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Página 1 de 13 AULAS – MATERIAL DE APOIO (OBS: ESTE MATERIAL É APENAS UMA SÍNTESE DO CONTEÚDO E UM ROTEIRO DAS AULAS PARA USO DO PROFESSOR E GRACIOSAMENTE COMPARTILHADO COM OS ALUNOS, DEVENDO ESTES BUSCAREM NA BIBLIOGRAFIA INDICADA, OBRIGATORIAMENTE, A COMPLEMENTAÇÃO NECESSÁRIA) CURSO: Direito PERÍODO: 7/8º Semestre DISCIPLINA: Direitos Reais CARGA HORÁRIA SEMANAL: 03 horas/aula CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 60 horas/aula 2.5 A Posse e sua Classificação a) Quanto ao desdobramento da posse (art. 1.197 do CC): Posse direta ou imediata: é aquela exercida por quem tem a coisa materialmente, há um poder físico imediato sobre a coisa. É exercida por quem recebe o bem, para usá-lo e gozá-lo, em virtude de contrato, sendo, portanto, temporária e derivada. Ex.: o locatário, o depositário, o comodatário e o usufrutuário. Posse indireta ou mediata: É exercida por quem cede o uso do bem, existindo um obstáculo (relação jurídica) que impede o contato físico com a coisa. Ex.: locador, depositante, comodante e nu-proprietário (concede usufruto). OBSERVAÇÕES: * Ambos os possuidores têm posse simultaneamente. Logo, ambos podem proteger a posse, sem o auxílio do outro. * Há necessidade de uma relação jurídica entre o possuidor direto e indireto, p.ex., contrato. * Possuidor direto tem proteção possessória contra o indireto e vice-versa. Se o possuidor direto oferecer resistência à devolução da coisa ao proprietário quando do advento do prazo de restituição, pode manejar ação possessória contra aquele que agora será convertido em possuidor precário. (Nelson Rosenvald e Cristiano Farias, p. 63.) * Maria Helena diz que o possuidor indireto somente tem direito à proteção possessória diante de terceiros. b) Quanto à simultaneidade do exercício da posse (art. 1.199 do CC) Composse: é uma posse comum e de mais de uma pessoa sobre a mesma coisa que se encontra em estado de indivisão (que não está dividida). A posse de um dos Página 2 de 13 compossuidores não exclui a do outro. Cada um pode agir sobre todas as partes do bem. Ex1: Imagine que você e sua esposa morem em um apartamento, vocês têm a composse desse imóvel. * Composse X Dualidade Pose (direta e indireta): A composse não se confunde com a dualidade de posse (direta e indireta), pois nesta última o possuidor indireto fica privado da utilização imediata da coisa e na composse todos podem utilizá-la diretamente, desde que não excluam as dos outros. * Indivisa X Indivisível: Indivisa é a coisa que não está dividida, enquanto indivisível é a coisa que não pode ser dividida. * Perante terceiros os compossuidores apresentam-se como se fossem um único sujeito, cada compossuidor representando a posse dos seus consortes. * Em regra a composse é temporária, contudo tratando-se de edifício de apartamentos, para que o prédio possa exercer sua destinação econômica, a composse das áreas comuns é perpétua, no sentido de que não se extingue enquanto existir o referido edifício. * Composse termina: quando houver divisão, amigável ou judicial, da coisa comum; quando um dos sócios exercite a posse exclusivamente, sem a oposição dos demais. c) Quanto aos vícios objetivos (art. 1.200 do CC): Posse Justa: É aquela que não é violenta, clandestina ou precária. Posse Injusta: é aquele que foi adquirida a partir de algum dos vícios apontados no art. 1.200 do CC, ou seja, violência, clandestinidade ou precariedade. Violenta: Que se adquire pela força física ou violência moral (chantagem). A violência é contra a pessoa e não contra o bem, não sendo considerada violência, por exemplo, o rompimento de obstáculos. Ex.: movimento popular invade imóvel, expulsando a tapas o caseiro. * A posse obtida com tranquilidade é chamada de mansa e pacífica. Clandestina: Que se estabelece às ocultas daquele que tem interesse em defendê-la, ou seja, quem tem a posse atual. É imprescindível que o possuidor que perdeu a posse não tenha conhecimento do ato e que o novo possuidor tenha utilizado artimanhas para camuflar o ato; permanecer