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FIBROMIALGIA - Anamnese: Mulher 59 anos; profissão cabeleireira. Comparece a consulta por queixa de dor no corpo. Iniciou ha 3 anos, dor na área cervical, trapézios, com irradiação para a coluna torácica e lombar; ombros, mãos e joelhos (a dor vai se espalhando e amplificando). A dor é quase constante, variando a intensidade e até mesmo à noite, com sensação de rigidez matinal generalizada persistente (parece uma doença inflamatoria). Refere piora nos últimos 6 meses, com o aumento da intensidade da dor. Sem febre (paciente as vezes queixa de sensação de febre). Não queixa anorexia ou perda de peso. sono agitado, dificuldade em conciliar e despertares frequentes. Sente-se cansada, especialmente no final do dia. - Outros sintomas: dor de cabeça freqüente, dormência nas mãos de predominância noturna, dor abdominal intermitente e tonturas. - Antecedentes pessoais episódio depressivo há 5 anos após separação conjugal. Nega etilismo e tabagismo. Não há alergias a medicamentos. Usa ibuprofeno, paracetamol e diazepam com pouco alívio. Nenhum outro dado de interesse. - Pressão arterial: 130/70 mmHg. frequência cardíaca: 110 BPM. Peso: 65 kg. Altura: 165 cm. - Eutrofica; coloração e hidratação da mucosa normal. Cabeça e pescoço normais. ausculta cardiopulmonar: normal, exceto por taquicardia. - Abdômen: Normal. extremidades inferiores sem edemas. - Aparelho locomotor: -coluna alinhada. Dor nos processos espinhosos e trapezio. Mobilidade normal em todos os três segmentos. - Articular: mobilidade preservada, com dor a palpaçao, sem edemas, sem calor - Muscular: sem sinais inflamatorios, dor a palpacao superficial - Exame neurológico: nervos cranianos, tonus, força e sensibilidade normais Diagnostico? Artrite reumatoide Sindrome miofascial Fibromialgia Osteoartrite (dor nas articulaçoes) Outros? a) São necessários exames laboratoriais? sim b) Os exames de imagem pode ajudar no diagnóstico diferencial? c) Que testes adicionais são necessários? Hemograma (sempre) – VHS – PCR (sempre para todos os pacientes com dor musculo-esqueleticas) - Eletroforese de proteínas? (somente acima de 70 anos, com muuuuuita dor) - TSH/T4 livre? - Exames de imagem? Não são necessários (em idosos o VHS pode estar ligeiramente aumentado entre 20-40) Artrite reumatóide A artrite reumatóide (AR) é um processo inflamatório sistémico que afeta principalmente as articulaçoes sinoviais, o que resulta em uma poliartrite simétrica das articulações pequenas e médias. Sua evolução é crônica, e é acompanhada por várias manifestações extra-articulares e elevação de provas de fase aguda. Fator reumatóide (RF) ou anticorpo anti-CCP (APCC) são geralmente positivos. síndrome dolorosa miofascial. (SDM) É um processo de origem muscular localizada. Afeta qualquer músculo e simula quadro de dor de cabeça, cervicobraquialgia, dor nas costas, etc. Prevalência é muito elevada: representa 20-40% dos reumatismos de partes moles Ela está relacionada ao mecanismo de distúrbios postural, uso excessivo, excesso de esforço ou microtraumas.(dor mecanica) É freqüentemente associada com outros processos tais como osteoartrite e fibromialgia. O tratamento é direcionado para desativar o ponto de disparo – pontos de gatilho (por exemplo, a infiltração, estiramento e alongamento). Fibromialgia é uma síndrome de dor generalizada e difusa crónica, que é acompanhado por fadiga constante, distúrbio do sono e desordens de humor, e é caracterizada pela presença de pontos musculares dolorosos (hipersensibilidade à dor) . a etiologia é desconhecida, sem lesões estruturais ou alterações laboratoriais ou testes adicionais. A presença de dor generalizada e presença de pontos 11 FM ou mais dos 18 possíveis permite classificar um paciente com FM, de acordo com os critérios do American College of Rheumatology (ACR) 1990. Criterios do American College of Rheumatology (ACR)2010. Conceito Síndrome de amplificação dolorosa crônica, caracterizada por dor generalizada Para ser Crônica: dor deve estar presente de forma continua por pelo menos 3 meses Generalizada: ambos os lados do corpo; acima e abaixo da cintura, incluindo o esqueleto axial A maioria dos pacientes apresenta fadiga e distúrbio do sono e alterações do humor Fibromialgia Diagnostico de exclusão! Cuidadosa historia Exame físico minucioso Exames laboratoriais Epidemiologia Distribuição universal Prevalência global 0,7 a 5% Prevalência Brasil 2,5% 8 mulheres : 1 homem Pico aos 50 anos 20% consultas ambulatório de reumatologia Associada a doenças autoimunes (LES, SS, AR) Etiologia Etiologia não definida Predisposição genética Agregação familiar (8x) Mutações genes relacionados ao metabolismo das aminas vasoativas Polimorfismos do gene codificador de receptores para serotonina, catecolaminas e dopamina Gatilhos - agentes estressores Estresse emocional Processos infecciosos Traumas Traumas repetidos Estímulos imunes Fisiopatogenia Amplificação da sensibilidade dolorosa pelo SNC, devido modificações nos mecanismos envolvidos no processamento da dor em nível central Como consequência, há modificações na aquisição, percepção e interpretação da dor Menor resposta inibitória central Deficiência de neurotransmissores inibitórios – serotonina, dopamina, noradrenalina Aumento na concentração de neurotransmissores excitatórios – glutamato, substancia P Consequência >: aumento da sensibilidade e amplificação dolorosa Alteração do sono Intrusão de ondas alfa em ondas delta do sono profundo Privação do sono em indivíduos saudáveis causa hiperalgesia e pontos dolorosos Resposta ao estresse do eixo hipotálamo hipófise adrenal Cortisol basal alto Supressão do ritmo circadiano Baixo nível de hormônio de crescimento e fator de crescimento insulina like Manifestações clinicas Dor generalizada (as vezes ele não sabe caracterizar a dor) Fadiga Sono não reparador Rigidez Depressão DOR GENERALIZADA Crônica, envolvendo o esqueleto axial e periférico Localizada no lado direito e esquerdo do corpo Acima e abaixo da cintura Pode ou nao, ter dor articular Dificuldade para localizar a dor Inicia geralmente em esqueleto axial e depois acomete os outros segmentos CARACTERÍSTICAS Intensa Queimação, pontada, peso, “tipo cansaço” ou como uma contusão, migratória Agravada pelo frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico Hiperalgesia: aumento dos estímulos nociceptivos que resultam em aumento da sensibilidade dolorosa Alodínea: sensação de dor, por estímulos que antes não eram dolorosos. Fadiga e rigidez 70 a 100% Intensa e incapacitante Pior de manhã e ao final do dia Sensação de exaustão fácil e dificuldade para realização de tarefas laborais ou domésticas Rigidez matinal e após períodos de inatividade (confunde com doença inflamatória) Sono não reparador Ausência de restauração de energia e conseqüente cansaço, que aparece logo pela manhã Dificuldade em iniciar o sono Vários despertares noturnos Depressão / ansiedade 30 a 50% Tristeza, apatia desinteresse Sudação, Dor torácica, Tonturas, Palpitações Distúrbios cognitivos (memória, concentração, aprendizagem, estresse psicossocial) Manifestações clínicas OUTROS SINTOMAS “Sensação” de edema, particularmente nas mãos, antebraços e trapézios, artralgias Não é observada pelo examinador e não está relacionada a processo inflamatório Cefaléia tensional Síndrome do cólon irritável Parestesias, não respeitam uma distribuição dermatômica Urgência miccional Exame físico Bom aspecto geral Sem evidência de doença sistêmica Sem sinais inflamatórios Sem atrofia muscular Sem alterações neurológicas Boa amplitude de movimentos Força muscular preservada Presença de sensibilidade dolorosa Tender points