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CIVIL (1)


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A Constituição Federal de 1988 estabeleceu como princípio dos princípios a 
dignidade da pessoa humana, deixando claro em seus dispositivos que todas 
as normas a partir de então deveriam ser elaboradas tendo como principal 
valor o ser humano, seus direitos e garantias individuais. Nesse momento a 
Constituição se depara com um Código Civil que tinha como única 
preocupação a defesa do patrimônio e diante do conflito que se instaurou a 
partir de então a Constituição assume o seu papel de norma hierarquicamente 
superior também para o Direito Civil no fenômeno conhecido como 
Constitucionalização do Direito Civil na medida em que até então as 
constituições anteriores não continham qualquer norma que limitasse ou 
condicionasse o Direito Privado. No momento em que a constituição entra em 
vigore como reflexo de assumir o papel de norma inafastável, a lei maior 
provoca a revogação de inúmeros artigos do Código Civil/1916 bem como a 
reinterpretação de outros, adequando a lei infraconstitucional, o código civil, à 
nova constituição e aos valores nela constituídos (constitucionalização).O 
Código Civil atual veio a ser publicado 14 anos depois da Constituição de 1988 
e no seu processo de elaboração foram levados em consideração três 
princípios ou cláusulas gerais que foram utilizado sem um primeiro momento na 
construção dos artigos e em sua interpretação e em um segundo momento 
pelos operadores do direito em especial o judiciário que faz uso dessas 
cláusulas para a solução de casos concretos. 
 
Princípio da Socialidade 
Significa que no exercício de um determinado direito seja através de um 
contrato, seja através do direito de propriedade as condutas devem ser 
analisadas de acordo com aquilo que o interesse público entende como 
correto. Servem de exemplos os artigos 421 e 1228 §1º dentre outros. 
 
Princípio da Eticidade 
Deixa claro que a pessoa precisa pautar suas condutas de maneira honesta, 
proba, da mesma maneira que esperaria que o outro agisse com ele. O 
legislador impõe inúmeras consequências à má fé que vão desde o 
compulsório cumprimento de um contrato, como se vê o art. 180, até a fixação 
de uma determinada indenização. 
 
Princípio da Operabilidade 
Significa que o legislador, quando possível, faz uso de conceitos genéricos, 
indeterminados, abstratos por uma técnica legislativa com o objetivo de conferir 
uma maior sobrevida à norma. Nessas circunstâncias como a lei não contém 
alto grau de detalhamento, de especificidade, permite que novas situações 
concretas que venham a surgir possam ser trazidas pelos operadores de direito 
para o alcance dessa norma o que jamais aconteceria se a norma fosse com 
alto grau de detalhamento. 
Conceitos como boa-fé objetiva, função social e a expressão contida no Art. 92 
Parágrafo único permitem que os operadores do direito procurem inserir no 
Direito Civil I 
contexto dessa norma novas situações concretas que poderiam estar nela 
compreendidas. 
08/08 
O registro do nascimento possui eficácia declaratória, mas não constitutiva, 
uma vez que reconhece uma relação jurídica anterior, a aquisição da 
personalidade e não cria a existência material da pessoa física. O registro é 
prova da personalidade atribuindo eficácia erga omnes, ou seja, todos 
indistintamente passam a dever respeitar e tolerar a aquisição desta 
personalidade e dos atributos dela decorrentes. 
 
 
Capacidade de direito: possibilidade conferida a todos os indivíduos que ele 
tenha direitos e obrigações. 
Capacidade de Fato: possibilidade de o individuo sozinho sem o auxilio de 
terceiros exercer os direitos e obrigações de que é titular 
Capacidade civil plena: é a soma das duas capacidades supracitadas e é obtida 
com a maioridade ou com a emancipação. 
Emancipações 
São admitidas três formas de emancipações possíveis, a consensual, judicial e 
a legal, e cada uma possui sua própria forma e vigor. 
Emancipação consensual ou voluntaria 
O menor de 16 anos comparece ao cartório com os pais declarando a vontade 
de emancipar, com escritura publica. A escritura precisa ser levada ao 
escritório do RCPN. Nesse caso não depende de participação judicial, se 
configura uma ação extrajudicial. 
 
 
 
Erga omnes: norma ou decisão com efeito vinculante, ou seja, valerá para 
todos. 
RCPN: Registro Civil de Pessoa Natural 
Emancipação judicial 
É por ordem do Juiz. O Juiz permite que o indivíduo se emancipe. Quando 
houver divergência entre os pais ou quando o menor estiver sobre o regime de 
tutela. 
O nomeado tutor, mesmo nomeado pelo judiciário não pode emancipar sem 
permissão do juiz. Ainda, é necessário que o menor tenha no mínimo 16 anos e 
que seja registrado junto ao RCPN. 
A emancipação judicial tem cabimento em duas situações distintas: quando os 
pais divergirem em relação a conceder ou não a emancipação ou quando o 
menor estiver sob regime de tutela, tendo lugar em quando ambos os pais 
forem mortos ou ainda quando apesar de vivos, tiverem a perda do poder 
familiar judicialmente decretada. Nessas circunstancias, ao menor será 
nomeado um tutor que aos 16 anos completos poderá obter judicialmente a 
emancipação. Caberá ao magistrado entender pela presença ou não do 
discernimento do menor, apurando se não se trata de uma tentativa do tutor de 
se livrar do encargo por ele assumido. 
Emancipação Legal 
Emancipa-se por força da lei. 
Hipóteses de emancipação legal 
O casamento é admitido no Brasil aos 16 anos bastando para tanto o 
consentimento dos pais, sem intervenção judicial. Antes dessa idade será 
possível o casamento em uma única hipótese legal, que vem a ser a gravidez. 
Nessas circunstancias, o menor não possui a chamada idade núbio, e será 
imprescindível a propositura de ação conhecida como suprimento de idade 
para o casamento. É possível encontrar em sede de jurisprudência julgados 
entendendo pela viabilidade do casamento antes dos 16 anos, quando ficar 
caracterizado que a sua celebração é essencial para atender a dignidade de 
um ou de ambos os envolvidos, como se vê, por exemplo, por questões 
religiosas. 
Qualquer que seja a modalidade de emancipação a mesma será sempre 
irrevogável e irretratável, ou seja, não mais subsistindo a circunstancia que 
levou a emancipação, ainda assim, o individuo continua emancipado. A única 
exceção em que a emancipação não produzira efeito é na chamada 
fraudulenta que está presente na consensual, quando os pais mesmo 
possuindo conhecimento de que o filho não possui discernimento, ainda assim 
emancipa o menor como tentativa de fugir a incidência de um eventual pedido 
de indenização. 
Representação e assistência 
Aquele que possui apenas a capacidade de direito, mas não a de fato deverá 
se valer de um terceiro para a prática de atos da vida civil de que é titular. 
Nesse contexto a norma criou dois mecanismos para que isso aconteça, a 
representação e a assistência. 
A representação é conferida aos absolutamente incapazes e se conceitua pelo 
fato de que o representante delibera sozinho pela pratica daquele ato da vida 
civil que repercute pela esfera jurídica do representado que não opina sobre 
aquele menor, sobre aquele ato ou negocio. A representação é exercida pelos 
pais, tutores ou curadores que, embora a norma parta da premissa que o 
representante atuaria em favor dos interesses do representado, precisarão de 
autorização judicial para realizar determinadas ações como, por exemplo, a 
venda de um imóvel na forma do art. 1.691 
10/08 
Enquanto na representação a manifestação de vontade do representado não é 
levada em consideração na assistência o ato ou negocio a ser concretizado 
exige manifestação conjunta de vontade do assistente e do assistido, mesmo 
que repercuta apenas sob a esferado assistido. O relativamente incapaz que 
praticar atos sem assistência pratica negocio jurídico anulável. 
O menor entre 16 e 18 anos precisa praticar atos da vida civil se valendo de 
seus pais ou tutores. A regra geral entende pela necessidade de assistência 
nessas situações, ainda que o menor nessa idade já tenha discernimento 
(reduzido). A própria norma autoriza que se pratiquem determinados atos ou 
negócios sozinhos, desde que exista regra expressa admitindo que isso ocorra, 
considerando e como estipulado na parte geral. A regra é a assistência. 
Pródigo 
O prodigo é considerado pela norma como relativamente incapaz, e essa 
situação se configura quando o individuo por uma questão psiquiátrica e/ou 
psicológica, não tem controle sobre seu patrimônio gastando muito mais do que 
poderia fazê-lo. 
Como ao adquirir a capacidade civil plena presume-se relativamente a 
existência da capacidade de fato, ao interessado deverá em um primeiro 
momento afastar a presunção criada pela norma o que acontece através da 
propositura de uma ação de interdição que tem o objetivo de retirar a 
capacidade civil plena daquele que ate então presumia possui-lo. 
Prodigalidade (22/09) 
O registro da sentença que reconhece a prodigalidade produz eficácia Erga 
Omnes, ou seja, a partir dali todos, indistintamente, tem o dever de conhecer e 
respeitar aquela situação jurídica. Assim, a partir do registro todos os atos 
praticados pelo pródigo que possuam caráter patrimonial terão a necessidade 
do assistente sobre pena de serem considerados inválidos. 
Quanto aos atos de alcance patrimonial anteriores ao registro, em princípio, 
são válidos salvo se ficar provado que o negociante tinha conhecimento da 
condição específica e, por consequência, agiu de má fé, hipótese essa que 
geraria a impossibilidade do negócio. 
 
