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Higiene Alimentar — Vol. 24 — nº 190/191 novembro/dezembro – 201044 ARTIGOS ADEQUAÇÃO DE RESTAURANTES COMERCIAIS ÀS BOAS PRÁTICAS. Mônica de Oliveira Bastos dos Santos � Vanessa Pereira Rangel Denise Perdomo Azeredo Centro Federal de Educação Tecnológica de Química, de Nilópolis - RJ, Unidade Maracanã, Curso de Especialização em Segurança Alimentar e Qualidade Nutricional � mob2santos@yahoo.com.br RESUMO Nas últimas décadas, houve um aumento no consumo de alimentos fora do domicílio. O alimento inge- rido em estabelecimentos comerciais nem sempre possui as condições de preparo adequadas para se evitar a contaminação, sua tornando-o um fa- tor de risco à saúde do consumidor. Uma das formas para se atingir um alto padrão de qualidade é a imple- mentação do programa de Boas Prá- ticas, que tem como principal meta a máxima redução destes riscos, au- mentando a qualidade e a segurança dos alimentos. Visando um melhor controle higiênico-sanitário dos ali- mentos, a ANVISA publicou a RDC nº 216 - Regulamento mais recente de âmbito federal. O objetivo deste trabalho foi avaliar a adequação de restaurantes comerciais a esta Legis- lação. A avaliação foi feita em cada restaurante através da aplicação de uma lista de verificação, elaborada de acordo com a RDC nº216. Para obtenção dos resultados foi calcula- do o percentual de sub-itens verifi- cados, a média aritmética destes sub- itens e o percentual de sub-itens não conformes de cada estabelecimento. A média de sub-itens verificados foi de 88,4%. A média de não confor- midades dos estabelecimentos foi de 56,4%. O percentual de não confor- midades de cada estabelecimento foi de 65,2%, 70,7%, 58,9%, 52,0% e 35,0%, demonstrando com isto a pre- cariedade desses estabelecimentos em relação à segurança dos alimen- tos. Através desses resultados, veri- ficou-se que a adequação dos restau- rantes comerciais avaliados à RDC nº216 ainda não é uma realidade. Palavras-chave: Restaurantes co- merciais. Higiene dos alimentos. Se- gurança dos Alimentos. SUMMARY In the last decades, it had an in- crease in the food consumption out side of home. The meal eaten in commercial establishments are, many times, not prepared accordin- gly to avoid contamination of food, becoming a risk factor to consumer’s health. One of the ways to reach a high quality level is through the im- plementation of a Good Practices program, that the main goal is to re- duce those risk factors to a maximum, increasing the food safety and qua- lity. Seeking the best hygienic and sanitary food control, the ANVISA issued the RDC nº 216 (BRASIL, 2004) – the most recently regulation in the federal scope. The objective of this article was to evaluate the ade- quateness of the commercial restau- rants to that legislation. The evalua- tion was done in each restaurant through the application of a check list, elaborated according to the RDC nº 216. For attainment the results it was calculated the percentage of ve- rified sub items, the arithmetical ave- rage of these sub-items and the per- centage of non-conformed sub items. The average of verified sub items was 88,4%. The average of non-confor- mities in the establishments was 56,4%. The percentage of non-con- formities in each establishment was 65,2%, 70,7%, 58,9%, 52,0% and 35,0% showing the precariousness of those establishments relating to the safety of the food. Through the at- tained results it was verified that the adequateness of those restaurants to the RDC nº 216 is still unreal. Keywords: Commercial restaurants. Food hygiene. Food safety. INTRODUÇÃO as últimas décadas, uma das importantes mudan- ças observadas nos há- bitos alimentares da população de di- versos países é o aumento no consu- mo de alimentos fora do domicílio. A última pesquisa realizada pelo Ins- tituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE), demonstrou que em N Higiene Alimentar — Vol. 24 — nº 190/191 45 novembro/dezembro – 2010 ARTIGOS 30 anos, o consumo dos