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REFERÊNCIAS DO LIVRO BRASIL

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Referências de BRASIL/ÁFRICA Como se o mar fosse mentira
Rita Chaves
Carmen Secco
Tania Macêdo
CAPÍTULO 03
 
Página 31/32: “Conhecer a África, dialogar com ela, compreender o seu passado e encarar o seu presente constituem um pressuposto para o nosso próprio conhecimento, para o desvendamento de câmaras escuras que compõem a história da sociedade brasileira, e aí talvez esteja a raiz da dificuldade nas abordagens ensaiadas por nós”.
 
Página 32: “A própria assinatura da lei n. 10.639, em janeiro de 2003, pelo presidente da República, parece-me uma feliz consequência do emprenho de pessoas e organizações que, há muitos anos, se mobilizam para pôr fim à inaceitável recusa do óbvio: a relevância das referências africanas em nosso patrimônio cultural. Ao reconhecer na promoção do conhecimento o papel de refazer o desenho de uma identidade estilhaçada, a proposta de mudança nos programas escolares pode ser um excelente começo para outras transformações de que a sociedade brasileira bem precisa”.
 
Página 33/34: “Desde o século XIX, mas sobretudo a partir dos anos 1940, os escritores africanos nos territórios ocupados por Portugal alimentam com a literatura brasileira um vivo processo de interlocução, que ganha vitalidade quando se reforçam os projetos de construção da identidade nacional, fenômeno que se estende pelo período das lutas que antecederam a libertação de países como Angola, Cabo Verde e Moçambique”. 
 
Página 34: “Num movimento semelhante ao dos nossos árcades e românticos, os escritores africanos divisavam a urgência de promover um corte em relação à matriz colonizadora. A independência conquistada em 1822, de certa maneira, credenciava o nosso país como uma referência fundamental na discussão a respeito das transformações a serem implementadas nos vários territórios ainda sob domínio colonial”.
Página 34: “Com efeito, em Angola, Cabo Verde e Moçambique, quando, por volta dos anos 1950, reformou-se a contestação da colônia colonial, a imagem do Brasil, em matizes multiplicados, iria pesar positivamente na construção de uma identidade cultural comprometida com a libertação.”
Página 36/37: Segmento retirado de uma das crônicas do escritor angolano Ernesto Lara:
“Sou um angolano capaz de sentir o Brasil, capaz de recitar de cor um poema de Manuel Bandeira, capaz de sambar com intenção ao som de uma marchinha de Luiz Gonzaga, ouvindo o bater ritmado dum tambor com acompanhamento de reco-reco. O mesmo reco-reco que foi exportado no bojo das caravelas com os escravos de Angola. Sou capaz de entender tão bem uma noite de luar, uma noite de batuque, como Catulo da Paixão Cearense.
Embora vocês não conheçam, irmãos brasileiros, tenho-vos lido sempre com grande carinho. Os meninos das escolas de Angola – como eu fui noutros tempos – jogam um futebol de bola de trapos capengando à Garrincha, chutando folhas secas à Didi e defendendo um arco imaginário à Gilmar. Os meninos dos liceus de Angola recitam Drummond de Andrade, conhecem o “Itinerário de Pasárgada” e sabem de cor, como a “Portuguesa”, cantar o hino brasileiro. ”(1990, p.61)
CAPÍTULO 06
 
