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Marketing de Relacionamento Aula 01 - 1 Marketing de Relacionamento Aula 1 - Fidelização e Marketing de Relacionamento Introdução Nos dias atuais, as organizações necessitam considerar o marketing do relacionamento como processo fundamental para obter competitividade no mercado. Os clientes têm acesso a informações a qualquer hora e em qualquer momento, a comparação entre as diversas lojas ou diversos produtos existentes é algo comum. Provavelmente, você fez isso quando optou pela aquisição do seu telefone. Pesquisou as funcionalidades, os preços, a qualidade, o tamanho, assim como analisou a marca, o atendimento dos funcionários durante a venda, as informações que o vendedor possuía sobre o produto, os benefícios que a empresa poderia lhe oferecer. Se você se encantou com o atendimento, se o profissional de vendas compreendeu e atendeu suas necessidades e seus desejos, a chance de retornar à organização para realizar outra compra é alta. Esses são alguns critérios do marketing de relacionamento. Vamos conhecer um pouco mais sobre esses assuntos! Objetivos Apresentar uma visão geral do processo de fidelização dos clientes; Definir os conceitos teóricos fundamentais do Marketing de Relacionamento, suas origens e funções; Identificar as principais diferenças entre o Marketing de Massa e o Marketing de Relacionamento. Créditos Clara Marinho Redatora Laís Serra Designer Instrucional Roberta Meireles Web Designer Rostan Luiz Desenvolvedor Marketing de Relacionamento Aula 01 - 2 Fidelização e Marketing de Relacionamento Você já deve ter ouvido falar que o custo de ganhar ou atrair novos clientes é maior do que o de manter ou reter esses clientes. Vamos analisar esse fato! Imagine que você assistiu a uma propaganda de determinado produto e decidiu que deseja adquiri-lo, dirige-se ao estabelecimento, é atendido sem nenhum diferencial, compra seu produto e vai embora. Esse processo envolve a atração de um novo cliente. Para tanto, é preciso utilizar diversas estratégias de marketing. Conforme Zeithaml, Bitner e Gremler (2014), essas estratégias geram custos associados à propaganda, a promoções; geram custos relacionados com a abertura de novas contas; e custos temporais, ligados ao processo de conhecimento de um novo cliente. Além disso, na atração, cada cliente compra um ou dois produtos e não volta mais à organização. Agora, imagine que você vai comprar o mesmo produto, e a empresa realiza um atendimento de forma diferenciada, considerando ou buscando seus dados pessoais e demonstrando os programas de benefícios da organização. Você se sente prestigiado e, quando necessita de um novo produto, lembra-se disso e realiza uma nova compra na organização. Esse é o processo de fidelização desenvolvido e incentivado pelo marketing de relacionamento, e os custos estão associados ao desenvolvimento desses programas de benefícios e dos programas para o desenvolvimento do marketing de relacionamento. Diante disso, vamos estudar um pouco sobre fidelização! Fidelização De acordo com o site do dicionário Michaelis, fidelidade é: Marketing de Relacionamento Aula 01 - 3 Para Day (1999), o conceito de fidelização envolve: De acordo com Kotler e Keller (2006), para obter a fidelidade, a organização deve realizar uma mudança da sua filosofia, conforme figura: Marketing de Relacionamento Aula 01 - 4 Importância da Fidelização Alguns fatores precisam ser considerados quando tratamos da importância da fidelização dos clientes: É um dos objetivos principais do marketing de relacionamento; Pode ser um processo oneroso e extenso, contudo seus benefícios são duradouros; No nível máximo, resultaria em um comportamento desejado em torno da marca preferida, independente do preço e dos custos. Alguns clientes reconhecem os produtos de organizações não pelo preço e custo, mas pela marca. Mesmo sem dados comprobatórios, é aceito que a organização gasta cinco vezes mais na aquisição de um novo cliente do que na manutenção daqueles existentes (ARAUJO e QUELHAS, 2005). Além disso, os autores complementam, informando que um cliente satisfeito comenta sua compra com outras cinco pessoas, ao passo que um insatisfeito comenta com um número maior de pessoas. Processo de Comportamento do Cliente Uma organização deve considerar todas as etapas do processo de fidelização do cliente. Para tanto, Day (1999 apud BERGANTON, 2015) desenvolveu uma ilustração sobre a evolução desse comportamento. Observe: Marketing de Relacionamento Aula 01 - 5 Programas de Fidelização Você já deve ter ouvido falar ou realizado inscrições em programas de pontos oferecidos por diversas lojas e cartões, programas ou planos de milhagens disponíveis nas companhias aéreas ou, ainda, participado de descontos progressivos oferecidos para os clientes frequentes nas lojas de departamentos, hotéis etc. Esses exemplos são denominados programas de fidelização e têm como objetivo “elevar o nível de retenção de clientes, pelo aumento das suas satisfações e do valor percebido” (BERGANTON, 2015). Diversos são os autores que analisam a relação entre custos e benefícios associados a esses programas. Nessa discussão, cabe à organização a comparação. Conforme descrito por Bolton et al. (2000 apud BERGANTON, 2015), “para se verificar a eficácia de tais programas deve-se medir sua influência no comportamento de compra dos clientes e avaliar se os ganhos incrementais cobrem os investimentos necessários”. Marketing de Massa X Marketing de Relacionamento Para entendermos os conceitos de marketing de massa e marketing de relacionamento, vamos fazer uma breve contextualização histórica: Até a década de 1970, o cenário de competitividade dos mais diversos setores de negócios era muito menos agressivo se comparado com os dias atuais. A realidade era muito diferente, pois o número de empresas era proporcionalmente menor em relação ao que temos hoje. Devemos considerar, também, que o impacto das inovações tecnológicas era menor, pois os produtos eram substituídos com muito menos rapidez. Além disso, os consumidores exerciam um papel mais passivo, muitas vezes resumido a absorver as mensagens dos anúncios publicitários e, por consequência, a comprar. A relação empresa/consumidor era baseada no curto prazo, ou seja, na relação vender-comprar. Em suma, esse era o cenário geral do chamado paradigma do Marketing de Massa. O marketing de massa envolve um único composto de marketing para o cliente, sendo a forma de fornecer produtos no século passado. Por exemplo: o Modelo Ford T e a Coca-Cola de 200 ml. Por essas razões, era compreensível que as empresas, de uma forma geral, pudessem se sentir menos pressionadas a desenvolver relações mais próximas com seus clientes. Entretanto, já na década de 1970, esse cenário começou a mudar! Novas empresas se inseriram nos mais diversos setores, aumentando o grau de competitividade. Os consumidores, que passaram a ter maior poder de escolha, tornaram-se mais meticulosos e exigentes. Finalmente, as tecnologias da automação e da informação começaram a acelerar tanto os processos de negócios quanto o acesso dos consumidores a informações. Na década de 1980, essas mudanças ficaram cada vez mais acentuadas. O consumidor já não tinha o mesmo perfil de antes. Ele estava mais consciente de seus direitos e da importância de seu papel na engrenagem dos negócios. Além disso, havia mais empresas disputando esse mesmo consumidor. A abertura do mercado, inclusive, fez com que empresas globais passassem a concorrer no mercadonacional. Agora, em vez de dois ou três concorrentes para um mesmo Marketing de Relacionamento Aula 01 - 6 tipo de produto, passamos a ter quatro, cinco, seis ou mais concorrentes. Por isso, tratar o consumidor como um elemento passivo já não era mais eficiente. O primeiro passo dessas empresas foi substituir o paradigma do marketing de massa por outro modelo que permitisse diferenciar seus consumidores. Dessa forma, seria possível não apenas identificar os consumidores, mas, principalmente, analisar seus hábitos e necessidades de uma forma mais organizada e planejada. Em vez de enxergar o consumidor como parte de uma massa amorfa, passou-se a enxergá-lo como um elemento que fazia parte de um grupo específico. Nascia, assim, o conceito de segmentação. Entretanto, com o passar dos anos, segmentar tornou-se algo insuficiente. O comportamento do consumidor ficou tão diversificado que entendê-lo apenas como parte de um grupo ficou aquém das necessidades de marketing das empresas. Agora, o desafio era entender o consumidor individualmente. Pense na seguinte situação: O que motiva você a comprar uma lavadora de determinada marca? Pode ser a promessa de durabilidade, mas, para outro consumidor, mesmo com características semelhantes a você, o motivo pode ser outro. Talvez, por exemplo, um sistema inovador de remoção de manchas pesadas. É possível que você já tenha percebido o que as empresas passaram a compreender: está cada vez mais complexo saber o que o consumidor quer, o que o consumidor pensa e quem o influencia. Além disso, algumas mudanças no ambiente empresarial ajudaram a mudar o perfil desses consumidores, como, por exemplo: O aumento de sua expectativa de vida, que obrigou as empresas a formatarem produtos e serviços específicos para determinadas faixas etárias; A presença maciça