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Contestação Vasectomia

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE VARGINHA – MG.
Processo: xxxxxxx
Requerente: Fernando Cassio 
Requerido: Manoel Silício 
Manoel Silício, brasileiro, casado, médico, inscrito no CPF nº 000.111.222-33 e no RG MG12345678, residente e domiciliado à Rua Francisco Aureliano Paiva, 751, Campos Elíseos na cidade de Varginha - MG, por seu procurador que esta subscreve (anexo), com escritório profissional na Rua Vitória, n° 300, Ed. Cristal Tower, Sala 1601 a 1610, na Cidade de Varginha- MG, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar
CONTESTAÇÃO
Em face da AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E PENSÃO MENSAL intentada por FERNANDO CASSIO (já qualificado) o que se perfaz pelas razões de fato e de direito adiante expendidas.
1. DA TEMPESTIVIDADE DA PRESENTE CONTESTAÇÃO
Considerando que a juntada do mandado citatório aos autos somente ocorreu na data de 29/10/2014 (cujo prazo de defesa é de 15 dias a partir da juntada do mandado aos autos), tem se que a data derradeira para a protocolização da presente será o dia 12/11/2014. Portanto, tempestiva a presente contestação.
2. DAS ALEGAÇÕES DO AUTOR
- Extrai-se da inicial, que o Requerente, foi submetido ao procedimento cirúrgico de vasectomia em face de uma incompatibilidade sanguínea devido a fator RH do casal.
- O procedimento cirúrgico foi efetuado pelo Requerido Dr. Manoel Silício. 
 
- no primeiro momento se diz que a referente cirurgia foi realizada no dia 20 de maio de 2013 logo abaixo se contradiz dizendo que a mesma foi realizada em 2014: 
	“O autor, no dia 20 de maio de 2013, foi submetido a uma cirurgia de vasectomia, por motivo de incompatibilidade sanguínea devido a fator RH do casal”.
	“No dia 20 de maio de 2014 foi realizada a cirurgia no Hospital Regional de Varginha pelo réu”. 
- alega ainda que seguiu todas as recomendações do requerido e que constam documentos em anexo e que foi informado por esse que inexistiam espermatozóides após o resultado do espermograma este realizado no dia 01 de junho de 2013.
	- e que não foi interado de que a técnica de vasectomia não é de eficácia plena e que deveria utilizar de métodos contraceptivos adicionais.
- assevera a requerente que após um ano e meio, veio a noticia de que sua esposa estava grávida, enfurecidos discutiram, o autor saiu de casa, deixando para trás em seu subjetivo uma esposa adúltera, já que ele não poderia ter filhos por ser operado para tal.
- após tal discussão, o casal divorciou devido ao fato de o autor não crer na fidelidade da esposa, dessa forma o autor saiu de casa deixando a esposa desamparada uma vez que estava desempregada. 
- em uma conversa informal com um amigo sobre o ocorrido, ficou sabendo que a operação não era totalmente eficaz, e que aquele feto que sua ex-esposa estava gestando, ia ser seu filho legítimo.
-até hoje o casal se encontra separado, pois a contestação do autor para com sua esposa abalou toda a estrutura familiar, a esposa está em estado de depressão e ansiedade, pois poderia vir um filho com grave doença e não estavam psicologicamente e nem financeiramente preparados para mais um filho e talvez com necessidades especiais.
Em síntese, eis a motivação da demanda Excelência.
3. DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO MÉDICO REQUERIDO
Já no prefácio desta peça Excelência, é imprescindível esclarecer como se deu o atendimento ao paciente-autor.
Antes de tudo alumiando a contrariedade de datas relatadas na petição inicial à referente consulta foi realizada no dia 20/05/2013 como constam documentos anexo. 
O requerido, na ocasião estava de plantão no Hospital Regional de Varginha e efetuou o atendimento clínico ao requerente. 
Primordialmente o requerente foi encaminhado à sala de enfermagem para os exames preliminares. 
