma, um dos maiores avanços legislativos consolidados nos últimos anos, poisregula- menta os instrumentos de política urbana que devem ser aplicados tanto pela União, como pelos Estados e Municípios. IBAM (2005) salienta que a concepção do Ministério das Cidades juntamente com os anseios que toda sociedade deseja é de suma importância para a melhoria e desen- volvimento das cidades no futuro. E, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida nas cidades é que a realização das Conferências das Cidades foi e é fundamental, pois são re- alizados inúmeros encontros sobre políticas urbanas, enfatizando a necessidade de novas visões e ações para melhoria nas cidades. Os primeiros esforços se dirigiram na defi nição de diretrizes nacionais que destacaram a relação dos transportes com a política do uso do solo e habitação, por isso o Estatuto das Cidades, em suas Diretrizes Gerais, no Art. 1º, institui: “Art. 1º -Na execução da política urbana, de que tratam os artigos. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 será aplicado o previsto nesta Lei. Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.” O artigo 182 constitui como uma política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- trizes gerais fi xadas em lei, a qual tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Oliveira (2001) complementa que o que garante uma gestão mais sólida do município é defi nir bases para a mesma, e que o plano diretor, se faz um ins- trumento básico para tal. Já, o artigo 183 estabelece que todo aquele que possuir como sua área urbana de até du- zentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utili- zando-a para sua moradia ou de sua família, adquirirá o seu domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Administração e Gestão de Trânsito 28 novamente Oliveira (2001) comenta este artigo, enfatizando que o mesmo abriu a possibilidade de regularização de extensas áreas de nossas cidades ocupadas por favelas, vilas, alagados ou invasões, bem como loteamentos clan- destinos espalhados pelas periferias urbanas, transpondo estas formas de moradia para a cidade denominada formal. No capítulo II, Art. 23, aborda quais são as competências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ad- vertindo no inciso XII o estabelecimento e implantação de políticas de educação para a segurança do trânsito. E para que possa- mos gerenciar este trânsito, devemos saber quais são as competências exigidas pelos municípios segundo a legislação, que no Capítulo IV Art. 30. inciso V apresenta estas responsabilidades: Compete aos Municípios: organizar e prestar, diretamente ou sob regime de con- cessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte co- letivo, que tem caráter essencial. Porém, quando olhamos para as nossas cidades brasileiras e como o transporte público urbano (TPU) tem se desenvolvido nas mesmas, observamos um empobreci- mento no uso dos TPU, e pesquisas do IPEA (2004) comprovam tal fator, quando citam que tal declínio é expresso pela queda da demanda e da produtividade dos serviços, e de instabilidade institucional, no que se refere à adequação das relações entre os agentes públicos e privados à atual legislação de concessões. A maioria dos sistemas não está ancorada em base contratual sólida ou, nos casos em que as relações são regidas por algum tipo de contrato, estes foram firmados sem o suporte legal e, muitas vezes, encon- tra-se em caráter precário. Tal situação produz um cenário nada propício ao desenvolvimen- to setorial, resultando no desinteresse dos agentes, especialmente os privados, em pro- mover investimentos ou buscar melhorias na qualidade da prestação dos serviços. Isso se deve pela falta de conhecimento das leis por parte de muitos agentes públi- cos e até mesmo pela falta de fiscalização neste segmento. No entanto, nós como pen- samos em trabalhar para atender aos anseios de toda a sociedade, devemos conhecer as leis e trabalhar para que as mesmas sejam para favorecer o bem comum. Aqui estão ex- postas as leis voltadas para a administração e gestão do trânsito nas cidades, principal- mente quando observamos as diretrizes gerais apresentadas pela Constituição, em seu Capítulo I, Art. 2º a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi- mento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais, sendo elas: Pós-Graduação | Unicesumar 29 I. Garantia do direito a cidades sustentá- veis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; II. Gestão democrática por meio da parti- cipação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, exe- cução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvi- mento urbano; III. Cooperação entre os governos, a ini- ciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; IV. Planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da po- pulação e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corri- gir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V. Oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às carac- terísticas locais; VI. Ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a. a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b. a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c. o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana; d. a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a pre- visão da infraestrutura correspondente; e. a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutiliza- ção ou não utilização; f. a deterioração das áreas urbanizadas; g. a poluição e a degradação ambiental; Silva Junior e Passos (2006) salientam que três principais diretrizes devem ser destaca- das: o desenvolvimento sustentável, a gestão democrática e o planejamento do desenvol- vimento das cidades. Contudo, as cidades sustentáveis devem ser percebidas como aquelas que praticam políticas urbanas baseadas no concei- to de desenvolvimento sustentável e que possui mecanismos de gestão que possibi- litam o acesso de todos os cidadãos, desta e das futuras gerações, aos bens e equipa- mentos públicos e às riquezas naturais. Ou seja, que possibilitem uma gestão demo- crática, ouvindo as necessidades tanto do governo como da população, até mesmo, Administração e Gestão de Trânsito 30 nos processos de tomada de decisão, para a formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desen- volvimento urbano. Por fim, o planejamento e desenvolvimen- to das cidades devem estar focados na justa distribuição espacial da população e das ativi-dades econômicas, não somente do território do município, mas também da área sob sua influência, com vistas a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente (SILVA JUNIOR E PASSOS, 2006). Conhecendo as leis devem-se realizar proje- tos que favoreçam o bem comum, todavia, os órgãos gestores possuem certas fragilida- des, estas podem ser de recursos humanos para que o projeto entre realmente em ação, e outras pela própria escassez de recursos financeiros no atendimento às demandas por investimentos colocam o desafio do desenvolvimento de novas políticas e instru- mentos para alcançar eficiência (via redução de custos e tarifas) e eficácia (via aumento da oferta e da qualidade) na prestação desse serviço público de caráter essencial, como define a Constituição Federal (IPEA, 2004). Mas, ainda calcado na Constituição em seu Art. 3º, cabe à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana em seu inciso IV, instituir diretrizes para o desenvolvimen- to urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos, elaborando e executando planos nacionais e regionais. Ou seja, o estatuto da Cidade serve como guia para que os gestores em sua prática conheçam e o implementem na direção de uma cidade mais eqüitativa, sustentável e democrática. E como definido no próprio ESTATUTO DA CIDADE: guia para implementação pelos municípios e cidadãos, (Brasil, 2001), é um material no qual está expressa uma concep- ção de cidade e de planejamento e gestão urbana – e uma série de instrumentos que, como a própria denominação define, são meios para atingir as finalidades desejadas. Entretanto, delega –como não podia deixar de ser – para cada um dos municípios, a partir de um processo público e democrá- tico, a explicitação clara destas finalidades. Neste sentido, o Estatuto funciona como uma espécie de “caixa de ferramentas” para uma política urbana local. É a definição da “cidade que queremos”, nos Planos Diretores de cada um dos municípios, que determinará a mo- bilização (ou não) dos instrumentos e sua forma de aplicação. Fazer a lei ser implementada, universalizando a aplicação de seus princípios na reconstru- ção do território do país, é o desafio que marcará os primeiros anos de vigência do Estatuto da Cidade. Pós-Graduação | Unicesumar 31 Ministério das Cidades: incentivo ao plane- jamento urbano nos municípios brasileiros No ano de 2003 foi criado o Ministério das cidades com o intuito de incentivar, ou co- brar um melhor planejamento urbano nas cidades brasileiras. Teve o propósito de inse- rir uma nova cultura gerencial, pois permitiu aos municípios menos favorecidos exercer ações que permitem melhor diagnosticar seus problemas, baseados em evidencias reais e assim requerer apoio do Governo Federal e Estadual. A Secretaria Nacional de Programas Urbanos (SNPU) – sob domínio do Ministério das Cida- des apoia e coordena ações relacionadas ao planejamento urbano e tem buscado, desde sua concepção, mobilizar, sensibilizar e capa- citar os municípios, bem como disponibilizar meios e recursos para que estes consigam efetivar uma política urbana em consonância com