Quanto à interdição 
A interdição devera ser movida, preferencialmente, pelo conjugue ou 
companheiro na forma do art. 1.775, já que o patrimônio habitualmente é 
comum. Trata-se de uma legitimação preferencial, mas não exclusiva, uma vez 
que qualquer parente poderá mover esta ação. Caso o magistrado se convença 
da prodigalidade nomear-se-á um curador, normalmente o conjugue que 
passará a assistir o pródigo na prática dos atos da vida civil que possuam 
alcance patrimonial direto, na forma do que extraída do art. 1782, de maneira 
que o pródigo possa, sozinho, praticar atos da vida civil que não possuam esse 
alcance. 
A sentença de interdição precisa ser levada a registro junto ao RCPN para que 
adquira eficácia erga omnes. A prodigalidade não deixa sinais, e por essa 
razão a coletividade só toma conhecimento após o registro, de maneira que os 
atos praticados a partir de então serão considerados inválidos, se forem sem a 
devida assistência. Antes do registro da sentença a coletividade não possui 
condição de ter conhecimento da situação, e por essa razão em principio, os 
negócios feitos são válidos, a não ser que na analise do caso concreto fique 
comprovado que o negociante tinha conhecimento da situação, e dela tirou 
proveito pactuando um negocio vantajoso. 
Quanto aos deficientes incapazes 
Até o advento do estatuto do deficiente – lei 13.146 de 2015 – aquele que por 
causa transitória ou permanente não pudesse exprimir a sua vontade era 
tratado como absolutamente incapaz. Depois da referida lei especial, passou a 
ser tratado como relativamente incapaz. O objetivo do estatuto sendo de 
permitir a inserção do deficiente, de qualquer natureza, a prática de atos da 
vida cotidiana, o que acabou por levar a referida norma, que não se demonstra 
ajustada uma vez que a pessoa nessas condições não possui condição de 
exprimir a sua vontade e dessa forma deveria ser representada e não assistida. 
O melhor, então, ainda é tratar a pessoa como absolutamente incapaz, 
podendo afirmar que o judiciário, diante do estatuto, deverá sempre preferir a 
incapacidade relativa à absoluta, tendo a função do curador sem importar na 
prática dos atos definidos no art. 85, paragrafo 1º da lei especial. 
15/08 
Antes do advento do estatuto do deficiente as pessoas com desenvolvimento 
mental incompleto ou reduzido eram tratadas como relativamente incapazes e, 
por consequência, sujeitas a uma ação de interdição. Após a norma especial e 
pela exigência de inserir o incapaz, quando possível, na prática dos atos da 
vida civil, optou-se por tratar esses indivíduos como capazes. Como uma 
solução intermediaria e procurando evitar a interdição, o estatuto criou o art. 
1.783-A, a chamada tomada de decisão apoiada. Trata se de um 
procedimento ajuizado junto à vara de família onde o deficiente elege duas 
pessoas para lhe auxiliar na pratica dos atos da vida civil, que possuam 
alcance patrimonial imediato. Homologando o juiz o termo de tomada, com a 
prévia participação do Ministério Publico, definindo detalhadamente os limites a 
serem observados pelos apoiadores. Apesar de a norma nada estipular o 
procedimento deverá ser registrado junto ao RCPN para que adquira eficácia 
erga omnes. 
 
Deficientes e interdição (22/09) 
Art.4, inciso 3° trata a pessoa que por causa transitória ou permanente não 
possa exprimir sua vontade como relativamente incapaz o que foi introduzido 
pela norma especial, lei 13.146/15 já que até então era tratado como 
absolutamente incapaz. A ideia do estatuto do deficiente é a de promover a 
inserção do incapaz na pratica dos atos da vida civil, de maneira que continua 
sendo possível tratar esses indivíduos como absolutamente incapazes quando 
comprovada a total incapacidade, através de interdição. 
Até o advento do Estatuto do Deficiente aquele que possuísse desenvolvimento 
incompleto ou reduzido era tratado como relativamente incapaz, porém hoje 
por conta da referida norma passou a ser tratado como capaz, de maneira que 
sua interdição não pode ser declarada. Na forma do art.1783-A foi criada a 
tomada de decisão apoiada, que também é levada a registro junto ao RCPN, 
mas preserva a capacidade civil plena do indivíduo, que necessitará da 
manifestação de vontade dos dois apoiadores caso pretenda celebrar atos com 
alcance patrimonial. 
Interdição 
A ação de interdição em qualquer hipótese busca retirar a capacidade civil 
plena daquele que presumia possuí-la e poderá concluir pela incapacidade 
absoluta, relativa ou até mesmo em que o indivíduo é plenamente capaz. 
 
Óbito 
O óbito extingue a personalidade do individuo. Existem dois tipos de mortes, a 
real e a presumida, a diferença está em que na morte real há a presença de um 
corpo e na presumida a falta do mesmo. Na morte presumida, ainda, cabem 
dois tipos de classificação de morte a sem declaração de ausência e com 
declaração ausência. 
Óbito – art. 77 da lei 6.015/73 
 
Sem ausência: justificação de óbito 
Com ausência: art. 88 da lei 6015/77 
 
O fim da personalidade acontece com o óbito, que precisa adquirir eficácia erga 
omnes para legitimar que os interessados possam tomar as providências 
relativas ao corpo e ao patrimônio do falecido. Tais como, abrir inventário, 
receber seguro de vida, encerrar contas e etc. Para tanto deverá ser realizado 
o registro junto ao RCPN, que acontecerá através de laudo medico ou de duas 
pessoas que compareçam ao cartório declarando que viram o corpo. Nessas 
circunstancias e na forma do art. 77 da lei 6.015, estamos diante da morte real 
que permitirá o registro. 
Diante da ausência do corpo físico ou de quem o tenha visto, estamos diante 
da morte presumida que poderá acontecer de duas formas, com a prévia 
declaração de ausência ou sem a declaração ausência. Na morte presumida 
sem a prévia declaração de ausência o individuo está certamente morto, porém 
diante da ausência do corpo físico não há como comprovar aquele falecimento.Nesse contexto a família deverá propor ação conhecida de justificação de óbito 
provando através de testemunhas e documentos que a pessoa se encontra 
falecida. Caso o magistrado fique convencido do óbito, determinará ao cartório 
do RCPN que realize o seu registro. O art. 7 inc. 1º permite trazer em 
homenagem ao princípio da operabilidade para seu texto, toda e qualquer 
situação em que seja certo o falecimento que não possa ser comprovado na 
forma da lei. 
 
