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AULA 7- CIVIL 2 ESTRUTURA DO CONTEÚDO • Introdução às Obrigações Solidárias – Conceito – Princípios Gerais • Obrigação Solidária Ativa – Conceito – Reflexos jurídicos • Obrigação Solidária Passiva – Conceito – Reflexos jurídicos • Conceito de Solidariedade: art. 264 CC características: - pluralidade subjetiva: numa obrigação solidária concorrem vários sujeitos ativos ou passivos - unidade objetiva: cada um dos credores tem o poder de receber a dívida inteira e cada um dos devedores a obrigação de pagá-la integralmente A unidade objetiva tem origem puramente técnica, decorre da lei ( ex: art.942CC, relação entre fiador e afiançado, comodatários simultâneos da mesma coisa, mandantes conjuntos, co-autores de ato ilícito) ou da vontade das partes (somente por pacto expresso – “obrigando-se as partes pelo todo, in solidum, por inteiro, solidariamente”) • Princípios da Solidariedade 1º A solidariedade não se presume (art. 265CC) 2º A solidariedade pode apresentar modalidade diferente para algum(s) dos codevedores ou cocredores ( art. 266CC) - Uma característica da solidariedade é a multiplicidade de vínculos nas relações jurídicas internas, ou seja, é distinto e independente o vínculo que une o credor a cada um dos codevedores solidários e vice versa ( o devedor a cada um dos cocredores solidários) Assim sendo: - A obrigação pode ser condicional para um codevedor e pura para o outro - A obrigação pode ter tempo e lugar diferenciado para cada coobrigado ( ex: pagamento à vista e o outro à prazo) OBS: a obrigação pode ser válida para um e nula para o outro, o prazo prescricional pode variar entre os coobrigados • Distinção entre solidariedade e indivisibilidade Apesar de ambas constituírem exceção à regra do art.257 e a dívida dever ser prestada por inteiro, há notórias diferenças: a) A causa da solidariedade é o título e da indivisibilidade é a natureza da prestação b) Na solidariedade cada devedor paga por inteiro porque assim se obrigou em razão de lei ou contrato, na obrigação indivisível o pagamento é integral devido a impossibilidade de fracionamento do objeto c) A solidariedade é uma relação subjetiva e a indivisibilidade é uma relação objetiva, por isto na primeira o objetivo é facilitar a exação do crédito e o pagamento do débito e na segunda assegurar a unidade da prestação. d) A indivisibilidade dá-se em razão da natureza da prestação enquanto que a solidariedade é sempre de origem técnica resultando da lei ou da vontade das partes. e) A solidariedade cessa com a morte dos devedores relativamente a cada um dos herdeiros, a indivisibilidade subsiste com a morte do devedor, e dura enquanto a prestação suportar. f) A indivisibilidade cessa com a conversão em perdas e danos, a solidariedade subsiste • Espécies de solidariedade: • Solidariedade ativa • Solidariedade passiva • Solidariedade Mista Solidariedade Ativa ART. 267 CC Conceito: é a obrigação com multiplicidade subjetiva ativa, onde cada um dos credores, tem o direito de exigir a totalidade da prestação. Cada credor age como se fosse único. - O credor pode dar quitação integral sem necessidade de autorização ou caução de ratificação - Se o devedor se negar a pagar a totalidade da prestação a um dos credores solidários na época do vencimento, incide em mora ( art. 394 CC) - Cada credor pode tomar medidas assecuratórias como ingressar com ação cautelar, interromper a prescrição ( o que aproveitará os demais credores), constituir o devedor em mora (o que também aproveita aos demais credores) ART 268 CC Antes de ação judicial o devedor pode pagar a qualquer credor. Após deverá pagar ao que ingressou com a medida sob pena de, pagando a outro credor que não aquele, ser compelido a pagar novamente. ART 273 Como na solidariedade há multiplicidade de vínculos nas relações internas, as exceções pessoais, ou seja, que dizem respeito somente a um credor, só podem ser opostas a este ( a quem estas dizem respeito ) e não aos demais. - Exceção é uma alegação formulada pelo réu em um processo em defesa de seu direito e pode ser comum ou pessoal. Exceção comum: é a que diz respeito a todos os credores e por isso pode ser oposta em face de todos. ex: prova do pagamento, perda da coisa sem culpa do devedor, prescrição... - Exceção pessoal: é a que se refere somente a um ou alguns dos credores, referindo-se a questões inerentes a determinado (s) credor, razão pela qual somente a este(s) pode ser oposta. Ex: