Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN Discente: Tatiana Leal Marques – Turma 14/Medicina Acarídeos CARRAPATOS Considerações iniciais: Carrapatos. Encerramos, aqui, a classe Arachnida estudando a ordem Acari. Dessa ordem, interessam os gêneros Amblyomma Rhipicephalus e Boophilus, que compreendem os carrapatos. Ainda, veremos sobre sarnas e sobre ácaros. Costuma se pensar em carrapatos associados a animais, não a pessoas. De fato, o carrapato costuma ficar mais tempo no hospedeiro, sendo, assim, menos comum o ataque nos humanos (mas não quer dizer que o humano não seja atacado). Algumas doenças são transmitidas por carrapatos, doenças muito importantes, sendo esses, depois dos dípteros, os mais importantes transmissores de doenças para o homem. No entanto, essa transmissão não é muito rápida, pois a alimentação do carrapato costuma ser demorada (5-10 dias), de modo que, nesse meio tempo, é comum o homem ver e retirar. As ixodidoses conceituam-se como os ataques dos carrapatos aos humanos. Temos um problema com as picadas, com a saliva (é muito alergênica), e com possíveis dermatites geradas. Não se tem como diferenciar a picada de mosquito, pulga e carrapato, uma vez que a resposta depende muito da sensibilidade do hospedeiro. No solo, costumam ficar em bandos (colocam ovos nos solos), logo, é comum que tenham muitos carrapatos, o que vai favorecer a picada em bando também. Pode ocasionar paralisias motoras flácidas. Os carrapatos têm fatores de virulência (armamentos especiais), que são toxinas produzidas por carrapatos que levam a essa paralisia – dificuldade da locomoção de membro sob presença do carrapato – há relatos no Brasil, mas não óbitos (nos EUA, sim). Pode transmitir vírus, bactérias, protozoários e helmintos. Em termos de Brasil, temos confirmado que o carrapato participa da transmissão de febre maculosa e de doença de Lyme (ambas bacterianas). Embora essas doenças sejam as oficiais transmitidas por carrapato no Brasil, acredita-se que erliquiose (muito comum em cães – “HIV” do cão; ataca células de defesa) e babesioses (parece com malária – leva a anemia) são também transmitidas – no entanto, são doenças de animais e são parecidas como outras doenças, dificultando seu conhecimento e, consequentemente, seu diagnóstico – não se afirma, mas se têm quase certeza de que também são transmitidas por carrapatos. Morfologia: Tem-se dois grupos de carrapatos, pertencentes a duas famílias, os carrapatos de corpo mole e de corpo duro – todos têm exoesqueleto, mas os de corpo duro têm escudo extra que o deixa mais resistente a pressões mecânicas. Os carrapatos de corpo duro têm peças bucais anteriores, o que favorece seu ataca com posterior fixação. Sua alimentação dura cerca de 10 dias, e, portanto, têm maior possibilidade de transmitir doenças, além de gerar dermatites (interessam mais para nós). 2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN Discente: Tatiana Leal Marques – Turma 14/Medicina Já os carrapatos de corpo mole têm peças bucais voltadas para baixo, o que faz com que costume atacar, alimentar-se por no máximo 4 minutos e se soltar, ocasionando dermatites, mas, mais dificilmente, transmitindo doenças – galinheiro. Cabeça, tórax e abdome estão juntos (idiossomo). Tem-se palpos, que não entram (quem entra são as peças bucais), mas ficam abertos, uma vez que têm função de tato. Tem-se 3 peças bucais (gnatossomo): as quelíceras, que funcionam como facas, cortam; e o hipostomo. As quelíceras e o hipostomo formam um canal aonde o carrapato vai se alimentar. Tem-se, ainda, estruturas parecidas com vários “dentes”, o que é fundamental para se entender que, tentando puxar o carrapato, ele não solta, pois essas estruturas estão enfincadas na pele, garantindo a boa fixação do carrapato no hospedeiro. Puxando-se, pode-se quebrar o carrapato e deixar as peças bucais lá dentro – aqui, a saliva tem poderoso poder imunomodulatório e anti-inflamatório, de modo que, retirando-se somente as peças bucais, provavelmente tem-se o desencadeamento de processo inflamatório – os de corpo mole não tem essas estruturas adicionais para fixação. 