Defronte ao médico explanaram a descoberta de uma incompatibilidade sanguínea e seus receios futuros, e também o interesse na realização de uma cirurgia de vasectomia. 
Sendo assim como de praxe foram feitos todos os tipos de exame para uma possível cirurgia. Sendo todos estes efetuados detalhadamente e destacados em seu prontuário.
E sendo procedida de acordo com a Lei de Vasectomia (LEI Nº 9.263, DE 12 DE JANEIRO DE 1996), estando os requisitos em seu artigo 10º para uma possível cirurgia de acordo com o inciso I:
- em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;
Não constatada nenhuma irregularidade ou impedimento, o requerido explanou o seu paciente o que era a cirurgia de vasectomia, quem podia fazê-la, se ela era imediata; como seria o pós- operatório; se ela poderia ser revertida e se a vida sexual seria afetada; ao contrário, do que cita a inicial, a qual relatou que o requerente não foi interado de que a técnica de vasectomia não é de eficácia plena e que deveria utilizar de métodos contraceptivos adicionais. Excelência peço-lhe que convenhamos neste quesito, com todo respeito mas nenhum médico deixaria de explanar aos seus pacientes os efeitos de uma cirurgia sendo eles freqüentes e sendo também que enquanto não feito o exame de espermograma não se pode abster da utilização de métodos contraceptivos, se ele realmente não soubesse desse quesito teria voltado para a realização do espermograma? Por hora salientemos que o aludido comentário não serviu quanto somente para fortalecer os pedidos solicitados.
É de suma importância relatar excelência que o Hospital Regional de Varginha ministra palestras semanalmente sendo um dos assuntos a referida Vasectomia, todos os interessados na cirurgia são encaminhados para a mesma. Apresentando uma breve síntese da palestra ela tem como um dos objetivos proteger o seio familiar e um futuro arrependimento, pois de 6% a 8% das vasectomias são revertidas em algum momento da vida, isto é, tanto naturalmente ou quando o homem procura assistência médica para religar os canais deferentes, tentando dissuadi-los.
Serão ouvidas a tempo e modo as testemunhas que se prestarão a esclarecer tal questão de ordem equivocada pelo requerente.
Sendo realizada a cirurgia, passado três meses foi feito o espermograma que constatou a azoospermia, ou seja, a inexistência de espermatozóides sendo que neste período o requerido havia alertado o requerente que a vasectomia não tinha efeitos imediatos e que o uso de outros métodos contraceptivos era necessário até que se fizesse o referido exame. Confirmado o sucesso da cirurgia com os exames pós-operatórios.
Sendo então a cirurgia ocorrida em 20/05/2013 e comprovada o sucesso da mesma com o exame laboratorial e o paciente engravidado sua esposa em 01/06/2014. 
Portanto, Excelência, não há em nenhum momento do atendimento prestado ao requerente indício de má-fé,erro médico, ato ilícito, de imperícia, imprudência ou de negligência por parte do médico ora defendente, que agiu dentro do protocolo médico normal aplicável ao caso sendo realizado o procedimento conforme preceitua a doutrina médica.
4. DAS CARACTERÌSTICAS DE UMA CIRURGIA DE VASECTOMIA
Segundo a literatura médica, a vasectomia é o método contraceptivo a longo prazo mais eficiente que existe, e está entre as opções mais seguras para o planejamento familiar. Estatisticamente, os homens - em seus 30 a 40 de idade - são os que mais se submetem a essa cirurgia.
De acordo com um relatório do Conselho Regional de Medicina (CRM): “a cirurgia, apesar de simples, apresenta várias complicações, inclusive com a possibilidade de recanalização espontânea e a presença de espermatozóides no ejaculado masculino”.
 
Por ora ambas as especificidades médicas demonstradas, podem e serão robustamente comprovadas,a tempo e modo, por ocasião da instrução probatória, notadamente pelo depoimento de profissionais especialistas em vasectomia.
5. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO REQUERIDO, CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E O ÔNUS DA PROVA
Os serviços prestados pelos profissionais liberais, categoria em que se inclui o réu, médico C.M.F., submetem-se aos ditames do Código de Defesa do Consumidor. Afinal, as partes envolvidas enquadram-se nas características de consumidor e fornecedor.
É de se aplicar o Código de Defesa do Consumidor aos serviços prestados pelos profissionais liberais, com as ressalvas do § 4º do artigo 14.
Sobre a responsabilidade dos profissionais liberais, o Código de Defesa do Consumidor abre exceção à regra da responsabilidade objetiva (art. 14, caput), dispondo em seu art. 14, § 4º, que: "A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa".
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva. O médico deve atuar de forma diligente, valendo-se de todos os meios adequados, com um cuidado objetivo. Deve, pois, somente, ser indenizado, aquele que, submetido a tratamento médico, venha, por causa deste tratamento e de culpa do profissional, a sofrer um prejuízo, seja de ordem material ou imaterial - patrimonial ou não patrimonial.
Nas palavras de Delton Croce (2002, p. 3):
 
“(...) Se denomina responsabilidade médica situação jurídica que, de acordo com o Código Civil, gira tanto na orbita contratual como na extracontratual estabelecida entre o facultativo e o cliente, no qual o esculápio assume uma obrigação de meio e não de resultado, compromissando-se a tratar do enfermo com desvelo ardente, atenção e diligências adequadas, a adverti-lo ou esclarecê-lo dos riscos da terapia ou da intervenção cirúrgica propostas e sobre a natureza de certos exames prescritos, pelo que se não conseguir curá-lo ou ele veio a falecer, isso não significa que deixou de cumprir o contrato”.  
Todavia, a obrigação que o profissional assume perante o paciente - à exceção da cirurgia plástica estética em determinadas hipóteses - é de meio e não de fim. O dever do médico é manter e respeitar a ética de sua profissão e ministrar ao paciente o tratamento que entender e se mostrar mais adequado ao quadro apresentado. Não se pode exigir do profissional a cura do mal que acomete o paciente.
MIGUEL KFOURI NETO, em sua obra intitulada Responsabilidade Civil do Médico, 5a ed., Editora RT, ano 2003, assevera que:
Apesar de o Código Civil brasileiro colocar a responsabilidade médica dentre os atos ilícitos, não mais acente controvérsias a caracterizar a responsabilidade médica como ex contractu.
(...) 	
Ao assistir o cliente, o médico assume obrigação de meio, não de resultado. O devedor tem apenas que agir, é a sua própria atividade o objeto do contrato. O médico deve apenas esforçar-se para obter a cura, mesmo que não a consiga. A jurisprudência tem sufragado o entendimento de que, quando o médico atende a um cliente, estabelece-se entre ambos um verdadeiro contrato. A responsabilidade médica é de natureza contratual. Contudo, o fato de considerar como contratual a responsabilidade médica não tem, ao contrário do que poderia parecer, o resultado de presumir a culpa. O médico não se compromete a curar, mas a proceder de acordo com as regras e os métodos da profissão. (p. 71-72)
Nesse mesmo sentido aponta RUI STOCO, citando os ensinamentos de TERESA ANCONA:
"Com efeito, a obrigação de reparar o dano sempre existe, seja ele produzido dentro do contrato ou fora dele. [...] A principal diferença técnica entre esses dois tipos baseia-se na questão da presunção de culpa que haveria na responsabilidade contratual, acarretando a reversão do ônus da prova e, portanto, deixando a vítima em uma posição mais cômoda para conseguir sua indenização. Em matéria delitual, ao contrário, a culpa do autor do dano deveria ser provada pela vítima.
(...)
