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Direito processual civil II 2GQ - zé mario

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Direito processual civil II
Professor: José Mario Wanderley
2ºGQ
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES 
Trata-se de um conjunto de atos processuais de natureza eventual a serem praticados ao final da fase postulatória e antes da abertura da instrução como condição para o procedimento válido do processo, evitando-se assim a produção desnecessária de provas. São atos processuais eventuais, ou seja, podem ou não ocorrer, depende do caso específico. 
1. Reconhecimento dos efeitos da revelia: Consiste num ato de natureza meramente declaratória, através do qual o juiz cumpre o seu dever de informar as partes sobre a presença de revelia naquele processo e sobre a presença ou não de seus efeitos. Através de uma decisão interlocutória. O juiz só fará se tiver revelia, ou seja, ato eventual. 
OBS: o efeito da revelia não decorre desse ato, esse ato apenas informa, a revelia é anterior a isso. Os efeitos da revelia são apenas produto do comportamento do réu e não do magistrado, os efeitos da revelia decorrem da própria revelia. 
OBS: Afeta instrução por causa da presunção de veracidade (pois se for acolhida não haverá necessidade de produção de provas).
2. Fixação dos pontos contravertidos: Após ler a inicial e a contestação, o juiz deve identificar quais os fatos alegados ainda não foram provados e que sejam relevantes para a resolução do conflito, fixando-os através de decisão, pois apenas estes serão objeto de instrução. Indica quais fatos irão à instrução. (Não provados ainda e relevante para o julgamento). 
3. Decisão pelo julgamento antecipado da lide: O juiz através de decisão fundamentada verifica não haver fatos a serem provados em instrução passando diretamente para a fase de elaboração da sentença. Hipótese em que não haverá instrução, ou seja, ato eventual. O juiz antecipa o momento da elaboração da sentença pela supressão da fase de instrução. Ocorre em quatro situações:
Quando os fatos alegados já estiverem provados
Quando a questão de mérito for unicamente de direito (não foram alegados fatos). Exemplo: Um processo onde o autor pede interpretação de uma lei tributária e o réu (fazenda nacional) alega outra interpretação. Cabe ao juiz analisar a interpretação mais coerente, mas não há fatos a serem provados. 
Quando o juiz acolher a presunção relativa de veracidade do fato.
Quando o fato alegado for irrelevante (o fato que não tem a menor importância para o julgamento).
Premissa: A fase de instrução só terá utilidade se o processo tiver condições de julgamento efetivo de mérito. As duas próximas providências existem para evitar a prática de atos probatórios em processos defeituosos.
4. Réplica: quando o juiz ao ler a contestação, identificar a alegação da presença de vícios formais peremptórios e/ou prejudiciais de mérito via preliminar de contestação, deverá dar oportunidade para que o autor se manifeste sobre a matéria no prazo de 15 dias. Haverá réplica se o réu alegar algo na preliminar de contestação, mesmo que não tenha vício. Portanto é eventual, pois nem toda contestação possui preliminar. 
Quantos atos postulatórios obrigatórios existem na fase de conhecimento? Dois eventualmente três.
OBS: A réplica não constitui espaço para o autor ampliar ou corrigir a petição inicial, devendo o autor ficar restrito exclusivamente as matérias que lhe deram causa. (As matérias são os vícios formais peremptórios e/ou prejudiciais de mérito).
OBS: O autor pode deixar de apresentar a réplica? A apresentação da réplica é escolha do autor, podendo apresentar ou não. Já o juiz é obrigado a dar a oportunidade para o autor se manifestar.
OBS: A réplica só ocorrerá quando presente preliminar de contestação.
5. Saneador (“despacho saneador” ou “fase de saneamento”): Caso o juiz verifique na contestação a presença de vícios formais peremptórios e/ou prejudiciais de mérito alegados em preliminar de contestação deverá aprecia-los previamente como condição para abertura posterior da fase de instrução. Se tais matérias foram alegadas pelo réu deverão ser previamente apreciadas antes da abertura da instrução, evitando-se assim a produção desnecessária de provas. É eventual, novamente, porque nem todo processo possui preliminar.
OBS: É pressuposto para o saneador a prévia oportunidade para a réplica, primeiro dou a oportunidade para a réplica, depois faço o saneador.
OBS: O saneador em si consiste neste dever de apreciação das matérias, não devendo ser confundido com suas possíveis consequências.