vício do consentimento, incapacidade jurídica, inadimplemento de condição que lhe seja exclusiva... ART 274 - Este artigo cuida dos efeitos da coisa julgada nas obrigações solidárias - Se o julgamento for favorável aproveitará aos demais credores, pois na solidariedade unem-se os credores para obter o mesmo fim, qual seja o adimplemento do devedor. No entanto tal não será a consequência se o julgamento favorável fundou-se em exceção pessoal do credor ex: credor que cumpre com condição suspensiva que vinculava o seu pagamento - Se o julgamento for desfavorável, em razão da unidade objetiva e da multiplicidade de vínculo nas relações internas, poderão os demais credores ingressar com demanda cobrando a dívida integral ART 269 - A quitação integral produz a extinção da dívida, a parcial só a extingue até o montante pago - Se o devedor pagou parcialmente a prestação mas quantia superior à quota do credor que o demandou, os demais credores só podem demandá-lo pela diferença, sem imputá- lo pelo excesso. - O mesmo se dá nas modalidades de pagamento indireto: novação, transação, compensação e confusão ex: a compensação total operada com a dívida do credor, extingue inteiramente a dívida, se for parcial, a extingue até o montante compensado ART 270 - Com a morte de um dos credores solidários, não se estabelece a solidariedade entre os seus herdeiros, mas subsiste em relação aos demais credores solidários Ex: três credores solidários celebram contrato com um devedor no valor de 3000 reais e um dos credores falece deixando dois filhos, cada um só pode exigir do devedor sua quota ( 500 reais) OBS1: o vínculo da solidariedade permanece intacto entre os demais credores solidários OBS2: constituem exceção a esta regra, podendo a prestação ser cobrada integralmente -se a obrigação além de solidária for indivisível, cada herdeiro, em razão da natureza da prestação, poderá cobrá-la integralmente - antes da partilha, pois até lá os herdeiros são tidos conjuntamente e somente após que são individualmente considerados. - se o credor deixar somente um herdeiro ART 271 CC Mesmo após a conversão da obrigação em perdas e danos, tendo sido esta convertida em valor monetário, cada credor continua com o direito de exigir a totalidade do crédito e cada devedor continua obrigado ao pagamento integral. ART 272 CC - cuida do Direito de Regresso Uma vez que qualquer credor pode exigir a dívida inteira dando quitação integral ao devedor, tem-se que, como a obrigação extinguiu-se, cessou também a solidariedade. Portanto se um dos credores receber a prestação inteira, deverá responder aos demais credores solidários pela parte que lhes caiba. Do mesmo modo, cada um dos co-credores pode exigir daquele que recebeu a prestação integral a sua quota parte. OBS: salvo estipulação em contrário presumem-se iguais as quotas OBS2: o mesmo ocorre na hipótese de remissão, compensação, novação, dação em pagamento e transação Solidariedade Passiva ART. 275 CC - Na solidariedade passiva cada devedor atua como se fosse único e por isso o credor pode exigir de qualquer um dos devedores a prestação parcial ou total. - Se a cobrança foi parcial, o credor pode demandar os demais devedores solidários pelo restante - § único – o credorpode demandar contra outro devedor na hipótese de cobrança parcial, pois a propositura de ação face a um devedor não importa em renúncia da solidariedade • Art 276 Este artigo cuida dos efeitos do falecimento de um dos devedores solidários. Como vimos na solidariedade ativa, na solidariedade passiva também há unidade da prestação nas relações externas e multiplicidade de vínculos nas relações jurídicas internas. Portanto, deste modo,os herdeiros do devedor solidário falecido só serão obrigados ao pagamento do correspondente ao seu quinhão hereditário - Com a morte de um dos devedores solidários não se estabelece a solidariedade entre seus herdeiros, mas esta subsiste em relação aos demais devedores solidários - Constitui exceção a esta regra: a) se a obrigação for indivisível, quando o devedor em razão da natureza da prestação integral, continua obrigado a prestação integral b) antes da partilha ( pois os herdeiros são considerados conjuntamente) os herdeiros reunidos são considerados como um devedor solidário em relação aos demais - Um único herdeiro, este continua devedor solidário OBS: o art 270 que cuida da solidariedade ativa segue o mesmo raciocínio Art 277 - Efeitos do pagamento parcial: se um dos devedores