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Prof. Odair José T. de Araújo 1 Resumo de aula 1 – História do Direito Brasileiro 1. A formação do reino português e as Ordenações Afonsinas → Antecedentes: • No ano de 1139 D. Afonso Henriques declarou-se Rei dos Portucalenses. • No ano de 1143 foi estabelecida a paz, é reconhecida a independência do Condado Portucalense. • Reinado de D. Diniz (1279-1325: o Unificou a língua portuguesa o Fundou universidades o Suplantou o “direito velho”, que era baseado na justiça privada e em punições coletivas (aldeias) para crimes. o Promulgou a Lei das Sete Partidas: direito público, influência do direito romano, influência do direito canônico. o Reestruturação do Judiciário. → As bases do Direito Português: Tradição romano-germânica (civil law) Tradição da common law Descende do direito romano Descende de um direito autóctone Predomina a codificação e a lei (em sentido estrito) Predomina a consolidação jurisprudencial Raciocínio lógico-abstrato Raciocínio concreto Direito legislado (produzido pelo legislador Direito judicialista (produzido pelo juiz) • O Direito português seguiu a tradição romano-germânica. • As principais influências: o Direito Romano o Direito Canônico → Legislações Portuguesas: • Ordenações Afonsinas – 1446 a 1521. • Ordenações Manuelinas – 1521 a 1603. • Ordenações Filipinas – 1603 a 1830 (em alguns textos aparece 1867). No Brasil a sua incidência esteve presente até mesmo depois da independência e por isso se considera que somente com a promulgação do Código Civil de 1916 é que ter-se-ia dado fim à vigência das ordenações Filipinas no Brasil. • Era Pombalina – 1750 a 1777: Lei da Boa Razão. → Ordenações Afonsinas: • Compilação de normas, leis e resoluções já existentes. • Ausência de proporcionalidade entre crime e pena. • Desigualdade no tratamento dos indivíduos. • Principal objetivo: incutir medo. • Estrutura das Ordenações Afonsinas: Prof. Odair José T. de Araújo 2 o Livro I – ocupava-se do direito hoje denominado administrativo e trazia os regimentos dos cargos públicos régios e municipais. o Livro II – Direito Eclesiástico, jurisdição e privilégios dos donatários, as prerrogativas da nobreza, estatuto dos judeus e dos mouros. o Livro III – Processo Civil: tratava da ordem judiciária, da regulamentação dos termos do processo, dos recursos, das seguranças reais e das cartas de segurança. o Livro IV – Direito Civil: estabelecia determinações sobre contratos, sucessões, tutelas e incluía o Direito Comercial, definindo os fretamentos de navios, os contratos e as relações com mercadores estrangeiros, entre outros assuntos. o Livro V – Direito Penal e Processual Penal: estabelecia os crimes e as penas e incluía a investigação dos crimes, a prisão de delinquentes ou acusados e o emprego da tortura nos processos. Importante: essa estrutura se repetiu nas duas ordenações seguintes. • Estrutura Judiciária: 3º Grau – Casa de Suplicação (Colegiados) ↑ 2º Grau – Tribunais Colegiados ↑ 1º Grau – Magistrados Singulares → Ordenações Manuelinas: • Alterações na sociedade da época: o Avanços tecnológicos: invenção da imprensa. o Expansão marítima. o Expansão comercial. o Mudança na mentalidade da época – Filosofia. Consequências: revisão das Ordenações Afonsinas. • Principais aspectos das Ordenações Manuelinas: o Direito Romano como subsidiário. o Trata de forma mais específica as questões de Direito Marítimo. o Crime de Lesa Majestade como o pior delito. o Vantagens dos fidalgos em relação aos plebeus. o Adultério feminino tipificado como crime: pena de morte aplicada pelo próprio marido. o Não diferenciação entre crime e pecado. Ex.: pena de morte para o crime de sodonomia. → Ordenações Filipinas: • Razões para a sua produção: o Desejo de centralização do poder rei o Desejo dos juristas de impor o direito romano o Tendência de repelir a influência canônica • Características: o Poucas mudanças em relação as ordenações manuelinas o Compilações o Manutenção da estrutura anterior das outras ordenações • Peculiaridades: o Aumentou a quantidade de juízes singulares o Proliferação de funções específicas dos juízes singulares o Tribunais colegiados também com funções e quantidades ampliadas Prof. Odair José T. de Araújo 3 • Crimes e peculiaridades: o Penas mais comuns: pena de morte; degredação para o Brasil; açoites. • Penas de morte: o Morte natural – típico enforcamento o Morte natural para sempre – enforcamento e o corpo ficava pendente até cari podre e não havia sepultamento. o Morte natural cruelmente – o réu era morto, esquartejado, seus restos mortais eram expostos, seus bens confiscados atingindo-se a infância decorrente do crime até a sua quarta geração. o Morte pelo fogo – vivicombúrio. o Morte civil – o indivíduo passava a não ter direito algum. • Distinção de idade: o Até 17 anos: não se aplica a pena de morte. o Entre 17 e 20 anos: arbítrio dos juízes. o Entre 20 e 25 anos: pena completa se esta ultrapassar a idade de 25 anos do condenado. o Acima de 25 anos: pena completa. → Era Pombalina • Dom José II (1714-1777) nomeou Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, como secretário de Estado. • Reformas promovidas por Marquês de Pombal: o Política: centralização administrativa (Absolutismo). o Econômica: restauração da economia portuguesa (monopólio do vinho e do vinagre). o Jurídica: fortalecimento da Justiça criminal (punição de nobres que auxiliassem em fugas de criminosos). o Lei da Boa Razão – 1769: reformula a estrutura do Judiciário; considera o direito natural e o direito das gentes como subsidiários; redução da incidência do direito romano. o Carta de Lei – 1772: reforma dos estatutos das universidades (criação de novas cadeiras de Direito). BIBLIOGRAFIA ANGELOZZI, Gilberto. História do Direito no Brasil. São Paulo: Freitas Bastos Editora, 2009. CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Fundação Calouste Guilbenkian, 2013.
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