DUAS consequências são possíveis:
• Acolhe a preliminar – não haverá instrução, sentença de extinção do processo (vício ou preliminar) 
• Rejeita a preliminar – Decisão interlocutória (fundamentada) declarando saneado o processo, isto é, livre de vícios ou de prejudiciais e em condições de realizar a instrução.
OBS: No CPC 2015, esta decisão que declara saneado o processo não é mais agravável, ou seja, não é mais recorrível através de agravo, devendo agora tais questões serem discutidas em recurso de apelação, esperar a sentença para poder recorrer. Houve essa mudança, pois o CPC 2015 não acha essa situação urgente.
INSTRUÇÃO: TEORIA GERAL DAS PROVAS
-Definição (o que são provas?): Meios para convencer o julgador acerca dos fatos alegados.
-Objeto de provas (o que se prova?): ”Prova de direito”: Quando a parte utilizar determinadas normas como fundamento de sua pretensão, assumirá o ônus de demonstrar sua existência e vigência ao risco de ser desconsiderada a norma pelo julgador. Municipais, estaduais, estrangeiras, consuetudinárias (costumes).
OBS: Princípio “Iuri novit curiae” (“o juiz sabe o direito”): Por outro lado se a pretensão da parte estiver baseada em legislação federal, será ônus exclusivo de o juiz verificar se ela existe (a legislação federal) e se ela está vigente.
Meios de prova (como se prova?)
- Definição: Prova-se os fatos alegados através dos meios de prova em direito admitidos, bem como através dos meios moralmente lícitos. 
- Meios:
Em direitos admitidos (típicos): São aqueles expressamente previstos na norma processual sendo suficiente seu mero requerimento. Exemplos: Testemunha, perícia.
Moralmente lícitos (atípicos): São aqueles que embora não previstos na norma processual serão produzidos desde que não viole direito fundamental da parte. 
- Princípio da persuasão racional (ou livre convencimento motivado): Segundo a norma processual o juiz é livre para conduzir a produção de provas e para interpretar o seu conteúdo, buscando conhecimento acerca dos fatos alegados desde que os fundamentos da sentença indiquem quais fatos lhe convenceram e o porquê. 
OBS: O CPC de 2015 acrescentou o ônus ao juiz para ele também ter que se manifestar sobre todas as outras provas que não lhe convenceram. 
- Consequências desse princípio
1. Condução da instrução pelo juiz: Consequência dessa condução, vou conduzir provas até o juiz ficar convencido. Os limites de produção de provas estão vinculados ao grau de convencimento do juiz. 
2. Não existe hierarquia entre provas (horizontalidade): Não existe prova pior ou prova melhor, existe prova mais adequada para cada processo no caso concreto. 
3. Iniciativa das partes ou determinadas de ofício. (“ex officio”)
4.Última consequência que deve ser destacada!! Decisão pela conversão do julgamento em diligência: Excepcionalmente ainda que o processo esteja aparentemente pronto para o julgamento, isto é, concluso para sentença, o juiz se não estiver ainda convencido sobre os fatos alegados, poderá através de decisão fundamentada fazer o processo retornar a fase anterior de instrução para produção específica (pode ocorrer uma única vez por processo), fim da qual retornará para elaboração da sentença. Trata do retorno excepcional a instrução. 
Negócio jurídico processual sobre provas: Predomina a autonomia da vontade. Tema que possui artigos que se contradizem, pouco falado e bom para objeto de pesquisa. 
- Ônus da prova (quem deve provar?): Quem alega o fato, prova. A parte que alegar determinado fato em seu favor assume o ônus de produzirrespectiva prova ao risco deste fato ser desconsiderado quanto a elaboração da sentença. Regra geral, quase absoluta. Dizer e não provar é não dizer. “dicere et non probare est non dicere.” 
EXCEÇÕES 
1.Inversão do ônus da prova: Excepcionalmente a norma processual admite em situações de desequilíbrio ou por autonomia da vontade que a parte autora alegue livremente um fato sem precisar prova-lo, recaindo sobre o réu ou sobre o juiz o ônus de produzir a prova em sentido contrário. Benefício em favor do autor, em caráter excepcional (desequilíbrio ou autonomia da vontade)
- Legal: Lei nº 8.078/90 (consumidor). São três requisitos: Requerimento expresso da parte + configuração de relação de consumo + vulnerabilidade verificada no caso concreto (a doutrina chama também de hipossuficiência). Exemplo: Eu fiquei doente, pois comi a comida estragada de um restaurante e não tenho como provar isso, utilizando a inversão, o ônus da prova passa a ser do restaurante de provar a limpeza, se está de acordo com as normas da vigilância sanitária. O juiz só vai reverter o ônus da prova se todos os requisitos estiverem adequados. 