alimentos preparados fora do domicílio passou de 1,7 kg para 5,4 kg per capita, no período de Julho de 2002 a Julho de 2003 (IBGE, 2004). Em 2007, no Brasil, foram produzidas aproxima- damente 7,5 milhões de refeições coletivas por dia e, em 2008, estima- se produzir 8,3 milhões de refeições (ABERC, 2008). Com esta mudan- ça, a inocuidade destes alimentos tor- nou-se uma preocupação dos órgãos públicos, levando à necessidade de um controle sanitário dos alimentos. O controle sanitário dos alimen- tos se constitui em um conjunto de normas e técnicas utilizadas para verificar se os produtos alimentícios estão sendo produzidos, manipula- dos e distribuídos de acordo com as Boas Práticas (BP). Quando não é obedecido, muitos micro-organis- mos patogênicos podem contaminar o alimento, tornando-o um fator de risco à saúde do consumidor (BENE- VIDES; LOVATTI, 2004). Vale sa- lientar, que os perigos microbiológi- cos são as principais causas de con- taminação dos alimentos e que os manipuladores são os grandes res- ponsáveis (SOUZA, 2006). Conside- rando que todos os alimentos já se apresentam naturalmente contamina- dos por diversos tipos de micro-or- ganismos, a grande preocupação é impedir que eles sobrevivam, se multipliquem e que outros micro-or- ganismos sejam acrescentados às matérias-primas, como consequência da manipulação inadequada (GER- MANO et al., 2000). Para evitar ou reduzir os riscos de Doenças Trans- mitidas por Alimentos (DTA), medi- das preventivas e de controle de hi- giene, incluindo as BP, devem ser adotadas na cadeia produtiva, nas unidades de comercialização e nos domicílios, visando a melhoria das condições sanitárias dos alimentos (BRASIL, 2005). Diversos fatores afetam a quali- dade final dos alimentos, sendo as etapas de manipulação de grande importância. Segundo a OMS, o ter- mo “manipuladores de alimentos” corresponde a todas as pessoas que podem entrar em contato com um produto comestível, em qualquer eta- pa da cadeia alimentar, desde a sua fonte até o consumidor (GERMA- NO; GERMANO, 2003). O despre- paro dos manipuladores é refletido na higiene pessoal, nas operações de higiene e sanificação de equipamen- tos e utensílios, levando à contami- nação do alimento preparado (GÓES et al., 2001). A possibilidade do ma- nipulador contaminar os alimentos depende da proximidade de contato direto com os produtos e do tipo de matéria-prima a ser manipulada. Fre- quentemente eles não têm consciên- cia do real perigo que a contamina- ção biológica representa e de como evitá-la (ANDREOTI et al., 2003). Além da manipulação, para a ga- rantia da segurança dos alimentos, ou- tros aspectos devem ser observados, tais como as instalações, que devem ser projetadas de forma a permitir um flu- xo contínuo das etapas e linhas do pro- cesso de produção, com separação ade- quada das atividades por meios físicos ou outras medidas efetivas que permi- tam evitar a contaminação cruzada e facilitar as operações (BRASIL, 2006). Uma das formas para se atingir um alto padrão de qualidade é a im- plementação do programa de Boas Práticas de Fabricação (BPF) (NAS- CIMENTO; BARBOSA, 2007). A principal meta das BPF é a máxima redução dos riscos e o aumento da qualidade e da segurança dos alimen- tos (SOUZA, 2006). Complementan- do as BP, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) apro- vou os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) - procedimentos escritos, estabelecendo instruções sequenciais de operações rotineiras e específicas na produção, armaze- namento e transporte de alimentos (BRASIL, 2002). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a adequação de restaurantes comerciais aos critérios estabelecidos pela RDC nº216 (BRASIL, 2004), re- gulamento mais recente de âmbito fe- deral, voltado para o controle higiêni- co-sanitáriodos alimentos. MATERIAL E MÉTODOS O modelo de pesquisa escolhido foi uma Pesquisa de Campo, obser- vacional, transversal, em restauran- tes de pequeno e médio porte. A amostra estudada foi de 5 restauran- tes comerciais (A, B, C, D, E) locali- zados no Município do Rio de janei- ro. A avaliação amostral foi realiza- da através da aplicação de uma lista de verificação, elaborada de acordo com a RDC nº216 (BRASIL, 2004), em cada restaurante. Os itens Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas e Abaste- cimento de Água são terceirizados por todos os estabelecimentos, con- siderando-se apenas a questão da potabilidade da água, já que todos utilizavam a rede pública de abaste- cimento. O item Armazenamento e Transporte do Alimento Preparado, não se aplica a nenhum dos estabe- lecimentos, por não oferecerem este serviço. Os itens verificados foram enumerados de 01 a 09 e divididos em sub-itens. O trabalho foi realizado no pe- ríodo de Novembro de 2007 a Abril de 2008. Para obtenção dos resultados foi calculado o percentual de sub-itens verificados em relação ao total e a média aritmética destes sub-itens. Depois calculou-se o percentual de sub-itens não conformes em relação aos sub-itens verificados. Através dos dados obtidos foram verificados os itens críticos dos estabelecimentos, o percentual de adequação de cada estabelecimento em relação aos itens avaliados e foi realizada uma com- paração entre os estabelecimentos. Higiene Alimentar — Vol. 24 — nº 190/191 novembro/dezembro – 201046 ARTIGOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação ao item 01 (edifica- ção, instalações, equipamentos, mó- veis e utensílios), Quadro 1, verifi- cou-se espaços físicos não projeta- dos para esta finalidade e expandi- dos inadequadamente, impossibili- tando um fluxo ordenado das etapas de preparação e distribuição dos ali- mentos. Em todos os estabelecimen- tos os vestiários e suas instalações sanitárias estavam em condições pre- cárias, sem os produtos de higiene pessoal, demonstrando a falta de conscientização dos proprietários em relação às BP. O estabelecimento C possuía lavatório exclusivo para as mãos na área de manipulação. O es- tabelecimento A só possuía esse la- vatório em uma das três áreas de manipulação e nenhum dos estabe- lecimentos possuía os produtos de higiene pessoal, nem os POP para a correta higienização das mãos. A higienização de instalações, móveis e utensílios, item 02 (Qua- dro 1), em 100% dos estabeleci- mentos não é realizada por funcio- nário específico, capacitado para esta função. São os manipuladores que realizam as operações de lim- peza, antes e depois dos horários de preparo dos alimentos, poden- do acarretar em contaminação dos mesmos. Só havia implementação de POP com a especificação e a forma de diluição dos produtos sa- neantes, no estabelecimento C. Nos demais os manipuladores não esta- vam devidamente capacitados para manuseio e utilização destes produ- tos. Chesca et al. (2003), avaliaram o grau de contaminação em uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). Eles encontraram 90% dos equipamentos e utensílios oferecen- do risco de contaminação aos alimen- tos e 100% das amostras de alimen- tos analisadas encontravam-se fora dos padrões legais estabelecidos pela Legislação. Um grande problema observado foi o manejo de resíduos, item 03 (Quadro 1) pois a quantidade do lixo acumulado é grande e os estabeleci- mentos não possuem espaço físico adequado para a armazenagem des- te lixo até o descarte. Em 100% dos estabelecimentos o lixo é acondicio- nado em área diretamente ligada à área de produção dos alimentos, po- dendo gerar contaminação cruzada ou atrair vetores. Em relação aos manipuladores, item 04 (Quadro 1), em 100% dos estabelecimentos não há registro de controle de saúde. Somente o exa- me admissional e anual são realiza- dos, conforme estabelecido pela Le- gislação do Ministério do Trabalho, NR-7 (BRASIL, 1994). Silva, Couto e Tortora (2006), ava- liaram a contaminação microbiana nas mãos e cavidades nasais, em manipu- ladores de um restaurante comercial localizado no Rio de Janeiro, verifican- do a presença de micro-organismos patogênicos (estafilococos coagulase positiva