de mulheres no mercado de trabalho, que, por não estarem mais em casa e por possuírem pouco tempo disponível, passaram a precisar de serviços que facilitassem e cobrissem essa ausência; O crescimento e o fortalecimento dos órgãos de defesa do consumidor, além do acesso à informação. Nessa nova realidade, a segmentação já não conseguia responder sozinha a várias questões de marketing: o paradigma de massa também não. É nesse cenário de necessidade de individualização do consumidor que surge um novo paradigma de marketing, o marketing de relacionamento, tendo os seguintes conceitos: “Privilegia a interação com o seu cliente, com o objetivo de desenvolver, especialmente para ele, um conjunto de valores que o levarão à satisfação e longevidade do seu relacionamento com a empresa” (MADRUGA, 2006, p. 20). “Processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria” (GORDON, 1998, P. 31). Marketing de Relacionamento Aula 01 - 7 Comparativo entre o marketing de massa e o customizado Marketing de Relacionamento aplicado à realidade brasileira No Brasil, inicialmente, o Marketing de Relacionamento dizia respeito apenas ao desenvolvimento de relações entre empresas e clientes institucionais, ou seja, outras empresas (os negócios chamados de business to business – b2b). Os bancos logo começaram a utilizar esse conceito aplicando-o a pessoas físicas. Disso resultou o fato de o termo ter se popularizado e passado a ser utilizado por outras empresas. Autores como Roberto Madruga apresentam a ideia de que o Marketing de Relacionamento já era aplicado, mesmo que apenas de maneira intuitiva, nas relações de consumo que existiam desde os tempos das mercearias de bairros, nas quais as compras eram feitas e anotadas nas cadernetas para pagamentos futuros. Naquela época, segundo o autor, utilizava-se o crediário, sem precisar de comprovante de renda. Tudo isso era possível porque o proprietário do estabelecimento conhecia muito bem seus clientes pelo nome, sobrenome, quantidade de filhos etc. Marketing de Relacionamento Aula 01 - 8 Saiba mais Esse relato mostra que o Marketing de Relacionamento já acontecia nessa época, mas de uma forma muito embrionária. A fidelidade dos clientes era uma certeza de que, todo mês, fariam as compras da casa naquele estabelecimento. Com o crescimento exacerbado da economia mundial e a industrialização de novos produtos, as mercearias de bairros começaram a enfraquecer, e esses relacionamentos deixaram de existir. Cenário atual do Marketing de Relacionamento Hoje, no atual cenário, as empresas que trabalham o conceito de Marketing de Relacionamento têm, como vantagem competitiva, um estreitamento dos laços de relacionamento cada vez maior com seus clientes internos e externos e com outras organizações. Veja uma das vantagens dessa evolução do paradigma do marketing de massa para o marketing de relacionamento: A partir dessas premissas, percebemos que cada contato com o cliente é uma oportunidade valiosa de conhecê-lo melhor, de torná-lo especial e único, agregando valor por meio dessas interações. Marketing de Relacionamento Aula 01 - 9 O objetivo é desenvolver ações que possam transformar desconhecidos em consumidores, consumidores em clientes e clientes em amigos que recomendem a marca, a empresa, os produtos e serviços a outros clientes em potencial. O marketing de relacionamento representa, assim, uma nova postura na interação entre uma empresa ou entidade e seus clientes. Nesse novo paradigma, a relação empresa/consumidor modifica-se radicalmente. Nesse novo cenário, as empresas passam a investir, prioritariamente, na manutenção do cliente já conquistado, embora não descartem a conquista do cliente potencial, porque está cada vez mais difícil conquistar clientes novos e cada vez mais fácil perder os que já se possui. Elas descobriram que: Marketing de Relacionamento Aula 02 - 1 Marketing de Relacionamento Aula 2 - Pós-Marketing e Tipos de Clientes Introdução O cliente na era dos relacionamentos é mais bem informado, mais exigente, mais participativo e muito mais complexo. Você, como cliente, procura nos diversos sites de pesquisa informações sobre especificações técnicas que atendam as suas necessidades e os seus desejos no momento da aquisição de um novo produto ou serviço. Não é mesmo? O diferencial está no atendimento realizado pela organização, que é feito de forma individualizada. Conhecer o cliente e seus diferentes perfis é fundamental para que as organizações consigam desenvolver formas e meios de investir na capacitação dos funcionários a fim de que eles realizem bons atendimentos. São esses assuntos que veremos a partir de agora! Objetivos Reconhecer a importância dos relacionamentos com o cliente nessa nova era do Marketing; Definir o conceito de pós-marketing e identificar atividades que podem ser desenvolvidas para construção de relacionamentos duradouros com os clientes; Conceituar e classificar os clientes, observando ações de marketing de relacionamento que podem ser utilizadas para cada categoria de cliente. Créditos Clara Marinho Redatora Laís Serra Designer Instrucional Roberta Meireles Web Designer Rostan Luiz Desenvolvedor Marketing de Relacionamento Aula 02 - 2 Características do Marketing de Relacionamento Antes de conhecer as características do marketing de relacionamento, é importante saber o que é um relacionamento. Bretzke (2000, p. 127) nos diz que relacionamento: Assim, o marketing de relacionamento deve envolver compreensão, concentração e administração, privilegiando uma contínua colaboraçãoentre fornecedores e clientes selecionados. Compartilhando, assim, valores mútuos que envolvam o atendimento dos clientes de forma individualizada, agregando valor para a empresa. Dessa forma, Gordon (1998) descreve diversas características do marketing de relacionamento: Funções do Marketing de Relacionamento De acordo com Madruga (2006, p. 23), “o marketing de relacionamento é composto por diversas engrenagens, como foco em estratégias empresariais para a longevidade da relação com clientes, comunicação personalizada bidirecional, múltiplos pontos de contato, novas formas de segmentação de mercado, estrutura organizacional descentralizada e mensuração em tempo real da satisfação dos clientes”. Marketing de Relacionamento Aula 02 - 3 Para esse autor, o marketing de relacionamento possui seis funções básicas: Participação de todos na definição de uma nova visão e cultura organizacional direcionada para os clientes e parceiros. Construção de objetivos organizacionais de acordo com a nova visão e de forma que todos os compreendam e acompanhem. Definição de estratégias de marketing direcionadas para a criação de valores com a participação dos clientes. Implantação de ações táticas voltadas para relacionamentos colaborativos com clientes. Obtenção de benefícios mútuos, uma vez que os clientes compreendem sua participação e passam a contribuir com informações sobre seus desejos e suas necessidades. Direção da ação, capacitação e envolvimento dos colaboradores para proporcionar os diferenciais desejados pelos clientes. Componentes do Marketing de Relacionamento Gordon (1998) cita oito componentes básicos que devem ser considerados no momento de construir o marketing de relacionamento. Dessa forma, a empresa deve alinhar todos eles para atender, da forma mais adequada, seus clientes e participantes. Veja quais são esses componentes: 1. Cultura e Valores Deve-se direcionar os valores e a cultura da organização para desenvolver relacionamentos duradouros com os clientes. Dessa forma, a empresa poderá manter relacionamentos com outras empresas que atuem com a mesma cultura ou uma cultura complementar, uma vez que uma empresa que desenvolve uma cultura baseada nas transações atuais não irá formar um relacionamento durável com organizações que atuam com criação de valores a longo prazo. 2. Liderança É importante compartilhar ou partilhar todas as informações sobre marketing de relacionamento de acordo com os interesses empresariais. O líder, portanto, deve incentivar os funcionários e os fornecedores a desenvolverem uma relação individualizada com os clientes. 3. Estratégia O desenvolvimento de estratégias deve ser feito considerando os clientes de forma individual. “O cliente – não o produto, a pesquisa, o desenvolvimento e outras competências – deve ser o centro das estratégias de negócios, se a empresa quiser implementar o marketing de relacionamento efetivamente” (GORDON, 1998, p. 48). É preciso, assim, considerar as diferentes estratégias para marketing de relacionamentos nos diversos níveis organizacionais. 4. Estrutura Modificações nas estruturas são necessárias para atender essa prática. Afinal, a estrutura deveria incentivar ou facilitar a estratégia voltada para o marketing de relacionamento. “Uma empresa organizada conforme o marketing de relacionamento terá gerentes que Marketing de Relacionamento Aula 02 - 4 possuem categorias específicas de relacionamento, com clientes atuais, novos clientes, funcionários, fornecedores, investidores e assim por diante” (GORDON, 1998, p. 49). 