 
 
 
Comoriência 
A comoriência se aplicará quando indivíduos faleceram em razão do mesmo 
evento e não há como precisar de quem morreu em primeiro ou em segundo, 
assim fica registrado que morreram simultaneamente. (art. 8° do CC) 
 
Tanto na morte real quanto na presumida é comum nos depararmos com a 
situação da comoriência. Por força desse instituto que tem aplicação no direito 
sucessório, se duas ou mais pessoas com relações familiares falecem em 
razão do mesmo evento e mesmo que por laudo medico elaborado não há 
como precisar quem faleceu em primeiro lugar, a consequência será a 
inexistência de direitos sucessórios recíprocos, de maneira que cada um será 
tratado na sucessão do outro como se não existisse como se fosse pré-morto 
em relação ao comoriente. 
 
A morte presumida com a prévia declaração de ausência exige a obediência a 
um procedimento prévio e penoso rumo ao reconhecimento do óbito considera-
Princípio da operabilidade: é aquele que impõe soluções viáveis, operáveis e sem 
grandes dificuldades na aplicação do direito. A regra tem que ser aplicada de 
modo simples. 
se ausente aquele individuo que está desaparecido de seu domicílio, os 
familiares, então, podem ter o óbito como uma possibilidade já que só possuem 
a certeza do desparecimento. É incorreto afirmar que o ausente seja incapaz, 
considerando que simplesmente não se encontra em seu domicilio, podendo 
praticar, onde quer que esteja, os atos da vida civil que é titular. 
17/08 
 
Na obtenção da morte presumida quando a certeza seja apenas do 
desaparecimento, os familiares em um primeiro momento deverão ajuizar ação 
de declaração de ausência. Neste momento, o objetivo dos familiares é o de 
preservar o patrimônio da pessoa desaparecida, tomando todas as medidas 
necessárias a evitar o perecimento. A lei não fixa prazo para que os 
interessados possam requerer a declaração de ausência e o juiz a reconhecerá 
caso fique convencido do desaparecimento. Reconhecida a ausência nomeara-
se, então, um curador. O curador do ausente tem o objetivo de auxiliar o 
cuidado do patrimônio, apenas. O curador do ausente é preferencialmente seu 
conjugue, na medida em que o patrimônio normalmente lhe é comum e a 
sentença de ausência na forma do art. 9, precisa ser levada em registro junto 
ao RCPN. O curador prestará contas de seus atos de administração toda vez 
que o magistrado assim exigir. Ele pagará as contas, recolherá eventual 
rendimento e depositará em conta judicial, de maneira que esta função poderá 
ser desenvolvida por parente ou pessoa estranha ao desaparecido. A 
declaração de ausência não será declarada nas hipóteses em que a pessoa 
desaparecida tiver deixado procurador com poderes específicos para 
administrar o seu patrimônio considerando que neste caso a norma presume 
que o indivíduo tinha intenção de desaparecer, tanto que deixou procurador e, 
ainda, diante do fato que não há sentido em declarar ausência já que o 
patrimônio do desaparecido está cuidado pelo procurador. 
Em um segundo momento, o juiz admitirá por sentença a abertura da sucessão 
provisória que permitirá a prática de alguns atos de natureza patrimonial. 
Inicialmente bens móveis e/ou imóveis pertencentes ao ausente poderão ser 
alienados a título oneroso e o produto dessa alienação será depositado em 
conta judicial, evitando se assim que esses bens se deteriorem. Neste 
momento os herdeiros não poderão, ainda, fazer uso daquele dinheiro como 
próprio. Os herdeiros poderão receber a posse dos bens do ausente e, neste 
momento, o legislador confere tratamento diferenciado a depender da espécie 
de herdeiro. Filhos, netos, cônjuges, pais e avós, obterão as posses sem 
qualquer contraprestação, os demais herdeiros precisarão obrigatoriamente dar 
bem móvel ou imóvel como garantia de que na eventualidade do ausente 
retornar e se deparando com o descuido dos bens, os mesmos experimentam 
prejuízo, assim os bens do herdeiro serão utilizados para recompor os bens do 
desaparecido. Se o irmão, por exemplo, não puder ou quiser prestar caução, os 
bens continuarão administrados pelo curador. Na sucessão provisória, será 
possível, ainda, que os herdeiros percebam os frutos, os rendimentos que os 
bens do ausente podem oferecer. Apenas irmãos, sobrinhos, tios e primos 
precisarão depositar em juízo metade do valor dos frutos, fazendo o uso do 
restante do valor a seu critério, sem qualquer satisfação. Caso o ausente 
apareça, não terá direito a metade já utilizada e quanto ao valor depositado, 
caso justifique o seu desaparecimento, levantará para si. Caso não justifique o 
ausente perderá ainda a metade depositada, assumindo o seu imóvel ou móvel 
a partir de então. 
 
A sucessão provisória devera obedecer ao prazo previsto no art. 26, podendo 
se afirmar que se não foi ultrapassado a primeira etapa porque o individuo 
deixou o procurador com poderes para administrar seu patrimônio, no momento 
da sucessão provisória o juiz declarará também a ausência. Apos dez anos de 
sucessão provisória, o magistrado a declarará como sucessão definitiva e 
neste momento determinará ao cartório do RCPN o registro do óbito. Então 
herdeiros poderão dar qualquer destinação aos bens, sem qualquer restrição e 
os irmãos poderão levantar as cauções eventualmente prestadas, bem como o 
valor ainda depositado. Mesmo após a sucessão definitiva, caso o ausente 
agora falecido reapareça, terá direito aos bens ou seus valores no estado em 
questão. 
24/08 
Domicílio 
A caracterização do domicílio é fundamental porque o CC a todo o momento o 
menciona como se extrai do art. 1.785, mas principalmente é utilizado como 
critério de fixação de competência para a propositura de ações cíveis na forma 
do art46 do CPC. O domicílio em regra é voluntário, podendo, livremente, ser 
escolhido pela Pessoa Natural e Geral, na medida em que diz respeito a todas 
as relações jurídicas daquele indivíduo. 
Na forma do art70 o domicílio é composto de um elemento objetivo, a 
residência e outro subjetivo que vem a ser a intenção de ali permanecer com 
estabilidade. A residência é onde o indivíduo tem o centro de suas atividades 
profissionais, educacionais, de lazer, familiar, de maneira que é perfeitamente 
possível que uma pessoa tenha mais de uma residência, como aquele que 
possui casa na praia. 
O animo definitivo pode ser compreendido pela coletividade, porque ali o 
indivíduo tem sua família estabelecida, passa a maior parte do seu tempo, ou 
então, porque declara perante a Receita Federal que ali é seu domicílio, dentre 
outras condutas. Embora qualquer um possa escolher seu domicílio, há casos 
que ocorrem o chamado domicílio necessário, em que não é possível escolher 
seu domicílio. Ora pela total impossibilidade de fazê-lo, como o preso, ora por 
conta de opção profissional, como um servidor público, demostrado no art76. 
O art78 prevê o chamado domicílio de eleição que é estabelecido 
expressamente em contrato com o objetivo de afastar o domicílio geral de uma 
ou de ambas as partes regendo, assim, as duvidas provenientes da sua 
celebração. É percebida através da clausula que contém os seguintes dizeres: 
“As partes elegem a comarca de NOVA FRIBURGO para decidir as 
questões provenientes do presente contrato” 
A clausula que afasta o domicílio geral só não é válida, se preenchidos três 
requisitos em conjunto contido entre as partes for: de adesão, de relação de 
consumoe, por fim, se a escolha do local coloca o indivíduo em extrema 
dificuldade ou total impossibilidade de acesso à justiça. Preenchidos estes 
requisitos a clausula de eleição de foro é nula, se valendo do domicílio geral do 
consumidor para regular a relação, em específico. 
Os artigos 71-73 tratam das exceções concernentes ao domicílio. Inicialmente, 
aquele indivíduo que não possui lugar específico de centro de atividades como 
o morador de rua, membro de circos ou nômades, poderá ser exigido o lugar 
onde foi encontrado. Aquele que possua residência em duas localidades 
dividindo seu tempo igualitariamente entre elas terá como domicílio qualquer 
uma delas. Por fim, é comum que a pessoa tenha domicílio voluntário em 
determinada localidade e “exerça” suas atividades profissionais na própria e em 
outras, nesse contexto poderá se valer do domicílio profissional em detrimento 
do geral, como prevê o art. 72. 
 Ex: Um dentista com domicílio geral em Nova Friburgo, atende, também, em 
Bom Jardim, e um cliente desta localidade o aciona judicialmente, valerá então 
o domicílio profissional, bom Jardim, em detrimento de Nova Friburgo. 
 