4 pares de patas. Olhando por baixo, costuma ter 2 aberturas – genital e ânus; e espiráculos. Macho e fêmea alimentam-se de sangue. O macho é menor, seu escuro (estrutura dura extra) cobre o corpo inteiro – a fêmea têm escudo menor por que, alimentando-se de sangue, fica engurgitada e cheia de ovos, ficando muito grande (2x ou 3x tamanho original). Ciclo biológico: Têm-se ovos, que estão no ambiente (postura no ambiente, não nos animais – por isso, pode nos atacar) – na hora de colocar os ovos, a fêmea se solta e vai para o ambienta, colocando de 800-1000 ovos no solo, que vão eclodir ao mesmo tempo. De dentro desses ovos, sai um carrapato muito pequeno, chamado larva, que têm 3 pares de patas (confunde-se com inseto). A larva sofre muda, troca seu exoesqueleto e se transforma em ninfa (parecida com adulto, com 4 pares de patas). Essa sofre mais uma transformação, transformando-se em macho e fêmea. “Holometábolo” (contraditório). Há carrapatos de 1, 2 e 3 hospedeiros. o Carrapato de 1 hospedeito: ovo, larva, ninfa e adulto em cima do animal. A fêmea só sai para ir ao solo colocar seus ovos. O animal que foi atacado completa todo o ciclo. o Carrapato de 2 hospedeiros: fica mais tempo no solo, e, quando está na fase de larva, é menos específico (reconhece menos o hospedeiro). Esses aqui têm mais chance de atacar o homem, por passar mais tempo fora do hospedeiro – esse aqui faz muda no solo. o Carrapato de 3 hospedeiros Amblyomma cajennense: É o principal para o Brasil. 3 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN Discente: Tatiana Leal Marques – Turma 14/Medicina Não tão comum na nossa região (o A. cajennense) – mais em Sul/Sudeste. Carrapato-estrela. Do cavalo (muito específico em fase determinada). Costuma atacar o homem em fases de larva e ninfa (muito pequenas, máx. 2 mm – não se percebe de imediato). É a espécie que mais ataca o homem e que consegue ficar mais tempo – para transmitir doença, precisa ficar 4h no homem, e, por suas dimensões pequenas, normalmente consegue. Sua picada dói muito, só não se percebe tanto por causa da saliva – quando tira o carrapato, percebe a dor. Agarram com palpos e quelíceras “rasgam”, funcionam como facas, fazendo poça de sangue – e injeta saliva. Coloca substância cimentante que cola palpos. Essa substância faz com que a poça de sangue permaneça ali para que ele vá se alimentando. Por isso sua alimentação é devagar. Fica num processo contínua de alimentação e regurgitação. Costuma ser adornado/ter desenhos. A picada provoca ferimentos, e, mesmo após saída, pode ficar ferida. 3 hospedeiros. Homem atacado por larvas e ninfas por que essas têm menor especificidade. Sul dos EUA a Argentina. Mais importante em termos de transmissão de doença. No Brasil, transmite febre maculosa e doença de Lyme. Causa óbitos. Riphicephalus sanguineus: Carrapato do cão. Não costuma atacar tanto o homem, mas pode. 3 hospedeiros – está no cão, vem ao solo, volta ao animal, pode atingir o homem. Costumamos afirmar que nossas cepas para esse tipo de carrapato não são muito relacionadas – mas pode se encontrar. Pode transmitir Ehrlichia canis (HIV) e Babesia canis (lembra malária). Pode transmitir Leishmania entre cães. Boophilus microplus: Muito comum em nossa zona rural. Mais comum entre os bovinos. Menos probabilidade de atacaro homem – carrapato de 1 hospedeiro. Produção de toxina paralisante – há relatos de levar pessoas a óbito. 4 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN Discente: Tatiana Leal Marques – Turma 14/Medicina Controle e prevenção: Coleiras. Botas. Olhar atentamente sob exame físico – ver cabelos. Retirar com pinça a partir da base das peças bucais usando de movimentos giratórios – ele muda e tenta se adaptar, soltando um pouco, facilitando a retirada. ÁCAROS E SARNAS Considerações iniciais: São acarídios também. Alguns alimentam-se de sangue. É o principal para o Brasil. Como estão no solo, vão atacar pelos pés e subir pelas pernas. Sarnas são ácaros (acarídios) diferentes do carrapato, já que não se alimentam de sangue, possuindo alimentação alternativa. Tem-se Demodex pra cada animal. Temos, no homem, Demodex folliculorum e D. brevis. O D. canis é do cão; não é tão adaptado ao homem, causando coisa mais breve; se manipulasse animal com, tende a sentir coceira, mas são muito espécie-específicos; esse contato, no entanto, pode fazer com que haja possibilidade de adaptação. Demodex folliculorum e D. brevis: Vive no folículo piloso (D. folliculorum) e na glândula sebácea (D. brevis) – esse último, preferencialmente na face. Adaptam-se ao ambiente onde vivem. Tem 4 pares de patas. Peças bucais. Corpo comprido. 