5. Pessoal É importante treinar, desenvolver e transformar o pessoal em precursores capazes de criar uma aliança com os clientes. Mas é preciso que a empresa forneça tecnologias e processos para executar o trabalho de forma a multiplicar sua capacidade e eficiência. Por exemplo: “o pessoal de linha de frente deve ter habilidade para se comunicar com os clientes de modo a reconhecê-los, lembrar o seu histórico de contatos, entender as questões atuais dos clientes, prever certos comportamentos e propor respostas, soluções ou sugestões apropriadas” (GORDON, 1998, p. 50). 6. Tecnologia Deve-se concentrar tecnologia suficiente para obter um sistema de memória sobre os dados dos clientes. As tecnologias devem envolver comunicações internas e externas, assim como a informática e o conteúdo. A informática deve proporcionar uma memória de dados suficiente e facilitar o armazenamento dos dados relativos aos clientes. Já o conteúdo deverá envolver dados como demografia, localização, padrões de uso, frequência de pedidos, favorecimento e preferências. 7. Conhecimento e Percepção Deve-se buscar e investir no conhecimento e na percepção do cliente. Esse conhecimento é proporcionado pela tecnologia e pelo armazenamento de dados. O desafio atual é garantir recursos para esse investimento de forma individual no contexto organizacional. 8. Processos Os processos devem ser concentrados em torno dos seus clientes, fornecendo o valor que cada um deseja e comunicando a todos como desejam se envolver com a empresa. “O marketing de relacionamento requer que os processos sejam estruturados em torno do cliente, o que pode exigir mudanças essenciais para os processos existentes” (GORDON, 1998, p. 55). Pós-Marketing As organizações, na atualidade, lidam com fatores como: a diversidade de Produtos, a intensificação da concorrência e a dificuldade de posicionamento de um produto. O diferencial de uma organização está, portanto, no atendimento ao cliente, no cuidado em conhecer seu consumidor e no desenvolvimento de uma nova relação entre clientes e empresa, sendo necessário um profissional de marketing integrador com o objetivo de trazer o cliente para dentro da organização (BOGMANN, 2002). A decisão pela compra de um produto A em relação a um produto B não envolverá única e exclusivamente a tecnologia relacionada ao produto e/ou serviço, mas sim a capacidade de ele ultrapassar as necessidades desejadas. Para McKenna (1999), “o pós-marketing/atendimento ou pós-venda direciona a organização para a realização de uma busca constante sobre o conhecimento dos desejos e das necessidades do cliente, antecipando sua expectativa e superando-a com o objetivo de fidelizar o cliente e criar um relacionamento duradouro nos negócios”. As atividades voltadas para esse marketing são essenciais para qualquer projeto de retenção do cliente, uma vez que o objetivo da organização é fazer com que os clientes percebam qualidade no produto ou serviço comprado, por meio do oferecimento de informações e do relacionamento. Marketing de Relacionamento Aula 02 - 5 Você desenvolve isso constantemente como cliente. Veja um exemplo: Um cliente almoçou em um restaurante excelente. No entanto, apesar de ter gostado muito do lugar, ele continua frequentando outros em busca de um diferencial. Se já foi atendido naquele restaurante, espera um atendimento mais individualizado em uma próxima visita. Atenção! Esse é o papel do marketing de relacionamento, uma vez que, de acordo com Bogmann (2002, p. 34), “as atividades do pós-marketing tornam-se componentes críticos de qualquer projeto de retenção do cliente porque, por meio do oferecimento de informações e do relacionamento, é possível fazer com que os clientes percebam qualidade no produto ou serviço comprado”. Quem são os clientes? Como a própria palavra sugere, consumidor é quem compra algum produto para consumo, seja próprio (consumo final) ou para gerar negócios (consumo empresarial). Em marketing, muitos autores utilizam o termo cliente para designar o consumidor. Por uma questãode padronização, usaremos, a partir de agora, o termo cliente, obedecendo à terminologia de três grupos de autores que serão citados nesta aula: Stan Rapp e Thomas Collins (1996), Ian Gordon (1999) e Miriam Bretzke (2000). Os clientes de hoje são mais bem informados, mais exigentes, mais participativos e muito mais complexos, porque: Estão ficando mais sofisticados; Dispõem de pouco tempo e querem mais conveniência; Veem maior equiparação entre os fornecedores; Estão menos sensíveis à marca do fornecedor e mais abertos a marcas de revendedores e marcas genéricas; Têm altas expectativas quanto a serviços e atendimento; São menos fiéis aos fornecedores; Produtos e serviços estão atingindo paridade em sua mente; A fidelidade deles se evapora; Eles buscam valor maior e custo de transferência menor. Marketing de Relacionamento Aula 02 - 6 Atenção! Por esses motivos, as tradicionais práticas de marketing centradas nas relações de compra e venda de curto prazo não têm sido suficientes. Agora, é preciso analisar o cliente com maior profundidade para entender quem ele é, de onde vem, o que pensa, como vive, com quem convive, quem o influencia e como se relaciona com o produto e a marca de sua empresa. Podemos ainda considerar algumas verdades quando falamos sobre quem é o cliente, tais como: O cliente: É a pessoa que compra produtos das empresas para consumo próprio ou distribuição dos mesmos; É a pessoa mais importante em qualquer tipo de negócio, pois, sem eles, as portas de qualquer empresa seriam fechadas; Não depende de nós – nós é que dependemos dele; Não interrompe nosso trabalho – ele é a razão de nosso trabalho; Não significa apenas dinheiro no caixa – ele é, antes de tudo, um ser humano que precisa ser tratado com respeito e consideração. Tipos de Clientes Para facilitar a tarefa de conhecer os diversos tipos de clientes, Gordon (1999) os classificou em seis categorias principais, que podem evidenciar sua trajetória dentro de uma empresa quando bem atendidos. Essa classificação obedece à seguinte progressão: a) Prospects (ou clientes potenciais) São clientes que ainda não foram conquistados, mas que são identificados como potenciais compradores que podem estar interessados em comprar de sua empresa e “cujos perfis combinam com o que sua empresa procura” (GORDON, 1998, p. 129). Se você trabalha em uma organização que vende seguros de saúde a preços populares, por exemplo, provavelmente, seus prospects estarão concentrados nas pessoas das classes C e D que ainda não têm um seguro de saúde. b) Experimentadores São clientes prospects que já conheceram seu produto ou sua marca e, por isso, resolveram entrar em contato com sua empresa. Ainda não são considerados consumidores conquistados, mas fizeram algum tipo de avaliação de seu produto ou, ainda, visitaram seu negócio pelo menos uma vez. Alguns autores os chamam de shoppers. Nos supermercados, por exemplo, a degustação pode ser considerada uma ação para fazer com que os prospects se tornem experimentadores. Marketing de Relacionamento Aula 02 - 7 c) Compradores Um experimentador vira comprador quando decide fazer negócio com sua empresa, mesmo que seja por apenas uma vez. O comprador compra para dar crédito a seu produto e avaliá-lo, possivelmente comparando-o com o produto de outra marca mais conhecida por ele. Por exemplo, a dona de casa acostumada com o sabão em pó de uma marca X poderá levar o sabão da marca Z para comprovar (ou não) sua eficácia. d) Clientes Eventuais São pessoas que adquiriram um ou mais produtos de sua empresa. Se a experiência de consumo for satisfatória, o comprador passa para o estágio de cliente eventual, ou seja, o cliente começa a comprar seu produto com mais frequência, mas “ainda pode utilizar o produto dos concorrentes ou [...] voltar a ser apenas comprador, ou mesmo parar inteiramente de comprar em sua empresa” (GORDON, 1998, p. 129-130). Em outras palavras, o cliente eventual compra seu produto, mas ainda não está inteiramente fidelizado a ele. e) Clientes Regulares São clientes que adquirem periodicamente os seus produtos e serviços. Clientes nesse estágio já foram conquistados com uma preferência suficiente para que comprem seu produto repetidamente, colocando sua marca como primeira e única alternativa. Por essa razão, o cliente regular não apenas compra, mas também se sente motivado a ser mais participativo. Por exemplo, o cliente regular pode sugerir à empresa melhorias no produto, em aspectos como: Embalagem – “Que tal uma embalagem feita de plástico?”; Composição – “Que tal um alvejante sem cloro?”; Quantidade – “Que tal uma versão em 250 ml?”. f) Defensores Estágio mais avançado nessa escala. O defensor é o cliente que, além de colocar seu produto como primeira e única opção, também age como porta-voz de seu produto perante os outros clientes. Os defensores são aqueles clientes que elogiam sua empresa e a qualidade de seus produtos a quem quiser ouvir. O produto e a marca passam a fazer parte da vida desse cliente. Por exemplo, muitos usuários de microcomputadores e notebooks fazem questão de se manter fiéis à marca Apple e propagam as vantagens dessa marca para outros usuários. Marketing de Relacionamento Aula 02 - 8 Atividade Chegou a hora de testar os seus conhecimentos. Antes, leia o texto GESTÃO DAS NECESSIDADES E DAS AÇÕES DE MARKETING INTERNO: CASO ESTANPLAZA HOTELS e, em seguida, responda às questões abaixo: 1 - Quais outros setores poderiam se beneficiar da construção de um diferencial baseado na atitude acolhedora dos seus colaboradores? 