e enterococos), o que repre- senta um risco de contaminação pela possibilidade de transferência dos mes- mos para os alimentos. Em 100% dos estabelecimentos os manipuladores não possuíam um pro- grama de capacitação em higiene com treinamentos periódicos registrados, conforme preconizado pela Legislação, não estando aptos a atuarem como manipuladores. No restaurante B, os manipuladores desconheciam o signi- ficado do termo BP. Nenhum estabelecimento (100%) tinha especificado os critérios para avaliação e seleção de fornecedores, nem para controle de temperatura na recepção das mercadorias perecíveis. No C a recepção de gêneros realiza- va-se em área protegida e limpa, nos demais a recepção era realizada na rua. Em todos os estabelecimentos os estoquistas desempenhavam outra atividade, prejudicando o controle do estoque. A preparação do alimento, item 06 (Quadro 1), é um ponto crítico, diretamente ligado à capacitação téc- nica dos manipuladores. Observou- se que os manipuladores desconhe- ciam as causas da contaminação cru- zada e a importância do controle de temperatura nas etapas de prepara- ção do alimento. Em todos os esta- belecimentos havia alimentos pere- cíveis crus ou cozidos, expostos à temperatura ambiente. Tempo e tem- peratura são imprescindíveis para a segurança microbiológica dos produ- tos processados, tanto para evitar a microbiota deteriorante, quanto para garantir a saúde dos consumidores. Muitos alimentos comercializados cozidos são mantidos em balcões tér- micos. Quando este equipamento é mal conservado ou utilizado de modo inadequado, o tempo de ex- posição favorece a incubação de micro-organismos patogênicos, pos- sibilitando sua multiplicação ou pro- dução de toxinas (GERMANO; GER- MANO, 2003). Os manipuladores também des- conheciam os riscos à saúde decor- rentes da reutilização dos óleos sem controle de saturação. Nos estabele- cimentos A, B, C e D o óleo de fritu- ra era reutilizado por 15 a 20 dias, sendo que no D filtrava-se o óleo após uma semana de uso. Gregório e Andrade (2004), avaliaram a influ- ência do aquecimento de óleos co- mestíveis e concluíram que altera- ções físicas e químicas dos mesmos levam à formação de compostos que podem trazer implicações nutricio- nais. Segundo Almeida et al. (2006), ocorrem reações no processo de fri- tura que resultam na formação de compostos deletérios à saúde do con- sumidor, principalmente se os mani- puladores não forem adequadamen- te qualificados. Nos estabelecimentos avaliados constatou-se higienização incorreta de frutas e verduras. No estabeleci- mento D pela falta de produto sanifi- Higiene Alimentar — Vol. 24 — nº 190/191 47 novembro/dezembro – 2010 ARTIGOS *Número de sub-itens verificados ** % de sub-itens não conformes Legenda: 01 - edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios; 02 - higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios; 03 - manejo dos resíduos; 04 - manipuladores; 05 - matérias-primas, ingredientes e embalagens; 06 - preparação do alimento; 07 - exposição ao consumo do alimento preparado; 08 - documentação/ registro; 09 - responsabilidade. QUADRO 1 -TOTAL DE SUB-ITENS NÃO CONFORMES EM RELAÇÃO AOS ITENS AVALIADOS Gráfico 1 - Quantidade total de não conformidades por itens. Higiene Alimentar — Vol. 24 — nº 190/191 novembro/dezembro – 201048 ARTIGOS cante e no B por desconherem esse produto. A sanificação de vegetais é considerada para a Segurança dos Alimentos como a etapa crítica do processo. Falhas no tempo de conta- to ou na concentração do agente sa- nificante podem originar perigos bi- ológicos(SANT’ ANA et al., 2002). Nascimento et al. (2002), analisaram amostras de saladas in natura cole- tadas em restaurante self-service de São Luís-MA. Todas as amostras ana- lisadas sem uso de produto sanifican- te, encontravam-se contaminadas por coliformes fecais. Nas áreas de distribuição dos ali- mentos, item 7 (Quadro 1), não ha- via controle de temperatura dos bal- cões térmicos e a higienização das mesas e talheres era