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63 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura Unidade II O CURRÍCULO NO BRASIL Como vimos na unidade anterior, toda teoria de currículo traz, implícita e explicitamente, uma forma de responder às questões sobre o quê, como e por que ensinar, ou seja, falar em currículo escolar significa refletir sobre a intencionalidade da prática educativa. • Quem seleciona os conteúdos que devemos ensinar na escola? • Quais os critérios para seleção e organização do currículo? • Qual é o significado pedagógico e político do currículo? O artigo 210 da Constituição Brasileira de 1988 estabelece ao Governo Federal a incumbência de fixar “conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”. Lembrete O currículo escolar refere‑se ao conjunto de saberes, conhecimentos, habilidades e conteúdos que são considerados legítimos e válidos ensinar aos alunos no dia a dia da escola. Ele é definido em função das referências teóricas. A escola, ao optar por um tipo de currículo, está escolhendo determinado projeto cultural que sofre mudanças contextuais, tendo em vista os condicionantes históricos, econômicos, políticos e socioculturais da sociedade. O currículo não pode ser analisado como um instrumento neutro e atemporal. De acordo com Goodson (1997, p. 17) “o currículo escolar é um artefato social, concebido para realizar determinados objetivos humanos específicos”, “longe de ser um produto tecnicamente racional, que resume imparcialmente o conhecimento tal como ele existe num dado momento histórico, o currículo escolar pode ser visto como veículo e portador de prioridades sociais” (GOODSON, 1997, p. 79). Sacristán (1998, p. 34), outro importante estudioso dessa temática, considera o currículo como um “projeto seletivo de cultura social, político, culturalmente determinado, que preenche a atividade escolar e se realiza na sala de aula conforme a escola se encontra configurada”. Para ele, o currículo é construído a partir da seleção de elementos da cultura, em um processo considerado válido e legítimo no contexto histórico, social, cultural, político e administrativo em que a escola está inserida. 64 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Compreende o currículo como o núcleo do processo educativo. É um instrumento concreto e por isso faz com que a escola tenha uma função concreta na sociedade – o projeto de formar um tipo de indivíduo. Esse estudioso afirma ainda que o currículo precisa ser analisado numa perspectiva processual, compreendendo‑se como é realizado, desde a concepção até a concretização na prática educativa. Para tanto, constrói um esquema curricular, distinguindo seis níveis de concretização curricular que permitem compreender o processo de construção: currículo prescrito, currículo apresentado aos professores, currículo moldado pelos professores, currículo em ação, currículo avaliado e currículo realizado. Essa abordagem processual é uma perspectiva de análise que discute o currículo na práxis, na sua relação teoria‑prática. Significa compreender nele as concepções de homem e de mundo que se pretendem institucional, mas também entender como esse currículo vem sendo trabalhado dentro da sala de aula. Para tanto, torna‑se fundamental considerar o contexto histórico, social e político em que a escola está inserida e no qual é elaborado e desenvolvido. Figura 14 Para Gimeno Sacristán (1998), os dois primeiros níveis referem‑se ao processo de concepção e elaboração do currículo, enquanto os quatro níveis seguintes, ao processo de concretização do currículo no espaço da escola. O currículo prescrito compreende o conjunto de normas, leis e determinações oficiais que fixam os conteúdos a serem desenvolvidos em cada nível de ensino, normatizando e ordenando os conhecimentos que devem ser trabalhados na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) e também no Ensino Superior. 65 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura No Brasil, por exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9394/1996) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) prescrevem o currículo a ser observado na construção do projeto político‑pedagógico da escola, na elaboração de propostas pedagógicas, nos livros didáticos, no controle de sistema etc. O currículo apresentado aos professores refere‑se aos materiais que são produzidos para apresentar o currículo prescrito aos professores, detalhando as orientações e servindo de guia no processo de construção dos projetos/propostas pedagógicas das escolas. Essa forma de apresentação aos professores traduz o significado e o conteúdo do currículo prescrito, orientando à atividade educativa. O principal meio de divulgação dessa modalidade aos professores é o livro didático, mas temos também os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCN) e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que apresentarão ao professor o currículo em âmbito nacional. O currículo moldado pelos professores refere‑se, especificamente, ao elaborado pelo professor – o seu plano de ensino, a partir das determinações e orientações dos dois níveis anteriores. Os professores reelaboram as orientações contidas nas diretrizes e nos livros didáticos, ajustando o conteúdo de referência nacional ao contexto e às especificidades da escola e do grupo de alunos. Esse nível de concretização curricular permite identificar o grau de autonomia dos professores no processo de sistematização do currículo no espaço escolar. O currículo em ação refere‑se à aula propriamente dita, o momento em que o conteúdo é transmitido, desenvolvido ou apresentado pelo professor aos alunos no espaço de sala de aula, onde as orientações curriculares tornam‑se realidade para professores e alunos. O currículo realizado corresponde à aprendizagem do aluno e da própria escola no processo de ensino, reconhecer os conhecimentos que foram efetivamente conquistados e construídos ao longo desse processo tanto pelos alunos quanto pelos professores e pela escola. A última instância no esquema curricular refere‑se ao currículo avaliado, sintetizado no momento de avaliação, servindo de referência para compreender o que é considerado imprescindível no processo de formação do aluno, do trabalho desenvolvido pelos professores e do currículo como um todo. Saiba mais Para aprofundar a discussão sobre o esquema curricular, consulte SACRISTÁN, J. G. Currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. No entanto, não podemos simplesmente afirmar que o currículo “vem de cima para baixo”, visto que tudo ocorre ao mesmo tempo, convive simultaneamente, cada etapa/nível interage com as outras. E, 66 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 ainda, o currículo que é concebido sofre desdobramentos nos diferentes níveis do esquema curricular até chegar à sala de aula. Para Gimeno Sacristán (1998), é necessário compreender que a política educacional interfere na prática cotidiana da sala de aula e que o currículo prescrito é um forte instrumento da política curricular. Política curricular é compreendida como: [...] um aspecto específico da política educativa, que estabelece a forma de selecionar, ordenar e mudar o currículo dentro do sistema educativo, tornando claro o poder e a autonomia que diferentes agentes têm sobreele, intervindo, dessa forma, na distribuição do conhecimento dentro do sistema escolar e incidindo na prática educativa, enquanto apresenta o currículo a seus consumidores, ordena seus conteúdos e códigos de diferentes tipos (SACRISTÁN, 1998, p. 109). A política curricular, a partir das considerações de Gimeno Sacristán (1998), compreende todas as iniciativas, projetos e reformas que vêm do Poder Público para a educação, interferindo na organização do ensino, no conteúdo e ou na distribuição do conhecimento dentro do sistema educacional. Para compreender o processo de construção do currículo da Educação Básica no Brasil, portanto, é preciso considerar a realidade histórico‑cultural, a fundamentação teórico‑prática e os grupos de interesse envolvidos no processo de organização curricular. • Qual é o interesse do Estado (nação) em legislar sobre o currículo? • Então, como a definição do currículo é uma decisão política? De acordo com Gimeno Sacristán (1998), todo currículo compreende um projeto seletivo de cultura, isto é, ele configura um projeto cultural, político e social de formação comum para todos os cidadãos. O currículo é um instrumento de definição do papel político da escola, constituindo‑se como matéria‑prima do trabalho do professor em sala de aula. O conhecimento não é neutro, “é poder e a circulação do conhecimento é parte da distribuição social de poder” (APPLE, 1997, p. 72). Nos anos 1990, no Brasil, intensificaram‑se as iniciativas do Poder Público em relação à sistematização de uma política curricular para os diferentes níveis de ensino. O estabelecimento de prescrições ou orientações do Poder Público sobre o que deve ser o conteúdo dos diferentes níveis de ensino atua como referência na ordenação do sistema curricular, servindo como ponto de partida para a prática educativa, para a elaboração de materiais e para o controle do sistema, ou seja, toda orientação sobre conteúdos e prática de desenvolvimento do currículo que vem de decisão política e administrativa refere‑se à política curricular (SILVA, 2003, p. 86). 