2 - Quais são os principais pilares da nova estratégia operacional da Rede Estanplaza de Hotéis? 3 - A gestão participativa é fundamental para a construção da vantagem competitiva baseada na atitude acolhedora? Justifique? 4 - Com base nos atributos de bem-estar e multissoluções desenvolvidos pela Rede Estanplaza de Hotéis, quais são os mais importantes para a construção da sua vantagem competitiva? Gabarito R.1 - Gestão de pessoas; endomarketing; intraempreendedorismo; vendas (comercial). R.2 - Fatores mais relevantes para motivação dos colaboradores do segmento hoteleiro, que são: bons salários, disciplina diplomática, garantia de emprego, trabalho interessante, sentimento de estar sendo envolvido, ajuda simpática com problemas pessoais, oportunidades para promoção e desenvolvimento, boas condições de trabalho, fidelidade pessoal para os empregados e reconhecimento e elogio pelo trabalho feito. R.3 - A participação é uma das necessidades da Pirâmide de Hierarquia das Necessidades de Maslow. Embora não seja considerada parte da teoria, tal hierarquia é fundamental para compreender a Gestão Participativa. R.4 - Fatores motivacionais (recursos humanos) quando combinados coerentemente com fatores de produção (recursos físicos-financeiros), produzem a maior vantagem competitiva que uma empresa pode ter. Marketing de Relacionamento Aula 03 - 1 Marketing de Relacionamento Aula 3 - Retenção e comunicação para o sucesso organizacional Introdução Vimos, na primeira aula, que alguns conceitos evoluíram ao longo dos anos. Com a comunicação e a retenção de clientes não foi diferente. Tente voltar um pouco no tempo e imaginar como eram as relações empresa-cliente quando prevalecia o paradigma do Marketing de Massa. Nesse panorama, o cliente não era visto de forma individualizada nem mesmo segmentada, mas como um elemento anônimo que fazia parte de uma grande massa. Certamente, essa forma de analisar e de trataro cliente não é realidade de hoje. No paradigma do Marketing de Relacionamento, o cliente precisa ser identificado para que a relação seja individualizada. Atualmente, os gestores e as empresas questionam como interagir, escutar ou atender às necessidades e os desejos de cada cliente. Vamos conhecer um pouco mais sobre como as empresas podem atuar! Objetivos Identificar os elementos-chave de uma estratégia de marketing orientada para o cliente; Definir os conceitos de fidelidade, atração e retenção do cliente, visando planejar estratégias para um plano de Marketing de Relacionamento eficaz; Analisar o papel da comunicação e sua evolução para atender aos paradigmas do marketing de relacionamento. Créditos Clara Marinho Redatora Laís Serra Designer Instrucional Roberta Meireles Web Designer Rostan Luiz Desenvolvedor Marketing de Relacionamento Aula 03 - 2 Reter é mais vantajoso que conquistar clientes Muitas empresas ainda acreditam que, se os clientes antigos e retidos deixam de adquirir seus produtos/serviços, a desvantagem é única e exclusiva dos clientes. Essas empresas estão interessadas em adquirir novos clientes e não em reter os antigos. É preciso compreender que é mais caro buscar e atrair novos clientes do que reter os já existentes. Afinal, “os clientes existentes têm necessidades identificáveis que já foram satisfeitas por seus produtos ou serviços”. Reter significa “estabelecer um relacionamento contínuo, duradouro e gratificante com os clientes, visando aumentar a lealdade e a rentabilidade pelo mecanismo de reconhecimento e recompensa dos (clientes) mais leais” (BRETZKE, 2000, p. 126). Assim, é importante destacar que reter clientes não se limita a fazê-los permanecer em sua base. Os clientes retidos devem ser, sobretudo, rentáveis. É preciso reavaliar, com base nas compras passadas e em dados obtidos sobre os clientes retidos, quais são rentáveis para as organizações e quais questionam ou têm objeções e não finalizam a compra conforme a empresa deseja. Madruga (2006) descreve que as organizações têm de direcionar seus processos empresariais para os clientes e não exclusivamente para os produtos e suas especificidades. O autor descreve que esse foco envolve “olhar os valores que lhe são importantes no relacionamento comercial e com isso desenvolver estratégias para aproximar as atividades-fim e de apoio da empresa vendedora aos requerimentos dos clientes, resultando em aumento de satisfação, de benefícios mútuos e, consequentemente, de rentabilidade”. (MADRUGA, 2006, p. 193). Alguns fatores são evidenciados por esse autor para analisar as estratégias voltadas para cada foco: Marketing de Relacionamento Aula 03 - 3 O conceito de valor O conceito de valor envolve: um processo contínuo entre empresa e cliente, no qual este faz parte da etapa de criação, através de mecanismos de coprodução fornecidos pela companhia. Os valores são providos individualmente, isto é, para cada um dos clientes. Eles também são compartilhados pelas organizações em que as equipes os desenvolvem, mobilizadas pelo comprometimento interno, foco no valor da interação, respeito, segurança e confiança junto a parceiros e clientes (MADRUGA, 2006, p. 195). O valor para o cliente envolve o que ele espera na aquisição de um produto ou serviço assim como a experiência que ele tem com a organização. O cliente espera que a empresa fornecedora lhe proporcione um diferencial, ou seja, o cliente espera sempre atitudes proativas da organização. Para demonstrar e/ou incentivar esse valor, a empresa deve apresentar os benefícios gerados pelo relacionamento com seus clientes desde que disponha de profissionais qualificados. Diante disso, o cliente irá visualizar a adição de valor por meio da proximidade proporcionada pelo relacionamento e a empresa terá lucros adicionais derivados da compra. Marketing de Relacionamento Aula 03 - 4 Considerando o valor da perspectiva do cliente, podemos perceber que ele considera que as empresas não devem trazer problemas, mas sim algo a mais. Madruga (2006) descreve algumas premissas para o valor por parte do cliente, a saber: O valor do cliente é sempre dinâmico. É preciso saber que os valores não são fixos, considerando que as necessidades e os desejos dos clientes variam, assim como a sociedade em que estão situados. Por exemplo: hoje, você pode escolher um produto ou um serviço pela qualidade, amanhã pelo preço, depois pela localização. Alguns valores são coletivos, mas a maioria não. Mesmo que o processo de compra seja parecido entre os indivíduos, as influências, a variação e a experiência acumulada são diferentes. Por exemplo: a escolha de uma escola para uma criança. O pai pode desejar uma educação mais rígida, enquanto a mãe, uma educação com mais liberdade. O valor é entregue quando satisfaz as necessidades. Todos da organização devem ser capazes de compreender as necessidades dos clientes, mesmo que elas não estejam evidentes. Por exemplo: uma pessoa que adquire um produto que não desejava por influência do vendedor e, durante a entrega, percebe que o produto não atende às suas necessidades gera um grande custo para a empresa, uma vez que cria um custo de devolução e a possibilidade de um custo de uma nova aquisição. A expectativa é necessária para uma boa venda. O consumidor é fortemente baseado nas suas expectativas, ou seja, no que deseja em relação a um produto ou serviço a ser oferecido. Por exemplo: um indivíduo que deseja comprar um pacote para as suas férias, provavelmente, possui uma expectativa de como seriam essas férias. As pessoas sempre buscam atingir seus objetivos. O objetivo, ou seja, o que o cliente deseja fazer ou obter com aquele produto deve ser considerado no momento da realização da venda. Por exemplo: um cliente pode desejar adquirir uma bicicleta ergométrica para treinar em dias de chuva, contudo essa bicicleta pode não proporcionar os mesmos benefícios de uma bicicleta comum. Cada cliente é único, singular na sua existência. Cada cliente é diferente e os profissionais da organização devem compreender isso. Por exemplo: em uma reunião, o perfil e as características de um profissional são diferentes. O preço nem sempre é o mais importante. O preço pode ser um fator secundário para os clientes. Por exemplo: se o único fator ou o mais importante fosse o preço, uma loja de eletrodomésticos venderia somente ventilador no verão, pois é mais barato que um ar-condicionado. O serviço é tão ou até mais importante. Os consumidores querem aumentar sua experiência com os produtos ou os serviços oferecidos. Por exemplo: na nossa aula, vocês utilizam produtos e serviços oferecidos pela instituição. Qualidade aliada ao serviço e ao preço. A qualidade deve ser integrante dos fatores preço e serviço, contudo esse fator pode ser diferente para todos os clientes. Por exemplo: para um cliente, qualidade pode ser o fato de as especificações do produto atenderem ao objetivo desejado, já para outro cliente, a qualidade está na relação custo/benefício de adquirir um determinado produto. Marketing de Relacionamento Aula 03 - 5 O valor percebido pelo cliente De acordo com Churchill e Peter (2000, p.15), o valor percebido pelo cliente envolve os benefícios percebidos menos os custos percebidos. Observe: Esses autores afirmam, ainda, que os benefícios e os custos envolvem: BENEFÍCIOS Funcionais Benefícios tangíveis relacionados à aquisição de determinado produto e/ou serviço. Por exemplo: quando