Vemos, portanto, que o Direito Civil pátrio abraçou totalmente a teoria da culpa no que diz respeito à responsabilidade médica. “Sendo assim, terá a vítima do dano de provar a imprudência, a negligência e a imperícia do profissional para ser plenamente ressarcida.” (in: Tratado de Responsabilidade Civil. seis ed. São Paulo: RT, 2004. p. 538).
De outro lado, nos termos do art. 186 do Novo Código: "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Extrai-se do dispositivo legal em apreço, por conseguinte, que esta modalidade de responsabilização encerra cinco requisitos, a saber: FATO GERADOR, NEXO DE IMPUTAÇÃO, DANO, CABIMENTO NO ÂMBITO DE PROTEÇÃO DA NORMA E NEXO DE CAUSALIDADE. 
A culpa lato sensu consiste na inobservância de um dever que o agente devia conhecer e observar. Parte de uma conduta voluntária, contrária ao dever de cuidado imposto pelo Direito, produzindo-se um resultado danoso voluntário ou involuntário, porém, previsto ou previsível.
Apenas se verificará o erro com o desvio de comportamento, a imprudência, a negligência e a imperícia. A responsabilidade civil do médico não decorre do mero insucesso ou insatisfação com o tratamento. Por Irany Novah Moraes (2003, p. 40): 
“O erro médico vai ser tratado como desvio de comportamento do médico na execução do seu trabalho profissional, trabalho que, se tivesse sido feito dentro dos parâmetros estabelecidos pelos seus pares, não teria causado dano ao paciente”.
No que se refere, especificamente, à negligência e imprudência médica, colhe-se da lição de ALCIR SIQUEIRA MONTALVÃO:
[Negligência] É, sabem todos, descuido, desídia, desleixo: falta de cuidado capaz de determinar responsabilidade por culpa.
Entre os casos de negligência, os mais comuns são erros de diagnóstico, tratamento impróprio ou inadequado, falta de cuidados indispensáveis, falta de higiene, esquecimento de compressas em operações cirúrgicas, curetagens malfeitas.
(...)
[“Imprudência] é cautela, descuido, prática de ação irrefletida e intempestiva, ou precipitada, inconsiderada, sem as necessárias precauções, resultante de imprevisão do agente em relação ao ato que podia e devia pressupor” (grifo nosso)
(MONTALVÃO, Alcir Siqueira. Erro Médico: reparação do dano material, estético e moral. Campinas: Julex, 1998. p. 42 e 48).
A imperícia, por sua vez, é a demonstração de inabilidade por parte do profissional no exercício de sua atividade de natureza técnica, "a demonstração de incapacidade para o mister a que se propõe como médico que, por falta de conhecimento técnico, erra no diagnóstico ou retira um órgão do paciente desnecessariamente ou confunde veia com artéria" (STOCO, op. cit. p. 136). Essa modalidade pode se dar por meio de ação ou de omissão.
Delimitada, assim, a responsabilidade civil do médico, apontando-se as normas jurídicas aplicáveis ao caso.
6. DO LAUDO DE ESPERMOGRAMA
Às fls. 19 e 20 dos autos, localizam-se os laudos dos espermogramas realizados, exames que avaliam a contagem de espermatozóides no líquido seminal.
No exame datado de 01/06/2013 (fl. 19), logo após a realização da cirurgia, feita em 20 de maio do mesmo ano, o exame laboratorial indica absoluta ausência de espermatozóides na amostra, determinando a infertilidade do apelante.
O retorno da fertilidade do autor, atestado laboratorialmente pelo próprio exame mencionado, não evidencia má prática do médico que realizou a cirurgia ou falta de informação, uma vez que a cirurgia de vasectomia possui certo índice de falha. Ademais, o procedimento em questão configura-se uma obrigação de meio, não de fim.
Neste sentido já julgou este Tribunal:
01.