inadequada. Leles, Pinto e Tórtora (2005), avalia- ram a contaminação microbiana de talheres de restaurantes self-service no Rio de Janeiro-RJ e concluíram que a higienização dos talheres era deficiente, pondo em risco a quali- dade microbiológica dos alimentos servidos e a saúde das pessoas usuá- rias do serviço. Nos estabelecimentos A, B e C, os balcões térmicos não pos- suíam dimensionamento compa- tível com a quantidade de alimen- tos expostos. No D o dimensio- namento era compatível em uma das áreas de distribuição. Em relação à documentação, item 08 (Quadro 1), os Manuais de BP não retratavam a realidade dos estabelecimentos. O B não possuía o Manual de BP, nem tinha conhe- cimento da sua importância. No que se refere aos POP, estes não estavam implementados em ne- nhum dos estabelecimentos. Quanto aos Responsáveis Téc- nicos (RT), em 80% dos estabe- lecimentos era o próprio proprie- tário. Apenas no A havia uma nu- tricionista RT, item 9, compare- cendo duas vezes por semana. A presença do RT é fator determi- nante para maior adequação à RDC nº 216, no entanto, esta Le- gislação não é clara quanto a obri- gatoriedade de um RT em Servi- ços de Alimentação. Na análise dos sub-itens verificados (88,4%) considerou-se os três itens com maior percentual de Não Conformida- des (NC) de cada estabelecimento. De acordo com o gráfico de Pa- reto (Gráfico 1), os itens 01, 06 e 08 acumulam 62,5% das NC. Se hou- ver um plano de ação corretiva vol- tado para estes itens mais da metade das NC serão solucionadas. Pereira (2006), em estudo seme- lhante, de avaliação da adequação de UAN em relação à RDC nº216 (BRASIL, 2004), concluiu que a maior dificuldade de adequação está na preparação do alimento, onde foi observado maior porcentagem de NC reforçando os dados encontra- dos em nosso estudo. Apesar do item 04, manipulado- res, não ter sido o item com maior número de NC (60%) é importante ressaltar que o treinamento dos ma- nipuladores é a parte mais crítica de todo o processo de produção de ali- mentos, pois, eles estão ligados a to- dos os itens, devendo por isto, estar capacitados em relação às BP. Em estudo realizado por Andreoti et al. (2003), antes e depois do treinamento para manipuladores, os itens em con- formidade aumentaram: na lavagem das mãos - de 15% para 85%, na higie- ne pessoal - de 29% para 47%, e na manipulação dos alimentos - de 13% para 62% de conformidades. A média dos percentuais de ade- quação dos estabelecimentos em re- lação aos itens avaliados foi de 43,6%, demonstrando a precarieda- de desses em relação à segurança dos alimentos. Reforçando os dados encontrados nesta pesquisa, em es- tudo realizado por Akutsu et al. (2005), 66,7% dos restaurantes co- merciais atenderam a menos de 30% dos itens preconizados pela ANVI- SA, se constituindo um risco à Saú- de Pública. No item manipulação de alimentos, 83,34% dos restaurantes atenderam a menos de 30% e no item equipamentos, 50% dos restaurantes atenderam a menos 30% do preco- nizado pela Legislação. CONCLUSÃO Apesar da RDC nº216 ter entrado em vigor em setembro de 2004, verifi- cou-se que a adequação dos estabele- cimentos à legislação ainda não é uma realidade. Os gestores não estão cons- cientes desta necessidade, onde bene- fícios futuros serão obtidos pela otimi- zação da produção e a garantia da ino- cuidade do alimento servido aos con- sumidores. Além disso, a conscienti- zação dos consumidores em relação à segurança dos alimentos é cada vez maior, sendo a adequação dos Servi- ços de Alimentação às Normas de Qua- lidade e Segurança dos Alimentos um diferencial competitivo de mercado, por atender às expectativas do consumidor cada vez mais consciente e exigente. REFERÊNCIAS Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (ABERC). Mer- cado Real de Refeições. Disponí- vel em: <http://www.aberc.com.br/ base.asp?id=3>. Acesso em: 24 maio 2008. AKUTSU, R. C.; BOTELHO, R. A.; CAMARGO, E. B.; SÁVIO, K. E. O.; ARAÚJO, W. C. 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