solidários pagou parcialmente a dívida, isto não impede que os demais continuem obrigados solidariamente pelo restante - Havendo perdão parcial da dívida da cota do devedor, a obrigação subsiste em relação aos demais devedores descontada a cota do devedor - Art 278 A norma do art. 278 prevê os efeitos de um dos princípios da solidariedade: o da admissibilidade da variabilidade da modalidade da obrigação, sem que esta perca a sua unidade. (art. 266) Art 279 - Se a obrigação se impossibilita subsiste a solidariedade pelo equivalente - Com relação às perdas e danos, só responde o devedor culpado - Se o inadimplemento se deu por culpa de todos os devedores, todos responderão em quotas iguais Art 280 Cuida dos efeitos da mora na solidariedade passiva, dando efeitos diversos conforme se trate da relação entre os devedores solidários e o credor ( relações externas) (1) ou da relação entre os devedores solidários ( relação interna) (2) 1) Cada devedor atua como se fosse único sendo obrigado pela totalidade da dívida. Assim, constituindo um dos devedores em mora esta aproveita a todos que também respondem pelos juros 2)devido a possibilidade de modalidades obrigacionais distintas entre os codevedores, se para um a obrigação for condicional ou a termo e para outro for pura e simples, pode acontecer que um devedor esteja em mora e outro não quando por exemplo o termo não venceu ou a condição suspensiva está pendente OBS: a mora pressupõe além da demora, a culpa do devedor. Se só um foi culpado pela mora, só este responde pela obrigação acrescida. ART 281 Como vimos na solidariedade ativa, aqui também na solidariedade passiva funciona da mesma maneira. Um devedor só pode opor as próprias exceções pessoais, além, é claro, das exceções comuns. OBS: exceções pessoais e exceções comuns (caderno) Art. 282 – o credor pode perdoar ou exonerar da solidariedade a todos ou a algum(s) dos devedores solidários. Remissão: total - extinguiu a dívida/ parcial- extingue a dívida para o devedor remido, mas os demais continuam obrigados solidariamente pelo restante ( descontada a cota do remido) Exoneração: total- acaba com a solidariedade, cada devedor só responde por sua cota/ parcial – o devedor exonerado fica livre da solidariedade e só responde por sua cota, mas os demais continuam responsáveis solidariamente pelo restante ( abatida a cota do exonerado) • Art 283 - O devedor que extinguiu a dívida por inteiro subroga-se no direito do credor e pode cobrar dos demais as sua cotas - Solução para a cota do devedor insolvente: se um dos devedores for insolvente, sua cota será rateada entre os remanescentes Ex: Uma obrigação no valor de R$3000,00, com três devedores solidários, um deles,D1, satisfez a dívida integralmente. Ele poderá exigir dos outros dois, D2 e D3, suas cotas ( 1000 reais cada). Se um destes, por ex. D2, for insolvente, sua cota será rateada entre D1 e D3 (entre o devedor que pagou integralmente e o devedor solvente). Deste modo D1 poderá cobrar de D3 R$1.500,00. • Art 284 - Complemento ao art. 283. A hipótese deste artigo se aplica também ao devedor que tiver sido exonerado ou remido. Ele participa do rateio da cota do devedor insolvente. Ex. remissão :Uma obrigação no valor de R$3000,00, com três devedores solidários, um deles,D1, é remido da dívida pelo credor. Assim, D2 e D3 continuam obrigados solidariamente em 2000. supondo que D3 pagou a dívida integralmente (R$2000,00), poderá exigir de D2 a sua cota ( 1000 reais). Se D2 for insolvente, sua cota será rateada entre D1 e D3 (entre o devedor remido e o que pagou integralmente). Deste modo D3 poderá cobrar de D1 R$500,00. • Ex. exoneração: Uma obrigação no valor de R$3000,00, com três devedores solidários, um deles,D1, é exonerado da dívida pelo credor. Assim, D2 e D3 continuam obrigados solidariamente em 2000 e D1 em 1000 ( só continua vinculado no valor de sua cota). supondo que D3 pagou a dívida integralmente (R$2000,00), poderá exigir de D2 a sua cota (1000 reais). Se D2 for insolvente, sua cota será rateada entre D1 e D3 (entre o devedor exonerado e o que pagou integralmente). Deste modo D3 poderá cobrar de D1 R$500,00. • Art 285: cuida das obrigações solidárias nas quais a dívida interessa somente a um dos devedores solidários. Trata da hipótese de responsabilidade sem débito, cujo exemplo é a figura do fiador. Neste caso, tendo este adimplido com a dívida, poderá cobrá-la integralmente do afiançado.
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