- Contratual: Tratando o objeto do conflito de direito disponível, as partes de comum acordo e dentro dos limites da autonomia da vontade poderão fixar cláusula estabelecendo a inversão do ônus da prova em favor da parte autora desde que não tome excessivamente difícil ou impossível a defesa.
2.Distribuição dinâmica do ônus da prova (NOVIDADE CPC 2015): Também em situações excepcionais em que o juiz verifique a vulnerabilidade das partes, poderá através de decisão fundamentada distribuir o ônus da prova de forma diversa em benefício da parte que for mais vulnerável. Beneficia autor ou réu, aqui a responsabilidade é toda do juiz. Totalmente subjetivo. Cabe qualquer assunto, diferentemente da inversão. 
Fatos que independem de prova: Não serão levados a instrução.
1.Notórios: São aqueles fatos de conhecimento público comum a todas as pessoas a partir da aplicação de regra de experiência, isto é são notórios porque são vivenciados por todos inclusive pelo juiz. Exemplo: O trânsito da nossa cidade que é por todos vivenciado.
2.Confessados: São aqueles fatos afirmados por uma das partes e expresso ou tacitamente confirmados de livre vontade pela outra parte.
3.Incontroversos: Ocorre quando ambas as partes utilizam em seu benefício o mesmo fato simultaneamente. Exemplo: Autor alega que o réu deve com base no contrato, o réu alega que não deve pagar com base no contrato. 
4.Presumidos: Esta é uma categoria residual abrangendo todos os demais casos em que haja previsão de presunção relativa da veracidade dos fatos.
5.Fatos Irrelevantes ou impertinentes: São aqueles fatos alegados pelas partes, mas que não guardam qualquer relação com o conflito a ser resolvido. 
DAS PROVAS PRODUZIDAS EM AUDIÊNCIA
Depoimento pessoal: Este meio de prova será utilizado quando a compreensão do fato alegado depender de declarações a serem prestadas pelas próprias partes (autor e réu). Só haverá depoimento pessoal se aquela informação tenha que ser esclarecida pelo autor ou réu. 
OBS: Ausência de compromisso formal - As partes quando prestam duas declarações não realizam nenhum compromisso formal quanto ao conteúdo, respondendo por essas declarações apenas no âmbito processual. A responsabilidade é estritamente processual. Exemplos: litigância de má fé, atos atentatórios a justiça, dever de lealdade e probidade.
OBS: prerrogativa de irrestrita de permanecer em silêncio – Somente as partes independentemente do conteúdo de suas declarações poderão invocar a prerrogativa de permanecer em silêncio se aquilo
As partes podem escolher que perguntas irão responder, não é necessário ficar calado a audiência toda. É escolha da parte com seu advogado qual pergunta responder e qual não responder ou não responder nenhuma.
Prova testemunhal: Este meio de prova trata da prestação de declarações sobre o fato, realizada por terceiros não interveniente e não enquadrado como auxiliar da justiça, mediante compromisso formal quanto ao conteúdo e desde que subjetivamente compatível com aquele processo. Realizada por terceiros. 
- Terceiro não interveniente: O primeiro ato que ele tem que realizar no processo é o comparecimento a audiência para ser testemunha. Não pode ter tido nenhum tipo de intervenção, não pode ter realizado nenhum ato anterior no processo.
- Enquadrado como auxiliar da justiça: Oficial de justiça, servidor judiciário. 
OBS: Compromisso formal quanto ao conteúdo – A testemunha antes mesmo de prestar suas declarações, presta compromisso expresso em relação ao seu conteúdo respondendo civil, penal e administrativamente pelas consequências daquilo que declarar. 
Responsabilidade
Civil: Depende da natureza de um dano, moral ou material.
Penal: Existência de um crime. Falso testemunho, por exemplo. 
Administrativa: Testemunha que for servidor público. Mentir em juízo é uma falta muito grave, dependendo do que for pode ocasionar demissão.