Diagnóstico CLÍNICO EXAMES COMPLEMENTARES Normais! - Critérios de 1990 do ACR para a classificação da fibromialgia: A. História de dor difusa. Definição:Para ser considerada difusa devem existir os seguintes parâmetros: Dor do lado esquerdo do corpo, dor do lado direito do corpo, dor acima da linha de cintura e dor abaixo da linha de cintura. É necessária a presença concomitante de dor em esqueleto axial (coluna cervical, ou torácica anterior, ou dorsal ou lombar). A dor deve estar presente por pelo menos 3 meses. B. Presença de dor em pelo menos 11 dos 18 tender points, à palpação digital aplicando-se uma força de aproximadamente 4 kg. Para se considerar um tender point como “positivo”, o paciente deve declarar que a palpação tenha sido dolorosa. Somente na presença de ambos os critérios o paciente poderá ser classificado como portador de fibromialgia. A presença de um distúrbio clínico secundário não exclui o diagnóstico de fibromialgia. (Wolfe et al.,1990) CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS PARA A FM - ACR 2010 ÍNDICE DE DOR GENERALIZADA - total 19 áreas Marque com X as áreas onde teve dor nos últimos 7 dias -Mandíbula -Ombro -Braço -Antebraço -Quadril -Coxa -Perna -Cervical -TÓRAX Abdome -Dorso Lombar Total de ÁREAS dolorosas: ___________ ESCALA DE GRAVIDADE DOS SINTOMAS Marque a intensidade dos sintomas, conforme você está se sentindo nos últimos 7 dias Fadiga (Cansaço ao executar atividades) Sono não reparador (acordar cansado) sintomas cognitivos (dificuldade de memória, concentração, etc.) Score de 0 a 3 0. Ausência 1. Leve, ocasional 2. Moderada, quase sempre presente 3. grave, persistente Sintomas somáticos (dor abdominal, dor de cabeça, dor muscular, dor nas juntas) O DOENTE PREENCHE OS CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA A FM SE AS TRÊS CONDIÇÕES SEGUINTES ESTIVEREM PRESENTES: Índice de dor generalizada (WPI) ≥ 7 e escala SS (escala de gravidade) score ≥ 5 ou WPI 3-6 e Escala SS scores ≥ 9. Sintomas presentes a um nível similar pelo menos durante três meses. Ausência de outra doença que possa explicar a dor. Diagnóstico diferencial Reumáticas Inflamatórias Artrite reumatoide Lúpus eritematoso sistêmico Síndrome de Sjogren Polimialgia reumática: dor cintura pelvica e escapular e VHS muito elevado (80 – 100 – 120 aí não é FM) Reumáticas Não inflamatória Tendinite, tenossinovites em varias localizações Não reumáticas Hipotireoidismo Tratamento Alívio da dor generalizada e localizada Melhora da qualidade do sono Restabelecimento do equilíbrio emocional Melhora do condicionamento físico e da fadiga Tratamento de enfermidades concomitantes Não é farmacológicos Dieta Educação Exercícios de baixo impacto Fisioterapia, relaxamento Psicoterapia Higiene do sono Tratamento cognitivo-comportamental Acupuntura Tratamento farmacológico Grupo 1. Agentes que aumentam a eficácia do sistema descendente inibitório de dor (DNIC), por aumento da disponibilidade de serotonina e noradrenalina no tecido nervoso central Grupo 2. Agentes que diminuem a transferência dos impulsos aferentes nociceptivos, da periferia ao SNC, reduzindo a descarga de impulsos nociceptivos no SNC. Começa com um medicamento e tratamento não medicamentoso, se não der certo eu associo os medicamentos Grupo 1 Antidepressivos tricíclicos (mais usados) (usado pra quem dorme mal) Amitriptilina Nortriptilina (SUS) Relaxantes musculares (quem dorme bem) Ciclobenzaprina Bloqueadores seletivos de recaptação de serotonina Fluoxetina Antidepressivos duais - bloqueiam a recaptação da serotonina e da noradrenalina Duloxetina, milnaciprano Analgésicos simples e os opiáceos leves (para controle da dor) Paracetamol, tramadol Grupo 2 – Neuromoduladores Pregabalina – 300 mg (max) gabapentina – 2000mg (max) Indutores do sono Zopiclona Zolpidem
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