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AULA 4- CIVIL 2 ESTRUTURA DO CONTEÚDO Obrigações de Dar Coisa Incerta; de Fazer e de Não Fazer • Obrigação de dar coisa incerta – Conceito – Concentração – Reflexos jurídicos • Obrigação genérica delimitada ou de existência restrita. • A desmaterialização das obrigações de dar • Obrigação de fazer – Conceito – Reflexos jurídicos • Obrigação de não fazer – Conceito – Reflexos jurídicos Obrigação de Dar Coisa Incerta • Conceito : a obrigação de dar coisa incerta é parcialmente indeterminada porque não possui o atributo da qualidade, sendo identificada no gênero e na quantidade ( art. 243 CC) • A coisa incerta é genérica mas não absolutamente, porque se assim o fosse, não existiria obrigação . A quantidade e o gênero precisam estar indicados para a obrigação estar validamente constituída. • OBS 1: A coisa incerta não é determinada mas é determinável. A) Álvaro Villaça de Azevedo critica o uso da palavra gênero, considerando-o muito amplo e entende que a melhor palavra seria espécie. B) O estado de indeterminação da coisa é transitório, pois o devedor não pode ser compelido a uma prestação genérica e cessará com a escolha. • OBS2: As obrigações de dar coisa certa são específicas, por terem conteúdo determinado, estando perfeitamente individuadas. Já as obrigações de dar coisa incerta são genéricas, pois a prestação não é determinada, mas determinável entre uma pluralidade indefinida de objetos. • OBS3: Obrigação de dar coisa incerta X Obrigação alternativa Em ambas há uma indefinição quanto ao objeto da prestação, porém na obrigação alternativa, a concentração do débito incide na prestação (1 obrigação ou outra) enquanto que na obrigação de dar coisa incerta há uma única obrigação e a concentração incide na qualidade deste objeto que é indeterminada (especialização) • OBS4: Obrigação ilíquida X obrigação de dar coisa incerta Em ambas paira incerteza sobre o objeto da prestação, porém na obrigação de dar coisa incerta, a incerteza nasce da própria obrigação, sendo característica inerente à sua existência. Na obrigação ilíquida a incerteza não é originária, pois o devedor sabe o que deve faltando apenas apurar o seu montante. • Escolha e Concentração • A determinação da qualidade se faz pela escolha. Feita esta e cientificado o credor, a incerteza cessa e a obrigação se torna de coisa certa, passando a ser regida por aquelas normas ( art 245 CC) • 2 informações valiosas 1) A obrigação deve caminhar para o adimplemento. Como é o devedor que adimple a obrigação, em regra a ele compete a escolha ( art 244 CC 1ª parte) • O ato unilateral de escolha se dá na concentração, portanto quem concentra o débito na obrig. de dar coisa incerta é o devedor. • Para que a concentração se perfaça é necessária a cientificação do credor. • 2 ) Importância da boa fé objetiva • Se o devedor possui o direito potestativo de escolha, não poderá exigir que o credor aceite a pior, nem ser forçado a prestar a melhor. Deverá observar um meio termo. (Art 244 2ª parte CC) • OBS1: se a coisa a ser entregue só existir em 2 qualidades, inviabiliza-se este critério • OBS2: A escolha pode competir ao credor por convenção das partes, mas se ele não escolher, perde o direito que passa ao devedor. (Art 342 CC) • OBS3: A escolha pode recair sobre terceiro, por convenção das partes, aplicando-se por analogia o art. 1930 CC. • Teoria do Risco A indeterminação é incompatível como perecimento ou deterioração, pois o gênero nunca perece. Antes da escolha não pode o devedor alegar perda ou deterioração, ainda que devido a fortuito ou força maior OBS1: para que o risco se transfira para o credor não basta somente o devedor determinar a qualidade do objeto, mas também deve colocá- lo `a disposição do credor. • OBS2: na hipótese do gênero ser limitado, circunscrito a coisas que se acham em determinado lugar ( fazenda, depósito por ex.), o perecimento de todas as espécies que o comportam acarreta a extinção da obrigação • OBS3: Aspectos processuais art 629 a 631 CPC Obrigação de Fazer • Conceito : A obrigação de fazer consiste numa atividade humana, em atos ou serviços a serem executados pelo devedor. OBS: obrigação de fazer X obrigação de dar pode-se dizer que a obrigação de dar, que consiste na prestação