você adquire um computador e visualiza no produto a possibilidade de aumentar a rendaou melhorar sua educação. Sociais Reações positivas recebidas de outras pessoas ou da sociedade a partir da aquisição de determinado produto e/ou serviço. Por exemplo: você já deve ter ouvido alguém que falou “você comprou esse produto, queria um igual, pois adorei suas características”. Pessoais Satisfação pessoal ou sentimentos experimentados através da compra, do uso ou da propriedade do produto e/ou serviço. Por exemplo: ocorre quando você visualiza que seu objetivo com o produto foi alcançado da melhor forma. Se seu objetivo, ao comprar um celular, foi acessar a internet, você terá uma satisfação pessoal ao alcançá-lo. Experimentais Relacionados ao prazer sensorial que as pessoas obtêm com os produtos. Por exemplo: os benefícios obtidos com o paladar ao adquirir uma comida com gosto bom. Marketing de Relacionamento Aula 03 - 6 CUSTOS Monetários Quantidade de dinheiro disponibilizado para a aquisição de determinado produto e/ou serviço. Temporais Referem-se ao tempo gasto na compra de determinado produto e/ou serviço. Psicológicos Envolvem a energia ou a tensão mental e emocional obtidas na compra de determinado produto e/ou serviço. Comportamentais Correspondem à energia física gasta na compra de determinado produto e/ou serviço. Tipos de campanha de retenção de clientes Bretzke (2000) descreve, em seu livro, os sete tipos de campanha de retenção elaborados por Rapp e Collins (1996), quais sejam: a) Re-sell: o cliente é retido/fidelizado por meio de compras repetidas. Pense, por exemplo, em uma consumidora que faz compras frequentemente em uma determinada loja de roupas. b) Up-sell: o cliente é retido/fidelizado ao comprar um produto de categoria superior ao que já possui. Isso acontece, por exemplo, quando ele troca seu carro 1.0 por outro carro 1.6 de mesma marca. c) Keep-sell: o cliente é fidelizado quando a empresa identifica um comportamento de compras muito raras ou de consumo decrescente. Por exemplo, ao notar que um cliente X pouco tem utilizado seu cartão nos últimos três meses, uma empresa de cartão de crédito entra em contato com ele para conversar e oferecer algum tipo de incentivo para que use seu cartão com mais frequência. d) Cross-sell: o cliente é fidelizado quando a empresa oferece um novo produto que, geralmente, está relacionado a outro que já possui. Por exemplo, um cliente X pode ser contatado pelo fabricante de seu computador para ser incentivado a comprar uma impressora multifuncional. e) Add-sell: o cliente é retido/fidelizado ao ser incentivado a comprar um novo produto, resultado de uma extensão de linha. Isso pode acontecer, por exemplo, quando uma empresa de cosméticos incentiva a consumidora X a comprar um batom da mesma linha, com o mesmo preço, mas de cor diferente. f) New-sell: o cliente é retido/fidelizado por meio de compras de produtos pertencentes a outros segmentos de negócios de uma mesma empresa. Por exemplo, o Submarino.com pode contatar um determinado consumidor já cadastrado para vender um pacote turístico da Submarino Viagens. Marketing de Relacionamento Aula 03 - 7 g) Friend-sell: o cliente é retido/fidelizado por meio da indicação de novos clientes (prospects) para a empresa, mediante alguma recompensa ou premiação. Recentemente, operadoras de telefonia móvel realizaram campanhas friend-sell, incentivando os clientes a indicar prospects. Se o prospect fechar negócio, o cliente que o indicou é premiado, por exemplo, com um aparelho celular. Segundo Bretzke (2000), o friend-sell também é chamado de member-get-member. O modelo do planejamento de retenção do cliente Existem algumas estratégias empresariais para criar valor junto aos clientes. Madruga (2006) apresenta sete estratégias: 1. Estratégia de Colaboração Desenvolve-se uma posição de igualdade entre empresa e cliente, de forma que os dois possam realizar um esforço colaborativo e contínuo. Para tanto, a empresa pode utilizar pesquisas, ideias e sugestões dos consumidores. 2. Estratégia de Parceria Desenvolvimento de parcerias com outras organizações para atender às necessidades dos clientes. Essas empresas podem ser de pequeno, médio ou grande porte, desde que compreendam o seu grau de comprometimento com o cliente. Envolve o conceito de “parceirização”, ou seja, “a terceirização com alto grau de comprometimento das partes, na qual o resultado é fruto de todos” (MADRUGA, 2006, p. 220). 3. Estratégia de Identificação É utilizada para garantir que os valores sejam alcançados por todos da empresa. É desenvolvida por meio de treinamento dos funcionários para que eles percebam os sinais dos clientes. Assim como a empresa deve proporcionar canais de relacionamento 24 horas por dia, 7 dias por semana. 4. Estratégia de Segurança Estruturação dos produtos, serviços, sistemas e processos para que o cliente se sinta seguro no decurso do relacionamento. Muitas empresas que utilizam o e-commerce têm utilizado sistemas de firewall para desenvolver suas atividades. 5. Estratégia de Comprometimento Objetiva o comprometimento dos funcionários durante o relacionamento com o consumidor. Envolve motivação, incentivo de participação dos funcionários em todos os processos. 6. Estratégia de mudança de foco Semear um novo foco na organização, que é o valor da interação entre cliente e empresa. A partir do alcance dessa estratégia, o consumidor percebe que o relacionamento é constante, e sua interação poderá agregar valor. 7. Cumprir Promessas Feitas Realizar e cumprir todas as promessas feitas aos clientes. O não cumprimento gera uma quebra de expectativa com a empresa. Quando você é atendido de forma ruim por um profissional de vendas durante “um minuto”, repensa antes de entrar ou comprar novamente naquela empresa. Marketing de Relacionamento Aula 03 - 8 Comunicação formal e informal com os clientes COMUNICAÇÃO INFORMAL Bogmann (2002) afirma que existem várias maneiras de fazer contatos informais com os clientes, via telefonemas, correspondências, contatos diretos no próprio local. Contudo, é essencial que a empresa tenha as informações disponíveis sobre todos os clientes. Para tanto, deve abrir um canal de comunicação que seja facilmente captado pelo consumidor. Muitas vezes, o contato informal é percebido e mais valorizado pelo cliente, uma vez que ele pode se sentir isolado com o tipo de comunicação formal. Para desenvolvimento de uma pesquisa informal, a empresa deve incentivar uma simples discussão sobre os dados das últimas reações do cliente, relatados aos funcionários da empresa por carta, por telefone ou presencialmente. Os dados coletados nessas discussões servem como guia, a fim de melhorar ou expandir o serviço. Assim, os funcionários podem criar uma forma de solucionar os problemas gerais do consumidor e desenvolver um padrão para a solução dos que forem constantes. Saiba mais A melhor forma de administrar os relacionamentos ativos com os clientes é ouvir e lidar com suas reclamações. O fato de ouvir demonstra que a empresa se preocupa com o problema do cliente. Para alcançar a solução, é preciso fazer perguntas direcionadas, com o objetivo de obter as informações, ouvir com cuidado as respostas, entender os detalhes, desenvolver uma ou mais alternativas para resolução do problema e pedir desculpas em nome da empresa. Um artigo publicado pelo Wall Street Journal (BOGMAN, 2002) demonstra cinco reações possíveis de acontecer quando um cliente está insatisfeito: Ele sofre em silêncio; Ele muda para outra empresa em silêncio; Ele fala com amigos e vizinhos sobre sua insatisfação; Ele procura o órgão legalde proteção ao consumidor; Ele procura a empresa. COMUNIAÇÃO FORMAL Bogmann (2002) afirma que estabelecer um diálogo formal deve ser um dos principais objetivos do pós-venda. Tratado sob uma perspectiva pós-marketing, esse assunto exige o estabelecimento de um compromisso mais forte entre empresa e clientes, e não de um marketing que se baseie em relatórios resultantes de iniciativas determinadas pela clientela. É preciso que a empresa desenvolva um programa formal, capaz de medir a satisfação dos clientes e, assim, avaliar efetivamente as opiniões emitidas. A primeira pergunta a ser evidenciada em um programa de satisfação para implementação do marketing de relacionamento é: “Como você está sendo atendido?” Um programa de satisfação de clientes auxilia a organização a: Obter informações sobre o relacionamento comprador-vendedor; Desenvolver um foco na perspectiva da empresa, considerando todas as óticas; Ampliar as informações sobre como os funcionários influenciam na satisfação dos clientes. Marketing de Relacionamento Aula 03 - 9 A importância de ouvir os clientes No paradigma do marketing de relacionamento, o cliente precisa ser identificado para que a relação seja individualizada. Dessa forma, enquanto o marketing de massa priorizava a comunicação unidirecional, o marketing de relacionamento prioriza a comunicação bidirecional. COMUNICAÇÃO UNIDIRECIONAL A empresa fala e o cliente apenas escuta. A empresa emite a mensagem e o cliente recebe a mensagem; Por ser uma comunicação de mão única, o cliente assume um papel passivo, pois não é estimulado a interagir; Faz-se uso de meios de comunicação de massa que permitem o envio uniforme e padronizado de mensagens sem diferenciação (por exemplo: TV, rádio, jornal, revista, outdoor). No panorama atual do marketing, no qual predomina o paradigma do Marketing de Relacionamento, a comunicação unidirecional já não faz tanto sentido. O cliente da era do relacionamento quer devolver a mensagem emitida pela empresa. Esse novo cliente não apenas escuta e compra, mas, principalmente, avalia o que escutou e o que comprou. Em seguida, ele quer que a empresa também escute suas impressões e experiências. Se “a comunicação é um diálogo” (MCKENNA, 1999, p. 121), as empresas de agora precisam incentivar seu cliente a dar o feedback (retorno) de suas experiências. Aplica-se, então, a comunicação bidirecional. COMUNICAÇÃO BIDIRECIONAL Tanto a empresa quanto o cliente falam e escutam. Defende o princípio do ciclo de comunicação segundo o qual as mensagens devem transitar, ativamente, entre os dois lados (empresa e cliente). A mensagem é de mão dupla, ou seja, a empresa e o cliente falam e escutam ao mesmo tempo; O cliente assume um papel mais ativo, pois, agora, dispõe de canais de comunicação para transmitir e compartilhar suas experiências; Por ser um ciclo, empresas e clientes devem manter uma troca constante de informações e de experiências; Faz-se uso de tecnologias de comunicação (como, por exemplo, a internet) que permitam a interação, muitas vezes em tempo real, entre empresas e clientes. Atualmente, na comunicação, empresa e cliente assumem tanto o papel de emissor quanto o papel de receptor/ouvinte. Na era do marketing de relacionamento, a palavra de ordem é interatividade. Um dos maiores desafios das empresas é lidar individualmente com um grande número de clientes. Essa exigência é possível apenas por meio da aplicação de tecnologias de comunicação, como, por exemplo, a internet, a telefonia móvel e os avanços alcançados na telefonia fixa. Marketing de Relacionamento Aula 04 - 1 Marketing de Relacionamento Aula 4 - Banco de dados e Marketing de Relacionamento Introdução Você provavelmente já deve ter recebido uma mala direta por e-mail. Ela veio com seu nome e suas características pessoais, trazendo produtos ou serviços que você já havia procurado naquele determinado site ou que você já havia adquirido. Esse processo ocorre quando a organização utiliza a tecnologia da informação e seus bancos de dados para identificação dos clientes e seus perfis. Contudo, você já pensou se essa mala direta vem com seu nome escrito de forma errada ou com um produto que você nunca desejaria pesquisar naquela empresa? Provavelmente, você teria a reação de não consumir produtos ou serviços oferecidos por ela durante um longo período ou nunca mais. Durante esta aula, vamos analisar como as organizações devem utilizar os bancos de dados para a construção de um relacionamento com seus clientes. Objetivos Identificar as diversas tecnologias que permitem criar, armazenar, processar, filtrar, analisar e trafegar informações; Analisar como as diversas tecnologias contribuem para manter e aprimorar o relacionamento com o cliente. Créditos Clara Marinho Redatora Laís Serra Designer Instrucional Roberta Meireles Web Designer Rostan Luiz Desenvolvedor Marketing de Relacionamento Aula 04 - 2 A importância do banco de dados A quantidade e a complexidade de relacionamentos com os clientes geram um grande acervo de dados para a organização. Para analisá-los e interpretá-los, a tecnologia é necessária, através da utilização dos bancos de dados. Contudo, é preciso que sejam definidos os dados pertinentes e mais importantes dos consumidores, permitindo à empresa uma análise de comportamento e potencial comportamento de consumo nos segmentos que considera mais lucrativos e naqueles que considera menos lucrativos (POSER, 2005). Nem todas as empresas que adquirem um banco de dados o utilizam da melhor forma. Muitas voltam suas ações exclusivamente para o perfil do cliente e para o marketing direto, deixando de lado as ações de marketing de relacionamento. Outras empresas esquecem que, para lidar com esse sistema, é preciso que existam pessoas que conheçam a parte operacional e outras que tenham conhecimento dos fundamentos do marketing de relacionamento (SANTOS, 2015). Atualmente, a tecnologia da informação é capaz de tornar o relacionamento com clientes mais produtivo, melhorando o retorno. Como isso ocorre? A Tecnologia da Informação (TI) envolve a “coleta, processamento, armazenamento, apresentação e transmissão da informação, em todas as suas formas” (BRETZKE, 2000, p. 11). Essas informações são trafegadas por meio dos computadores, das telecomunicações, das redes de informações, da internet, dos bancos de dados, dos softwares, da telefonia móvel e outras formas de comunicação, sejam pessoais ou de massa. (BRETZKE, 2000). O cliente pode acessar qualquer informação em qualquer local do mundo de forma instantânea. Marketing de Relacionamento Aula 04 - 3 Confiabilidade do Banco de Dados De acordo com Bretzke (2000, p. 13), os clientes desejam ser atendidos em tempo real, ou seja, “ter acesso a informações sobre os produtos e as empresas e comparar (transacionar), a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar, por qualquer meio, com atendimento e entregas imediatos”. Com o avanço da tecnologia, a informação torna o cliente mais sofisticado e com maior diversidade de gostos e preferências, sendo desenvolvidos novos perfis de consumo, que precisam ser atendidos. Nesse panorama, a sobrevivência das empresas dependerá da qualidade do relacionamento com o cliente. Para tanto, é essencial a utilização das novas tecnologias no gerenciamento das informações. Mas você já se questionou como desenvolver ações de marketing de relacionamento se os dados não forem confiáveis ou estiverem imperfeitos? É praticamente impossível, pois esses dados podemlevar a uma percepção incorreta da realidade. “O banco de dados de clientes deve conter não apenas dados precisos, mas também apropriados, isto é, relevantes no contexto da organização, com condições de serem transformados em informação útil, o que envolve identificação e não um cadastro solto, sem nenhuma ligação com a realidade” (SANTOS, 2015, p. 104). Santos (2015) descreve como obter dados confiáveis considerando três pontos: Quais dados coletar? Vamos responder a primeira questão: Quais dados coletar? Santos (2015) destaca que a busca dos dados específicos depende de uma série de fatores da organização, como natureza e setor da empresa. Contudo, a autora apresenta uma lista de questões gerais que, se utilizada da melhor forma, pode fornecer informações excelentes para a empresa. Marketing de Relacionamento Aula 04 - 4 Lista de questões para banco de dados Atenção! Essas perguntas se referem ao mercado consumidor. Se a empresa atuar no mercado organizacional, elas necessitarão de modificações e adaptações, contudo, a ideia é: “ter uma ficha do cliente que possa ser usada para desenvolver e direcionar melhor as ofertas para ele, bem como para manter conversas ‘pessoais’ baseadas na familiaridade e no conhecimento, gerando valor para ele” (SANTOS, 2015, p. 107). Marketing de Relacionamento Aula 04 - 5 Como coletar os dados? Agora que já respondemos a primeira questão, vamos à segunda: Como coletar esses dados? Existem duas formas de obter os dados: 1 – Internamente: os dados podem ser obtidos por meio de registros feitos nos pontos de contato com os clientes ou questionários que eles respondem de forma voluntária. 2 – Externamente: os dados podem ser obtidos através de pesquisas de mercado ou dados públicos disponibilizados pelo governo, por exemplo (SANTOS, 2015). Também é possível cruzar esses dois tipos de formas de obter dados. Atenção! É importante que os funcionários da organização tenham muito cuidado no momento da coleta de dados, afinal, nenhum cliente gosta de receber correspondências, e-mails ou mala direta com seus dados incorretos. Como manipular os dados? Depois de coletados os dados, vamos à terceira questão: Como manipulá-los? Antes de distribuir e utilizar os dados, é preciso armazená-los. Esse armazenamento oferece aos gestores informações essenciais para a tomada de decisão. Existem quatro formas para isso, de acordo com Silva (2015): Atenção! Essas análises permitem verificar que não existe uma utilização de dados melhor do que a outra. A escolha dependerá de fatores como: objetivos organizacionais, continuidade na construção de relacionamentos duradouros com os clientes, entre outros. Porém, o ideal é que a empresa consiga diversas fontes de análise de dados para subsidiar a tomada de decisão dos gestores (SANTOS, 2015). Marketing de Relacionamento Aula 04 - 6 Tipos de Banco de Dados Complementando o descrito por Santos (2015), Madruga (2006) diferencia dois tipos de bancos de dados: a) Banco de Dados Operacional: responsável por suprir a organização de informações a respeito das suas ações operacionais; b) Banco de Dados Mercadológico: contempla requisitos importantes para se entender as necessidades dos clientes e de marketing do mercado. Esse autor também descreve as vantagens da utilização de banco de dados (MADRUGA, 2006): Não há necessidade de uma pilha de papéis que pode sofrer deterioração; O tempo é menor para a procura de informações; Os processos e os fluxos são constantemente atualizados; Ocasiona o aumento da segurança das informações; Aumenta a possibilidade de compartilhamento de