o Estatuto da Cidade. Fonte: Adaptado de: <http://www.cidades.gov.br/ index.php/o-ministerio.html>. Acesso em: 12 out.2014. plano diretor como citado no tópico anterior, o Estatuto da Cidade é o passaporte a ser utilizado pelos municípios para o futuro das cidades, e este está acompanha- do por diretrizes e instrumentos que cada gestor ira utilizar por meio da elaboração do Plano Diretor. Cada cidade possui o seu próprio plano diretor, pois neste devem estar todos os di- recionadores para o desenvolvimento e expansão urbana do local. O Plano Diretor é definido pelo Estatuto da Cidade, artigo 40 como o “instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana” do município. Entretanto, nem todas as cidades possuem o plano diretor, mas existe obrigatoriedade de possuí-lo (segundo o Estatuto das Cidades), as cidades que: • Possua acima de 20 mil habitantes; • Faça parte de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas; • Cidades turísticas ou com obras de grandes magnitudes que venha a colocar em risco o meio ambiente ou que modifiquem muito a região, como por exemplo, usinas hidrelétricas; e os • Municípios que nãose incluem em qualquer destas categorias precisam dispor obrigatoriamente de um Plano Diretor, se o poder público pretender aplicar os instrumentos previstos no capítulo de Reforma Urbana da Constituição de 1988. Administração e Gestão de Trânsito 32 o município que não cumprir as exi-gências contidas na Constituição fica impossibilitado de participar de programas e buscar amparos financeiros do governo Estadual e Federal. Uma questão, então as cidades que não se encaixam nesta obrigatoriedade não devem ter um plano diretor? Com certeza devem ter, pois é somente por meio deste plano que se é possível utilizar as regras do estatuto das cidades e possibili- tar que as nossas cidades sejam planejadas para o futuro baseadas em dados e fatos para decidir como melhorar as condições de vida de todos os cidadãos. Por isso deve ser re- alizado de maneira democrática, de modo a traduzir os anseios de todos os cidadãos sobre o desenvolvimento municipal e englo- bar o território do município como um todo. No Capítulo III, Artigo 40, inciso 2º e 3º imputa que a lei que instituir o plano diretor deve ser revista, pelo menos, a cada dez anos devendo o plano plurianual, as diretrizes or- çamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. No que se refere à elaboração do Plano diretor e à melhoria da mobilidade nas cidades, o Ministério das Cidades pressupõe a realização de, pelo menos, quatro etapas: metodologia, leitura da realidade municipal, seleção e compactuação de temas prioritá- rios e elaboração do projeto de lei do plano diretor, assim como, o estímulo em ações de mobilidade, onde estabelece por meio do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade (PlanMob), as ações futuras no campo da mobilidade em municípios (áreas urbanas e rurais) e regiões metropolitanas. A metodologia nada mais é do que o caminho a ser percorrido para a análise da cidade, ou seja, quais passos os gestores deverão seguir para um melhor desempe- nho de seu trabalho. Neste caminho se define o processo de elaboração do plano diretor, bem como um cronograma de atividades, onde são estabelecidos os prazos para im- plementação de mudanças de acordo com a realidade local, bem como na análise dos custos, e quem serão as pessoas que coorde- narão este processo de elaboração (Núcleo Gestor Local). Para Silva Júnior e Passos (2006), a leitura da realidade municipal contempla a leitura técnica e a leitura comunitária. Na leitura técnica é realizado o diagnóstico do município, por um pessoal especializado (técnicos), estes se baseiam em dados oficiais dos órgãos federais e estaduais, assim como os dados disponíveis na Prefeitura. Nesta análise são comparados os dados, juntamente com informações so- cioeconômicas, culturais, ambientais e de infraestrutura disponíveis sobre a área rural e urbana do município. Destes dados, elaboram- se gráficos, tabelas e, principalmente, mapas Pós-Graduação | Unicesumar 33 temáticos, que possibilitam a visualização es- pacial da realidade do município. A leitura comunitária se dá ouvindo os munícipes, contudo, oproduto da leitura técnica servirá como subsídio à realização da leitura comunitária, na verificação das condições que as atividades estão se de- senvolvendo, também são verificados os seguintes aspectos: infraestrutura existen- te (sistema viário, abastecimento d’água, energia elétrica, rede telefônica, saneamento, etc.), potencialidade econômica e compati- bilidade de uso do território. Após a análise da realidade do município, o desenvolvimen- to do plano diretor deve destinar espaços e fixar parâmetros de urbanização que viabi- lizem e ordenem as atividades econômicas. A terceira