67 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura Lembrete As diretrizes curriculares nacionais referem‑se aos materiais de ordenação curricular (normatização do currículo), enquanto os parâmetros curriculares e/ou referencial curricular são documentos de orientação curricular (de apresentação do currículo aos professores e à instituição escolar). As diretrizes curriculares possuem o caráter prescritivo, constituindo‑se em instrumentos normatizadores, apresentando normas e/ou orientações que devem ser seguidas na elaboração, na implementação e na avaliação do projeto político‑pedagógico das escolas brasileiras. 5 DIRetRIzeS CURRICULAReS NACIONAIS A definição das diretrizes curriculares para a educação é uma das tarefas, atividades e funções que o Conselho Nacional de Educação (CNE) tem de desempenhar junto ao Ministério da Educação (MEC). Trata‑se de um órgão colegiado integrante do Ministério da Educação. O atual CNE foi instituído pela Lei 9.131, de 25/11/95, e tem por missão “assegurar a participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade”. Compete a esse órgão normatizar, deliberar e assessorar o Ministro da Educação, cabendo‑lhe formular e avaliar a Política Nacional de Educação, zelando pela qualidade do ensino, velando pelo cumprimento das leis educacionais e assegurando a participação da sociedade na busca de uma educação de qualidade. As decisões no Conselho Nacional de Educação (CNE) podem ser realizadas em três instâncias: no Conselho Pleno (CP), na Câmara de Educação Básica (CEB) e na Câmara de Educação Superior (CES), visando ao diálogo e à articulação das diferentes etapas do processo de escolarização. CNE (Conselho Nacional de Educação) CEB (Câmara de Educação Básica) CES (Câmara de Educação Superior) Figura 15 A Câmara de Educação Básica (CEB) e a Câmara de Educação Superior (CES) são constituídas, cada uma, por doze conselheiros, sendo membros natos em cada Câmara, respectivamente, o Secretário de Educação Fundamental e o Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, nomeados pelo Presidente da República. 68 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 À CEB, cabe analisar e emitir pareceres sobre procedimentos e resultados de processos de avaliação da Educação Infantil, Fundamental, Média, Profissional e Especial. Deliberar sobre diretrizes curriculares propostas pelo Ministério da Educação e acompanhar a execução do Plano Nacional de Educação (PNE). Já a CES deve se manifestar somente nos processos relativos aos cursos de Direito e aos da área de Saúde (Medicina, Psicologia e Odontologia), sobre o credenciamento das instituições que pretendem ministrar cursos na área jurídica e da saúde e sobre o credenciamento e o recredenciamento de universidades e centros universitários, ficando a cargo do próprio MEC a manifestação sobre os demais cursos de graduação e o credenciamento e o recredenciamento das instituições de Ensino Superior correspondentes. Mas, afinal, o que são as diretrizes curriculares? São referências legais com as quais todas as instituições escolares devem se orientar para a construção do projeto político‑pedagógico. Ou seja, são diretrizes normatizadoras do currículo escolar, traduzindo, a partir de princípios e concepções, os conteúdos mínimos que devem ser ensinados aos alunos na escola. Lembrete O currículo é definido em função das referências teóricas, ou seja, a definição dos conhecimentos que devemos ensinar na escola pode ser explicada a partir das Teorias de Currículo. No Brasil, temos diretrizes estabelecidas para todas as etapas e modalidades de ensino. Nesta disciplina, Escola, currículo e cultura, apresentamos algumas dessas diretrizes, direcionadas, especificamente, à prática docente na Educação Básica. • Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica. • Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. • Diretrizes Curriculares Nacionais para Ensino Fundamental. • Diretrizes Curriculares Nacionais sobre a Educação das Relações Étnico‑Raciais. • Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial. • Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos (EJA). E, ainda, apresentamos algumas ideias iniciais sobre o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI, 1998) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio (PCNs), compreendendo‑os como uma instância, autônoma, mas interdependente, do processo de concretização curricular, que apresenta o currículo prescrito aos professores, subsidiando o processo de sistematização da prática educativa nas diferentes etapas da Educação Básica. 69 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura 5.1 Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a educação Básica As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica estão regulamentadas pela Resolução nº 4, publicada no dia 13 de julho de 2010. Essa resolução tem como objetivo assegurar a formação básica comum nacional, subsidiando a formulação, a execução e a avaliação do projeto político‑pedagógico da escola de Educação Básica, e, ainda, orientar os cursos de formação inicial e continuada de docentes e demais profissionais da Educação Básica. Observação O projeto político‑pedagógico refere‑se ao documento que a escola deve construir a partir das referências legais, adequando‑as às reais necessidadese interesses da comunidade escolar. Ele sistematiza e garante a intencionalidade do trabalho pedagógico, servindo de guia para a construção da autonomia da escola no cotidiano escolar. De acordo com essa Resolução, o acesso e a permanência dos alunos nas escolas de Educação Básica é condição essencial para se garantir a qualidade social da educação, destacando o compromisso em garantir a efetiva aprendizagem dos alunos. No artigo 7º, destaca que o sistema de ensino deve ser organizado de forma colaborativa entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios. [...] o regime de colaboração entre os entes federados pressupõe o estabelecimento de regras de equivalência entre as funções distributiva, supletiva, normativa, de supervisão e avaliação da educação nacional, respeitada a autonomia dos sistemas e valorizadas as diferenças regionais (BRASIL, 2010). Figura 16 70 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 No artigo 9º, é definida como escola de qualidade social aquela que tem o foco central de suas ações na aprendizagem dos alunos. Para tanto, o atendimento no espaço dessa escola deve ser configurado a partir de alguns quesitos: I – revisão das referências conceituais quanto aos diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo espaços sociais na escola e fora dela; II – consideração sobre a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade; III – foco no projeto político‑pedagógico, no gosto pela aprendizagem e na avaliação das aprendizagens como instrumento de contínua progressão dos estudantes; IV – inter‑relação entre organização do currículo, do trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do professor, tendo como objetivo a aprendizagem do estudante; V – preparação dos profissionais da educação, gestores, professores, especialistas, técnicos, monitores e outros; VI – compatibilidade entre a proposta curricular e a infraestrutura entendida como espaço formativo dotado de efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e acessibilidade; VII – integração dos profissionais da educação, dos estudantes, das famílias, dos agentes da comunidade interessados na educação; VIII – valorização dos profissionais da educação, com programa de formação continuada, critérios de acesso, permanência, remuneração compatível com a jornada de trabalho definida no projeto político‑pedagógico; IX – realização de parceria com órgãos, tais como