informações; Evita informações duplicadas ou repetidas; Proporciona o desenvolvimento e a melhora de novos sistemas. Ferramentas para o sucesso do Marketing de Relacionamento De acordo com Bretzke (2000, p. 148), “os softwares estão crescendo em tamanho e complexidade para atender às necessidades das empresas em reduzir a incerteza da tomada de decisão, para conhecer melhor seus clientes e para poder competir em tempo real”. No contexto do Marketing de Relacionamento, o conceito de banco de dados se desdobra em subconceitos mais específicos: Marketing de Relacionamento Aula 04 - 7 Atividade Escolha três questões da lista de questões para o banco de dados de Santos (2015), conforme apresentado em nossa aula. Faça as devidas adaptações para os clientes da organização em que você trabalha ou conhece ou, ainda, um segmento de que gosta. Distribua esse questionário para 10 clientes e verifique as respostas finais. GABARITO Vamos considerar algumas adaptações, de acordo com os itens propostos por Santos (2015): Comportamento de Compra – Frequência Com que frequência você realiza compras na nossa organização? ( ) Mensalmente ( ) Quinzenalmente ( ) Semanalmente ( ) Diariamente Comportamento pós-compra Qual o seu nível de satisfação com o produto adquirido? ( ) Insatisfeito ( ) Pouco satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Muito Satisfeito ( ) Completamente Satisfeito Deixe aqui suas sugestões para melhorar nosso produto: _____________________________________________________________ Comportamento Previsto Que meio de comunicação você utiliza ou já utilizou para encontrar informações sobre nosso produto? ( ) Redes sociais ( ) Televisão ( ) Jornais ( ) Amigos ( ) Outros. Qual? _______________ Marketing de Relacionamento Aula 05 - 1 Marketing de Relacionamento Aula 5 - Marketing de Relacionamento e IES Introdução Uma Instituição de Ensino Superior também atua diretamente com o marketing de relacionamento e necessita dele para alcançar os seus alunos. Você já pensou sobre quais foram os critérios utilizados por você para escolher esta instituição e este curso? Provavelmente, recebeu e-mails da instituição. Esses e-mails são baseados no seu perfil de estudante que ficam registrados no banco de dados. Vamos conhecer mais sobre esse assunto! Objetivos Observar como se dá o processo de Marketing de Relacionamento em IES e a preocupação com a imagem delas no mercado educacional; Discutir os elementos de avaliação propostos pelo SINAES e seus indicadores; Reconhecer a importância do ENADE para a vida profissional do formando e da IES. Créditos Clara Marinho Redatora Laís Serra Designer Instrucional Roberta Meireles Web Designer Rostan Luiz Desenvolvedor Marketing de Relacionamento Aula 05 - 2 Marketing de Relacionamento em IES No final da década de 90 e início de 2000, a educação superior no Brasil sofreu um crescimento, surgindo diversas Instituições de Ensino Superior (IES). No ano de 2002, 365 novas IES particulares foram criadas no Brasil. O setor da educação é o que mais cresce no Brasil e no mundo, sendo necessárias estratégias para a conquista de novos estudantes, permitindo que as IES completem o número desejável de alunos para viabilizarem seu campus (FRONZA; ZAGUINI; MACHADO, 2009). Para se manterem competitivas no mercado, algumas Instituições de Ensino Superior estão focando no relacionamento com os seus clientes. Para isso, é essencial que elas identifiquem os fatores que influenciam na qualidade e na satisfação do seu público-alvo (seus alunos da região em que o campus está atuando). Além disso, necessitam atender às exigências dos órgãos reguladores da educação no Brasil. Também existem comparativos com outras IES a respeito dosExames Nacionais de Cursos (DORNELAS et al, 2015). Antonucci (2014) afirma que uma boa estratégia de relacionamento deve conter as seguintes características: Atenção! Nesse processo, é preciso compreender que as IES não trabalham com matérias-primas que podem se tornar produtos acabados rapidamente. Elas estão enquadradas no segmento de prestação de serviços. “Serviços estes que prestam aos seus acadêmicos, na incumbência de passar o saber das áreas afins em que os discentes se encontram engajados. E é especialmente neste setor que o fator humano é primordial na obtenção de qualidade no atendimento”. (KERTISCHKA; GIANEZINI, 2013, p. 7). A imagem das IES no mercado educacional De acordo com Dornelas et al (2015, p. 3), uma imagem envolve “percepções, emoções, sensações, impressões, suposições, ideias, ideais e também expectativas, considerando que a constituição de uma imagem por um indivíduo ou por um grupo se relaciona fortemente sobre como este ou estes tratam as informações colhidas do contato com o objeto desta imagem”. Considerando a imagem de uma IES, os autores descrevem que ela pode ser impactada de diversas formas, na relação aluno-professor, aluno-funcionários, em tudo o que envolva a relação entre o aluno e os representantes da IES. Portanto, todos os integrantes da IES precisam compreender a importância do seu papel no desenvolvimento do marketing de relacionamento, pois a instituição é constituída de professores, secretarias, coordenações, direção etc. (KERTISCHKA; GIANEZINI, 2013). Para desenvolver um constante relacionamento entre a instituição e o aluno, é preciso criar canais de comunicação, com o objetivo de que os discentes possam descrever suas percepções, suas Marketing de Relacionamento Aula 05 - 3 necessidades e seus desejos a respeito da instituição. Afinal, cada indivíduo possui necessidades e valores diferentes e precisam ser tratados como únicos (KERTISCHKA; GIANEZINI, 2013). Existem duas avaliações que contribuem significativamente para manter a qualidade das IES e, consequentemente, a imagem delas, que são: SINAES e ENADE. Vamos conhecer cada uma a seguir! O que é o SINAES? O SINAES é o sistema nacional de avaliação da educação superior, criado pela lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004. Tem como objetivo analisar e identificar o conhecimento global sobre as atividades das IES por meio da interação e participação de diversos dados, utilização de instrumentos, considerando a perspectiva dos diversos atores institucionais. Esse sistema visa analisar a instituição de ensino superior como um todo, considerando suas diversas perspectivas, assim como a percepção dos seus funcionários (clientes internos), dos seus clientes externos e/ou consumidores, dos atos regulatórios relativos à sua criação, da avaliação constante dos seus diversos cursos, entre outros. Dessa forma, observa-se que as IES são avaliadas constantemente pelos órgãos regulatórios do governo destinados a esse fim. De acordo com o site do INEP (2015), o SINAES tem como objetivo: Identificar mérito e valor das instituições, áreas, cursos e programas, nas dimensões de ensino, pesquisa, extensão, gestão e formação; Melhorar a qualidade da educação superior e orientar a expansão da oferta; Promover a responsabilidade social das IES, respeitando a identidade institucional e a autonomia. A avaliação externa do SINAES é composta basicamente por três fatores: Marketing de Relacionamento Aula 05 - 4 Os indicadores do SINAES Os indicadores do SINAES, considerando o site do INEP, são: 1. Autoavaliação Conduzida pela CPA (Comissão Própria de Avaliação), é o primeiro instrumento do processo de regulação e avaliação. Essa autoavaliação segue critérios estabelecidos em nível nacional e indicadores específicos. 2. Avaliação externa É desenvolvida pelos membros externos da comunidade acadêmica e científica, reconhecidos por suas capacidades em suas áreas e portadores de ampla compreensão das instituições universitárias. 3. Censo É um instrumento que analisa a população total, fornecendo informações para a reflexão na comunidade acadêmica, o Estado e a população em geral. 4. Cadastro As informações, que também serão matéria de análise por parte das comissões de avaliação nos processos internos e externos de avaliação institucional, formarão a base para a orientação permanente de pais, de alunos e da sociedade em geral sobre o desempenho de cursos e instituições. Atenção! De acordo com o site do INEP (2015), as informações obtidas com o SINAES são utilizadas: pelas IES, para orientação da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social; pelos órgãos governamentais para orientar políticas públicas; pelos estudantes, pais de alunos, instituições acadêmicas e público em geral, para orientar suas decisões quanto à realidade dos cursos e das instituições. O ENADE e seus componentes De acordo com o site do INEP (2015), o ENADE foi definido pela Portaria Normativa nº 40 de 12 de dezembro de 2007, Art. 33-D, e “tem como objetivo aferir o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, e as habilidades e competências em sua formação” (INEP, 2015). Ele é um componente curricular obrigatório de todos os cursos de graduação (bacharelado e tecnológico), sendo condição indispensável para a emissão do histórico escolar, assim como para a expedição do diploma do aluno pela Instituição de Ensino Superior (IES). Os estudantes habilitados para o ENADE 2015, de acordo com o INEP (2015), são os “de primeiro ano (ingressantes) e de último ano (concluintes) das áreas e cursos a serem avaliados pelo Enade. No entanto, em 2015, somente os estudantes