etapa, nomeada de seleção e compactuação de temas prioritários é onde se sistematiza todas as informações da comunidade, e deve ser priorizadas as potencialidades das cidades, posteriormen- te deve ser apresentado à comunidade, de forma a gerar debates que venha a analisar a cidade em sua totalidade (problemas e pro- postas de melhorias). Por fim, na elaboração do projeto de lei do plano diretor devem estar contidos quais são os princípios e objetivos gerais da po- lítica urbana, bem como o ordenamento territorial, com as macrozonas, zonas e zonas especiais; parâmetros de uso e ocupação do solo; definição de objetivos, diretrizes e ações estratégicas para as políticas relacionadas ao desenvolvimento urbano; instrumentos de planejamento jurídicos, urbanísticos, tri- butários e de democratização que venham a ser utilizados na política urbana; e, por fim deve estar bem definido como será realiza- da a gestão da política territorial, ou seja, um desenho do sistema de planejamento. Este projeto é discutido e aprovado por um conselho intitulado Conselho da Cidade em conferência municipal, isso numa instan- cia menor, pois posteriormente, ele deverá ser encaminhado ao Poder Legislativo para outra discussão e aprovação, só após este processo é que este projeto é sancionado pelo Prefeito e publicado, quando entrará em vigor. No Estatuto da Cidade, Capítulo III, no artigo 41, § 2º, determina que em cidades que possuam mais de quinhentos mil habitan- tes, deverá também ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido. Tal dis- posição foi complementada pela Resolução nº 34, de 01 de julho de 2005, do Ministério das Cidades, e a aprovada pelo Conselho das Cidades que, no art.8º, diz: nos casos pre- vistos pelo art. 41 do Estatuto da Cidade, o Plano de Transporte Urbano Integrado, ora denominado de Plano Diretor de Transporte e Mobilidade, deverá contemplar os seguin- tes princípios e diretrizes gerais: Administração e Gestão de Trânsito 34 o art. 9º da mencionada Resolução complementa: “os princípios e di-retrizes expostos no art. 8º deverão ser considerados na elaboração dos Planos Diretores municipais ao tratar dos temas da mobilidade urbana”. Estas disposições evidenciam a preocupação com a neces- sária coerência que devem observar os Planos Diretores e os Planos de Transporte e Mobilidade (IBAM, 2005), por isso é neces- sário que o planejamento do uso do solo e dos transportes estejam relacionados. A busca por melhores condições nas cidades deve atender as diretrizes de Política Municipal para os Sistemas Viário (visando o Plano diretor), de Transporte Público e de Trânsito e do Estatuto das cidades, pôde-se per- ceber que tal elaboração é minuciosa, exigindo que todos os envolvido na gestão municipal se comprometam na busca da eficácia dos ele- mentos constituintes de um município, por isso, um Plano diretor que não respeita as ca- racterísticas locais pode se transformar num grande empecilho para o desenvolvimento local. Ou seja, não existe uma cidade que tenha um sistema de trânsito ideal. Cada município possui particularidades, cada qual com seus próprios problemas, necessitando, no entanto, procurar soluções adequadas a eles. Por isso a Lei do Sistema Viário de um Município deve ter por objetivo hierarqui- zar, dimensionar e disciplinar o sistema viário básico, desenvolvendo mapas de Hierarquia da Rede Viária Urbana do Município e de seus distritos e os perfis viários. Deve sempre reforçar que o serviço ofe- recido no sistema de trânsito deve focar o usuário, este não deve ser visto apenas como um consumidor, que compra pela segurança almejada no trânsito, e sim como um cidadão, que tem por direito utilizá-lo em condições seguras, e mantê-lo em condições seguras é dever dos órgãos e entidades componentes do SNT, que devem adotar as medidas cabí- veis a assegurar esse direito conforme imputa o CTB em seu primeiro capítulo. Outro fator a ser novamente destacado, é a necessidade da participação da sociedade para se conseguir viabilizar, no território mu- nicipal, as diretrizes contidas no Estatuto da Cidade, pois o objetivo do Plano Diretor não é resolver todos os problemas da cidade, mas sim ser um instrumento para a definição de uma estratégia para a intervenção imediata, estabelecendo poucos e claros princípios de ação para o conjunto dos agentes envolvidos na construção da cidade, servindo também de base para a gestão pactuada da cidade. Pós-Graduação | Unicesumar 35 considerações finais Podemos afirmar que a maioria das cidades se desenvolveu ao redor de rios e estra- das. Ao analisarmos este desenvolvimento temos a capacidade de considerar que o ambiente pelo qual a cidade se inseriu favoreceu para o seu crescimento e o trânsi- to foi propulsor deste mecanismo. A necessidade de deslocamentos e de