Nascituro 
O CC atual deixou de resolver a questão da aquisição de personalidade pelo 
nascituro, existindo três teorias sobre o assunto. São elas a natalista, 
condicionalista e a concepcionalista. Na terceira, a concepcionalista, é preciso 
reconhecer a capacidade de direito dos mesmos pela possibilidade se ser 
titular de um direito e, por consequência, de sua personalidade, na medida em 
que apenas pessoas podem ser titulares de direitos e obrigações. 
 
Teoria natalista (tradicional): defende a ideia de que só o nascimento com vida 
confere personalidade e, antes disso, a norma simplesmente cria um sistema 
de proteção, em favor do ser em potencial. 
Teoria condicionalista: defende que a personalidade está sujeita a um evento 
futuro incerto, o nascimento com vida, porém apenas no que diz respeito aos 
direitos de caráter patrimonial, uma vez que alguns direitos da personalidade 
como vida e direito a uma gestação saudável já são concedidos ao nascituro. 
Teoria concepcionalista: defende que desde a fecundação há personalidade, com 
o argumento que a norma confere direitos ao nascituro, mesmo que eventuais 
já que dependem do nascimento com vida. 
25/08 
Pessoa Jurídica 
Enquanto pessoa jurídica de Direito Público Interno pode ser criada e extinta 
por lei, a PJ de Direito Privado tem sua formação por duas etapas que se 
complementam: a elaboração do ato constitutivo e o registro subsequente. O 
primeiro vem a ser o documento formal que revela todos os dados de 
importância sobre a criação, funcionamento e extinção da PJ, devendo constar 
no documento a finalidade, domicílio, forma de administração e etc. O referido 
instrumento produz apenas eficácia entre os envolvidos, de maneira que 
precisa ser levado à registro junto ao órgão competente para que obtenha 
eficácia erga omnes. Em se tratando de sociedade o registro é feito perante a 
junta comercial, as demais ao RCPJ. 
 
 
RCPJ: Registro Civil da Pessoa Jurídica 
Personalidade da PJ 
Na forma do art45 do CC, a aquisição de personalidade está condicionada ao 
registro junto ao órgão competente sendo, portanto, o mesmo constitutivo da 
personalidade e não declaratório como da pessoa natural. A partir desse 
momento a PJ passa a praticar calidamente todos os atos da vida civil 
possuindo a partir de então capacidade de Direito. A aquisição de 
personalidade confere a PJ capacidade de fato, porém essa capacidade é 
restrita a finalidades tratadas no ato constitutivo. A vantagem de proceder como 
determina a norma é que todos os direitos e obrigações, não poderão, em 
princípio, ser estendidos aos sócios, que não responderão com seu patrimônio 
pessoal pelas dividas adquiridas. Nas sociedades de fato e irregular a situação 
é diferente, no primeiro caso, pois as sociedades sequer possuem ato 
constitutivo. E no segundo porque o registro não revela o atual funcionamento 
da PJ, uma vez que as alterações posteriores não foram levadas a orgão 
competente. Nessas circunstâncias tanto a sociedade como o sócio que por ela 
contratou poderão ser diretamente responsáveis em satisfazer a obrigação, e 
na eventualidade de não possuir patrimônio os demais sócios serão igualmente 
responsabilizados, chamados a pagar a dívida. 
A aquisição válida da personalidade confere a PJ a possibilidade de se 
relacionar junto à coletividade. Os entes despersonalizados que são criados a 
partir de uma união de pessoas ou de patrimônios, não possuem em sua 
instituição essa finalidade, já que o patrimônio já está criado ou os indivíduos 
estão reunidos sem objetivo de contrair direitos e obrigações junto à 
coletividade. Como: condomínio, família, massa falida, espólio, e a herança 
vacante e jacente. 
A massa falida é criada quando o juiz extingue a personalidade da PJ e cria 
este patrimônio para que as obrigações da extinta PJ possam ser satisfeitos na 
medida do possível. No Espólio estamos diante do patrimônio do falecido que 
deverá, em um primeiro momento, suportar suas dívidas para que logo após, o 
patrimônio residual seja entregue aos herdeiros. Por fim as heranças vacante e 
jacentes o indivíduo falece sem deixar herdeiros e o patrimônio fica sob 
administração de um curador até que apareçam herdeiros, ou, então, que seja 
entregue ao município onde estão situados os imóveis. 
Embora alguns direitos da personalidade sejam exclusivos de Pessoa Natural 
como: vida, integridade física, liberdade de crença, a PJ pode experimentar 
direitos dessa natureza, em especial a honra objetiva que está relacionada ao 
conceito que se goza perante a coletividade. A ofensa, reputação ao nome da 
PJ permite o pedido de indenização por dano moral, na forma da súmula 227, 
do STJ. E ainda é possível que determinados atos contra a PJ de Direito 
Privado permita que a mesma requeira o chamado dano patrimonial em suas 
duas possibilidades: dano emergente e lucro cessante. 
 Dano patrimonial: Perda imediata patrimonial do indivíduo analisando o 
patrimônio da vítima no momento do fato; 
 Lucro cessante: O que se deixou de lucrar, projetando o patrimônio da vítima 
para o futuro, valendo-se da razoabilidade. 
31/08 
Aquele que contratar uma PJ de Direito Privado deve ter o cuidado de saber se 
o indivíduo que se apresenta como representante, realmente possui poderes 
para tanto. Caso contrário, eventual obrigação por ele assumida não poderá 
ser estendida à PJ. A Doutrina e a Jurisprudência, no curso dos anos, 
desenvolveram a chamada Teoria da Aparência permitindo, excepcionalmente, 
responsabilizar a PJ mesmo não tendo um indivíduo, que por ela contratou, 
poderes para tanto. Para que isso aconteça, será necessário identificar a 
conduta reiterada do indivíduo associada ao conhecimento da PJ que não toma 
qualquer atitude no sentido de evitar que isso aconteça. Essa circunstância 
atrelada ao fato de que a coletividade é legitimamente levada a crer que aquela 
atuação é legítima, permitindo-se, então, a aplicação da Teoria da Aparência. A 
jurisprudência também reconhece sua aplicação entre duas pessoas jurídicas. 
 