Página 80: “Porém, como afirmado anteriormente, a preocupação essencial deste texto é apresentar as conexões, pouco ou nada conhecidas, que se estabeleceram entre Angola e Brasil no período que se estende entre o fim do tráfico de escravos e a independência angolana”.
Página 82: “Isso não implica a construção de um cenário de “democracia racial”. As famílias luandenses buscavam se manter tão brancas quanto possível, mediante o casamento de suas filhas com oficiais da Marinha portuguesa e também brasileira. A “multiracialidade” existente revelava a fragilidade da presença do Estado português na colônia”.
Página 82: “Os comerciantes instalados em Luanda atuavam, em grande parte, do ponto de vista mercantil, como subsidiários dos interesses brasileiros. E, em decorrência desse posicionamento, não apreciaram as novas determinações do governo liberal português, a partir de 1834, de se expandir na África, no quadro de um novo colonialismo”.
Página 86: “A legislação resultante dessa nova posição luso-tropicalista, evidentemente, não implicou o fim da discriminação racial. Pelo contrário, ao agravar a disputa econômica, principalmente com os chamados “pequenos brancos”, acabou por fomentar atitudes racistas por parte destes, o que estimulou uma resposta também de cunho racial dos nacionalistas, que estavam envolvidos no processo de conscientização da população contra os ditames coloniais”.
Página 86: “A nova propaganda luso-tropicalista ocorria paralelamente a um crescimento do número de portugueses que escolhiam Angola como local para viver e, claro, enriquecer.
Página 87: “A luta pela independência em Angola, já com uma perspectiva nacional, tem como um de seus locais de gestação o ambiente cultural luandense”.
Página 89: “O material a que tinham acesso era bem diversificado, desde panfletos e revistas brasileiras até livros de formação política e romances de Jorge Amado e Graciliano Ramos, entre outros.”
Página 93: “Era, portanto, de grande importância a concordância brasileira com a política de Portugal em relação às colônias. Até então, o continente africano era encarado por alguns setores do governo brasileiro apenas como um rival na exportação de produtos primários. O café angolano, por exemplo, competia diretamente com o café brasileiro. Tais disputas na área econômica fundamentavam uma política titubeante do Brasil nos fóruns internacionais a respeito do processo de descolonização na África”.
Página 100: “Acuado militarmente pelas tropas portuguesas, fragilizado com as acusações da FNLA e sem a possibilidade de, em curto espaço de tempo, preparar operações militares de vulto, impedidas pela carência logística e pelo controle da FNLA sobre a fronteira norte de Angola, restava ao MPLA investir na propaganda de suas idéias e nas relações internacionais.
Página 100: “No Brasil, essa estratégia teria redundado, entre outros fatores, na criação de Movimento Afro-Brasileiro de Libertação de Angola (Mabla), responsável pela oranização de manifestações a favor da independência angolana, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, e apoiado em grande medida pela militância do “movimento negro”.
Página 101: “O ambiente de agitação política existente no Brasil favorecia a penetração e o acolhimento da idéia de independência para Angola, em especial as ações defendidas pelo MPLA. É assim que o movimento consegue estabelecer a ligação com uma rede de apoio formada por brasileiros e angolanos que estudavam no Brasil, ambos empenhados na divulgação da luta levada adiante pelo MPLA contra o colonialismo português e na tentativa de obter auxílio para o movimento”.
Página 105: “Ainda assim, em fins de 1972 o Itamaraty já tinha se definido pela aliança com a África Negra. Não havia como cortejar novos aliados no continente vizinho, sem romper com o apoio à política colonial portuguesa, tendo o petróleo africano exercido um papel decisivo nessa opção (Saraiva, 1996, p.170).
Página 105: “O general Ernesto Geisel, então presidente da Petrobras, defendia uma união com Portugal na exploração do petróleo angolano, enquanto o poderoso ministro da Fazenda Delfim Netto planejava penetrar na África por meio das “províncias ultramarinas portuguesas”, já que o governo português oferecia vantagens nesse sentido.”
CAPÍTULO 09
Página 145: “Nos anos de luta pela libertação em África, os poemas de Sentimento do mundo, José e A Rosa do povo se tornaram paradigma de uma geração de poetas comprometidos com o social, com a denúncia da “noite facista” a “dissolver os homens e as palavras”.
Página 145: “Assim como Drummond acusou a ditadura brasileira do Estado Novo, poetas africanos também criticaram o autoritarismo dos tempos salazaristas”.
CAPÍTULO 10
Página 160: “A antiga Costa dos Escravos, sobretudo o Benim, parece construir o único exemplo no mundo de implantação de uma cultura de origem realmentebrasileira que conseguiu levar uma vida própria e independente.”
Página 161: “No plano econômico, os “brasileiros” contribuíram bastante para o desenvolvimento da agricultura e do comércio nesta região do Golfo do Benim.”
Página 164: “O antigo escravo retornado do Brasil, embora continuasse sendo um africano, ao chegar à África não era mais aquele indivíduo, filho de fulano, casado com sicrana, natural de tal aldeia e súdito de tal rei.
Página 165: “Há também os casos, bastante numerosos, daqueles que foram vendidos por sua própria família ou por facções políticas rivais, o que por si só já constitui uma forte razão para que o africano de retorno não queira ou não possa se reinstalar na sua aldeia natal.”
Página 167: “A construção da identidade baseia-se, portanto em uma estratégia de valorização das diferenças, e neste aspecto, como veremos ao longo deste trabalho, a situação é muito clara: os antigos escravos retornados consideram os autóctones como selvagens, e continuam sempre vistos por estes como escravos que imitam as “maneiras do branco”.”
Página 167: “Foi justamente a partir da experiência de vida adquirida do Brasil, comum a todos eles, que os antigos escravos conseguiram assimilar-se aos agudas – como eram chamados os brasileiros estabelecidos na região – e assim compartilhar seu lugar na sociedade local.”
 