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CIRURGIA DE VASECTOMIA. POSTERIOR GRAVIDEZ. PEDIDOS INDENIZATÓRIOS AFASTADOS. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA POR AUSÊNCIA DE PERÍCIA MAIS ESPECIALIZADA. REJEIÇÃO, POIS, DOS ELEMENTOS EXISTENTES. POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO DA CAUSA. RE-CANALIZAÇÃO DOS CANAIS DEFERENTES. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADESUBJETIVA DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS. RECURSO CONHECIDO E, AFASTADA A PRELIMINAR, DESPROVIDO.
Não há falar em responsabilidade do profissional se os procedimentos por ele adotados foram os usuais na arte da medicina. Aplicação à espécie do disposto no § 4º do artigo 14 do CDC. Culpa do profissional, ademais, não demonstrada. (Apelação Cível n. 2010.019716-0, Rel. Des. JAIME LUIZ VICARI, j. 25-5-2011).
02.
ERRO MÉDICO. INDENIZAÇÃO. CIRURGIA DE VASECTOMIA. OBRIGAÇÃO DE MEIO. GRAVIDEZ INDESEJADA. INFORMAÇÕES SOBRE A MARGEM DE ERRO. IMPERÍCIA AFASTADA. SENTENÇA MANTIDA. As cirurgias de VASECTOMIA são obrigações de meio e segundo estudos, existem margem de erro de 1% a 5%, o que evidencia não se tratar de método absoluto e somente eventual gravidez indesejada não gera indenização, sem prova convincente de que houve imperícia médica. (Apelação Cível n. 2006.043632-0, Rel. Des. GILBERTO GOMES DE OLIVEIRA, j. 15-10-2010).
Nos últimos anos, fora deveras significativo o aumento do número de demandas envolvendo suposto erro médico. Muitas pessoas se equivocam na análise do Código de Defesa do Consumidor e pretendem a reparação somente pela ocorrência do dano, da não realização de um resultado esperado ou pela sua insatisfação.
Quanto à alegação de que este não foi informado sobre a possibilidade de recanalização dos dutos deferentes, tornando o autor fértil novamente, tal informação não resta comprovada nos autos tendo em vista os posicionamentos jurisprudenciais acima expostos, sempre em que não se restar comprovada a culpa médica, será incabível qualquer responsabilização.
7. DOS ALEGADOS DANOS MORAIS, MATERIAIS E PENSÃO POR FALTA DE INFORMAÇÃO E SUPOSTO ERRO MÉDICO
A questão controvertida se resume à prestação, ou não, de informações adequadas a respeito dos riscos do procedimento. Embora os autores afirmem que não foram informados pelo médico sobre os riscos, existe testemunhas que confirmam terem sido informadas a respeito dos riscos de recanalização como a enfermeira e pacientes. .
Também deve ser considerado que, se não tivesse o autor sido adequadamente informado a respeito dos riscos do procedimento, não teria ele retornado ao consultório para tomar conhecimento do resultado de espermograma, exame realizado após o procedimento, que confirmou, naquela oportunidade, o resultado satisfatório da cirurgia.
Afastado o erro no procedimento e confirmada à prestação de informações adequadas ao paciente, não se pode reconhecer a responsabilidade dos réus pela gravidez indesejada da autora, pois o médico assume, no caso em exame, obrigação de meio.  Neste sentido é a orientação do Egrégio Superior Tribunal de Justiça:
“RECURSO ESPECIAL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – DANOS MORAIS E MATERIAIS – CIRURGIA DE VASECTOMIA – SUPOSTO ERRO MÉDICO – RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA – OBRIGAÇÃO DE MEIO – PRECEDENTES – A relação entre médico e paciente é contratual, e encerra, de modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de meio, e não de resultado. Em razão disso, no caso da ineficácia porventura decorrente da ação do médico, imprescindível se apresenta a demonstração de culpa do profissional, sendo descabido presumi-la a guisa de responsabilidade objetiva” (STJ, RESP n. 1051.674/RS, rel. Min. Massami Uyeda, dj 03.02.09).
