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Centro de Tecnologia e Recursos Naturais- CTRN Unidade Acadêmica de Engenharia Civil - UAEC Laboratório de Saneamento Campus Bodocongó - CEP: 58.109-970 Curso de Engenharia Civil - Bacharelado Disciplina: Laboratório de Química da Água Professores: Francisco e Patrícia VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO QUÍMICA Relatório Apresentado à Disciplina de Química da Água da Unidade Acadêmica de Engenharia Civil do CTRN da UFCG como requisito básico para aprovação na citada disciplina. Autores: Izaque Gomes de Souza José Arthur Alves Souto Luís Fellype Oliveira Santos Renan Carlos de Melo Nascimento Thierson de Melo Costa Campina Grande-PB, 04 de Julho de 2017 Experimento (5): Velocidade de uma reação química Izaque Gomes de Souza, José Arthur Alves Souto, Luís Fellype Oliveira Santos, Renan Carlos de Melo Nascimento, Thierson de Melo Costa[2: izaqueijk@gmail.com; j_arthuralves@hotmail.com ; fellype01@gmail.com; renancarlos52@gmail.com;thiersonmcosta@gmail.com.] Unidade Acadêmica de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, Bodocongó, 58109-970, Campina Grande-PB Resumo: É sabido que nas reações químicas, para se processarem, diversos fatores interferem no seu mecanismo e obviamente na velocidade da reação, dentre eles a concentração dos reagentes. Nesse relatório demonstram-se experimentos para a obtenção de quatro soluções aquosas de Tiossulfato de Sódio, que teve sua concentração variada no decorrer do procedimento, sendo esse o reagente limitante e o Ácido Sulfúrico o reagente em excesso. Uma vez misturada as substâncias foi iniciada a cronometragem, encerrada apenas quando se passou a visualizar a posterior formação de Enxofre coloidal, que sendo insolúvel em água fez com que o meio reacional se tornasse turvo, indicando assim o momento de encerrar a cronometragem. Seguindo-se a isso, com os dados obtidos experimentalmente foram construídos gráficos, pelos quais é possível observar a influência das concentrações dos regentes na velocidade da reação, bem como se determinou a ordem da reação do Tiossulfato de Sódio, determinando se o procedimento é elementar ou não. Palavras-Chave: cinética; reação; velocidade; ordem. INTRODUÇÃO A cinética química é a área científica que estuda a velocidade das reações entre as substâncias e os fatores que influenciam neste processo, como a temperatura, a pressão, a concentração dos reagentes, a superfície de contato, entre outros. Torna-se importante este estudo pois através do controle do tempo da reação, podemos torná-la mais lenta, como na decomposição de alimentos industrializados, ou mais rápida, como na 'cura' do concreto armado de uma laje. Segundo o EXPLICATORIUM (s.d.), a velocidade de uma reação química está relacionada com a rapidez com que um reagente é consumido ou com a velocidade que um produto se forma. Isto se dá pelo choque entre os componentes de uma substância (átomos, moléculas) com os da outra, gerando um rearranjo destes componentes, o que forma novas substâncias. A estes choques físicos dá-se o nome de choques eficazes e quanto maior for o número desses, maior será a velocidade da reação. Genericamente, explicita-se a reação como na Fórmula 1. Fórmula 1: Equação da reação química onde: a, b, c, d = Coeficientes estequiométricos; A, B = Reagentes; C, D = Produtos. A velocidade média de uma reação química é dada pelo quociente entre a variação do número de moles de uma substância (Δn) pela variação do tempo (Δt) (YAMAMOTO, 2017), gerando a Equação 1. Equação 1: Velocidade média de uma reação química onde o Δn é dado pela Equação 2. Equação 2: Variação do número de moles sendo: M = Concentração molar; V = Volume. As velocidades das reações químicas também são determinadas através de leis