OBS: Dever de cooperação – A testemunha desde que devidamente intimada tem o dever de comparecer a audiência e de responder as perguntas que lhe forem favoráveis. Podendo a justiça usar de condução coercitiva.
OBS: A testemunha somente poderá permanecer em silencio nas hipóteses que houver sigilo profissional e desde que esse sigilo não seja quebrado por decisão fundamentada pelo poder judiciário. Nenhum sigilo é absoluto.
OBS: Compatibilidade subjetiva – A testemunha não poderá está enquadrada em situações nas quais se presuma a sua incapacidade, ainda que temporária, de compreensão do fato ou a sua tendência a favorecer uma das partes.
Incapacidade de testemunhar: É de natureza processual podendo ou não coincidir com a incapacidade civil
Suspeição e impedimento da testemunha: As hipóteses de suspeição e de impedimento da testemunha são específicas e não se confundem com aquelas previstas para o juiz.
OBS: Informante civil – Excepcionalmente o juiz poderá ouvir testemunhas incapazes, impedidas ou suspeitas sem que suas declarações tenham valor de prova, desde que as informações colhidas possam levar a outra prova válida. 
- Prazo para juntada do rol de testemunhas: Nos procedimentos orais, a exemplo dos juizados, o rol de testemunhas deve ser apresentado no primeiro ato que a parte iniciar o processo. Já nos procedimentos escritos, a exemplo do procedimento comum, o rol de testemunhas será apresentado até o 10º dia anterior a data marcada para a audiência. Se o rol for apresentado depois, haverá preclusão. Estas exigências justificam-se para dar oportunidade razoável a parte contrária para impugnar eventuais testemunhas incapazes, impedidas ou suspeitas. Apresentado o rol de testemunhas, não poderá ser modificado, ocorre a preclusão consumativa: Se praticado o ato, não poderá ser modificado. 
PROVA PERICIAL
Perícia: Este meio de prova será utilizado quando a compreensão de um fato alegado depender de conhecimento técnico profissional especializado, alheio a formação do bacharel em direito. Compreensão do fato tem que depender do conhecimento de outras profissões. 
Perito: Profissional da especialidade necessária para a compreensão do fato, livremente escolhido pelo juiz a partir de critérios pré-estabelecidos. Perito do processo civil é diferente do processo penal. 
OBS: Em processo civil, o perito exerce função pública temporária e precária que é equiparado ao servidor público enquanto estiver exercendo a função. Durante a perícia o profissional responde como se servidor fosse enquanto durar o conjunto de suas atividades. Pelo simples fato de ser perito responde: Civil, penal e administrativamente.
Critérios de escolha do perito
Regra Geral, 90% dos casos.
Escolha entre profissionais previamente cadastrados: Não existe recusa, se você já fez o cadastro, não pode recusar.
Escolha entre profissionais indicados pelo respectivo conselho de classe: Só vai ser utilizado se a 1 opção falhar, se não tiver nenhum profissional cadastrado. Por exemplo, 12 médicoscadastrados, mas nenhum neurologista. Nesse caso, o profissional não pode recusar, mas por causa do conselho e não por está previamente cadastrado. 
Critérios específicos: prova de ofício, prova requerida pelo MP ou fazenda pública, beneficiário da justiça gratuita. 
Os seguintes critérios só se aplicam para essas regras específicas.
Escolha entre servidores do quadro do Poder Judiciário: Não é remunerado pela perícia, mas para ele não ficar cheio de trabalho no tempo que estiver fazendo a perícia será liberado do seu trabalho normal. Não recebe, pois, é um servidor e já recebe e a perícia será feita em seu local de trabalho.
Escolha entre servidores de outro órgão público: Quando não tiver o profissional no órgão.
Procedimento da perícia
Escolhido o perito este será intimado a tomar conhecimento do processo e a apresentar proposta de honorários cujo teor será avaliado pelo juiz. Se o juiz achar que o perito está pedindo demais, o juiz pode abaixar e mesmo assim o profissional terá que fazer. Posteriormente, a parte requerente será intimada a depositar judicialmente o valor dos honorários como condição para o início da perícia. 
OBS: A ausência do depósito do valor dos honorários não produz a extinção do processo por abandono, mas apenas a preclusão do direito de realizar a perícia.
Iniciada a perícia serão ambas as partes intimadas para se quiserem apresentar quesitos e indicar assistentes técnicos. 