concluintes participaram da prova aplicada em 22/11/2015”. De acordo com o site do INEP (2015), a periodicidade é definida anualmente pelo Ministério da Educação, de acordo com as áreas propostas pela Comissão de Avaliação da Educação Superior Marketing de Relacionamento Aula 05 - 5 (CONAES), órgão colegiado de coordenação e supervisão do SINAES. A periodicidade máxima de aplicação do ENADE em cada área será trienal. O ENADE e seus componentes Atente-se para algumas informações importantes sobre o ENADE: Marketing de Relacionamento Aula 05 - 6 Atividade Com base no que estudamos, descreva o que são o SINAES e o ENADE e qual a importância deles para as IES: GABARITO O SINAES é o sistema nacional de avaliação da educação superior, criado pela lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004. Tem como objetivo analisar e identificar o conhecimento global sobre as atividades das IES por meio da interação e da participação de diversos dados, utilização de instrumentos, considerando a perspectiva dos diversos atores institucionais. Esse sistema visa analisar a Instituição de Ensino Superior como um todo, considerando suas diversas perspectivas assim como a percepção dos seus funcionários (clientes internos), dos seus clientes externos e/ou consumidores, dos atos regulatórios relativos à sua criação, da avaliação constante dos seus diversos cursos etc. O ENADE “tem como objetivo aferir o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, e as habilidades e competências em sua formação” (INEP, 2015). É componente curricular obrigatório de todos os cursos de graduação (bacharelado e tecnológico), sendo condição indispensável para a emissão do histórico escolar, assim como para a expedição do diploma do aluno pela Instituição de Ensino Superior– IES. Tanto o SINAES quanto o ENADE são importantes para as IES, pois os seus resultados agregam valor às instituições, testificando sobre a qualidade da educação superior e permitindo a expansão da oferta. Marketing de Relacionamento Aula 06 - 1 Marketing de Relacionamento Aula 6 - CRM e as técnicas para fidelização do cliente Introdução Já vimos que o marketing de relacionamento é essencial para o mercado competitivo atual, e as empresas estão investindo cada vez mais em ações voltadas para o entendimento de seus clientes e o desenvolvimento de ações individualizadas junto a eles. Uma das soluções elaboradas para ajudar as empresas nessa tarefa árdua veio da área de TI. A solução surgiu na década de 1990 e recebeu o nome de Customer Relationship Management (CRM). Muitas empresas consideram que, ao adquirir um software de gestão como o CRM, poderão solucionar todos os problemas relativos à organização. Contudo, é preciso desenvolver uma cultura voltada para o relacionamento com o cliente. É sobre isso que vamos falar a partir de agora! Objetivos Definir o conceito de CRM, abordando a visão de diversos autores de acordo com a origem e o objetivo da literatura sobre o tema; Reconhecer as formas de utilização do CRM e os passos básicos para sua implementação por meio do modelo IDIP; Identificar as relações entre o CRM Operacional, o Analítico e o Colaborativo. Créditos Clara Marinho Redatora Laís Serra Designer Instrucional Roberta Meireles Web Designer Rostan Luiz Desenvolvedor Marketing de Relacionamento Aula 06 - 2 O CRM e as Técnicas para Fidelização do Cliente A expressão Customer Relationship Management (CRM) pode ser traduzida como Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente. Como o próprio nome sugere, esse conceito surgiu com o objetivo de fornecer às empresas uma solução prática para um desafio até hoje inquietante: Como individualizar as relações de marketing com os clientes e, a partir dessa individualização, gerar o máximo de valor para eles e para a própria empresa? O conceito de CRM consolida-se como uma estratégia fundamental para as ações de relacionamento, de comunicação e de marketing. Apesar desse crescente reconhecimento, ainda pairam muitas dúvidas – e até distorções – sobre o verdadeiro significado do conceito, suas potencialidades e aplicações. Ainda hoje e em muitas situações, o CRM é confundido ou reduzido à ideia de tecnologia utilizada para organizar bancos de dados. Dessa forma, ignora-se o conceito mais amplo desse processo, que possibilita incorporar a tecnologia para gerenciar, de maneira eficiente, as informações e, consequentemente, o relacionamento, para aumentar as vendas, os lucros e a fidelidade dos clientes. Origem do CRM Cronologicamente, o CRM surgiu na década de 1990. De acordo com Madruga (2010), o CRM é decorrência da evolução tecnológica dos softwares de gestão empresarial, especificamente de um sistema muito conhecido no meio empresarial, chamado de Entreprise Resource Planning (ERP) ou, em tradução livre, Planejamento de Recursos Empresariais. O Entreprise Resource Planning (ERP) é um sistema de gestão da informação para satisfazer a demanda de soluções de gestão empresarial, baseado no oferecimento de uma solução completa que permite às empresas avaliar, implementar e gerir mais facilmente seus negócios. (Fonte: http://www.infoescola.com/administracao_/enterprise-resource-planning-erp/) Assim, o CRM é, em sua origem, uma solução de TI concebida para as ações de marketing, especificamente as de Marketing de Relacionamento. Como solução de TI, o CRM não foi criado espontaneamente. A principal motivação de sua criação foi a crescente necessidade das empresas em gerir suas relações com os clientes, principalmente nas áreas de marketing, de vendas e de suporte ao cliente. De acordo com Madruga (2010), quem identificou essa oportunidade foi Thomas Siebel, fundador da Siebel Systems. Ele foi considerado o pioneiro no desenvolvimento e na implementação de soluções de CRM, além de ter sido um dos melhores diretores no mundo pela Industryweek, sendo autor de publicações relacionadas a CRM e e-Business, tais como: Virtual selling, Cyber rules e Taking care of e-Bunsiness. Marketing de Relacionamento Aula 06 - 3 Em 2000, Bretzke desenvolveu uma análise sobre o conceito de CRM Bretzke (2000, p. 16): “O conceito de CRM marcará profundamente o estilo de gerenciamento de vendas e marketing das empresas. [...] Empresas renomadas, como a ‘Shell’ e a ‘Embratel’, já estão utilizando a solução CRM para gerenciar todo o processo de relacionamento com seus diversos públicos-alvo: clientes (pessoas física e jurídica) e os canais de distribuição”. Alves, Barbosa e Rolon (2014) descrevem que, em 1990, essa era foi denominada como era do cliente, e o enfoque estava na melhoria do diálogo com ele. Nos dias atuais, temos de ir além do relacionamento entre empresa e cliente, envolvendo todos os participantes da cadeia produtiva no processo, do fornecedor até os provedores de canais de distribuição. Segundo Madruga (2010), no Brasil, embora as iniciativas de profissionalizar o relacionamento com os clientes tenham se tornado mais intensas no final da década de 80, o CRM, em seu conceito mais amplo, foi introduzido em 1995. A exemplo do que aconteceu nos call centers a partir dos anos 90 e com o surgimento da internet em meados da mesma década, o país passou a ser um dos maiores mercados para investimento em tecnologia do mundo. Conceito de CRM Para entender o conceito de CRM, destacamos três autores: 1. Segundo Swift (2001, p. 12), o CRM “é uma abordagem empresarial destinada a entender e influenciar o comportamento dos clientes, por meio de comunicações significativas para melhorar as compras, a retenção, a lealdade e a lucratividade deles”. 2. Para Madruga (2010, p. 105), o CRM envolve “a integração de tecnologia e processos de negócios usada para satisfazer às necessidades dos clientes durante qualquer interação. Especificamente, CRM envolve aquisição, análise e uso do conhecimento de clientes para venda mais eficiente de produtos e serviços”. 3. De acordo com Barreto e Crescitelli (2013, p, 32), “o CRM não é apenas uma tecnologia de tratamento de dados baseada em softwares especializados – o CRM é mais do que isso, ele está ligado à implantação da filosofia de relacionamento. O CRM possibilita que todas as informações coletadas nos diversos pontos de contato do cliente com a empresa estejam conectadas a um único sistema e disponíveis em todos os novos contatos da empresa com o cliente”. Atenção! Esses autores, ao longo de uma década, descreveram o CRM com foco em um relacionamento constante com o cliente. Atualmente, os novos autores descrevem que esse relacionamento vai além da organização e integra todos os participantes da cadeia produtiva. Marketing de Relacionamento Aula 06 - 4 CRM: uma questão de tecnologia ou de estratégia? Há um debate que envolve uma dúvida sobre o CRM: Trata-se de uma questão de tecnologia ou de estratégia? Essa discussão é um ponto central para quem estuda ou trabalha com CRM. É comum que muitos fiquem confusos com a definição da própria expressão CRM, que ora sugere foco tecnológico, ora sugere foco estratégico. Duas definições podem auxiliar esse debate: A primeira é de Bretzke (2000, p. 15), segundo a qual o CRM é “um conjunto de conceitos, construções e ferramentas compostas por estratégia, processo, software e hardware”. A segunda é de Madruga (2010, p. 105), na qual CRM é “a integração de tecnologia e processos de
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