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FISIOTERAPIA EM NEUROLOGIA II Profa. Poliana do Amaral Benfica Curso de Fisioterapia Universidade do Estado de Minas Gerais Neuropatias Periféricas - Etiologia, Exames, Evolução e Tratamento Profa. Poliana do Amaral Benfica Curso de Fisioterapia Universidade do Estado de Minas Gerais Neuropatias Periféricas • O sistema nervoso periférico é constituído de múltiplos tipos celulares e elementos que mediam diversas funções motoras, sensitivas e autonômicas. • As manifestações clínicas das neuropatias dependem da gravidade, distribuição e funções comprometidas. • Neuropatia periférica e polineuropatia são termos que descrevem síndromes decorrentes de lesões difusas dos nervos periféricos, manifestadas geralmente por fraqueza, distúrbio sensitivo e disfunção autonômica. (ROWLAND, 2000) Neuropatias Periféricas • Mononeuropatia indica um distúrbio de um único nervo e se deve com frequência a uma causa local, como traumatismo ou estrangulamento. • Mononeuropatia múltipla indica o comprometimento focal de dois ou mais nervos geralmente decorrente de uma doença sistêmica, como diabetes ou vasculite. • Neurite é um termo tipicamente reservado para os distúrbios inflamatórios dos nervos, em consequência de infecção ou doença auto-imune. (ROWLAND, 2000) Neuropatias Periféricas – Processo Patológico • O processos patológicos que afetam os nervos periféricos são definidos de acordo com quais estruturas ficam comprometidas. • Classificação: – Mielinopatia – acomete células de Schwann, que produz a bainha de mielina – Axonopatia – acomete axônio – Neuronopatia – acomete do corpo da célula nervosa (ROWLAND, 2000) Neuropatias Periféricas – Processo Patológico • Mielinopatia – Quando as células de Schwann, que produzem a bainha de mielina, sofre lesões, a condução nervosa fica mais lenta; – Via de regra, o impulso é conduzido por saltos de um nódulo para outro (condução saltatória), sendo extremamente rápida; – Onde a bainha foi destruída, os internódulos (área entre nódulos) tornam-se mais compridos e o impulso é conduzido comparativamente mais devagar; – Se diversos segmentos adjacentes do nervo ficarem desmielinizados, o efeito é ampliado, podendo resultar em bloqueio completo da condução nervosa nesse axônio em particular; – Leva as manifestação clínicas de fraqueza e fadiga; – Pode ocorrer remielinização, produzindo secções mais curtas de mielinização. (ROWLAND, 2000) Neuropatias Periféricas – Processo Patológico • Axonopatia – Resulta da interrupção dos impulsos para o axônio – O axônio transporta os processo metabolizados no corpo celular e se este transporte axonal de nutrição falhar, o axônio morre, a partir da extremidade distal – Os axônios que sobrevivem, conduzem em velocidade normal mas, devido ao número reduzido, são menos efetivos na produção de contração muscular – Esse processo é subjacente à maioria das neuropatias metabólicas e hereditárias e leva a incapacidade a longo prazo – A regeneração é lenta, cerca de 2-3 mm por dia. (ROWLAND, 2000) Neuropatias Periféricas – Processo Patológico • Neuronopatia – Uma vez que o corpo celular é danificado, não há probabilidade de recuperação; – Os nervos sensoriais ou motores podem ser afetados – A doença do Neurônio Motor (ELA) é um exemplo de neuronopatia. (ROWLAND, 2000) Neuropatias Periféricas • A polineuropatia pode ocorrer em qualquer idade, embora síndromes específicas tendam mais a ocorrer em certos grupos etários. • O início e a progressão diferem: – Podem ter início agudo e remitir – Podem ter início insidiosos e progredir lentamente – Podem ter início agudo ou insidioso e progredir então com remissões e exacerbações • As bainhas de mielina ou os próprios axônios motores ou sensitivos podem ser atingidos ou a neuropatia pode ser mista, axonal ou desmielinizante. (ROWLAND, 2000) Neuropatias Periféricas • A maioria das polineuropatias, em especial aquelas com desmielinização primária, comprometem funções tanto motoras como sensitivas. • Polineuropatia predominantemente motora – Em neuropatia por chumbo, intoxicação por dapsona ou hexano, paralisia por carrapatos e alguns casos de Síndrome de Guillain- Barré. • Neuropatia sensorial – Concomitante com disfunção autonômica, intoxicação aguda por tálio, neuropatia sensorial idiopática aguda, deficiência de piridoxina (vitamina B6), neuropatias sensoriais hereditárias e cirrose biliar primária • Envolvimento predominante do sistema nervoso autônomo – Pode ser visto nas neuropatias autonômicas agudas ou crônicas (ROWLAND, 2000) Polineuropatias – Sinais e Sintomas • Dor distal – Pode ser espontânea ou evocada pela estimulação cutânea; – Pode ser aguda ou em queimação. • Parestesias – Sensações de dormência, formigamento, agulhadas ou constrição; – Ausência de percepção da dor pode levar a danos traumáticos repetidos, com degeneração