- Quesitos: Perguntas sobre os fatos alegados cujas respostas serão parte integrante obrigatória do futuro laudo pericial
- Assistentes técnicos: Esse profissional não produz prova, são profissionais da mesma especialidade do perito livremente escolhidos e remunerado pelas partes cuja função é acompanhar as atividades do perito e auxiliar na compreensão do respectivo laudo.
Em seguida o perito irá colher todas as informações que entender necessárias a compreensão do fato alegado ao final das quais, irá elaborar o seu laudo-pericial. Somente após a aprovação do laudo em definitivo pelo juiz é que se pode considerar a perícia com a liberação dos honorários depositados. Se o juiz não achar o laudo bom manda voltar quantas vezes for preciso. 
OBS: Excepcionalmente o juiz poderá determinar uma segunda audiência de instrução para que o perito explique o conteúdo do laudo, antes dele aprovar.
OBS: Aplicam-se ao perito as mesmas causas de suspeição e impedimentos aplicados ao juiz. 
SENTENÇA
Ato judicial decisório cuja finalidade é extinguir o processo sem resolução de mérito ou resolver o mérito do conflito. O que caracteriza a sentença é sempre o resultado a finalidade, ou seja, ela é caracterizada pela dupla finalidade: Extinguir o processo sem resolução de mérito ou resolver o mérito do conflito. 
Classificação das sentenças
1.Sentença terminativa: Esta sentença é responsável por extinguir o processo sem resolução de mérito em virtude da presença de um vício formal peremptório insanável ou que não foi sanado no momento oportuno, não havendo apreciação do direito material da parte. Esta sentença é capaz de formar coisa julgada estritamente formal, isto é que impede a continuidade daquele processo, mas em regra não impede que o conflito seja novamente submetido ao poder judiciário. Encerra o processo, mas não encerra o conflito, tanto é que pode entrar como o mesmo processo novamente.
2.Sentença definitiva: Essa categoria trata das sentenças que resolvem o mérito do conflito apreciando o direito material, seja pelo acolhimento de uma prejudicial de mérito ou seja pelo julgamento efetivo de mérito (procedente, improcedente e procedente em parte) 
Resolve o mérito do conflito (apreciação do direito material): Acolhimento de uma prejudicial (exemplo: prescrição, decadência) ou julgamento efetivo do mérito.
OBS: Esta segunda categoria é capaz de produzir coisa julgada formal e material que além de encerrar o processo, impede a propositura de qualquer processo futuro tratando do mesmo assunto. 
ESSAS DUAS PRIMEIRAS CLASSIFICAÇÕES TÊM POR CRITÉRIO O CONTEÚDO A SER APRECIADO PELA SENTENÇA.
3.Sentença singular: Nesta modalidade a sentença é proferida por órgão judicial composto por um único juiz, preferencialmente na modalidade escrita. Pode ser oral no juizado especial.
4.Sentença colegiada (acórdão): É proferida por órgão judicial composto por três ou mais juízes a partir da soma do entendimento destes e sempre na forma oral sendo posteriormente reduzida a termo.
ESTA SEGUNDA CLASSIFICAÇÃO TEM POR CRITÉRIOS A NATUREZA DO ORGÃO E A FORMA A SER RESPEITADA.
Portanto uma sentença pode ser:
Singular: Terminativa ou definitiva
Colegiada: Terminativa ou definitiva
OBS: As sentenças colegiadas são características dos processos de competência originária dos tribunais. Exemplo: Procedimento da rescisória
REQUISITOS OBRIGATÓRIOS DA SETENÇA SINGULAR
OBS: No antigo CPC existia um requisito facultativo chamado ementa, não existe mais. No novo CPC todos os requisitos são obrigatórios e são três: Relatório, fundamentação e dispositivo. A falta de qualquer destes requisitos levaria a nulidade da sentença. 
1.Relatório: Descrição individualizada dos atos processuais ocorridos até o momento da sentença indicando no mínimo quais atos ocorreram e onde se encontram no processo. Linguagem descritiva. Far-se-á a pergunta: O que aconteceu no processo até agora? Descrição objetiva e precisa.
OBS: No procedimento dos juizados especiais, o juiz está autorizado a realizar relatório de forma facultativa podendo escrever uma sentença composta apenas de fundamentação e de dispositivo. 