empíricas, chamadas leis da velocidade, deduzidas a partir do efeito da concentração dos reagentes e produtos na velocidade da reação (SOUZA, s.d.). Esta lei pode ser chamada de lei da ação das massas de Guldberg e Waage, ou simplesmente Lei de Guldberg-Waage, dada pela Equação 3. Equação 3: Lei da Guldberg-Waase onde: V = Velocidade da reação; K = Constante da reação química, que depende da temperatura; [A] = Concentração do reagente A em mol/L; α = Coeficiente ou ordem de A; [B] = Concentração do reagente B em mol/L; β = Coeficiente ou ordem de B. A expressão da velocidade também depende do tipo de reação química: quando a reação é elementar, ocorre em apenas uma única etapa, sendo os expoentes os próprios coeficientes estequiométricos presentes na equação que representa a reação; do contrário, quando não é elementar, a reação se processa em mais de uma etapa, sendo a etapa mais lenta a que determina a velocidade da reação (DIAS, s.d.). Para determinar a influência das concentrações na velocidade da reação utilizou-se o método das concentrações em excesso, que estuda a reação química pela variação da concentração de um reagente enquanto o outro permanece constante durante um tempo cronometrado. Para o cálculo da variação da concentração utilizou-se a Equação 4. Equação 4: Cálculo da variação da concentração Para determinação da ordem de reação utilizou-se a Fórmula 2, que relaciona equações referentes a concentração com o tempo e, através de seus gráficos, encontrando qual a ordem da equação. Fórmula 2: Relação entre a concentração e o tempo para cada ordem de reação Com a construção dos gráficos fez-se a análise dos resultados experimentais para determinação da ordem. Segundo (PEREIRA, s.d.), se estes resultados experimentais se ajustarem a uma reta, a ordem da reação suposta inicialmente pode ser admitida como correta,, sendo esse método conhecido como métodos da análise integral. Sabendo que a constante de velocidade é igual ao coeficiente angular da equação, encontra-se o valor de k através da Equação 5. Equação 5: Coeficiente angular onde: x = eixo referente ao tempo; y = eixo referente a concentração. Com isso, encontrou-se a equação que determina a velocidade da reação química, podendo concluir se o processo é elementar ou não. OBJETIVOS Verificar a influência das concentrações do Tiossulfato de Sódio na velocidade da reação; Representar graficamente a velocidade das reações em função das concentrações das soluções; Determinar a ordem da reação através do método gráfico; Determinar a lei da velocidade da reação; Determinar se a reação química estudada é um processo elementar. MATERIAIS E REAGENTES UTILIZADOS: Para a realização do experimento, utilizou-se: Pipetas (10 ml e 5ml); Cronômetro; Tubos de ensaio; Água destilada; Ácido Sulfúrico (0,5 mol/L); Tiossulfato de Sódio (0,2 mol/L). PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: A princípio, pipetou-se Ácido Sulfúrico (H2SO4) em quatro tubos de ensaio distintos. Logo em seguida, pipetou-se diferentes quantidades de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) em outros quatro tubos de ensaio, completando com água destilada até atingir o volume constante desejado. Posteriormente, misturou-se o H2SO4 e o Na2S2O3 até atingir a turbidez necessária para que o observador não mais visualizasse a marca contida no tubo, encerrando, assim, a cronometragem iniciada a partir do primeiro contato entre as substâncias. O procedimento foi repetido por quatro vezes com concentrações distintas de Na2S2O3. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A concentração do Tiossulfato foi determinada em cada momento de sua diluição em água e posterior reação com o ácido sulfúrico. Esse processo foi repetido por quatro vezes conforme abordado anteriormente nos procedimentos. Para tanto, considerou-se a temperatura ambiente de T = 297,85 K (24,7°C). Variando a concentração do íon Tiossulfato, e mantendo a concentração de H+ constante, temos que a [H+]=[B]0 é o reagente em excesso, e assim pode-se calcular a ordem para o Tiossulfato. Com a substituição dos dados na Equação 4, encontrou-se a Equação 6 pela qual obtêm-se a concentração do Tiossulfato em cada solução produzida.Equação 6: Concentração do Na2S2O3 onde: Concentração inicial de Na2S2O3 = 0,2 mol/L; Volume total da solução = 0,012 L. Com os dados do experimento e as concentrações encontradas construiu-se a Tabela 1. Tubo Volume (x10-3 L) [Na2S2O3] (mol/L) Tempo Na2S2O3 H2O Volume na Diluição Volume Total 1 6 0 6 12 0,10 39,83 2 4 2 6 12 0,07 66,23 3 3 3 6 12 0,05 78,80 4 2 4 6 12 0,03 133,00 Tabela 1: Dados referentes a concentração do Tiossulfato Nas atividades experimentais, muitas vezes objetiva-se estudar a maneira como uma propriedade, ou quantidade, varia com relação a uma outra. Para tanto, os valores obtidos experimentalmente podem ter seu comportamento observado de modo mais eficiente através de um gráfico. Deste modo, utilizou-se os dados obtidos na Tabela 1 para construção do Gráfico 1, que relaciona o tempo e a concentração do Tiossulfato no experimento. Gráfico 1: Tempo (s) x [Na2S2O3] O gráfico permite atestar que, com o transcorrer da reação, a concentração do Tiossulfato está sendo reduzida com o passar do tempo. No entanto, para melhor visualização, do comportamento do padrão dos valores obtidos experimentalmente, faz-se necessário o uso da linearização dos dados do gráfico. Em trabalhos técnico-científicos, os dados experimentais, nem sempre produzem uma função linear do tipo y = ax + b, fácil de extrair informações quantitativas. Nesse caso, faz-se uso de técnicas de linearização de dados, de tal forma que os dados finais obtidos forneçam uma linha reta, fácil de ser analisada. A técnica consiste na realização de mudanças de variáveis de tal forma que o gráfico dessas novas variáveis seja uma reta. Logo, com base nos dados do Gráfico 1, foi possível linearizar e construir o Gráfico 2. Gráfico 2: Tempo (s) x -ln [Na2S2O3] No Gráfico 2, os pontos correspondem às medidas experimentais e a linha representa o comportamento médio (SAAD, YAMAMURA E WATANABE, 2003). Posteriormente, verificou-se como a variação da concentração dos reagentes influi na velocidade da reação descrita na Fórmula 3. Fórmula 3: Reação química entre Ácido Sulfúrico e Tiossulfato de Sódio Nesta reação, há formação de Enxofre que, sendo insolúvel em água, provoca uma turvação que permite ver quando a reação ocorre. Assim, pode-se medir o tempo de duração da reação. Mantendo fixa a concentração de ácido e adicionando água à solução de Tiossulfato de Sódio, pode-se verificar como a diminuição da concentração de um dos reagentes influi no tempo da reação, isto é, na velocidade de reação parcial. Utilizando a Equação 1, calculou-se o número de moles e, posteriormente, a velocidade média da reação com a Equação 2, resultando a Tabela 2. . Tubo M (mol/L) V (L) n (x10-3 mol) Δt (s) V (x10-5 mol/s) 1 0,10 0,012 1,20 39,83 3,01 2 0,07 0,012 0,84 66,23 1,27 3 0,05 0,012 0,60 78,80 0,76 4 0,03 0,012 0,36 133,00 0,27 Tabela 2: Velocidades médias das soluções Utilizando os valores da Tabela 2, obteve-se o Gráfico 3, que mostra o comportamento da velocidade da reação em função da concentração do Tiossulfato. Gráfico 3: [Na2S2O3] x Velocidade Como a variação da velocidade não é constante, pode-se afirmar que a ordem da reação não é igual a 0. Assim, através da Fórmula 2, construiu-se o Gráfico 2, exposto mais acima e o Gráfico 3, logo abaixo. Gráfico 3: Tempo (s) x (1/[Na2S2O3]) Através do estudo dos gráficos e dos métodos estatísticos, encontra-se