maneiras mais rápidas de se chegar a um destino fez com que o homem visasse o meio de transporte como um objeto de desejo, o qual, por meio do desenvolvimento indus- trial inchou muitas cidades, as quais não estavam preparadas, porém que subsidiou a necessidades de elaboração de planos viários que viessem resolver tal sistemática. Os planos voltados ao sistema viário foram desenvolvidos a partir da década de 20, mas por questões financeiras muitos ficaram apenas no papel, e por isso a partir da década de 40 os gestores brasileiros implementaram o planejamento econômi- co nacional, em que foi possível ratear os recursos para os vários setores necessários à melhoria da qualidade de vida e melhoria do desenvolvimento da população. É claro que o trânsito fez e faz parte deste contexto, por isso em 1965, foi estabeleci- do o Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (GEIPOT), que mais tarde veio a se tornar o Ministério dos Transportes que dá subsídios ao desenvol- vimento do transporte nacional e apoia tecnicamente o plano nacional de viação. Destes planos desenvolvidos, acredito que o estabelecido em 1988 foi o que veio a favorecer realmente toda a população brasileira, pois por meio da Constituição da República Federativa do Brasil, trabalhou-se a busca por um Estado Democrático, o que posteriormente veio a conceber Estatuto das Cidades que estabeleceu com- petências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios com relação à implantação de políticas de educação para a segurança do trânsito, bem como diretrizes que tracem uma radiografia das cidades que temos hoje, porém voltadas para o amanhã, para o futuro. Qual cidade você quer no futuro? Com certeza pensou na ideal para suas futuras gerações, para tal, o plano diretor é instrumento fundamental para que as nossas cidades sejam planejadas para o futuro baseadas em dados e fatos para decidir como melhorar as condições de vida de todos os cidadãos. Por isso, mãos à obra e bom trabalho para você! Administração e Gestão de Trânsito36 atividades de auto estudo 1. Ao estudarmos a história das cidades, podemos perceber que cada uma tem uma história diferente, algumas surgiram sem planejamento algum, mas a partir de um núcleo inicial, outras, como a cidade de Maringá- Paraná foram planejadas, o que consistiu no aproveitamento do seu aspecto geográfico. Assim, pode-se afirmar que as cidades puderam ter sua origem tanto espontânea como planejadas. Porém, mesmo sendo planejada, o aumento da população faz com que este planejamento seja desrespeitado, favorecendo ao crescimento desordenado da mesma. Partindo desta afirmativa, como você enxerga o planejamento de sua cidade? 2. Mesmo sendo planejada, você acredita que os meios de transportes influenciaram no surgimento e crescimento da cidade que você vive? Justifique. 3. No ano de 1988 foi estabelecida Constituição da República Federativa do Brasil, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. No que esta constituição contribuiu para o desenvolvimento das cidades brasileiras? 4. O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana do município, favorecendo aos gestores municipais um norte a ser seguido para o desenvolvimento de métricas de melhorias a fim de atingir as necessidades da população. Sua cidade possui plano diretor? Qual a preocupação deste plano com relação à infraestrutura viária? 5. Quando eu era criança, assistia diariamente o desenho “Os Jatsons”, e sempre imaginava que o futuro seria como aquele desenho, ou seja, todos teriam um carro espacial. Você também já pensou nisso? Mas se levarmos em consideração que 82% da população vivem em cidades, e que houvesse facilidade econômica para aquisição deste veículo, as nossas cidades continuariam a ter problemas de trânsito? Pós-Graduação | Unicesumar 37 Livro A Cidade e a Lei recupera a trajetória da legislação urbana na cidade de São Paulo, contando a própria história da cidade. Analisa os efeitos culturais, econômicos e políticos da legislação, e questiona a ideia de que a legislação urbana é um instrumento puramente técnico, sem implicações que trans- bordem para outros aspectos da questão urbana. Fonte: ROLNIK, Raquel. Cidade e a Lei: Legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. São Paulo: FAPESP - Studio Nobel, 1999. 