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ALEGAÇÕES FINAIS AULA 4

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA/ PR
	JORGE DA SILVA,já devidamente qualificado, nos autos da ação penal emepígrafe, vem, por meio de seu advogado, com lastro no artigo 403 §3º do Código de Processo Penal, apresentar a Vossa Excelência, suasALEGAÇÕES FINAIS NA FORMA DE MEMORIAIS, expondo e no final requerendo o seguinte:
	Inicialmente ratifica na integralidade a Resposta Preliminar Obrigatória de fls. X, que após a conclusão da instrução processual restou incolume.
DA NULIDADE
Como já argumentado anteriormente, o processo teve início na resiência do réu, o que não se faz correto, vez que se tratando de competênciaratione locia regra geral é de quea competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração penal e somente no caso de não for conhecido o lugar da infração, a competência será determinada pelo domicílio ou residência do réu. É o queprevê o artigo 72, caput do Código de Processo Penal.
É válido frisar um exemplo, bem ilustrativo, abordado por Tourinho Filho, que diz:
“(...)suponha-se que um cadáver apareça boiando nas águas do Tietê, na comarca de Bariri. Foi ele arrastado pelacorrenteza. Constatou-se ter havido homicídio. Das investigações levadas a cabo, descobriu-se quem foi o criminoso. Este não soube explicar o local do crime. Disse apenas que ocorrera bem distante. Nessa hipótese, o processo deve tramitar pelo foro do domicílio ou residência do réu.”
	Sendoassim, verifica-se claramente apresença da nulidaderelativa,tendo em vista a incompetênciarelativa.
DO MÉRITO
	Ratificando os argumentos apresentados anteriormente, restou provado que na hipótese houve manifesto erro do tipo, na qualo réu não sabia acerca da idade da vítima, nem era razoável presumir, uma vez que o local era inadequado para menores de dezoito anos, e a suposta vítima não aparentava ter a idade biológica que possuia à época do fato.
	Toda prova é no sentido de que avítima aparentava, sem dúvida, possuir idade superior a treze anos.
	A conjunção carnal e a prática de qualquer ato libidinoso de forma consentida, com maior de quatorze anos é conduta atípica.
	Também na peça acusatória consta a prática de dois crimes em concurso material, que aconteceram no mesmo evento, o que não se pode admitir; uma vez que a conduta praticada é, em tese, considerada um só fato, em que pese ter havido a conjunção carnal e ato libidinoso diverso da conjunção carnal, simultaneamente.
No mesmo sentido é o que prevalece na jurisprudência dos tribunais:
“STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1198786 DF 2010/0117542-6 (STJ)
Datade publicação: 10/04/2014
Ementa: RECURSO ESPECIAL. PENAL. CONDENAÇÃO POR CRIMES PREVISTOS NOS ARTS. 213 E 214 , NA ANTIGA REDAÇÃO DO CÓDIGO PENAL . ADVENTO DA LEI N.º 12.015 /2009. UNIÃO, NO MESMO TIPO PENAL, DAS CONDUTAS REFERENTES AO ATENTADO VIOLENTOAO PUDOR E AO ESTUPRO. RECONHECIMENTO DE CRIME ÚNICO ENTRE O ESTUPRO E OS ATOS LIBIDINOSOS PRATICADOS CONTRA A VÍTIMA. FIXAÇÃO DE PENA MÍNIMA. IMPOSSIBILIDADE. DESCONSIDERAÇÃO À MULTIPLICIDADE DE OFENSAS À LIBERDADE SEXUAL. SANÇÃO PENAL QUE DEVE SER AGRAVADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O julgado recorrido, ao afastar o concurso material de crimes reconhecido em sede de apelação, condenou o réu como incurso em um único crime de estupro, previsto na antiga redação do art. 213 do Código Penal , desconsiderando que a multiplicidade de condutas alternativas trouxe maior reprovabilidade ao delito. 2. Na fixação da pena-base deve-se considerar o número de ofensas à liberdade sexual cometidas pelo agente contra a vítima, merecendo pena superior ao mínimo aquele que pratica além da conjunção carnal, outros atos libidinosos graves. 3. E, no caso, o Réu constrangeu a vítima, de 15 anos de idade, à conjunção carnal, coito anal e, depois, obrigou a vítima a fazer-lhe sexo oral. Após um período, constrangeu, mais umavez, a vítima a praticar todos os atos sexuais citados, devendo sua pena-base afastar-se do mínimo legal cominado pelo julgado recorrido. 4. Recurso especial parcialmente provido, para determinar que o Eg. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, considerando a gravidade e o número de atos libidinosos cometidos contra a vítima na ação criminosa, redimensione a sanção penal do Recorrido de maneira proporcional e adequada à prevenção e repressão do crime”.
Também a exordial acusatória não produziu qualquer prova acerca da embriagues pré-ordenada, vez que não há qualquer indício de que o autor tenha consumido bebida alcoólica visando encorajamento para cometer o crime a ele imputado.
O exame realizado na vítima não foi capaz de constatar o defloramento, ou seja, ter sido a realização da primeira conjunção carnal da vítima.
Por fim, importante ratificar a Resposta Preliminar Obrigatória no sentido de que o réu é primário, com ótimos antecedentes, possuindo emprego, sendo honesto e radicado no domicílio da culpa, no qual compareceu a todos os atos do processo.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, com lastro no artigo 386, VI do Código de Processo Penal, requer a Vossa Excelência a absolvição do réu por falta de culpabilidade, não possuindo opotencial conhecimento da ilicitude.
Junta esta,
Pede deferimento.
Curitiba, 29 de Abril de 2014.
Advogado
OAB/(sigla do estado)

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