Danos causados pela PJ, direito Público e Privado 
A responsabilidade civil da PJ pelos atos de deus agentes variará dependendo 
da modalidade de PJ tratada no caso concreto. Em se tratando de PJ de Direito 
Público interno, a situação será regulada pelos artigos 43 CC/2002 e 37 
parágrafo 6° CF/88. A vítima dispõe do prazo de 5 anos para ajuizar a ação 
indenizatória, ação essa que deverá ser proposta contra a PJ de Direito Público 
interno, na medida em que o entendimento pacífico é no sentido de que a 
norma constitucional estabeleceu verdadeira proteção em favor do consumidor 
que, se pudesse ser acionado diretamente, comprometeria ainda mais a 
prestaçãodo serviço público pelo justo receio de ser cobrado civilmente, 
respondendo com o seu patrimônio pessoal. O ajuizamento da ação contra a 
PJ representa, ainda, grande vantagem, na medida em que a responsabilidade 
da PJ por ato de seus agentes é objetiva, ou seja, basta que fique 
caracterizado que a ação ou omissão do agente público é causa direta para o 
dano, independente de discussão sobre o dolo ou culpa para que a PJ seja 
obrigada a arcar com aquele prejuízo. Após ser obrigada ao pagamento, 
poderá recobrar seu prejuízo do agente público, porém, neste caso, a 
responsabilidade do mesmo é subjetiva, ou seja, sujeita a caracterização do 
dolo ou culpa. A expressão, nessa qualidade, prevista em ambos os artigos 
não significa que o agente necessite estar no efetivo desempenho do serviço 
público, bastando que fique caraterizado que o cargo interferiu na prática do 
ilícito. 
Em PJ de Direito Privado que não se qualifique como prestadora de serviço 
público, a situação será regulada pelo artigo 932, III do CC/2002. Inicialmente, 
o prazo para a ação será de 3 anos na forma do artigo 206, parágrafo 3°, V do 
CC/2002. A vitima poderá direcionar a sua ação tanto contra o agente quanto 
contra a PJ de Direito Privado e, em qualquer circunstância, deverá ficar 
caracterizada a culpa ou dolo do agente, o causador do dano e caso isto fique 
comprovado, a PJ é imediatamente responsabilizada pelos atos de seu agente 
presumindo-se sem possibilidade de prova em contrário a culpa por ter 
escolhido mal aquele funcionário. 
 
Corporações: Sociedades, associações, fundações 
As corporações podem ser identificadas por uma união de pessoas que 
reúnem seus esforços com o objetivo de atender uma finalidade previamente 
delimitada. São espécies de corporações as associações e as sociedades. Nas 
sociedades a reunião entre os sócios tem o objetivo de perseguir o lucro. Nas 
associações teremos uma finalidade não lucrativa. Muito embora uma 
associação possa, eventualmente, desenvolver uma atividade rentável, como a 
venda de um bem ou a realização de um show, por exemplo, tudo aquilo que 
for apurado deverá ser revertido em favor da própria finalidade associativa que 
jamais buscará o lucro. Servem de exemplo as associações de classe, clubes, 
associações de moradores etc. A CF/88 precisou no artigo 5°, XVII a XXI trata 
do tema como uma garantia individual, na medida em que, até o advento da CF 
de 88, o direito associativo era vedado de forma que o legislador constitucional 
precisou prevê-lo expressamente. 
 
01/09 
Associações 
A CF assegura o direito de todo e qualquer indivíduo de criar uma associação, 
de se associar, bem como se desassociar a qualquer momento. Porém, 
excepcionalmente, a jurisprudência tem a admitido que o indivíduo poderá ser 
exigido pela taxa associativa desde que fique caracterizado que a associação 
obtém benefício direto e imediato em favor daquela pessoa física ou jurídica. O 
ato constitutivo de uma associação é chamado de estatuto e o seu registro 
deve ser feito junto ao RCPJ. A partir disso a associação poderá promover 
medidas judiciais em favor dos associados exigindo-se apenas a chamada 
pertinência temática, ou seja, aquilo discutido no processo judicial deve estar 
relacionado aos objetivos traçados no ato constitutivo. 
Ex: Associações de moradores não podem promover medidas judiciais 
que discutam o aumento de faixa etária dos planos de saúde. 
 
O ato constitutivo de uma associação deve conter todos os requisitos previstos 
no artigo 54 do CC. Caso o estatuto seja elaborado e registrado sem prever 
uma das exigências, será possível requerer a anulação do ato e por 
consequência ser decretada a perda da personalidade no prazo traçado no 
artigo 45 parágrafo único. 
 
Exclusão de um associado 
Embora o associado possa, livremente, se associar e desassociar, a sua 
exclusão deve ser precedida de procedimento administrativo previsto no ato 
constitutivo. Neste procedimento, deverá ser assegurado, obrigatoriamente, ao 
indivíduo o direito ao contraditório, de maneira que só após ser oferecida a sua 
defesa eles que poderá ser excluído daquela associação. A norma exige a 
justa causa deixando de definir o que seja considerando com base no 
princípio da operabilidade que caberá ao magistrado, dependendo da 
espécie de associação entender se a conduta adotada vai ou não de encontro 
à finalidade prevista no ato constitutivo. Caso a exclusão seja realizada sem 
obedecer ao procedimento, ou até mesmo por não estar previsto no estatuto, 
poderá o associado ajuizar medida judicial para ser reintegrado àquela 
associação - artigo 57. 
 
 
 
 
Direitos do Associado 
O estatuto pode prever direitos diferenciados a depender da qualidade de 
associado. Tais direitos não poderão ir de encontro à finalidade prevista no ato 
constitutivo, tal como ocorreria em proibir de determinado grupo de associados 
de frequentar a sede da PJ. 
Em princípio, o associado que vier a falecer e tenha a intenção de vender ou 
doar a sua participação naquela associação não poderá fazê-lo, seja porque a 
qualidade de associado é personalíssima, ou ainda porque a PJ precisa ter a 
oportunidade de manifestar seu interesse em ter aquele novo indivíduo como 
associado. Trata-se de norma dispositiva e não imperativa (cogente) traçada no 
artigo 56. 
 
Normas dispositivas: podem ser afastadas pelo acordo de vontade, de forma que 
a norma só incidirá na falta de disposição encontrada. Art56 
 
 As normas imperativas (cogentes): não admitem ser afastadas pelo interesse das 
partes. Devem ser cumpridas. Art59 
 
Fim das Associações 
A norma prevista no art59 é imperativa, ou seja, é de atribuição exclusiva dá 
assembleia tomar as decisões ali previstas de maneira que o estatuto não pode 
estipular em contrato. Todas as demais deliberações poderão ser tomadas pelo 
órgão que o estatuto indicar como diretorias conselhos e etc. A extinção de 
uma PJ, associação, se dará com a baixa do ato constitutivo junto ao SPCJ 
devendo ser decidido o destino a ser dado ao patrimônio eventualmente 
existente. Caso o patrimônio conferido pelo instituidor que ajudou a criação da 
associação ainda exista este será ressarcido. 
As taxas associativas não serão entregues aos associados e o patrimônio 
remanescente terá o destino que o ato constitutivo prevê. O estatuto sendo 
omisso os associados decidirão e de acordo com a norma, art. 61 deverá ser 
destinado à associação pública. O enunciado 407 da jornada de Direito Civil 
prevê, porém a possibilidade dos associados darem a esse patrimônio o 
destino em favor de uma outra associação ou entidade que não possua 
finalidade econômica. 
 
 
Princípio da operabilidade: são aqueles que impõem prevalência dos 
valores coletivos sobre os individuais, respeitando os direitos fundamentais 
da pessoa humana. 
Fundações 
As fundações tal como associações buscam uma atividade não lucrativa, 
embora o art62, pg. único, tenha previsto um rol de atividades que poderiam 
ensejar a criação de uma fundação. A maioria da doutrina entende que o rol ali 
previsto seja exemplificativo e não taxativo de maneira que é admissível a 
criação de uma fundação com outras finalidades. A fundação é criada a partir 
do patrimônio de uma pessoa física ou jurídica e é justamente esse patrimônio 
que permitirá que tal PJ possa alcançar seus objetivos. O instituidor de uma 
fundação não é dono da mesma, até porque a fundação possui personalidade 
jurídica própria e dessa forma não é obrigado a mantê-la indefinidamente. De 
exemplo as fundações: Ayrton Sena, Gol de Letra, Getúlio Vargas, Roberto 
Marinho. 
 