os de assistência social e desenvolvimento humano, cidadania, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente (BRASIL, 2010, art. 9). O artigo 10 dessa Resolução (n. 04/2010) destaca a necessidade de estabelecimento de padrões mínimos de qualidade da educação, num esforço coletivo e planejado de análises do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de custos aluno‑qualidade inicial e de construção do projeto político‑pedagógico. Como quesito para garantir a qualidade social de educação, ressaltam‑se a consolidação da educação em tempo integral e o investimento em: 71 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura I – creches e escolas que possuam condições de infraestrutura e adequados equipamentos; II – professores qualificados com remuneração adequada e compatível com a de outros profissionais com igual nível de formação, em regime de trabalho de 40 (quarenta) horas em tempo integral em uma mesma escola; III – definição de uma relação adequada entre o número de alunos por turma e por professor, que assegure aprendizagens relevantes; IV – pessoal de apoio técnico e administrativo que responda às exigências do que se estabelece no projeto político‑pedagógico (BRASIL, 2010, art. 10, §2º). O currículo é concebido “como um conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos” (BRASIL, 2010a, art. 13). Saiba mais Para mais informações sobre as diretrizes curriculares, acesse: < h t t p : / / p o r t a l . m e c . g o v . b r / i n d e x p h p ? o p t i o n = c o m _ content&view=article&id=12992> Parecer CNE/CEB n. 7/2010, aprovado em 7 de abril de 2010 sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Resolução CNE/CEB n. 4/2010, de julho de 2010, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Na construção do projeto político‑pedagógico, as escolas de Educação Básica devem considerar os componentes curriculares obrigatórios e, ainda, as peculiaridades do meio e das características, interesses e necessidades dos alunos. A matriz curricular é compreendida como forma de gestão do currículo escolar (na organização do tempo e do espaço curricular, na distribuição e no controle do tempo dos trabalhos docentes), visando a uma gestão centrada na abordagem interdisciplinar, organizada por eixos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes campos do conhecimento. Os eixos temáticos proporcionam uma forma de organizar o trabalho pedagógico numa abordagem interdisciplinar em que as áreas do conhecimento se inter‑relacionam. 72 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 No artigo 13º da Resolução n. 4/2010, destaca‑se o estímulo à criação de métodos didático‑pedagógicos utilizando‑se recursos tecnológicos de informação e comunicação no processo de ensino‑aprendizagem de alunos e dos profissionais da educação em cursos de formação inicial e continuada. A criação de rede de aprendizagem é como recurso didático‑pedagógico que possibilita a comunicação entre estudantes e professores. Figura 17 A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático‑pedagógico, em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. § 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade e ambas complementam‑se, rejeitando a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado. § 6º A transversalidade refere‑se à dimensão didático‑pedagógica, e a interdisciplinaridade, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento (BRASIL, 2010). A configuração do currículo do Ensino Fundamental e do Ensino Médio far‑se‑á mediante o entendimento de que a formação dos alunos deve ocorrer a partir de uma base nacional comum: a Língua Portuguesa; a Matemática; o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do Brasil, incluindo‑se o estudo da História e das Culturas Afro‑Brasileira e Indígena, d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, incluindo‑se a música; a Educação Física; o Ensino Religioso (BRASIL, 2010). Essa base comum deve estar articulada com a parte diversificada de estudo das características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar, perpassando todos os tempos e espaços curriculares. 73 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura Figura 18 A Educação Básica divide‑se nas seguintes etapas: • Educação Infantil – compreende a Creche, englobando as crianças até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré‑Escola, com duração de 2 (dois) anos; • Ensino Fundamental – obrigatório e gratuito, com duração de 9 (nove) anos, é organizado e tratadoem duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais; • Ensino Médio – com duração mínima de 3 (três) anos (BRASIL, 2010, art. 21, grifo nosso). A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, “tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual, social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 2010, art. 22). Figura 19 74 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, espera‑se uma ampliação progressiva do conhecimento oferecido pelas escolas de Educação Infantil, levando os alunos ao efetivo domínio da leitura, da escrita e do cálculo, numa prática alfabetizadora intensiva para os três primeiros anos. Figura 20 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duração, de matrícula obrigatória para as crianças a partir dos 6 (seis) anos de idade, tem duas fases sequentes com características próprias, chamadas de anos iniciais, com 5 (cinco) anos de duração, em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos finais, com 4 (quatro) anos de duração, para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (BRASIL, 2010, art. 23). Já para o Ensino Médio, etapa final do processo formativo, é destacado que os sistemas de ensino devem prever currículos flexíveis que atendam às necessidades e aos interesses dos alunos. O currículo deve estar orientado para garantir a preparação básica para a cidadania e o trabalho, visando à formação do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e estética, o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. E, ainda, “a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos presentes na sociedade contemporânea, relacionando a teoria com a prática” (BRASIL, 2010, art. 26). Cada etapa/nível da Educação Básica pode atender a uma ou mais das modalidades de ensino: Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e/ou Educação a Distância. 75 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura Lei nº 9394 de 20 dez. 1996 Educação básica ‑ Art. 21, I Educação Superior ‑ Art. 43 De 0 a 5 anos De 6 a 14 anos De 15 a 17 anos Educação Infantil Art. 29, 30, 31 Ensino Fundamental Art. 32 a 34 Ensino Médio Art. 35 – Graduação – Pós‑graduação – Extensão – EspecializaçãoCreche/Pré‑escola Ciclos/Séries OBS.: – As Leis nº 11.114 de 16/05/2005 e Lei nº 11.274 de 06/02/2006 alteraram a Lei nº 9394/96 Educação de Jovens e Adultos Art. 37 Ensino Fundamental Art. 38, I +15 anos Ensino Médio Art. 38, II +18 anos Educação especial Arts. 58 e 59 Figura 21 A modalidade EJA destina‑se aos alunos que se situam na faixa etária superior à considerada própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Os cursos devem pautar‑se pela flexibilidade tanto de currículo quanto de tempo e espaço, reconhecendo as características específicas dos alunos atendidos. Conforme a Resolução 04/2010, a Educação Especial é compreendida como uma modalidade que perpassa, de forma transversal, todas as etapas e modalidades de ensino como parte integrante da Educação Regular, constando do projeto político‑pedagógico de toda escola. Em relação à Educação Escolar Indígena, afirma em seu artigo 37 que: A Educação Escolar Indígena ocorre em unidades educacionais inscritas em suas terras e culturas, as quais têm uma realidade singular, requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico‑cultural de cada povo ou comunidade e formação específica de seu quadro docente, observados os princípios constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica brasileira (BRASIL, 2010). A explicitação sobre a educação escolar quilombola, no artigo 41 na Resolução n.4/2010, demonstra o compromisso e a preocupação do Ministério da Educação em estabelecer o respeito à especificidade étnico‑cultural, reconhecendo as peculiaridades sociais e culturais de cada comunidade brasileira. É importante ressaltar que as Diretrizes Curriculares Gerais para a Educação Básica (Resolução n. 4/2010) apresentam avanços significativos em relação ao processo de normatização da Educação Básica, em que as etapas e as modalidades de ensino estão articuladas a um mesmo objetivo: garantir efetivamente a aprendizagem do aluno sem desconsiderar as especificidades de cada etapa/modalidade de ensino, articulando‑os ao processo contínuo de formação dos alunos. 