às ocultas. Ex: a pessoa que à noite muda a cerca divisória de seu terreno, apropriando-se de parte do terreno vizinho. Página 3 de 13 Precária: Que se adquire por abuso de confiança. É precária a posse daquele que, tendo recebido a coisa para depois devolvê-la, indevidamente a retém quando a mesma lhe é pedida ou solicitada. Ex.: comodato (empréstimo de bem infungível) em que o comodatário se nega a devolver o bem ao comodante quando findo o prazo fixado para o comodato. * Violência e clandestinidade são vícios originários, pois se manifestam quando da aquisição da posse. Já o vício da precariedade, em geral, surge quando da recusa indevida em devolver a coisa. Quando a posse violenta ou clandestina deixa de o ser? Teoria clássica: utiliza-se o art. 558 do CPC e afirma que após um ano e um dia do ato de violência ou clandestinidade dos vícios. Teoria contemporânea: a análise deve ser feita caso a caso segundo a função social da posse. Para que o vício cesse, basta que o novo possuidor passe a usar a coisa publicamente, em condições que permitam ao possuidor antigo ter conhecimento do esbulho, sem que este reaja. O vício da precariedade convalesce? Segundo vários autores, dentre eles Silvio Rodrigues, o aludido art. 1.208 do Código Civil arredou a possibilidade de ocorrer o convalescimento do vício da precariedade, seja porque representa um abuso de confiança, seja porque a obrigação de devolver a coisa recebida em confiança nunca cessa. * Esses vícios (violência, clandestinidade ou precariedade) caracterizadores da posse injusta são relativos, pois não tem caráter erga omnes. A posse é injusta perante o possuidor antecessor, mas justa perante os demais que vieram a esbulhá-la. d) Quanto à subjetividade Posse de boa-fé (art. 1.201 do CC): quando o possuidor está convicto de que a coisa, realmente, lhe pertence. Ex: Maria empresta à Lia sua caneta, contudo Lia entende que a caneta lhe foi doada, não sabendo que está violando direito de outrem. Página 4 de 13 Boa-fé em razão do Justo Título (art. 1.201, parágrafo único, do CC): o possuidor com justo título presume-se ter posse de boa-fé. Alguns doutrinadores defendem que justo título consiste no documento hábil para transferir a posse, já Venoza defende que neste dispositivo o termo justo título diz respeito ao estado de aparência que permite concluir estar o possuidor gozando de boa posse. Ex.: a companheira tem justo título na posse de bens comuns do casal, quando do falecimento do companheiro Trata-se de presunção relativa, pois admite prova em contrário. Ex.: quando o título decorre de ato violento (assinatura de contrato forjada). Posse de má-fé (art. 1.202): quando as circunstâncias façam presumir que o possuidor tem conhecimento da ilegitimidade do seu direito de posse, em virtude de vício ou obstáculo impeditivo de sua aquisição. Ex.: o possuidor que adquiriu a posse por meio violento. É possível ter posse de má-fé justa? Sim, quando alguém invade um terreno sem o emprego de violência, clandestinidade ou precariedade, e passa a possuí-lo. e) Quanto à presença de título: Posse com título: situação em que há uma causa representativa da transmissão da posse, ou seja, um documento escrito. Ex.: contrato de locação, usufruto ou de comodato. (Posse Jurídica) Posse sem título: situação em que não há uma causa representativa, pelo menos aparente, da transmissão do domínio fático. Exemplo: alguém acha um tesouro.f) Quanto aos seus efeitos: Posse Ad Interdicta: Consiste na posse temporária em virtude de negócio jurídico de execução continuada (locação, depósito, comodato, etc.) ou de direito real sobre coisa alheia (penhor, usufruto, ). É protegida pelos interditos possessórios (ações possessórias), mas que não conduz à usucapião do direito real de propriedade. Regra: posse injusta não merece proteção, ou seja, não é ad interdicta. Exceção: A posse injusta pode ser protegida pelos interditos contra terceiros, mas não contra o possuidor anterior. Página 5 de 13 A posse de má-fé goza de defesa se não for nem violenta, clandestina nem