A criação de uma fundação passa inicialmente pela escritura pública ou 
testamento momento em que é obrigatório que o indivíduo que pretende 
instituir a PJ deverá declarar quanto pretende afetar, separar de seu patrimônio 
pessoalpara a criação daquela PJ determinando ainda qual a finalidade que se 
pretende alcançar e caso queira indicar a pessoa de sua confiança que 
elaborará p ato constitutivo. Embora a PJ não esteja ainda formalmente criada, 
no momento que o indivíduo faz a escritura pública assume a obrigação de 
criar a PJ e caso não proceda a entrega espontânea dos bens ou valores 
prometidos poderá ser exigido através do MP estadual, a entregar aqueles 
valores ou patrimônio e caso esses valores não sejam suficientes para criar a 
PJ pretendida os bens serão incorporados a uma outra fundação com 
finalidade semelhantes ou idênticas de maneira que o indivíduo, de qualquer 
forma, deverá entregar aqueles bens. 
Após a escritura pública ou testamento o ato constitutivo deverá ser elaborado 
pela pessoa indicada pelo instituidor existindo sempre o controle do MP na 
medida em que o objetivo da criação daquela fundação pode não ser lícito de 
maneira que o MP Estadual participará da criação, funcionamento e extinção 
daquela PJ. A elaboração do ato constitutivo passará pela análise do MP e 
caso exista questão jurídica levantada entre ele e a pessoa indicava pelo 
instituidor caberá ao judiciário a resolução desta questão. Aprovado, o estatuto 
será levado a registro junto ao RCPJ. O estatuto não é imutável, porém sua 
modificação passará por análise do MP e eventualmente por autorização 
judicial. Não basta assim que os administradores da fundação pretendam 
modificar o estatuto. 
Finda a fundação por uma das circunstâncias previstas no art. 69 deverá ser 
realizada a baixa do ato constitutivo junto ao RCPJ. O patrimônio 
eventualmente existente jamais retornará ao instituidor e caso o estatuto não 
preveja seu destino incumbirá o magistrado decidir a qual outra fundação será 
entregue aquele patrimônio. 
 
 
 
 
08/09 
Teoria da Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica de 
Direito Privado 
A grande vantagem de realizar o registro do ato constitutivo junto ao órgão 
competente é justamente identificar a separação patrimonial e por 
consequência o fato de que direitos e obrigações contraídos pela PJ apenas 
em relação a ela poderão ser exercitados de forma que em princípio não será 
possível alcançar o patrimônio dos seus sócios, administradores, diretores ou 
de qualquer pessoa que exerça cargo de decisão aquela PJ. Porém, no curso 
dos Anos, aqueles indivíduos que deveriam ser os primeiros a respeitar essa 
separação patrimonial e de personalidades começam a adotar uma série de 
comportamentos que demonstram que não procedem dessa forma. Servem de 
exemplo as seguintes hipóteses: o administrador de uma fundação que faz uso 
de cheque da PJ para quitar suas dívidas pessoais (confusão patrimonial), a 
sociedade que tem por finalidade a exploração de moda íntima e sem alterar o 
ato constitutivo começa a desenvolver outras atividades, a colocação de uma 
sociedade em nome de laranja e por fim o desvio de verba de uma associação, 
por exemplo, para o patrimônio de seu presidente. Em todas essas hipóteses, 
como o indivíduo atua desrespeitando aquilo que deveria ser o primeiro a 
respeitar, foi desenvolvida, a partir de então, a chamada Teoria da 
Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica permitindo-se, 
excepcionalmente, que se pudesse alcançar o patrimônio dos membros da PJ 
quando ficasse evidente o abuso da personalidade, de maneira que não seria 
justo impor ao credor que não receba o seu crédito quando ficar evidenciado 
que a PJ não tem patrimônio e o diretor, sócio ou administrador alega, mesmo 
tendo agido indevidamente, que não pode ser responsabilizado por dívidas da 
PJ. 
 
A jurisprudência tem entendido que a má administração por parte dos membros 
e o simples encerramento das atividades sem realizar a baixa do ato 
constitutivo não são suficientes ao pedido de desconsideração. O CPC prevê 
expressamente procedimento para o incidente de desconsideração. Assim, 
paralelamente a ação de cobrança oi qualquer outra em que se pretenda o 
recebimento de um crédito o credor interessado oferecerá o incidente de 
desconsideração e o magistrado, após ouvir o sócio ou qualquer outra PN 
indicada pelo credor, decidirá se deve ou não desconsiderar. A 
responsabilidade do membro da PJ é subsidiária, ou seja, só é possível se 
alcançar o seu patrimônio caso fique caracterizado que a PJ não possui renda 
suficiente aquele pagamento. O incidente só será acolhido diante do membro 
da PJ que praticou a conduta indevida, de maneira que não é possível como 
regra estender a obrigação a todos. 
 
O artigo 50 do CC adotou a Teoria Maior Objetiva da Desconsideração 
exigindo assim para que se alcance o patrimônio do membro da PJ a 
insuficiência patrimonial por parte dela aliada a prática de algum ato que revele 
abuso de personalidade pouco importando se o integrante da PJ tinha ou não 
intenção em pratica-lo. 
A adoção da Teoria Maior Subjetiva exigiria ainda que o credor da PJ provasse 
que o integrante tinha a intenção em prejudicar terceiro ao adotar aquela 
conduta o que dificilmente seria comprovado e por consequência esvaziaria a 
aplicação da desconsideração. 
A Teoria Menor da Desconsideração representa um grande temor aos 
membros da PJ considerando que para a sua aplicação é necessário apenas 
que fique constatada a insuficiência patrimonial pouco importando se algum 
membro da PJ praticou algum ato e revele abuso de personalidade. Assim, 
mesmo a responsabilidade permanecendo subsidiária, não se discute qualquer 
conduta lesiva. Dessa forma, todos os sócios e membros da PJ serão 
responsáveis por arcar com aquela dívida bastando para tanto que a PJ não 
possua patrimônio. 
 
A jurisprudência prevê ainda a chamada Desconsideração Inversa, em que se 
pretende alcançar o patrimônio da PJ para que responda por dívidas de seus 
membros. Trata-se de pedido de Desconsideração habitualmente realizado em 
processos de divórcio quando um dos cônjuges entende que o outro desviou 
patrimônio do casal para a PJ com o objetivo de diminuir o patrimônio do casal 
por ocasião da partilha do divórcio. Ajuizado o pedido de Desconsideração na 
forma prevista no CPC e comprovado que aquilo foi feito, o juiz determinará 
que aqueles bens ou valores retornem ao patrimônio do casal para que sejam 
devidamente partilhados. 
 
14/09 
 Direitos da Personalidade 
O CC/16 não tratou os direitos da personalidade considerando que naquele 
momento a única preocupação da norma estava relacionada à proteção do 
patrimônio. A CF/88 traz em seu texto direitos desta natureza como com o 
objetivo de reafirmar a tutela da dignidade da pessoa humana. O Código atual 
em 11 artigos trata de alguns direitos desta espécie bem como de algumas 
características que em 2002 eram, intensamente, debatidos pela doutrina e 
jurisprudência. Embora alguns afirmem que o fundamento de validade destes 
direitos seja a norma, direito positivo, a maioria da Doutrina entende que seja a 
própria condição do ser humano que faz surgir os direitos da personalidade de 
maneira que apesar da norma tratar de vários direitos da natureza é 
perfeitamente possível o aparecimento de novos a cada dia. O direito ao 
esquecimento consagrado no enunciado 531 é prova de que é o Direito 
Natural o fundamento de validade destes direitos. O indivíduo envolvido em 
fato público e/ou notório, pode após ultrapassado um tempo razoável, exigir 
que sua imagem e/ou nome não sejam mais vinculados ao ato pretérito, 
podendo ainda exigir compensação moral, caso a divulgação aconteça sem 
sua autorização. 
 