2.Fundamentação: Segundo requisito o juiz cumpre o seu dever constitucional de motivar os atos judiciais decisórios apontando as razões de seu convencimento inclusive com a indicação das respectivas provas. O CPC de 2015 acrescentou a este dever a necessidade de enfrentar todas as outras razões alegadas no processo ainda que não aplicáveis a resolução do conflito. 
OBS: Nas sentenças terminativas o juiz está autorizado a fundamentar de forma sucinta, isto é, bastando indicar qual o defeito implicado e por que este se aplica ao respectivo processo. 
3.Dispositivo: Conclui a sentença e é aquele requisito de maior importância, pois efetivamente será o responsável por extinguir o processo sem resolução de mérito ou resolver o mérito do conflito. Este último requisito é o único de publicação obrigatória e o responsável por formar coisa julgada. A sentença pode ter 30 paginas, mas o que vai para o diário oficial é apenas o dispositivo. 
SENTENÇA: EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MERITO
Nas situações de extinção do processo sem resolução de mérito, o juiz reconhece a presença de um vício formal peremptório insanável ou que não sanado no momento oportuno, encerrando a continuidade do processo defeituoso sem que haja apreciação do direito material. O juiz reconhece que o processo é defeituoso e não pode mais continuar.
OBS: Somente levam a extinção do processo os defeitos formais expressamente tipificados como de natureza peremptória. Todos os demais defeitos serão dilatórios.
OBS: Da mesma forma o defeito só resultará na extinção se quem deu causa for a parte autora. Se extinguir o processo pelo ato cometido pelo réu, ele estará sendo beneficiado. 
OBS: A extinção do processo sem resolução de mérito, em regra permite que o autor apresente novamente a questão em processo futuro, uma vez que o direito material não foi apreciado. 
Hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito. Art.485
Indeferimento da petição inicial: São defeitos resultantes da má elaboração da petição inicial e que não foram corrigidos no momento oportuno. 
O processo ficar parado durante mais de 1 ano por negligência das partes: Temporal = Processo parado há mais de um ano, dias corridos, 1 ano e 1 dia. E Subjetivo = Omissão das partes após a intimação para dar prosseguimento ao processo. Só há negligência se ambas as partes forem omissa. Eu não posso configurar o prazo de 1 ano e 1 dia se a responsabilidade não é das partes, por exemplo,se o processo estiver parado por responsabilidade do juiz, não há negligência das partes.
Abandono pelo autor: Dois elementos – Temporal: 30 dias contados de uma preclusão + Subjetivo: Omissão do autor após ser intimado para dar prosseguimento ao processo (abandono).
OBS: A ausência do deposito dos honorários do perito não configura abandono, mas apenas leva a não realização da perícia.
OBS: Conforme entendimento do STF mesmo presente os elementos legais, a extinção por abandono está condicionada ao prévio requerimento pela parte ré, ou seja, não cabe abandono de ofício. 
Ausência de pressupostos processuais: Capacidades processuais (capacidade de ser parte, capacidade de estar em juízo e capacidade postulatória) – Suspender o processo e dar a oportunidade de correção. Não é a perda da capacidade que extingue o processo, mas não ter o autor corrigido no momento oportuno. 
Exercício irregular o direito de ação: Nestes casos o processo foi instaurado em situações nas quais a norma processual não mais permitia o exercício do direito de ação. Significa que você deu entrada na petição inicial sabendo que não poderia dar.
Perempção: Trata-se de uma sanção processual aplicada ao autor que por três vezes sucessivas der causa a extinção do processo por abandono, não podendo mais a questão ser submetida ao poder judiciário.
Litispendência: A norma processual não admite a existência simultânea de dois ou mais processos idênticos sendo mantido o processo prevento e extinto todos os demais. (Processos idênticos: mesmo pedido, causa de pedir e partes). 
Violação a coisa julgada: Por outro lado a norma processual também não admite a instauração de processo novo idêntico a processo anterior, cuja sentença de mérito já transitou em julgado, sendo extinto o novo processo.
OBS: Nessas três situações a parte autora não poderá apresentar novamente o processo.
 6.Ausência de legitimidade ou de interesse processual (condições da ação): Se a falta de uma das condições da ação não for corrigida no momento oportuno levará a extinção do processo.
 7.Convenção de arbitragem: A escolha do juízo arbitral retira o conflito do poder judiciário e extingue todos os processos que tratam dessa questão
 8.Desistência: Na desistência o autor abre mão da continuidade de um processo instaurado, mantendo integro o seu direito material que poderá ser objeto de processo futuro. Quem desiste, desiste do processo e não do direito. Não abrange o direito material da parte.