de entregar, seria em última análise uma obrigação de fazer. A diferenciação está no substrato da prestação se o dar é ou não consequência do fazer: se o devedor entrega a coisa sem tê-la confeccionado previamente, a obrig. é de dar. Se a confeccionou e depois entregou, a obrigação é de fazer. • As obrigações de fazer se dividem em: - Infungíveis: é a personalíssima, constituída intuitu personae debitor, ou seja, levando em consideração condições pessoais do devedor que são essenciais para o negócio. EX: músico, pintor famoso ou cirurgião plástico - Fungíveis: obrigação na qual o credor está interessado em obter a prestação em si, sem qualquer consideração quanto às qualidades pessoais do devedor EX: pedreiro - Emissão de declaração de vontade: obrigação na qual o devedor emite declaração de vontade que gerará efeitos jurídicos pretendidos pelo credor. Apesar de ser infungível, juridicamente é fungível porque o juiz pode suprí-la. EX: outorga de escritura definitiva de compra em venda em cumprimento a promessa de compra e venda • OBS: A regra é a fungibilidade da prestação, a infungibilidade é a exceção. Normalmente o credor visa a prestação em si mesma. Obrigações Infungíveis • Art 247 CC – devedor que se recusa a cumprir a obrigação Atualmente a regra quanto ao descumprimento da obrigação é a obtenção da tutela específica, por força do art 461 CPC. O juiz dispõe de diversos recursos para compelir o devedor ao adimplemento obrigacional, como é o caso das astreintes. As perdas e danos são o mínimo a que o credor faz jus, podendo pleiteá-las cumulativamente à obtenção da tutela específica. • Art 248 CC- obrigação que se torna impossível ( permanente, irremovível, absoluta) - Sem culpa do devedor: impossibilita nemo tenetur (ninguém pode ser obrigado ao impossível), resolve-se a obrigação. EX: ator afônico ou que sofreu acidente. - Com culpa do devedor: responde pelos prejuízos EX: ator viaja na véspera do show para lugar distante Obrigações Fungíveis • Art 249 – possibilidade de que terceiro execute a prestação às expensas do devedor cumulando com perdas e danos. EX: inquilino que no dia de seu casamento fica sem água em casa por problemas na caixa de água da casa. Ele conserta caixa de água e depois cobra ressarcimento do credor sem prejuízo de perdas e danos. Obrigações de emissão de declaração de vontade • O cumprimento forçado deste tipo de declaração é efetuado pelo juiz, conforme o que preceitua o art 466 A, B e C do CPC. • Trata-se de ação de obrigação de fazer e não de execução, pois a pretensão do credor é que se forme situação jurídica igual à que resultaria da emissão de vontade espontânea pelo devedor, da declaração de vontade sonegada. A sentença judicial, substitui a declaração de vontade, produzindo todos os efeitos desta. • EX: contrato preliminar ( art 463 e 464 CC), possibilidade de adjudicação compulsória (art. 1417 e 1418 CC) Obrigação de Não Fazer • A obrigação de não fazer impõe o devedor uma abstenção, a não praticar determinado ato. Há um dever de omissão. • O inadimplemento neste caso se dá pela ação do devedor, praticando o ato a que devia se abster. • A mora é presumida pelo só descumprimento do dever de abstenção, sem necessidade de intimação. • Art 250 CC - Impossibilidade de abstenção sem culpa ou em razão de força maior: resolve-se a obrigação sem direito à qualquer indenização, restituindo-se somente algum valor feitoa título de adiantamento. • Art 251 CC - desfazimento daquilo a cuja abstenção o devedor se obrigara: credor pode obter decisão que obrigue o devedor ao desfazimento sob pena do credor desfazer o ato, sendo ressarcido à posteriori. • A urgência manifesta e comprovada de desfazimento permite ao credor agir independente de autorização judicial, obtendo ressarcimento e indenização devidas. – restituição manu própria ao estado primitivo • Como já afirmado anteriormente o art 461, promoveu a execução específica das obrigações de fazer e não fazer. Assim, sempre se buscará obter a tutela específica e somente na impossibilidade ou não ser mais oportuno o desfazimento , sujeita-se o devedor à perdas e danos, reparando o prejuízo sofrido. EX: violação de dever de segredo de informações confidenciais de uma empresa
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