Direitos: 
A doutrina aponta a presença de características dos direitos da personalidade. 
Inicialmente: 
1. são absolutos, ou seja, oponíveis erga omnes, na medida que toda a 
coletividade tem o dever de respeitar os direitos da personalidade de 
cada um; 
2. São também inerentes à condição de ser humano, independentede 
raça, cor, posição social, etc; 
3. São ainda vitalícios, acompanhando o indivíduo desde nascituros até a 
morte. A possibilidade de elaboração de um Testamento Vital reforça a 
ideia que a pessoa natural tem direito a uma existência digna e não a 
qualquer existência, de forma que poderá elaborar documento escrito 
desde que possua capacidade civil plena, deixando claro que na certeza 
do óbito não pretende ser submetido à tratamentos que prolonguem, 
sem possibilidade de sucesso, sua existência, como ser entubado. O 
Testamento Vital ê um desdobramento lógico do art15 do CC, bem como 
do enunciado 533 da Jornada de Direto Civil que consagra 
consentimento esclarecido, que a PN deve ser informada sob as 
implicações que o procedimento poderá ocasionar, antes de deliberar 
sua realização ou não; 
4. Impenhorabilidade: os direitos dessa natureza não se configuram como 
objetivo de apreensão judicial para pagamentos de dividas do seu titular 
seja porque são direitos abstratos ou, então, porque são essenciais ao 
atendimento da dignidade da pessoa humana, de maneira que não é 
possível o indivíduo fique deles desprovido; 
5. São imprescritíveis, ou seja, o não exercício prolongado de um, ou mais 
destes direitos, não faz com que o titular perca a oportunidade de 
exercê-los, em momento superveniente. O indivíduo sofredor de 
violação sistemática aos direitos de sua personalidade pode exigir em 
qualquer momento e não mais tolerar a ofensa contínua. Porém 
ocorrendo lesão, o prejudicado, dispõe do prazo de três anos para 
requerer indenização, na forma do art206,pg. 3, V 
6. A morte do titular colocará fim aos seus direitos que não se transmitem 
aos herdeiros e, da mesma forma, não poderão ser alienados a título 
oneroso ou gratuito a quem quer que seja, a exceção está relacionada 
ao óbito quando os herdeiros, previstos no art 12, pq único, passam a 
defender os direitos da personalidade a ele inerentes e não ao morto, 
direito esse que seria o respeito ao sentimento pela morte dos 
familiares. 
7. Irrenunciáveis: não se é possível abrir mão de direto dessa natureza. A 
própria norma aponta algumas exceções merecendo destaque à 
imagem em que o indivíduo jamais poderá abrir mão de possui-la, porém 
poderá ceder seu título a terceiros a titulo oneroso ou gratuito. A sessão 
da imagem exige apenas que tenha um prazo específico e que tenha 
finalidade previamente estipulada pelo titular e pelo secionaria. 
 
15/09 
Sobre transgenitalização 
O art.13 permite a lesão à integridade física desde que, por exigência médica, 
o que se verifica naqueles indivíduos que não se identificam com a sua 
identidade sexual. O transtorno de gênero tem laudo de um psiquiatra que 
atesta a pessoa não possuidora de uma identidade de seu gênero a seu corpo. 
A cirurgia de transgenitalização, popularmente conhecida como de mudança de 
sexo, não tem como feito imediato à mudança registral. Assim, o interessado 
deverá ajuizar ação de alteração de registro civil para modificação de seu nome 
e de seu sexo junto ao RCPN. Recentemente, o STJ admitiu a mudança 
registral de nome e sexo independente da prévia cirurgia mutiladora, em 
observância do princípio da dignidade da pessoa humana. 
 
Transplante de órgãos 
A outra hipótese em que se autoriza a lesão à integridade física está 
relacionada ao transplante de órgãos que em nosso ordenamento é regulado 
pela lei especial 9434/97. Inicialmente só é possível a doação de órgãos, 
jamais transações comerciais, e apenas de órgãos duplos e que se regeneram 
como tecidos, fígado e medula. Em hipótese alguma será admitido que o 
indivíduo sacrifique sua vida em prol de outrem. 
A doação deve ser feita por escrito, como regra, em favor de parentes indicado 
no art.9 da lei especial, exigindo somente a ida ao judiciário quando se 
pretender doar a doação em favor de estranho para que se investigue à 
realização de forma gratuita. A doação é revogável até a data da intervenção 
cirúrgica. 
 Em se tratando de incapaz o art.9, pg. 6 da norma prevê apenas a medula 
óssea, mesmo assim com autorização do representante e judicial. O estatuto 
do deficiente, no art.85, pg. 1 proíbe a lesão à integridade física do incapaz por 
falta de discernimento, uma vez que interpretando literalmente as duas normas 
o transplante de medula só é admitido pelo incapaz menor e com autorização 
dos pais e do judicial. 
 
Quanto à doação Post-Mortem 
Na doação post-mortem o plenamente capaz em vida pode optar em ser ou 
não doador e a família, por ocasião de seu óbito, deve respeitar sua vontade, 
só podendo dar destinação a que bem entender em caso do indivíduo em vida 
não se manifestar quanto à opção. E ao incapaz seus familiares decidirão por 
ele. 
 
A defesa dos direitos da personalidade é feita através do uso da tutela inibitória 
e da tutela condenatória. 
 
Tutela inibitória: A lesão não aconteceu ainda, dessa forma é uma tutela 
preventiva. O indivíduo ou seus familiares deverão ajuizar medida judicial para 
evitar que aconteça. 
 
Tutela condenatória: implica em reconhecer que a lesão já se concretizou, 
ensejando possível dano. 
 
Sobre os danos: 
1. Danos patrimoniais (material): pelos danos emergentes que podem ser 
exemplificados pelos gastos médicos, fisioterápico, etc, e o lucro 
cessante como período pelo qual o indivíduo deixou de trabalhar, 
comprovadamente. 
2. Danos Morais: quando ficar caracterizado que estamos diante de uma 
lesão à direito da personalidade merecedor de proteção pelo judiciário 
pelas repercussões internas, subjetivas que o mesmo apresenta. 
3. Dano estético: na forma da súmula 387 do STJ o pedido de dano 
estético desvinculado do dano moral. O dano estético, como autônomo, 
pode ser conceituado como lesão à integridade física em caráter 
permanente ou duradouro. Embora estejam habitualmente relacionada à 
danos aparentes, a jurisprudência consagra este dano pela perda de 
órgãos, ou de função interna do organismo. 
4. Dano à imagem: existe, ainda, a caracterização do dano à imagem, 
como dano autônomo. Se por um lado o indivíduo deve autorizar a 
exibição de sua imagem, as pessoas públicas não gozam dessa 
proteção em locais públicos. A mera exibição sem a autorização de uma 
pessoa, não pública, autoriza a aplicação da súmula 403 do STJ. E 
dependendo da exibição poderá ensejando dano moral se ficar provada 
a repercussão interna na conduta e eventual lucro cessante, se o 
divulgador lucrou com a divulgação e não repassou a pessoa. 
Pessoas públicas têm direito a dano à imagem e dependendo do caso, também 
ao dano moral caso estejam em sua intimidade. 
 
21/09 
É perfeitamente comum que o magistrado ao solucionar um caso concreto se 
depare com dois ou mais direitos da personalidade que, naquele momento, 
estejam em conflito, de maneira que o juiz precisará resguardar um em 
detrimento do outro. 
 Inicialmente é possível identificar conflito entre o direito a vida de um lado e de 
outro a liberdade de crença, o que levou ao enunciado 403 da Jornada de 
Direito Civil que prevê três requisitos específicos para que o indivíduo possa 
deixar de realizar a intervenção cirúrgica. Em se tratando de incapaz, seus 
pais, tutores ou curadores não poderão decidir por ele cabendo ao MP ajuizar 
medida judicial para obrigar a transfusão. 
Outro conflito habitualmente levado ao judiciário diz respeito de um lado o 
direito de informação, liberdade de imprensa, e de outro lado a preservação da 
intimidade e a vida privada. Por mais que a divulgação de escritos, conversas e 
imagens devam ser preferencialmente autorizadas, admite-se e com 
fundamento no art. 20, a divulgação não autorizada, toda vez que a 
circunstância for essencial à formação da opinião pública, do interesse público. 
Assim, sendo Pessoa Pública e em público, dependendo da natureza e dos 
fatos retratados bemcomo observando a real intenção da divulgação, a mesma 
poderá acontecer sem consentimento expresso do envolvido. Fatos da vida 
privada também podem ser levados a público se a pessoa se utiliza da 
circunstância em público, como bandeira ideológica, por exemplo. 
 