OBS: Momento da desistência
Até a citação: Só depende da vontade do autor.
Após a citação: Depende da concordância do réu e depois do saneador
Após o saneador: Não produz efeitos (processo continua) 
 9.Ação intransmissível por disposição legal (direitos personalíssimos): Não há suspensão, porque não há sucessão, por isso, o juiz extingue o processo automaticamente. Nessas situações em que não se transmite o direito, o processo é automaticamente extinto e não suspenso. Exemplo: processo de divórcio. 
 
SENTENÇA: RESOLUÇÃO DO MÉRITO
As sentenças de resolução de mérito caracterizam-se pela apreciação direta ou indireta do objeto do conflito, seja pelo acolhimento de uma prejudicial de mérito ou pelo efetivo julgamento do mérito. Haverá sentença de resolução de mérito em situações nas quais o julgador aprecie o direito material direta ou indiretamente apresentando uma solução para o conflito de interesses.
OBS: A sentença de resolução de mérito pressupõe um processo livre de defeitos de forma.
Todos os defeitos já foram corrigidos ou não havia defeitos. O direito material vai ser apreciado.
OBS: Quando o legislador se refere à palavra mérito está tratando de direito material objeto do conflito.
OBS: A sentença de resolução de mérito abrange todas as questões prejudicais, estejam ou não apreciadas na norma processual.
OBS: As situações de resolução de mérito previstas no NCPC não são exaustivas, abrangendo também prejudiciais de mérito ali não previstas.
Hipóteses de resolução de mérito
1.Acolhimento ou rejeição do pedido: Julgamento efetivo de mérito, é nessa hipótese que o juiz vai apreciar diretamente o direito material definindo se foi ameaçada ou violada.
-Acolhimento (procedente): Favorável ao autor (houve ameaça e violação ao direito material). Despesas paga pelo réu.
-Rejeição (improcedente): Favorável ao réu (não havendo ameaça e violação ao direito material. Despesas paga pelo autor.
-Acolhimento parcial: Parcialmente procedente. Favorável a autor e réu (houve ameaça e violação, mas não do jeito que o autor falou). Sucumbência recíproca, despesas serão compensadas.
OBS: A identificação do resultado afetará a sucumbência bem como a maneira de como serão divididas as despesas.
2. Decadência e prescrição: Os efeitos do tempo impedem o decurso do direito material. 
OBS: O CPC de 2015 condiciona o reconhecimento da prescrição ou da decadência a previa ouvida das partes.
OBS: A prescrição ou decadência poderá ser reconhecida parcialmente no curso do processo. O quanto a decadência afeta o direito material.
3. Reconhecimento da procedência do pedido: Trata-se de um ato espontâneo da parte ré, em que esta reconhece ter praticado a ameaça ou violação descrita pelo autor. Reconhece porque é mais vantajoso reconhecer e terminar o processo. Por exemplo: Uma empresa que está sendo processada por vender um celular com defeito, para ela pode ser mais barato dar um celular novo do que ficar pagando um advogado. 
OBS: Ocorre o reconhecimento tácito da procedência do pedido quando o réu deixa de impugnar os pedidos do autor na contestação. 
4. Transação (Popularmente chamada de “acordo”): A transação resolve o conflito ao substituir a questão original por novas obrigações bilaterais (sinalágmo). Cessões recíprocas, os dois têm que ceder. Por exemplo: O réu paga a metade do que deve e o autor aceita. 
5. Renúncia: Ao direito. Nesta situação o autor espontaneamente abre mão do direito material, objeto do conflito encerrando qualquer litígio sobre ele. Não podendo haver discursões posteriores a respeito desse litígio. 
NÃO CONFUNDIR DESISTÊNCIA COM RENÚNCIA!!!!! O ato desistência só afeta aquele processo, a pessoa desiste do processo e não direito. Já a renúncia afeta o direito.
OBS: As hipóteses 3,4 e 5 (Reconhecimento da procedência do pedido, transação e renúncia) são atos privativos da parte. Somente praticáveis por advogado na presença de poderes especiais expressos na procuração. Se não estiver expresso na procuração, o ato é inexistente. Da mesma forma estes três atos pressupõem que o objeto do conflito seja direito disponível.