76 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 E, ainda, vale lembrar que as definições prescritas nessas diretrizes devem servir de referência legal para a reorganização das Diretrizes Curriculares Nacionais de todas as etapas e modalidades de ensino da Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Étnico‑racial, Educação Especial, EJA, dentre outras. 5.2 Diretrizes Curriculares Nacionais da educação Infantil • A Educação Infantil precisa mesmo de um currículo? • É necessário estabelecer diretrizes curriculares para trabalhar com as crianças em creches e pré‑escolas? • Por que estabelecer um currículo mínimo se os profissionais da Educação Infantil estão a serviço dos cuidados básicos das crianças? O currículo da Educação Infantil traz uma diferença em relação aos demais níveis de ensino pela especificidade do trabalho com crianças pequenas, pela integração cuidar‑educar e pela organização das atividades desenvolvidas em creches e pré‑escolas voltadas para a ludicidade, por meio de jogos e brincadeiras. Nesse sentido, o currículo da Educação Infantil enfatiza o desenvolvimento da criança diferentemente do currículo do Ensino Fundamental, que está centrado na seleção de conhecimentos da cultura. Figura 22 Para Silva (2003), foi a partir dos anos 1980 que a discussão sobre o estabelecimento de um currículo para a Educação Infantil ganhou força, tendo em vista a preocupação em garantir um atendimento educativo e de qualidade às crianças pequenas. Com o intuito de afirmar seu caráter educativo, as instituições de Educação Infantil, os educadores e as equipes técnicas vinculadas às secretarias municipais e estaduais de educação e ao Ministério da Educação (MEC) elaboraram propostas de organização sistemática do trabalho a serem desenvolvidas com as crianças de 0 a 6 anos, conhecidas como propostas pedagógicas e/ou currículo. 77 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura Lembrete Hoje, a Educação Infantil, no Brasil, deve atender crianças de 0 a 5 anos idade. As de 0 a 3 anos devem ser atendidas nas instituições denominadas creches, e as crianças de 4 e 5 anos, nas pré‑escolas. De acordo com Silva (2003), a indefinição/imprecisão nos termos a se empregar, na proposta pedagógica ou currículo, revelaram as próprias incertezas que acompanharam a Educação Infantil no processo de construção de sua identidade e do currículo para esse nível de ensino. Apesar dessa indefinição/imprecisão dos termos utilizados, todas as ações no sentido de estabelecimento do currículo para a Educação Infantil buscavam garantir a melhoria do atendimento oferecido às crianças de 0 a 5 anos, mediante um instrumento de sistematização e organização das atividades educativas desenvolvidas nas instituições de Educação Infantil. Durante a década de 1980 e 1990, foram produzidos pelo MEC vários documentosque visavam oferecer diretrizes para subsidiar as discussões nos sistemas municipais e estaduais de ensino no processo de elaboração do currículo para a Educação Infantil. Dois deles, pela importância, merecem destaque: Propostas Pedagógicas e Currículo em Educação Infantil, produzido e divulgado em 1996 pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), mais especificamente pela Coordenação Geral de Educação Infantil (Coedi), e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), desenvolvido também pelo MEC e divulgado no final do ano de 1998. Esses dois documentos visavam oferecer subsídios às instituições e aos professores no processo de elaboração e sistematização das propostas pedagógicas das escolas de Educação Infantil (SILVA, 2003). Algumas discussões consideradas centrais nesse momento de institucionalização do caráter educativo para a Educação Infantil: a) a definição de uma proposta curricular/pedagógica, explicitando a necessidade de um trabalho sistemático e intencional, considerando a integração entre educar‑cuidar nas instituições que atendem crianças de 0 a 6 anos; b) o estabelecimento de critérios mínimos para os planos e propostas de atendimento de crianças de 0 a 6 anos, considerando a estrutura física, os espaços e os recursos pedagógicos necessários; c) a formação de recursos humanos qualificados para desenvolverem os trabalhos, ; e d) uma política específica de recursos e financiamento para a Educação Infantil (SILVA, 2003, p. 43). Em 1999, foram aprovadas, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução CEB n. 1, de 7/4/99) “que orientarão as instituições de Educação Infantil dos sistemas brasileiros de ensino, na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas”. 78 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Essa iniciativa configurou‑se como parte da política curricular direcionada à Educação Infantil, que visava à normatização dos conteúdos, das ações e das práticas a serem desenvolvidas nas escolas que atendem as crianças de 0 a 6 anos. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (Resolução n. 1/1999), as ações nas escolas deveriam nortear‑se pelos princípios éticos, políticos e estéticos. Os princípios éticos, da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; os princípios políticos dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática e os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. Com ênfase dada à articulação entre educar‑cuidar que possibilitasse o desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos, articulando‑os com as áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã (BRASIL, 1999). Para Silva (2003), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução n. 1/1999) possibilitam compreender a creche e a pré‑escola não apenas como um lugar seguro e mais adequado para deixar as crianças enquanto as mães trabalham. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil possuem um caráter prescritivo e estabelecem novas exigências para as instituições de Educação Infantil, particularmente quanto às orientações curriculares e processos de elaboração de seus projetos pedagógicos. Ficam estabelecidos princípios éticos, políticos e estéticos norteadores dos objetivos, dos conteúdos, da avaliação e do regimento escolar na elaboração e/ou avaliação das propostas curriculares/pedagógicas das instituições de Educação Infantil dos diferentes sistemas de ensino (público/privado), apresentando‑se como um modelo de gestão participativa em que se valoriza o trabalho coletivo e a autonomia dessas instituições na definição do desenho curricular (SILVA, 2003, p. 51). Após a aprovação e a regulamentação das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, observou‑se um movimento de reformulação de várias diretrizes curriculares, e uma delas foram as próprias Diretrizes Curriculares Nacional para a Educação Infantil, que recebem novos olhares a partir do estabelecimento dessas determinações legais. A partir desse movimento, o Conselho Nacional de Educação (CNE), sob a decisão do presidente César Callegari, da Câmara de Educação Básica (CEB), fixou as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, estabelecidas na Resolução CEB n. 5, de 17 de dezembro de 2009, revogando a Resolução 01/1999. Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil articulam‑se com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica 79 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas na área e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares (BRASIL, 2009). Um aspecto muito interessante que vale a pena ser ressaltado nessa resolução foi a definição da terminologia currículo. Assim, no artigo 3º, o currículo da Educação Infantil: é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009, art. 3). Saiba mais Para conhecer, na íntegra, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, acesse: < h t t p : / / p o r t a l . m e c . g o v . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ content&view=article&id=12992>. Resolução CNE/CEB n. 5, de 17 de dezembro de 2009, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. E, ainda, poderá ler o Parecer CNE/CBE n. 20, de 11 de novembro de 2009, aprovado pelo CNE/CEB, que apresenta a revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. A definição e a explicitação do conceito de currículo para a Educação Infantil implica as instituições, creches e pré‑escolas reconhecerem as determinações presentes nessa resolução para definir sua proposta pedagógica. Assim, deverão reconhecer a criança como: sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, art. 4). O artigo 5º. dessa Resolução reforça a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, sendo oferecida em creches e pré‑escolas, públicos ou privados, que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, apresentando os seguintes parágrafos: 80 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 § 1º É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção. § 2° É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula. § 3º As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março devem ser matriculadas na Educação Infantil. § 4º A frequência na Educação Infantil não é pré‑requisito para a matrícula no Ensino Fundamental. § 5º As vagas em creches e pré‑escolas devemser oferecidas próximas às residências das crianças. § 6º É considerada Educação Infantil em tempo parcial, a jornada de, no mínimo, quatro horas diárias e, em tempo integral, a jornada com duração igual ou superior a sete horas diárias, compreendendo o tempo total que a criança permanece na instituição (BRASIL, 2009, art. 5). Reafirma, no artigo 6º, os mesmos princípios a serem respeitados pelas propostas pedagógicas de Educação Infantil, sendo eles: princípios éticos, políticos e estéticos, destacando que as práticas pedagógicas devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira, construir situações de aprendizagem que proporcionem o desenvolvimento da autonomia da criança, considerando os conhecimentos sistematizados que ela deve ir ampliando sobre o mundo que a cerca. Por fim, vale destacar que a avaliação nas escolas de Educação Infantil serve para o trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação delas, garantindo a continuidade do processo de aprendizagem sem antecipar conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental. A não antecipação dos conteúdos trabalhados no Ensino Fundamental reforça o processo de construção da identidade da Educação Infantil, garantindo um espaço educacional complementar à ação da família, mas que não se restrinja a um aspecto meramente instrutivo e escolarizado como ocorre em outras etapas do ensino. 5.3 Diretrizes Curriculares Nacionais do ensino Fundamental A organização por disciplinas é a única forma de organização do currículo escolar? Na verdade, o currículo organizado por disciplinas é uma das mais antigas e tradicionais formas de organização dos conteúdos e, muitas vezes, nos parece a única forma possível. No entanto, é importante compreender que existem outras formas de organização. 81 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura Vimos, na Unidade I, que a organização do currículo por disciplinas ocorreu em decorrência do processo de especialização do conhecimento, mas sabemos que esse modelo foi criticado pelo movimento interdisciplinar na educação, que ressaltou a importância de superar a fragmentação do conhecimento escolar em busca de uma integração que possibilitasse aproximar o conhecimento escolar do conhecimento da realidade contextual da sociedade. Art. 2º Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimento da educação básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas (BRASIL, 1999). Saiba mais Para conhecer, na íntegra, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, acesse: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb02_98.pdf> < h t t p : / / p o r t a l . m e c . g o v . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ content&view=article&id=1299> Com a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução n. 4/2010) são reestabelecidas as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos, Resolução n. 7 de 14 de dezembro de 2010, aprovada por Francisco Aparecido Cordão. Art. 2º Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimento da educação básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas. Conforme o artigo 8º, o Ensino Fundamental terá duração de nove anos, sendo para atendimento da criança a partir dos 6 anos de idade, estendendo para todos os que não tiveram condições de frequentá‑lo na idade própria. Assim, § 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental de crianças com 6 (seis) anos completos ou a completar até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da Lei e das normas nacionais vigentes. 82 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 § 2º As crianças que completarem 6 (seis) anos após essa data deverão ser matriculadas na Educação Infantil (Pré‑Escola). § 3º A carga horária mínima anual do Ensino Fundamental regular será de 800 (oitocentas) horas relógio, distribuídas em, pelo menos, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar (BRASIL, 2010b, art. 8º.). As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental trazem princípios gerais de natureza política e pedagógica, visando à articulação entre as áreas do conhecimento e os aspectos da vida cidadã. Assim como nas Diretrizes da Educação Infantil, nas do Ensino Fundamental são indicados os mesmos princípios para a elaboração da proposta pedagógica: princípios éticos, da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; princípios políticos dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática e os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 1999, art. 3º). Art. 6º Os sistemas de ensino e as escolas adotarão, como norteadores das políticas educativas e das ações pedagógicas, os seguintes princípios: I – Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia; de respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoção do bem de todos, contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestações de preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. II – Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do regime democrático e dos recursos ambientais; da busca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e outros benefícios; da exigência de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades; da redução da pobreza e das desigualdades sociais e regionais. III – Estéticos: do cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade; do enriquecimento das formas de expressão e do exercício da criatividade; da valorização das diferentes manifestações culturais, especialmente a da cultura brasileira; da construção de identidades plurais e solidárias (BRASIL, 2010b). De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, a Base Comum Nacional refere‑se ao “conjunto de conteúdos mínimos das áreas de conhecimento articulados aos aspectos da Vida Cidadã” (art. 26). Essa Base Comum Nacional compreende as áreas do conhecimento: língua portuguesa, língua materna (para população indígena e imigrante), matemática, ciências, geografia, história, língua estrangeira, educação artística, educação física, educação religiosa (art. 33 83 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura da Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996) e os aspectos da vida cidadã: a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, o trabalho, a ciência e a tecnologia, a cultura e as linguagens. Art. 15 Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às áreas de conhecimento: I – Linguagens: a) Língua Portuguesa; b) Língua Materna, para populações indígenas; c) Língua Estrangeira moderna; d) Arte; e e) EducaçãoFísica; II – Matemática; III – Ciências da Natureza; IV – Ciências Humanas: a) História; b) Geografia; V – Ensino Religioso. Art. 16 Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento devem articular em seus conteúdos, a partir das possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida humana em escala global, regional e local, bem como na esfera individual. Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do meio ambiente, nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade cultural devem permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo (BRASIL, 2010b). 84 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 O currículo do Ensino Fundamental: é entendido, nesta Resolução, como constituído pelas experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes (BRASIL, 2010, art. 17). Assim como o currículo da Educação Infantil, o da Educação Fundamental deve valorizar as experiências escolares nos diferentes ambientes da escola. No processo de construção do projeto político‑pedagógico, deve considerar os modos de ser e de desenvolver das crianças e dos adolescentes, em diferentes contextos sociais e culturais. Art. 23 Na implementação do projeto político‑pedagógico, o cuidar e o educar, indissociáveis funções da escola, resultarão em ações integradas que buscam articular‑se, pedagogicamente, no interior da própria instituição, e também externamente, com os serviços de apoio aos sistemas educacionais e com as políticas de outras áreas, para assegurar a aprendizagem, o bem‑estar e o desenvolvimento do aluno em todas as suas dimensões (BRASIL, 2010). Saiba mais Para saber mais sobre o processo de construção do projeto político‑pedagógico da escola, leia: PADILHA, P. R. Planejamento dialógico: como construir o projeto político‑pedagógico da escola. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental destacam a necessidade de integração dos conhecimentos escolares dentro do currículo, proporcionando a devida contextualização e aproximação do conteúdo às experiências dos alunos. § 1º A oportunidade de conhecer e analisar experiências assentadas em diversas concepções de currículo integrado e interdisciplinar oferecerá aos docentes subsídios para desenvolver propostas pedagógicas que avancem na direção de um trabalho colaborativo, capaz de superar a fragmentação dos componentes curriculares. § 2º Constituem exemplos de possibilidades de integração do currículo, entre outros, as propostas curriculares ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, projetos interdisciplinares com base em temas geradores formulados a partir de questões da comunidade e articulados aos componentes curriculares e às áreas de conhecimento, currículos em rede, 85 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura propostas ordenadas em torno de conceitos‑chave ou conceitos nucleares que permitam trabalhar as questões cognitivas e as questões culturais numa perspectiva transversal, e projetos de trabalho com diversas acepções (BRASIL, 2010, art. 24). De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (2010b), os professores devem levar em conta a diversidade sociocultural dos alunos, reconhecendo as desigualdades de acesso ao conhecimento produzido socialmente e desenvolvendo metodologias e estratégias diversificadas para atender, de forma efetiva, às diferenças de aprendizagem entre os estudantes. No entanto, tanto os sistemas de ensino como as escolas e seus professores não podem confundir o princípio da continuidade da trajetória escolar com promoção automática, sendo o aluno aprovado de um ano‑série para outro sem o compromisso com a verdadeira aprendizagem (BRASIL, 2010b, art. 27). Conforme o artigo 30 das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, os três primeiros anos do Ensino Fundamental devem proporcionar a alfabetização e o letramento, garantindo o desenvolvimento das diversas formas de expressão e a continuidade da aprendizagem, reconhecendo os prejuízos que a repetência pode causar para os anos iniciais do processo de alfabetização. Assim, os três anos iniciais do Ensino Fundamental são vistos como um bloco pedagógico ou um ciclo sequencial que não deve ter interrupção. Podemos compreender que a organização do currículo por ciclos propiciaria um tempo mais flexível para lidar com os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos, na tentativa de assegurar a continuidade do processo educativo. A avaliação deve ser vista como um processo indissociável do currículo, servindo para redimensionar a prática educativa, assumindo um caráter processual, formativo e participativo, de forma contínua, cumulativa e diagnóstica, visando identificar as dificuldades e possibilidades de superação das limitações de cada aluno, subsidiando os professores acerca da abordagem do trabalho docente e a família sobre o desempenho do seu filho. Para tanto, destaca‑se: II – utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais como a observação, o registro descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e coletivos, os portfólios, exercícios, provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a sua adequação à faixa etária e às características de desenvolvimento do educando; III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos da aprendizagem do aluno sobre os quantitativos (BRASIL, 2010). Propõe uma educação em escola de tempo integral com jornada, no mínimo, de sete horas diárias, reconhecendo que: 86 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Art. 37 A proposta educacional da escola de tempo integral promoverá a ampliação de tempos, espaços e oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de educar e cuidar entre os profissionais da escola e de outras áreas, as famílias e outros atores sociais, sob a coordenação da escola e de seus professores, visando alcançar a melhoria da qualidade da aprendizagem e da convivência social e diminuir as diferenças de acesso ao conhecimento e aos bens culturais, em especial entre as populações socialmente mais vulneráveis. § 1º O currículo da escola de tempo integral, concebido como um projeto educativo integrado, implica a ampliação da jornada escolar diária mediante o desenvolvimento de atividades como o acompanhamento pedagógico, o reforço e o aprofundamento da aprendizagem, a experimentação e a pesquisa científica, a cultura e as artes, o esporte e o lazer, as tecnologias da comunicação e informação, a afirmação da cultura dos direitos humanos, a preservação do meio ambiente, a promoção da saúde, entre outras, articuladas aos componentes curriculares e às áreas de conhecimento, a vivências e práticas socioculturais (BRASIL, 2010). Sobre a educação do campo, escolar indígena e escolar quilombola, é afirmado, respectivamente, Art. 38 A Educação do Campo, tratada como educação rural na legislação brasileira, incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura e se estende, também,aos espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas, conforme as Diretrizes para a Educação Básica do Campo (Parecer CNE/CEB nº 36/2001 e Resolução CNE/CEB nº 1/2002; Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e Resolução CNE/CEB nº 2/2008) (BRASIL, 2010). Art. 39 A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar Quilombola são, respectivamente, oferecidas em unidades educacionais inscritas em suas terras e culturas e, para essas populações, estão assegurados direitos específicos na Constituição Federal que lhes permitem valorizar e preservar as suas culturas e reafirmar o seu pertencimento étnico (BRASIL, 2010). Figura 23 87 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura O projeto político‑pedagógico da escola e o regimento escolar deverão prever ações de condições de acesso e de permanência dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades nas classes comuns do ensino regular, intensificando o processo de inclusão nas escolas públicas e privadas e buscando a universalização do atendimento. Já os sistemas de ensino deverão assegurar a educação de jovens e adultos que não tiveram oportunidades de frequentar e concluir os estudos na idade‑série/ano apropriada. Figura 24 A partir da exposição dos principais pontos das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, pode‑se concluir que a formação para a cidadania é uma das principais finalidades da educação brasileira, não se limitando simplesmente à participação política, mas à busca de justiça social, com a equidade nas oportunidades e nos benefícios. 5.4 Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico‑raciais e para o ensino de História e cultura afro‑brasileira e africana De acordo com o MEC (2004), o objetivo principal das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico‑raciais e para o Ensino de Historia e Cultura Afro‑brasileira e Africana é corrigir injustiças, eliminar discriminações e promover a inclusão social e a cidadania para todos os estudantes no sistema educacional brasileiro. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) tem como objetivo: contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino, voltado a valorização das diferenças e da diversidade, a promoção da educação inclusiva, dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental visando a efetivação de políticas públicas transversais e interssetoriais (BRASIL, MEC, 2013). A Secadi tem como objetivo proporcionar a divulgação e produção de conhecimentos, a formação 88 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 de atitudes, posturas e valores que possibilitem aos indivíduos interagir na construção de um país democrático, em que todos, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada. Cabe ao Estado promover e incentivar políticas de reparações que permitam a interação, o reconhecimento, a valorização e a problematização das questões étnico‑raciais, por isso a Lei 10.639/2003, que alterou a Lei 9.394/1996, estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro‑brasileiras e africanas. O reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico‑racial presente na educação escolar brasileira, nos diferentes níveis de ensino. Políticas de reparações e de reconhecimento formarão programas de ações afirmativas, isto é, conjuntos de ações políticas dirigidas à correção de desigualdades raciais e sociais, orientadas para oferta de tratamento diferenciado com vistas a corrigir desvantagens e marginalização criadas e mantidas por estrutura social excludente e discriminatória (BRASIL, 2003). O Conselho Nacional de Educação (Conselho Pleno) aprovou a Resolução n. 1 de junho de 2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico‑Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro‑Brasileira e Africana. Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico‑Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro‑Brasileira e Africana, a serem observadas pelas Instituições de ensino, que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por Instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores. É importante salientar que essa discussão precisa estar inserida no processo de formação dos professores, ocupando um lugar no conjunto de disciplinas que compõem a matriz curricular dos cursos de graduação de formação docente. Figura 25 89 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura Saiba mais Vamos aprofundar mais a discussão sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico‑Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro‑brasileira e Africana lendo o parecer aprovado em 2004. Acesse o link do MEC: < h t t p : / / p o r t a l . m e c . g o v . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ content&view=article&id=1299> De acordo com o art. 2º das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico‑Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro‑Brasileira e Africanas, esse documento constitui orientações, princípios e fundamentos para promover a educação de indivíduos participantes e conscientes da sociedade multicultural, visando à construção de uma sociedade mais justa e democrática. § 1° A Educação das Relações Étnico‑Raciais tem por objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico‑racial, tornando‑os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. § 2º O Ensino de História e Cultura Afro‑Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro‑brasileiros, bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias e asiáticas. § 3º Caberá aos conselhos de Educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios desenvolver as Diretrizes Curriculares Nacionais instituídas por esta Resolução, dentro do regime de colaboração e da autonomia de entes federativos e seus respectivos sistemas. 5.5 Diretrizes Curriculares Nacionais da educação especial O Conselho Nacional de Educação (CNE) na Câmara de Educação Básica (CEB), sob a presidência de Francisco Aparecido Cordão, aprova a resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001, que institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades. 90 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré‑escolas, assegurando‑lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado (BRASIL, 2001). Figura 26 As Diretrizes Curriculares para EducaçãoEspecial instituem que as escolas deverão organizar‑se para garantir o atendimento de qualidade aos educandos com necessidades especiais em suas salas regulares. Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende‑se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2001). Assim como nas diferentes etapas do ensino (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), a modalidade Educação Especial considerará as situações singulares, os perfis dos estudantes, as características biopsicossociais dos alunos e suas faixas etárias e pautará suas ações educativas em princípios éticos, políticos e estéticos. I – a dignidade humana e a observância do direito de cada aluno de realizar seus projetos de estudo, de trabalho e de inserção na vida social; II – a busca da identidade própria de cada educando, o reconhecimento e a valorização das suas diferenças e potencialidades, bem como de suas 91 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura necessidades educacionais especiais no processo de ensino e aprendizagem, como base para a constituição e ampliação de valores, atitudes, conhecimentos, habilidades e competências; III – o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da capacidade de participação social, política e econômica e sua ampliação, mediante o cumprimento de seus deveres e o usufruto de seus direitos (BRASIL, 2001, art. 4º.). No artigo 5º das Diretrizes Curriculares, são definidas as características dos educandos com necessidades educacionais especiais, a se considerar, durante o processo educacional, aqueles que apresentam: I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os levem a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (BRASIL, 2001, art. 5º.). Saiba mais Vamos aprofundar a discussão sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial consultando o site do MEC: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf> Parecer CNE/CEB n. 17/2001, aprovado em 3 de julho de 2001, sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Resolução CNE/CEB n. 2, de 11 de setembro de 2001, que institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. 92 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 É afirmado, no art. 7º. e 8º. das Diretrizes Curriculares Nacionais, que o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ocorrer em classes comuns do Ensino Regular, em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica, devendo as escolas se responsabilizar pela organização dessas salas. A distribuição dos alunos com necessidades educacionais especiais pelas várias classes do ano escolar deve trazer benefícios para eles e para todos os outros, que poderão compreender as diferenças individuais como positivas para a ampliação de seu conhecimento pessoal e para o convívio com a diversidade e a pluralidade cultural. Destaca‑se, ainda no art. 8º., a necessidade de flexibilizações e adaptações curriculares adequadas ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. Ficam determinados serviços de apoio pedagógico especializado em classes comuns a partir de: a) atuação colaborativa de professor especializado em educação especial; b) atuação de professores‑intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis; c) atuação de professores e outros profissionais itinerantes intra e interinstitucionalmente; d) disponibilização de outros apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação (BRASIL, 2001, art. 8). No entanto, conforme Garcia (2006), ao discutir as formas organizativas do trabalho pedagógico nas políticas para a educação especial, a flexibilização curricular não pode significar o empobrecimento dos conteúdos a serem trabalhados na Educação Básica. Saiba mais Para saber mais sobre a discussão do conceito de flexibilização curricular, leia o texto Políticas para a educação especial e as formas organizativas do trabalho pedagógico, de Rosalba Maria Cardoso Garcia. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbee/v12n3/01.pdf>. Está estabelecido pelo artigo 9 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial que as escolas podem criar, extraordinariamente, classes especiais, em caráter transitório, para os alunos que apresentem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou condições de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais e demandem ajudas e apoios intensos e contínuos. § 1º Nas classes especiais, o professor deve desenvolver o currículo, mediante adaptações, e, quando necessário, atividades da vida autônoma e social no turno inverso. 