242 p. Para saber mais detalhes da Lei Nº. 5917 que aprova o Plano Nacional de Viação e sobre a conceitu- ação e explicação do Sistema Nacional de Viação, acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5917.htm>. A respeito do ministério das cidades, que aborda a legislação urbana, bem como sobre o plano diretor, acesse: Ministério das cidades: <http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/legis- lacao/Lei10.257-01.pdf/view>. ESTATUTO DA CIDADE: Guia para implementação pelos municípios e cidadãos: <http://www.cni. unc.br/unc2009/mestrado/mestrado_materiais/estatuto_cidade_2002.pdf>. Web Gestão de Negócios 38 relato de caso A cidade de Cantagalo, no Rio de Janeiro, se planejou para o desenvolvimento do Plano Diretor. Nas ações de planejamento houve divulgação para que este processo fosse participativo. Nesta fase de divulgação, a prefeitura apresentou informações que para as pessoas re- almente se envolvessem com o crescimento e desenvolvimento sustentável da cidade, marcando assim reuniões com a população. A chamada foi a seguinte: “O Governo Municipal está convidando você a participar do planejamento de seu bairro, sua vila, seu distrito, seu município”. No site da cidade divulgou informações relevantes, explicando o que é o Plano Diretor, a importância deste plano, e a importância da participação da sociedade. É claro que, assim como muitas outras cidades, Cantagalo iniciou o processo de desenvol- vimento do Plano diretor pelo fato de existir uma legislação que obrigasse, até outubro do ano de 2006 que municípios com mais de vinte mil habitantes tivessem a aprovação do plano da câmara municipal. O processo de Cantagalo foi aprovado sob a Lei LC 001-2006. Esta Lei foi organizada em seis capítulos, organizando um plano de desenvolvimento co- erente e que visou fortalecer a busca por um crescimento organizado e coerente com as necessidades locais. Abaixo são apresentadas as informações contidas no Plano Diretor de Cantagalo-RJ. CAPÍTULO I - DA POLÍTICA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CAPITULO II - DAS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL - Seção I - Ampliar, diversificar e fortalecer as atividades agropecuárias e pesqueiras - Seção II - Reforçar a vocação mineradora do Município - Seção III - Estruturar o turismo sustentável - Seção IV - Fortalecer as atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços - Seção V - Proteger o patrimônio ambiental - -Seção VI - Qualificar os espaços urbanos, protegendo e valorizando o acervo urbanís- tico e arquitetônico de interesse cultural - Seção VII - Garantir a todos moradia digna - Seção VIII - Promover a melhoria do saneamento ambiental, da energia elétrica e ilumi- nação pública, do transporte coletivo e das comunicações - Seção IX - Oferecer acesso universalizado à educação e saúde de qualidade - Seção X- Universalizar as oportunidades de acesso à cultura, esporte, lazer e entretenimento - Seção XI- Implementar sistema de planejamento e gestão municipal e urbana partici- pativa e eficaz Pós-Graduação | Unicesumar 39 relato de caso CAPITULO III - DO ORDENAMENTO TERRITORIAL E URBANO - Seção I - Do Macrozoneamento - Seção II - Das Diretrizes de Uso e Ocupação nas Macrozonas Urbanas - Subseção I - Das Diretrizes de Uso e Ocupação na Macrozona Urbana 1 - cidade de Cantagalo - Subseção II - Das Diretrizes de Uso e Ocupação nas Macrozonas Urbanas 2 a 5 - Seção III - Do Sistema Viário CAPITULO IV - DOS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA - Seção I - Do Direito de Preempção - Seção II - Do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios - Seção III - Do Consórcio Imobiliário - Seção IV - Da Operação Urbana Consorciada - Seção V - Da Regularização Fundiária - Subseção I - Das Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS - Subseção II - Da Concessão Especial de Uso para Moradia Seção VI - Do Estudo de Impacto de Vizinhança CAPITULO V - DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO MUNICIPAL E URBANA CAPITULO VI - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS O desenvolvimento destas diretrizes é fundamental para que o Plano diretor acon- teça de forma ordenada, conforme rege o estatuto das cidades. Fonte: Caso real e adaptado pela autora de: <http://www.cantagalo.rj.gov.br/>. Acesso em:13 ago. 2014. 2 Contextualização do Sistema Nacional De Trânsito Me.Daiane Maria De Genaro Chiroli Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O Trânsito no Brasil • O Sistema Nacional de Trânsito • A Municipalização do Trânsito no Brasil • Coleta de dados para compreender a realidade de sua cidade objetivos de aprendizagem • Compreender a formação do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), bem como a função dos órgãos envol- vidos no SNT. • Apresentar a questão do trânsito brasileiro, e a impor- tância da municipalização nas cidades. • Apresentar a importância da coleta de dados para os gestores de trânsito. O Brasil é um país cheio de paisagens lindas e com uma miscelânea muito grande de culturas. Podemos fazer uma série de afirmativas e qualificações para o nosso país, assim como para o nosso povo brasileiro. Porém, quando estudamos e analisamos a realidade deste país enxergamos uma série de problemas,
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