precária. Para a posse gozar de proteção, basta a demonstração da existência da posse e da agressão à posse. Posse Ad Usucapionem: É aquela que atribui ao possuidor o direito de adquirir a propriedade por meio da posse prolongada da coisa por um determinado lapso temporal determinado pelo legislador. (CC, art. 1.242 e art. 1.238). g) Quanto à idade: Posse Nova: se tiver menos de ano e dia da data da aquisição. Posse Velha: se tiver mais de ano e dia. Alguns doutrinadores defendem que caracterizando a posse velha não haveria mais que se falar em posse viciada por violência ou clandestinidade. * Contra a posse nova pode o possuidor esbulhado ou turbado obter liminar de plano (art. 558 ss CPC), contra a posse velha, não se admite liminar, tão somente a tutela antecipada tendo que demonstrar probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. h) Quanto à atividade laborativa Posse Produtiva: obtida mediante prática de atos que possibilitam o exercício da função social da propriedade, visto que nela há construção de morada, plantio ou investimentos econômicos. Posse Improdutiva: se o possuidor em nada investir, tornando o imóvel inútil, por não ser explorado. 2.6 DETENÇÃO Pode-se afirmar que a posse é menos do que propriedade, e, DETENÇÃO é menos do que posse. Sim, existe um estado de fato inferior à posse que é a detenção. A detenção é mero estado de fato que não corresponde a nenhum direito (art. 1198 do CC), enquanto a posse é protegida pelos interditos possessórios. O que irá diferenciar posse de detenção, segundo Ihering, é o dispositivo legal Página 6 de 13 que torna a detenção uma posse degradada. (i) Hipóteses de Detenção: Servidores da posse ou servos da posse (Fâmulo da posse) Art. 1.198 do CC: Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. O detentor pode ser chamado de fâmulo da posse, gestor da posse ou servidor da posse. Trata-se da pessoa que tem a posse em razão de uma mera custódia, exerce posse em nome de outrem e não em nome próprio. Não pode, o detentor, invocar em nome próprio as ações possessórias. Ex. motorista que detém o carro do seu patrão; o bibliotecário em relação aos livros, etc. Art. 1.198 do CC: […] Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e a outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. Atos de mera permissão ou tolerância. Art. 1.208 do CC: “Não induzem a posse os atos de mera permissão ou tolerância”. Permissão: pressupõe um comportamento positivo do possuidor, que entrega a coisa ao detentor. Ex.: os alunos não possuem a sala de aula, apesar de a estarem usando – há permissão. Tolerância: há uma atitude espontânea de inação, de passividade, de não intervenção (consenso tácito). Ex.: Fazendeiro que deixa vizinho passar com gado por suas terras – há tolerância (materializa-se na omissão). Prática de atos de violência ou clandestinidade (art. 1.208 do CC) Enquanto existentes, os atos de violência e clandestinidade impedem a aquisição da posse por parte de quem delas se aproveita, considerando-se simples detenção. Só será posse com a efetiva cessação de tais condutas antijurídicas. Divergência doutrinária: Detenção ou Posse Injusta? Página 7 de 13 *Detenção: Há uma corrente que acredita que os atos de violência ou clandestinos são casos de mera detenção assim como nos casos de mera permissão ou tolerância. Para esta corrente, somente depois que esses vícios cessarem é que a posse se torna injusta, podendo o invasor defendê-la (interditos possessórios) de terceiros que eventualmente desejam obtê-la, mas não contra aquele de quem se tirou. *Posse Injusta: há autores que afirmam que em casos de violência e clandestinidade há a posse injusta e quando cessados esses atos surge posse justa (convalescimento da posse). Nestes casos o possuidor que agiu com violência ou clandestinidade pode utilizar dos efeitos protetivos da posse, inclusive contra o proprietário. Utilização de bens públicos. O STJ, em reiteradas vezes, tem entendido que a ocupação irregular de área pública não induz posse, mas ato de mera detenção. Obs: Os detentores, por não ter a posse, jamais podem adquirir a propriedade pela usucapião do bem que ocupam, pois só a posse prolongada enseja usucapião, a detenção prolongada não enseja nenhum direito. 