No mesmo sentido já decidiu este Tribunal em casos semelhantes:
“O fato do apelante, após três anos da cirurgia de vasectomia, ter engravidado sua companheira, não implica no imediato reconhecimento da falha da prestação do serviço, considerando que a obrigação assumida é de meio e não de resultado. Isto porque, diferentemente do trabalho do cirurgião plástico, a especialidade médica do réu e o tipo de cirurgia realizada exige atuação idônea e atenta, com utilização dos recursos adequados, não se obrigando a obter a infertilização total, posto que, reconhecidamente, o corpo humano não é uma ciência exata, sendo possível a recanalização dos canais diferentes, como parece ser o caso dos autos” (Ap. n. 0115780-47.2007.8.26.0000, rel. Des. Coelho Mendes, dj 06.11.12).
“No caso, não há como se atribuir a responsabilidade ao médico que realizou a cirurgia de vasectomia, uma vez que procedimentos deste tipo não possuem garantia de eficácia absoluta, salvo nos casos em que há comprovado erro no procedimento adotado, o que não ocorreu” (Ap. n. 0025793-51.2000.8.26.0224, rel. Des. Caetano Lagrasta, dj 14.03.12).
“Improcedência – Inconformismo – Desacolhimento – Pretensão decorrente de alegado insucesso de procedimento cirúrgico (vasectomia) – Conjunto probatório que não evidencia a culpa do profissional apelado – Elementos de convicção que revelam a observância do dever de informação e orientação, por parte do apelado – Sentença mantida – Recurso desprovido” (Ap. n. 9065712-66.2009.8.26.0000, rel. Des. Grava Brazil, dj 19.06.12).
Diante destas circunstâncias, não se verificou erro profissional da ré que ensejasse a reparação pretendida. 
Como esclarece Nehemias Domingos de Melo a respeito do erro escusável: “É preciso ponderar que a medicina é uma ciência e como tal tem limitações e que o médico é um ser humano, logo falível, devendo ainda considerar que ele trabalha com informações que lhe são fornecidas pelo paciente, cuja verdade varia de acordo com as circunstâncias e conveniências, além do que, o organismo humano reage de forma diferenciada de pessoa para pessoa a um mesmo tratamento. Nesse quadro, erro escusável será aquele decorrente de falhas não imputáveis ao médico e que dependam das contingências naturais e das limitações da medicina, bem como naqueles em que tudo foi feito corretamente, porém o doente havia omitido informações ou ainda quando ele não colaborou para o correto processo de diagnóstico ou tratamento. Nesse caso o erro existe, porém será considerado intrínseco à profissão ou decorrente da natureza humana, não se podendo atribuir culpa ao médico.
[...] Isto é, o erro profissional quando advindo das imperfeições da própria arte ou ciência, embora possa acarretar consequências e resultados danosos ou de perigo, não implicará (necessariamente) no dever de indenizar, desde que o profissional tenha empregado correta e oportunamente os conhecimento e regras atuais de sua ciência “(Responsabilidade Civil por Erro Médico, Doutrina e Jurisprudência, Ed. Atlas, 2008, p. 84/85).
Em relação à responsabilidade do médico pelo fim do casamento, pelos insultos feitos ao autor, pela pensão onde está doutrinado que o médico é responsável por tais atos? 
Sendo assim por todas as razões ora suscitadas, tem- se como incabível a reparação de danos morais em materiais e a pensão alimentícia alegadas por falta de informação e erro médico não salientado como sendo verdadeiras. 
7.1 DA QUANTIFICAÇÃO DOS DANOS MORAIS
Não acredita este requerido na condenação a título de danos morais, em razão de todos os argumentos expostos alhures e pelas provas que serão formuladas. Todavia, em caso de eventual e remota condenação, faz-se mister tratar da sua quantificação.
Da análise da legislação e da observância da jurisprudência dominante podem - se traçar alguns elementos para a fixação do valor do dano moral, quais sejam:
 A posição social tanto do ofensor como do ofendido;
b) A intensidade do ânimo de ofender;
c) A gravidade e a repercussão da ofensa.