93 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura § 2º A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno e das condições para o atendimento inclusivo, a equipe pedagógica da escola e a família devem decidir conjuntamente, com base em avaliação pedagógica, quanto ao seu retorno à classe comum (BRASIL, 2001, art. 9). E, ainda, os alunos que apresentem necessidades educacionais especiais e requeiram atenção individualizada que a escola comum não consiga prover podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em escolas especiais, públicas ou privadas. O artigo 12 reafirma a responsabilidade dos sistemas de ensino (municipal, estadual ou federal) em assegurar a acessibilidade aos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e mobiliário – e nos transportes escolares, bem como de barreiras nas comunicações. O artigo 13 destaca que os sistemas de ensino devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio. Art. 15. A organização e a operacionalização dos currículos escolares são de competência e responsabilidade dos estabelecimentos de ensino, devendo constar de seus projetos pedagógicos as disposições necessárias para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos, respeitadas, além das diretrizes curriculares nacionais de todas as etapas e modalidades da Educação Básica, as normas dos respectivos sistemas de ensino. Os professores especializados deverão comprovar formação em cursos de licenciatura em educação especial, em uma de suas áreas ou complementação de estudos ou pós‑graduação em áreas específicas da Educação Especial. E aos professores que já atuam na área devem ser oferecidas oportunidades de formação continuadapelos sistemas educacionais brasileiros. 5.6 Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação de Jovens e Adultos (eJA) A Resolução CNE/CEB n. 1, de 5 de julho de 2000, estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação e Jovens e Adultos, com resolução do presidente Francisco Aparecido Cordão. Art. 1º Esta Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos a serem obrigatoriamente observadas na oferta e na estrutura dos componentes curriculares de ensino fundamental e médio dos cursos que se desenvolvem, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias e integrantes da organização da educação nacional nos diversos sistemas de ensino, à luz do caráter próprio desta modalidade de educação (BRASIL, 2000). 94 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 O artigo 2º dessa resolução determina a Educação de Jovens e Adultos (EJA) como modalidade da Educação Básica nas etapas dos Ensinos Fundamental e Médio, fixando diretrizes para os exames supletivos e certificados, bem como referência para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Está definido, no art. 6º, que caberá a cada sistema de ensino definir a estrutura e a duração dos cursos da EJA, respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a identidade dessa modalidade de educação e o regime de colaboração entre os entes federativos. Fica definido, como idade mínima para a inscrição e a realização de exames supletivos de conclusão do Ensino Fundamental, 15 anos completos e, para o Ensino Médio, 18 anos completos. Art. 8º Observado o disposto no Art. 4º, VII da LDB, a idade mínima para a inscrição e realização de exames supletivos de conclusão do ensino médio é a de 18 anos completos. § 1º O direito dos menores emancipados para os atos da vida civil não se aplica para o da prestação de exames supletivos. § 2º Semelhantemente ao disposto no parágrafo único do Art. 7º, os cursos de Educação de Jovens e Adultos de nível médio deverão ser voltados especificamente para alunos de faixa etária superior à própria para a conclusão deste nível de ensino, ou seja, 17 anos completos (BRASIL, 2000). Fica estabelecido no art. 10 que, no caso de cursos semipresenciais e a distância, os alunos só poderão ser avaliados, para fins de certificados de conclusão, com exames supletivos presenciais oferecidos por instituições especificamente autorizadas, credenciadas e avaliadas pelo Poder Público. Sobre a definição do conteúdo curricular, ficam estabelecidas como diretrizes de referência tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Médio, respectivamente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (Resolução CNE/CEB n. 7/2010) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Resolução CNE/CEB nº 2/2012), respeitando as características específicas e o perfil dos alunos de EJA. Saiba mais Sobre a EJA, leia o parecer e a resolução no site do MEC. < h t t p : / / p o r t a l . m e c . g o v . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ content&view=article&id=1299>. O art. 17 trata especificamente da formação inicial e continuada de profissionais para a Educação de Jovens e Adultos, reforçando que a formação de professores deve estar apoiada em: 95 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura I. ambiente institucional com organização adequada à proposta pedagógica; II. investigação dos problemas desta modalidade de educação, buscando oferecer soluções teoricamente fundamentadas e socialmente contextuadas; III. desenvolvimento de práticas educativas que correlacionem teoria e prática; IV. utilização de métodos e técnicas que contemplem códigos e linguagens apropriados a situações específicas de aprendizagem (BRASIL, 2000, art. 17). Figura 27 Em relação aos cursos de EJA que se destinam ao Ensino Fundamental, deverão cumprir com os componentes curriculares estabelecidos pela LDB n. 9394/1996, referentes aos art. 26, 27, 28 e 32, e às Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Já em relação aos cursos de EJA que se destinam ao Ensino Médio, deverão cumprir as orientações legais estabelecidas na LDB nos art. 26, 27, 28, 35 e 36 e às Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Está definido no artigo 22 que: os estabelecimentos poderão aferir e reconhecer, mediante avaliação, conhecimentos e habilidades obtidos em processos formativos extraescolares, de acordo com as normas dos respectivos sistemas e no âmbito de suas competências (BRASIL, 2000). E, ainda, o artigo 23 define que os estabelecimentos serão responsáveis pela expedição de históricos escolares e declarações de conclusão. 96 Unidade II Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 6 ORIeNtAçõeS CURRICULAReS Além das Diretrizes Curriculares Nacionais, há também algumas orientações curriculares de como trabalhar o currículo nas escolas. São propostas didático‑metodológias que ajudam a transpor as diretrizes curriculares para a prática pedagógica. Esses documentos também são propostos pelo Ministério da Educação e foram elaborados por estudiosos e acadêmicos das diversas áreas envolvidas. Para que você saiba da existência desses materiais e possa consultá‑los no futuro, apresentaremos brevemente as orientações curriculares para Educação Infantil, os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (RCNEI) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que são orientações para o Ensino Fundamental. 6.1 Referencial Curricular Nacional para educação Infantil (RCNeI) Esse documento foi elaborado pela Coordenação Geral de Educação Infantil (Coedi) e pela equipe técnica‑pedagógica do MEC, sendo divulgado no final de 1998. A COEDI/MEC estava nesse momento sendo coordenada pela Gisela Wajskop, mas a coordenação do RCNEI ficou a cargo de Ana Amélia Inoue, Gisela Wajskop e Silvia Pereira de Carvalho, participando de sua elaboração diferentes estudiosos e educadores da área, e ainda contou com a assessoria de Ana Teberosky, Gilles Brougère, Jean Hèbrard, dentre outros (SILVA, 2003, p. 101). O RCNEI foi elaborado em três volumes: no primeiro, intitulado Introdução, são apresentados os fundamentos teórico‑metodológicos do documento, isto é, as concepções de criança, de cuidar, de educar, de brincar e de creches e pré‑escolas como instituições de Educação Infantil. No segundo, Formação pessoal e social, discute‑se uma proposta voltada para o desenvolvimento da identidade e da autonomia das crianças, e, por último, o volume Conhecimento de mundo apresenta as áreas do conhecimento que devem compor a organização do currículo/proposta pedagógica da Educação Infantil, sendo elas: movimento, artes visuais, natureza e sociedade, matemática, música e linguagem oral e escrita. Figura 28 97 Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 08 /1 3 Escola, currículo E cultura O RCNEI deve servir como um guia de orientação e de reflexão dos profissionais da Educação Infantil no momento de definição dos projetos educativos das unidades escolares. Conforme carta do ministro da Educação do período, ele integra uma série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pelo MEC, servindo: como guia de reflexão de cunho educacional sobre os objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam diretamente com as crianças de zero a seis anos, respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural brasileira (BRASIL, 1998, p. 6). 6.2 Parâmetros
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