01-04mm – muito pequeno. Antes, dizia-se que eram causadores de ácaro e de espinhas. Hoje, sabe-se que as espinhas são multifatoriais, não sendo ele o causador, mas podendo contribuir para – eliminá-los não significa ter uma pele limpa; mas, sua presença em exagero pode contribuir para lesões da pele/contribuir para obstrução da glândula sebácea (semelhantemente ocorre para rosácea) – limpeza de pele ajuda a reduzir a população e a consequente contribuição ao caso. No animal, a alimentação pelos folículos representa queda de pelo. No homem, não é tão evidente. Tratamento com água morna (abre poros), limpeza de pele (retirada de secreção), uso de produtos bacteriostáticos (ajuda a eliminá-los). Blefarite – alimenta-se do folículo, obstrui glândula e leva a inflamação. 5 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN Discente: Tatiana Leal Marques – Turma 14/Medicina Sarcoptes scabiei hominis: Têm-se várias variedades. Fica em cima da pele – camada de queratina. Lá, fica fazendo túneis, andando o tempo inteiro. Quando vai andando, vai defecando, pondo ovos, fazendo cópula, e, consequentemente, deixando trajetos inflamatórios. É comum em crianças. Coceira intensa devido a trajetos inflamatórios – inflamações irregulares. Caso se prolifere em excesso, pode causar complicações. Altamente contagiosa – “afunda e sobe” na pele, de forma que ou cai no ambiente ou, no contato, passa de uma pessoa para outra – ajuda no diagnóstico (mais de uma pessoa com). A infecção dura enquanto não tratar. Sobrevive no indivíduo e por tempo considerável no ambiente – 21 dias fora do corpo. Relaciona-se à falta de higiene – muito superficial, de modo que a higiene ajudaria a reduzir a população (banho, esponjar, sabonetes etc.) – esp. quando se fala da permanência. Fazem túneis. Fêmea vive 3 meses e coloca até 50 ovos. Pela localização, pode-se fazer diagnóstico – tem preferência por áreas mais quentes e úmidas (fossa cubital, entre dedos, axilar, joelho, demais dobras). Na hora, raspa a ele e vê em lâmina – fácil de ver por ser grande para ver no microscópio. Para tratar, higiene: banhos longos, demorados, com sabão, loções; deltametrina, tiabendazol; nada disso mata ovos, logo, precisa-se manter (a cada 3 dias, 4 ou 5 vezes – se há muito, fazer medicação oral (Ivermectina); cuidado com as roupas (ferver, engomar), já que fica no ambiente; tratar o coletivo. Dermatophagoides sp.: Dentro do grupo de ácaros de vida livre – muito comuns, conhecidos atualmente, muitas reações de sensibilidade. São os mais conhecidos – novos são descobertos a cada dia. Não são parasitos, vivem no ambiente – o problema é a sensibilidade a eles ou a partículas (p.ex. pele) deles. São comuns no ambiente, sendo difícil sua eliminação – higiene pode melhorar, mas não elimina. Alguns alimentam-se de células nossas que descamam; outros alimentam-se de fungos; ainda, alguns se alimentam de grãos – isso depende do local. São incomodados por vento, calor etc. Pessoas com alergia não devem varrer, sempre passar pano úmido, por que, como são leves, a varrição favorece que fiquem em uma altura mais possível de ser inalados. Limpar coisas com vinagre – ajuda a combater aqueles que se alimentam de fungos (o vinagre os mata). Evitar tapetes – se solta no chão liso, mas tende a se acumular no tapete. Não se tem, por exemplo, alergia à poeira, mas aos ácaros ambientais. Algumas pessoas têm dermatite por contato. Causam alergias respiratórias, asmas, rinites. Para prevenir, deve-se incinerar poeira, usar travesseiros de espuma e trocá-los frequentemente. Ar condicionado.
Compartilhar