CAPÍTULO 12
Página 220: “As noites de Loanda (episódios da mocidade bohémia)” certamente constituem uma das mais interessantes narrativas românticas de caráter nativista de Angola.”
Página 221: “Muito do que ali se passa faz lembrar o drama Macário, de Álvares de Azevedo, autor que aparece ali citado. Se é certo que o texto de Cordeiro da Matta é mais leve que o de Álvares de Azevedo e menos intimista, podemos aproximá-los naquilo que se refere ao retrato que apresentam das cidades em que as ações estão ambientadas.”
Página 221: “Álvares de Azevedo foi um dos expoentes máximos de nosso romantismo. Alguns dados de sua biografia já nos revelam o quanto o autor de Macário estava inserido no meio literário e intelectual do Brasil novecentista.” 
Página 231: “Além dessa perspectiva crítica de ambas as obras, o trabalho no plano da ambientação das Noites de Loanda e do cenário da primeira parte de Macário significou também, e sobretudo, uma outra iniciação: a das representações espaciais angolana e brasileira, ou mais especificamente da representação dos espaços luandense e paulistano.”
 Página 232: “Tanto Álvares de Azevedo, em relação a São Paulo, como Cordeiro da Matta, em relação a Luanda, estão inaugurando os contornos e matizando as cores que irão integrar as futuras representações daqueles espaços apontadas nos dois textos serão elementos constantes das futuras representações dessas localidades.”
CAPÍTULO 13
Página 236: “Os processos que regulam a visibilidade e a invisibilidade do negro nas sociedades que se fizeram a partir da mão-de-obra escrava estão de certo modo determinados pela hierarquização das relações humanas herdadas do critério discriminatório de que fala René Depestre e que, de algum modo, persiste nos conflitos etno-raciais, no mundo contemporâneo.”
Página 236: “Porque desconsideraram as diferentes expressões da criatividade dos povos africanos, critérios etnocentristas de valorização fomentaram a produção de imagens, que, veiculadas por um discurso produzido à revelia dos modos de pensar, de sonhar, de sentir e agir dos povos colonizados, impossibilitaram a precepção da diversidade de que a África representa não apenas em relação à Europa, mas também em relação a si mesma.”
Página 236: “A combustão dos negros nas plantações e nos engenhos e oficinas das Américas tornou possível o século das luzes, o vapor e a eletricidade e as outras conquistas da primeira revolução industrial do mundo moderno. (1980, p.7,grifo nosso)
Página 237: “Os conflitos que permeiam a visão determinista que, no Brasil, delegou ao branco “um papel fundamental no processo civilizatório” (Schwarcz, 1995, p.115) e estigmatizou os negros como impedimento ao progresso, estão encenados em textos da literatura brasileira, principalmente naqueles que procuram transgredir as imagens ardilosas que camuflam a dificuldade de se sair de lugares demarcados pelo mito da miscigenação pacífica, artifício que encobre a violência cometida contra os índios e contra os negros na formação da sociedade brasileira.”
Página 238: “Um dado significativo da estrutura do romance se mostra na apropriação do saber popular e na valorização da herança deixada pelos escravos. Algumas personagens assumem a função de recontar a história do povo brasileiro e de salvar do esquecimento episódios que desmentem a natural propensão dos colonizadores portugueses a um relacionamento mais humano com os povos colonizados”.
Página 241: “O recurso da dispersão, utilizado pelo romance para minimizar o poder do narrador, cria, ao longo do romance, momentos de “possessão” discursiva que permitem a determinadas personagens resgatar os feitos do povo negro numa perspectiva híbrida, porque mistura dados da história dos colonizadores com feições da tradição herdada dos antepassados indígenas e africanos.”
Página 243: “Aliás, o romance põe em cena os conflitos que marcaram a luta dos índios e dos negros para resistir à força devastadora da colonização.”

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