2.7 AQUISIÇÃO DA POSSE Quando se adquire a posse? Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade 2.7.1 Modos de Aquisição da Posse a) Aquisição originária: quando não há relação entre a posse anterior e a posse nova, seja porque não havia posse anterior, seja porque, surgiu uma posse nova. REGRA: A posse adquirida de modo originário não carrega os vícios que porventura teriam na posse anterior (Princípio da Continuidade do Caráter da Posse - art. 1.203 do CC) SÃO MODOS AQUISITIVOS DERIVADOS DA POSSE: Apropriação da coisa “sem dono” se dá por ocupação, o possuidor se apodera da coisa adquirindo-a. Trata-se da posse da coisa que foi abandonada (res derelicta) ou que não pertence a ninguém (res nullius – peixes do mar); Página 8 de 13 Apropriação da coisa de outrem sem a permissão deste, mesmo no caso de violência, clandestinidade ou precariedade, quando o antigo possuidor omite-se deixando de invocar os interditos possessórios, nasce uma posse nova (art. 1.224, primeira parte, do CC). b) Aquisição derivada: requer a existência de uma posse anterior, que é transmitida ao adquirente, ou seja, com a anuência do possuidor primitivo, por ato bilateral. Decorre de atos jurídicos gratuitos ou onerosos, inter vivos ou causa mortis. REGRA: a posse adquirida de modo derivado carrega os vícios que porventura teriam na posse anterior, salvo prova em contrário. Ex.: Se uma pessoa, que tem posse de má-fé do bem, vier adquiri-lo em razão de compra e venda, o caráter de sua posse mudará mediante a apresentação de prova da alienação. SÃO MODOS AQUISITIVOS DERIVADOS DA POSSE: Tradição: é a entrega ou transferência da coisa. Tradição Real: que se manifesta por uma entrega real do bem, como sucede quando o vendedor passa ao comprador a coisa vendida. Tradição Simbólica: a entrega decorre de um ato representativo. Ex. entrega das chaves. Tradição Contratual/Ficta: que se apresenta sob 2 formas: TRADITIO BREVI MANU: é aquela em o possuidor possuía em nome alheio e passa a possuir em nome próprio. Ex. o locatário que possui a casa em nome alheio compra a casa passando a possuir em nome próprio. CLAUSULA CONSTITUTI (constituto possessório): opossuidor possuía a coisa em nome próprio e passa a possuir em nome alheio. Ex.: o proprietário que vende o imóvel e nele permanece como locatário. Sucessão Mortis Causa (art. 1.206 e art. 1.207, primeira parte, do CC): trata-se da posse continuada pela soma do tempo do atual possuidor com o de seus antecessores. A TÍTULO UNIVERSAL: quando se transfere uma universalidade de bens aos herdeiros, ou seja, quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou parte-alíquota (porcentagem) dela. Pode ocorrer tanto na Página 9 de 13 sucessão legítima como na testamentária. Ex.: toda a herança ou apenas parte 1/3 para cada herdeiro. A TÍTULO SINGULAR: quando o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado. Ex.: um veículo ou um terreno. Obs.: O CC equiparou para fins de continuidade dos caracteres da posse o sucesso mortis causa a título singular ao a sucessor mortis causa a título universal. Sucessão Inter Vivos (art. 1.207, segunda parte, do CC): Opera, em geral, a título singular (objeto certo e determinado). Embora receba a coisa de outrem, o sucessor constitui para si uma nova posse desligada da posse da posse anterior, livre de todos os vícios, o que configura aquisição da posse originária. Todavia, o sucessor está autorizado, por força, da 2ª parte do art. 1.207 do CC, unir sua posse com a posse anterior, carregando todos os vícios porventura existentes na posse anterior (art. 1.203 do CC), configurando assim aquisição derivada da posse. 