que a ordem da reação química é igual a 2, pois este gráfico tem melhor linearização (R² = 0,986, mais próximo a 1); ou seja, a reta se ajusta melhor a estes dados experimentais. Todavia é necessário ressaltar que a utilização desse método gráfico para determinar a ordem de uma reação seria mais eficiente se mais pontos fossem compilados, mas no experimento só se dispôs de 4 pontos apenas, o que já seria uma ousadia a partir disso determinar a ordem de uma reação não elementar. Utilizando a Equação 5 do coeficiente angular do Gráfico 3, encontrou-se que k é igual a 0,257 L/(mol*s). Assim, formulou-se, pela Equação 3, a equação da reação química, apresentada na Equação 7. Equação 7: Equação da reação química onde: k = 0,257 L/(mol*s); α = 2. Podem-se destacar erros ocorridos durante o experimento quando, ao verter o conteúdo dos tubos na terceira etapa do experimento, houve perda significativa de volume de Tiossulfato, diminuindo ainda mais a concentração na substância, o que torna menos preciso o experimento. Outro possível gerador de erros no experimento foi a aferição da turbidez, pois ora o manipulador colocava o tubo de ensaio em direção à luz para visualização da marca contida no tubo, ora visualizava o tubo em direção a bancada; a diferença de luminosidade na visualização da marca gera imprecisão na cronometragem, pois em direção â luz a marca ficava visível por mais tempo. Com estes resultados, conclui-se que o processo da reação química estudada não é elementar. Ou seja, a reação não acontece em uma única etapa e o expoente α é diferente do coeficiente estequiométrico. CONCLUSÃO Com o experimento proposto, foi possível conhecer os fatores que interferem na velocidade de uma reação química, no entanto o enfoque foi verificar a influência das concentrações do Tiossulfato de Sódio na velocidade da reação com o Ácido Sulfúrico. No procedimento foi possível perceber que com a variação das concentrações do Tiossulfato de Sódio, a velocidade da reação também variava. Assim sendo, a concentração é diretamente proporcional a velocidade da reação, comprovado de forma gráfica. Com isso, foi possível calcular a constante de velocidade pela diminuição da concentração de um dos componentes da reação e a lei de velocidade da reação que nesse experimento foram respectivamente, k = 0,257 L/(mol*s) e V = 0,257*[Na2S2O3]², bem como a ordem da reação (α = 2), o que nos permitiu concluir que o processo da reação química estudada não é elementar, ou seja, a reação não acontece em uma única etapa e o expoente α é diferente do coeficiente estequiométrico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EXPLICATORIUM. Velocidade das Reações. Explicatorium, Sem Data. Disponível em: <http://www.explicatorium.com/cfq-8/velocidade-das-reacoes.html>. Acesso em 30 de Junho de 2017. YAMAMOTO. Thiago K. Velocidade das Reações. Química2015, 2017. Disponível em: <http://quimica2015-thiagokyamamoto.blogspot.com.br/2017/01/cinetica-quimica.html>. Acesso em 01 de Julho de 2017. SOUZA. Líria Alves de. Cinética Química. Brasil Escola, Sem Data. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/quimica/cinetica-quimica.htm>. Acesso em 30 de Junho de 2017. DIAS, Diogo Lopes. Expressão da velocidade de uma reação química. Mundo Educação, Sem data. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/expressao-velocidade-uma-reacao-quimica.htm>. Acesso em 30 de Junho de 2017. SAAD,F; YAMAMURA, P; WATANABE; K. Interpretação gráfica de dados. Leffa, 2003. Disponível em: <www.leffa.pro.br/textos/abnt.htm>. Acesso em 03 de Julho de 2017. PEREIRA. Marco Antonio. Métodos Cinéticos. Marco, Sem Data. Disponível em: <http://www.marco.eng.br/cinetica/notasdeaula/capitulo-3.pdf>. Acesso em 03 de Julho de 2017.
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