Sendo necessária para evitar que as ações de reparação de dano moral se transformem em expedientes de extorsão (como se apresenta na ação ora combatida.)
O valor pleiteado pelo demandante apresenta-se como absolutamente desarrazoado e formulado de maneira teratológica, beirando o enriquecimento. Não há na doutrina e/ou jurisprudência, qualquer amostra de condenação a tal monta (R$60.000,00) em razão do sofrimento representado pela angústia vivenciada segundo o autor e a pensão alimentícia.
Mesmo que o médico requerido tivesse realmente agido com culpa/dolo o valor pleiteado é por demais majorado em razão da inexistência de danos. 
Sendo assim em caso de uma eventual condenação, o que não se acredita pelosfatos, solicito que o valor deferido a título de indenização seja reduzido ao seu mínimo patamar, por ser medida de direito e inteira Justiça.
 
8. DOS PEDIDOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Diante das razões expedidas e documentos juntados pelo Requerido, requer-se a este I.Juizo:
JULGAR TOTALMENTE IMPROCEDENTE: A PRESENTE AÇÃO EM TODOS OS SEUS TERMOS, DADA A TOTAL INEXISTENCIA DE ATOS ILICITOS NO ATENDIMENTO PRESTADO.
 CONDENAR O AUTOR AO PAGAMENTO DAS CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS COMO DOS HONORARIOS ADVOCATICIOS
 PROCEDER AS INTIMAÇÕES/ NOTIFICAÇÕES EM NOME DOS PATRONOS QUE ORA SUBSCREVEM A PRESENTE PEÇA, SOB PENA DE NULIDADE
A PRODUÇÃO DAS PROVAS EM DIREITO ADMITIDAS, ESPECIALMENTE PERICIAIS E TESTEMUNHAIS E JUNTADAS DE DOCUMENTOS, NESTA OPORTUNIDADE E POSTERIORMENTE, OS QUE SE FIZEREM NECESSÁRIOS E OPORTUNOS.
Nestes termos, pedem deferimento e juntada dos documentos.
Varginha MG, 10 de novembro de 2014.
 Advogada
 OAB/MG xx.xxx
Em tempo, aproveita este requerido desde já, para apresentar, mesmo que previamente, o seu ROL DE TESTEMUNHAS (COM JUSTIFICATIVA DE CADA TESTEMUNHA NOMEADA), CUJAS DELIGENCIAS PARA INTIMAÇÃO SERÃO PAGAS A TEMPO E MODO, QUANDO DA DESIGNAÇÃO E PROXIMIDADE DE AIJ.
- Dr. Oskar Kaufmann, brasileiro casado, médico, inscrito no CPF nº 111.222.333-44 e no RG MG23456789, residente e domiciliado à Rua José Andrade de Lima, 781, Vila Paiva na cidade de Varginha - MG (médico especialista em urologista,citado neste auto, item 3 como palestrante no Hospital Regional de Varginha e que poderá esclarecer mais sobre a cirurgia). 
- Rosimeira da Costa, brasileira, solteira, enfermeira, inscrita no CPF nº333.444.555-66 e no RG MG34567891, residente e domiciliada à Rua Newton Cardoso,155, Vila Pinto na cidade de Varginha - MG (enfermeira citada nesta defesa no item 7).
- Daniel Cardoso Melo, brasileiro, casado, policial, inscrito no CPF nº555.666.777-8 e no RG MG 45678913, residente e domiciliado à Rua Pedroso Lima,177, Canaã na cidade de Varginha – MG (paciente do requerido e que fez a cirurgia de vasectomia, citado neste auto no item 7).
Pugnam estes requeridos pela apresentação de outras testemunhas no prazo devido (ao teor do artigo 407 do CPC) E/OU SUBSTITUIÇÃO DAS JÁ OFERTADAS, SE FOR O CASO.

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