2.7.2 Quem pode adquirir posse? (art. 1.205 do CC) a) a própria pessoa que a pretende ou por seu representante (legal – pais, tutor ou curador – ou convencional – munido por mandato) b) por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação da pessoa para quem a posse foi adquirida, ou seja, que a pessoa para quem a posse foi adquirida receba a coisa. Ex.: alguém que cerca uma área e coloca lá um procurador (capataz), mas este não só cultiva, em nome do mandante, a área cercada, senão uma outra circunvizinha. O capataz, nesse caso, não é mandatário para o cultivo da segunda área, “mas a aquisição da posse desta pelo titular daquela pode efetivar-se pela ratificação, expressa ou tácita” 2.6.3 Presunção legal de posse dos móveis que estejam no imóvel possuído (art. 1.209 do CC) A aquisição da posse do bem imóvel faz presumir a aquisição da posse das coisas móveis que nele se encontrem, salvo prova em contrário. Trata-se, de presunção relativa. Ex: Lucas adquire a posse direta de um apartamento por meio da locação. Quando vai se instalar no apartamento Lucas constata que alguns móveis se encontram no lugar, logo, presume-se que adquiriu também a posse de tais móveis. Contudo, pode o locador comprovar que os bens móveis não foram objeto do contrato de locação, e assim reavê-los. Página 10 de 13 2.7. EFEITOS DA POSSE 2.7.1 Proteção Possessória 2.7.1.1 Ações Possessórias (Interditos Possessórios) a) Ação de Manutenção de Posse: é a ação que pode ser movida pelo possuidor turbado para manter-se na sua posse. Turbação é um incômodo à posse. O possuidor não perde a posse, mas sofre um embaraço na posse, p. ex.: rompimento de cerca, corte de árvore, ajuizamento de ação de despejo contra locatário adimplente, etc. Requisitos de procedência do pedido: prova da posse, da data da turbação e a continuação da posse (art. 561 do CPC) b) Ação de Reintegração de Posse: é a ação que pode ser movida pelo esbulhado, a fim de recuperar posse perdida em razão de esbulho (violência, clandestinidade ou precariedade). Ex.: comodatário que não devolve a coisa findo o contrato; grupo de invasores que expulsa a tapas o possuidor do imóvel; pessoa que aproveita o período de inverno para invadir cada de praia desocupada, etc. Requisitos de procedência do pedido: prova da posse anterior, do esbulho, da data do esbulho e da perda posse (art. 561 do CPC) c) Interdito Proibitório: consiste na ação que pode ser movida pelo possuidor diante de ameaça de turbação ou esbulho. Ex.: grupo conhecido por invasão rural, acampa à frente de uma fazenda e por meio da empresa local informa que dentro de algumas horas irá invadi-la. O possuidor poderá valer-se do interdito proibitório para obter do poder judiciário ordem para que os iminentes invasores se abstenham de invadir a fazenda. Ex.: funcionários ameaçam que se não houver aumento vão começar uma greve, impedindo o acesso à fábrica. Requisitos de procedência do pedido: que o autor prove o justo receio de vir a ser molestado em sua posse. (art. 567 do CPC). 2.7.1.2 Autotutela da Posse (art. 1.210 do CC) a) Legítima Defesa: em caso de turbação (impedimento do livre exercício da posse), pode o possuidor direto ou indireto reagir, para manter sua posse. A expressão “por sua própria força” constante do texto legal, quer dizer: sem apelar para a autoridade, para a polícia ou para a justiça. Ex.: grupo de invasores acampa bem no limite das terras de Augusto, com bandeiras que fazem referência às invasões rurais, e ainda derruba as cercas. Diante da turbação, o possuidor pode juntamente com os funcionários da fazenda se aproximar do grupo Página 11 de 13 e exigir que a reconstrução da cerca. b) Desforço Imediato: quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho), consegue reagir, em seguida, e retomar a coisa. O desforço imediato é praticado diante do atentado já consumado, mas ainda no calor dos acontecimentos. O possuidor tem de agir com suas próprias forças (sem apelar para autoridade policial ou judiciária), embora possa ser auxiliado por amigos e empregados, permitindo-se ainda, se necessário, o emprego de armas. Ex.: uma pessoa modifica cerca do seu terreno à noite para apropriar-se de parte do terreno vizinho, no outro dia, assim que percebe o esbulho, o vizinho pode desfazer a cerca e reconstruí-la na demarcação correta. * A reação de legítima defesa e desforço imediato deve ser imediata e não poderá ir além do necessário para manutenção da posse ou restituição da posse (art. 1.210, §1º, do CC). 