Sentença parcial de mérito: a norma processual admite nas situações de resolução parcial de mérito que o juiz possa excepcionalmente proferir sentença definitiva no curso do processo referente a parcela do objeto cujos efeitos poderão ser executados imediatamente sem precisar esperar o fim do processo. 
O normal é esperar terminar as três fases para no final, na fase de cumprimento, dar entrada na execução, haja vista que o normal é que em uma sentença só (sentença final) resolva todo o mérito.
Isso gera uma situação específica. Como um caso de prescrição parcial, fez três pedidos e apenas um deles está prescrito. 
Fração do seu objeto já foi resolvido ainda no curso da fase de conhecimento, pela resolução parcial do mérito. É para acontecer em situações excepcionais. Constatada a hipótese de resolução parcial do mérito, gera duas sentenças: 1) uma no curso do processo, resolvendo parcialmente o mérito; 2) sentença final, julgando o restante do mérito. 
O juiz profere uma sentença apenas tratando de fração do mérito, executando imediatamente e continua com o prosseguimento do processo.
Tem que haver pluralidade de pedidos ou um só pedido com uma vasta dimensão. Não importa a quantidade de pedidos e sim a resolução.
Quando se fala em sentença parcial de mérito não é a procedência parcial dos pedidos, é que apenas uma parte do mérito está sendo julgada enão o mérito todo. Podendo, inclusive, a sentença parcial de mérito ser improcedente. A sentença final vai julgar o restante do mérito que não foi julgado, a fração restante.
Qualquer questão de mérito que produza o fracionamento do objeto, gera uma situação capaz de autorizar a sentença parcial de mérito. 
A única exigibilidade da sentença parcial de mérito é ter tido sido realizada a citação. Basta que o réu tenha se defendido. Não poderia proletariado uma sentença sem ouvir o réu, visto que a sentença poderia ser prejudicial a este. Os demais atos e fases do processo não precisam acontecer para proletariado a sentença. 
Dessa decisão, cabe Apelação de Instrumento. 
É uma sentença definitiva que faz coisa julgada em relação aquela parte do processo.
Não caberá essa sentença se o objeto do mérito não for divisível, não puder ser fracionado. Como questão de direito indisponível, que devem ser analisados conjuntamente. Requerida pela parte, o juiz deverá elaborar uma decisão justificando a impossibilidade de prolatar a sentença parcial de mérito ou deve proletariado a sentença. O juiz pode prolatar de oficio. Parte do mérito já estava resolvido, mas a questão é poder ou não elaborar a sentença. 
Sentença liminar de improcedência (“in limite citis”): nas situações envolvendo as chamadas demandas de massa, isto é , aqueles litígios semelhantes que se multiplicam ao longo do judiciário, o juiz, de tanto julgar questões semelhantes, poderá formar convencimento prévio acerca da matéria e da improcedência do pedido. Assim, está o julgador autorizado a proferir sentença de mérito de total improcedência ainda no período de admissibilidade, reduzindo a fase de conhecimento a apenas dois atos: petição inicial e sentença. 
É sempre em benefício do réu, por isso não precisa haver a citação. 
Não é o tipo do processo é a capacidade ou não do juiz de julgar previamente o processo. Se não tiver a hipótese de convencimento prévio, não vai ter esse tipo de sentença. Se o processo tratar questões peculiares, não tem como ter convencimento prévio. 
Só quando forem situações simples, o juiz, só de ler a petição inicial, já sabe do resultado.
Se todos os atos do processo são para formar o convencimento do juiz, tendo o juiz o convencimento prévio, só iria perder tempo dar continuidade ao processo.
Requisitos cumulativos:
Sentença de total improcedência: tem que ser 100% contrária ao autor e, consequentemente, 100% contrária ao réu. O réu não é citado, desta forma, não há prejuízo ao contraditório e ampla defesa, pois não há prejuízo algum ao réu. 
Desnecessária a produção de provas. Se precisar ainda de provas, não pode dar sentença no início do processo, pois se o convencimento fosse prévio, acarretaria na dispensa de provas.
Demonstração de precedentes: pode ser do mesmo juízo, de outro juízo ou de tribunal superior. Desde que esse precedente tenha formado convencimento prévio. Explicando como se formou o convencimento prévio. 
É ato discricionário do juiz. Só terá a sentença liminar de improcedência se o juiz assim desejar.

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