articular e a ulcerações crônicas. (ROWLAND, 2000) Polineuropatias – Sinais e Sintomas • Fraqueza Muscular – Maior nos músculos distais; – Pode haver paralisia dos músculos intrínsecos do pé e da mão, com queda do pé e do punho; – Os reflexos tendinosos estão frequentemente abolidos, especialmente nas neuropatias desmielinizantes; – Nas polineuropatias graves o paciente pode tornar-se tetraplégico e dependente de aparelhos respiratórios; – Os nervos cranianos podem ser afetados, especialmente na Síndrome de Guillain-Barré. • Perda sensorial – Distribuição em meia e luva; – Todas as modalidades de sensação podem ser afetadas ou pode haver um distúrbio seletivo das funções de “fibras grossas mielínicas” (sentido posicional e vibratório) e “fibras finas e amielínicas” (percepção de dor e temperatura); – Há um aumento na percepção de estímulos dolorosos, mas na forma de uma reação retardada e mais intensa que o normal. (ROWLAND, 2000) Polineuropatias – Sinais e Sintomas • Comprometimentos autonômicos – Miose (pupila contraída); – Anidrose (distúrbio de sudorese); – Hipotensão ortostática; – Sintomas esfincterianos; – Impotência; – Anormalidades vasomotoras; – Alterações rápidas de PA, FC (taquicardia); – Rubor facial, anormalidades na motilidade gastrointestinal; – Diabetes mellitus (causa mais comum de neuropatia autonômica nos EUA) (ROWLAND, 2000) Mononeuropatias – Sinais e Sintomas • Alterações motoras, sensoriais e reflexas focais se limitam as áreas inervadas por nervos específicos; • Quando múltiplos nervos são afetados na mononeuropatia múltipla, o padrão em meia e luva do distúbio sensorial pode sugerir uma polineuropatia; • Neuropatia motora assimétrica também é observada com bloqueio da condução motora; • Fasciculações ou contrações espontâneas de unidades motoras individuais, são abalos visíveis de músculos de membros sob a pele e podem ser visíveis na língua; • As causas mais comuns de mononeuropatia múltipla são: diabetes mellitus, infecção por HIV, artrite reumatoide, neuropatia braquial, lepra. (ROWLAND, 2000) Classificação • Os distúrbios dos nervos periféricos podem ser divididos em formas hereditárias e adquiridas: • Hereditárias – Neuropatia motora e sensorial hereditária: • Charcot-Marie-Tooth – Neuropatia sensorial hereditária – Amiloidose – Porfiria – Leucodistrofia• Adquiridas – Neuropatias metabólicas • Neuropatia diabética – Neuropatia sensorial simétrica distal – Neuropatia motora proximal • Doença renal • Alcoolismo • Deficiências de vitaminas (ROWLAND, 2000) Classificação • Adquiridas – Polineuropatias desmielinizantes inflamatórias: • Aguda – Síndrome de Guillain-Barré • Crônica – Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica – Polineuropatias induzidas por toxinas ou fármacos – Neuropatias associadas a doença oncológica – Neropatias associadas a infecção e infestação: • Hanseníase • HIV (ROWLAND, 2000) Classificação • Avaliação – História – Observação (análise do movimento, atrofia) – Avaliação sensorial – Avaliação motora (ADM, força, flexibilidade) – Avaliação funcional (marcha, transferências, ficar na ponta dos pés, testes específicos e AVDs) – Problemas com relação à fadiga (diários de relato) (ROWLAND, 2000) Tratamento • O tratamento de pacientes com distúrbios dos nervos periféricos pode ser dividido em duas fases: – Remoção ou tratamento da afecção responsável pelo distúrbio – Tratamento sintomático • Medidas gerais de apoio – Suporte respiratórios; fechamento ocular; colchão especial, enfaixamento dos músculos, órteses, meias elásticas. • Melhora da dor • Fisioterapia – Massagem – Mobilização passiva das articulações para manter a ADM – Exercício ativo assim que começar a retornar o movimento voluntário do paciente; – Fortalecimento – Treino funcional (ROWLAND, 2000) Evolução • A polineuropatia pode ser progressiva ou apresentar remissão e o prognóstico é afetado pelo grau de lesão dos nervos, antes de iniciar o tratamento; • Com a remoção do tratamento da causa da neuropatia a recuperação é mais rápida se não tiver sido interrompida a continuidade do nervo; • Ao contrário, a recuperação pode ser retardada em meses se os axônios tiverem sido destruídos; • A regenação axonal ocorre em aproximadamente de 1 a 2 mm/dia e pode ser retardada onde os axônios tenham de penetrar em segmentos do nervo com lesões focais; • O crescimento desordenado dos brotos axonais pode ocasionar a formação de neuromas permanentes; • Após uma grave degeneração walleriana pode haver fraqueza permanente, atrofia muscular, diminuição dos reflexos e perda sensorial ; • Nas neuropatias desmielinizantes, a recuperação pode ser mais rápida e completa. (ROWLAND, 2000) Referências ROWLAND, L. P. Merritt Tratado de Neurologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. (HAFEN; KARREN; FRENDSEN, 2002)
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