2.7.2 Percepção dos Frutos, Indenização pelas benfeitorias e Reponsabilidade pela Coisa a) Se a Posse é de Boa-Fé Direito aos frutos (naturais, industriais e civis) percebidos e colhidos, desde que haja boa-fé no momento da percepção (art. 1.214, caput, do CC); Direito à indenização pelas benfeitorias úteis (aumentam ou facilitam o uso do bem, art. 96, §2º do CC) e necessárias (para conservar a coisa, art. 96, §3º do CC) existentes no momento da evicção, quando for retirado da posse (art. 1.219, primeira parte, e 1.221, segunda parte, do CC); Direito de retenção da coisa, enquanto o reivindicante não pagar a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias realizadas (art. 1.219, última parte, do CC); Direito de retirar/levantar as benfeitorias voluptuárias (mero deleite ou recreio, art. 96, §1º do CC), quando o reivindicante não queira custeá-las/indenizá-las e quando a retirada for possível sem deteriorar a coisa (art. 1.219, segunda parte, do CC); Neste caso, tem o possuidor de boa-fé o direito de receber a indenização das benfeitorias pelo valor atual, ou seja, valor de mercado no momento do pagamento, desde que não seja inferior ao valor do seu custo, ou seja, valor gasto pelo possuidor (art. 1.222 do CC); Obs.: O art. 1.222 do CC, segundo a doutrina, tem que ser interpretado a favor do possuidor de boa-fé; Página 12 de 13 Dever de restituir, se for possível, ou indenizar o reivindicante pelos frutos pendentes ou os percebidos antecipadamente (art.1.214, parágrafo único, primeira parte, do CC); Direito à indenização pelas despesas de produção e custeio com relação aos frutos pendentes ou colhidos antecipadamente (art. 1.214, parágrafo único, segunda parte, do CC); É responsável pela perda ou deterioração da coisa, somente se tiver dado causa (art. 1.217 do CC) b) Se a Posse é de Má-Fé Dever de indenizar o reivindicante por todos os frutos percebidos ou colhidos, bem como aqueles que por sua culpa não foram recebidos (art. 1.216 do CC, primeira parte); Direito de receber indenização pelas despesas de produção e custeio dos frutos (art. 1.216 do CC, última parte); Responsabilidade pela perda (esbulho ou destruição) ou deterioração da coisa, ainda que acidental, salvo se comprovar que a coisa iria se perder ou deteriorar se de igual modo estivesse na posse do reivindicante (art. 1.217 combinado com art. 1.218, primeira parte, do CC); Direito de indenização pelas benfeitorias necessárias (conservar a coisa), sendo-lhe negados os direitos de retenção e de levantar ar benfeitorias voluptuárias (art. 1.220 do CC). 2.7.3 Usucapião: quando preenchidos os requisitos legais. 2.8. Perda da Posse (art. 1.223 e 1.224 do CC) Perde-se a posse quando não é mais possível o exercício, sobre a coisa, de poderes inerentes à propriedade (de dono). A título de exemplo perde-se a posse: Pelo abandono da coisa (derrelição), fazendo surgir a coisa abandonada Pela tradição, entrega da coisa, que pode ser real, simbólica ou ficta Pela perda da própria coisa: quando a coisa se perde e não é mais possível encontrá-la. Ex. pássaro que foge da gaiola Página 13 de 13 Pela destruição da coisa possuída: quando a coisa não pode mais ser utilizada. Ex. Casa invadida permanente pelo mar, incêndio que queima o carro completamente. Se a coisa for colocada fora do comércio: a coisa se torna inalienável e impossível de apropriação. Ex.: desapropriação de uma área porque se descobriu que uma espécie rara de pássaro somente procriava ali, transformando o local em patrimônio ambiental nacional. O antigo possuidor perderá a posse em razão de o imóvel ter sido colado fora do comércio. Quando o possuidor tomando conhecimento do esbulho não age em defesa da posse esbulhada ou age, mas é violentamente repelido (art. 1.224 do CC), essa perda é temporária, até que se comprove quem tem a melhor posse.
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