Direitos da Personalidade: nome 
O nome é composto obrigatoriamente de um prenome, simples ou composto, 
um sobrenome paterno e materno, e outros ainda contém a referência ao grau 
de parentesco, chamado de agnome. A liberdade na escola do prenome não é 
absoluta, considerando que a lei 6.015/73 não admite a escolha do prenome 
que espoe seu titular ao ridículo. Caso a família diante da recusa do RCPN 
ainda insista neste nome, caberá ao magistrado decidir se é possível aquele 
registro ou não, e se não os pais deverão escolher outro. Uma vez tendo sido 
realizada a escolha com o respectivo registro, o nome se torna imutável, 
admitindo-se modificação apenas nas situações previstas em lei. Até os 19 
anos completos o interessado poderá ajuizar medida a ação de alteração de 
registro Civil para a modificação do seu prenome e sobrenome sem precisar de 
qualquer justificativa para tanto. 
Antes dos 18 anos em um processo de adoção de crianças ou adolescentes é 
perfeitamente possível a troca do prenome, sendo uma faculdade não 
obrigação. Em processo de naturalização do estrangeiro este último poderá 
adotar o prenome em nossa língua. Após os 19 anos completos aquele que 
pretender a modificação do prenome deverá não só ajuizar ação de alteração 
de registro civil, mas também justificar o seu pedido de mudança como se 
extrai do art. 57 da Lei 6.015/73, na medida em que a regra é a imutabilidade 
do nome. A própria lei especial prevê algumas hipóteses de troca do prenome 
como substituição do nome para apelidos públicos notórios, como, por 
exemplo, com o ator da Globo que quer fazer constar junto ao RCPN o seu 
nome artístico, a troca autorizada no art. 57, pg. 7 da mesma lei que trata do 
indivíduo inserido em programa de proteção a testemunha. Embora a lei 
especial trate de algumas situações específicas é possível a mudança desde 
que devidamente fundamentada como: existindo erro de grafia, transgêneros e 
outros. 
22/09 
Quanto à troca do sobrenome no processo de adoção de crianças ou 
adolescente é obrigatória à mudança, justamente para que se rompa o vínculo 
com os pais biológicos. No que diz respeito ao casamento a literalidade da 
norma permite apenas o acréscimo do sobrenome tanto pelo homem quanto 
pela mulher sendo a mudança facultativa e não obrigatória. Muito embora a 
norma autorize apenas o acréscimo os oficiais do cartório do Registro Civil 
autorizam sem participação do judiciário a supressão de um dos sobrenomes 
desde que mantido um de cada ascendente. Por ocasião do divórcio, caso a 
mudança tenha sido realizada, o cônjuge que modificou não poderá ser 
obrigado a voltar ao nome de solteiro, porque desde a mudança o sobrenome 
passou a ser seu direito da personalidade. Em todas as demais hipóteses, o 
indivíduo que pretender a mudança do sobrenome deverá ajuizar ação de 
alteração de Registro Civil justificando o pedido de mudança. A lei 6.015/73 
prevê duas hipóteses específicas no art.57, pg. 2 e 8. Porém toda e qualquer 
situação poderá ensejar a troca do sobrenome desde que o judiciário com a 
participação do MP, se convença da necessidade da mudança, já que a regra é 
a imutabilidade. 
 
 
Bens 
Ainda na vigência do Código revogado ao devedor poderiam ser impostos 
sacrifícios econômicos que o colocassem em situação de penúria ou de 
miserabilidade para o pagamento de dívidas que ele, voluntariamente, teria 
assumido ou que tivesse sido obrigado por lei a realiza-las. Com o advento da 
CF/88 estabeleceu-se o princípio da dignidade da pessoa humana como 
principal valor a ser resguardado. A ideia de sacrifício exagerado e desumano 
por parte do devedor na realização de suas dívidas, foi reavaliada, de maneira 
que algumas normas e orientações jurisprudências caminharam para a ideia de 
preservar a aquilo que se convencionou chamar de mínimo existencial. 
Passou-se a estimular através de algumas leis e julgados a conservação de um 
patrimônio mínimo ao devedor que lhe permitisse atender as suas 
necessidades básicas, bem como pudesse através dessa conservação 
patrimonial se reerguer financeiramente. O principal reflexo deste movimento 
doutrinário é, sem dúvidas, a lei de 8.009/90, que instituiu o bem de família 
legal. 
A lei 8.009/90 consagra a impossibilidade de apreensão judicial do único imóvel 
do devedor para pagamento de suas dividas, mesmo nas hipóteses em que 
tenha contraído a dívida espontaneamente. 
A impenhorabilidade compreende o imóvel pertencente a toda e qualquer 
entidade familiar compreendendo o STJ, que se estende até mesmo ao imóvel 
pertencente ao homem solteiro. 
Os bens móveis, usualmente encontrados em uma família de classe média, 
também são protegidos pela lei. Os bens tratados no art. 2 poderão ser 
utilizados para o pagamento da dívida desde que o devedor não comprove que 
os tem consigo para uso profissional. Assim, o carro, em princípio, deverá ser 
alienado para pagamento da dívida desde que o devedor não comprove que 
faz uso do mesmo como instrumento profissional. Na hipótese do indivíduo 
possuir dois imóveis residenciais será utilizado o imóvel de maior valor mesmo 
que seja este o declarado como domicilio da entidade familiar, preservando a 
residência de menor valor, de forma a atender a dignidade da pessoa do 
devedor. Por certo que o imóvel mais caro só será sacrificado se o imóvel mais 
barato, não for suficiente para quitar a divida. 
 
O art.3 prevê alguns créditos que sujeitarão o devedor a perda de todos os 
seus bens para o pagamento das dívidas. Em algumas situações o legislador 
ponderou que alguns créditos devem ter maior proteção do que o único imóvel 
do devedor, como acontece na dívida de alimentos, IPTU, condomínio e a 
indenização proveniente de sentença penal condenatória. Em outras hipóteses 
o devedor contrai a dívida de má fé, e reverte tudo em favor do imóvel e depois 
pretende alegar a impenhorabilidade em relação àquele mesmo bem, como se 
extrai dos incisos II e IV do art.3. 
 
 
 
 
 
Bens móveis e imóveis 
A primeira classificação de bens prevista no código bem imóvel e móvel. A todo 
o momento, o legislador faz menção a essa classificação, tanto na parte geral 
quanto na especial, devido a sua enorme importância prática. As transações 
imobiliárias devem ser em regra documentadas por escritura pública, a venda 
ou doação de bens imóveis precisa da outorga uxória ou marital (uxórias: da 
mulher/ marital: marido). A aquisição da propriedade imóvel acontece em regra 
pelo registro junto ao Registro de Imóveis e os prazos de uso capião de bens 
imóveis são superiores a dos bens móveis. 
No que diz respeito aos bens móveis a transação envolvendo bens dessa 
natureza não precisa ser documentada, como regra, não necessita da 
autorização do cônjuge e aquisição da propriedade móvel se dá em regra pela 
tradição, pela entrega do bem ao comprador. 
 
Bens imóveis 
 
1. Propriamente dito (solo): a rigor, somente o solo, com sua superfície, 
subsolo e espaço aéreo, é imóvel por natureza. Art.79 e art. 1.229 
2. Por acessão natural: árvores e os frutos pendentes, bem como todos os 
acessórios e adjacências oriundas da natureza. Trata-se de acessões 
físicas ou naturais, por decorrerem de fenômenos naturais, sendo 
justaposições de imóvel a imóvel. Art.79 
3. Por acessão artificial: é a produzida pelo trabalho do homem. São as 
construções e plantações. É tudo quanto o homem incorporar 
permanentemente ao solo, como a semente lançada ao solo, os edifícios 
e construções, de modo que se não possa retirar sem destruição, 
modificação, fratura ou dano. Art.794. Definição legal: Trata-se de bens incorpóreos, imateriais (direitos), que 
não são em si, móveis ou imóveis. O legislador, no entanto, para maior 
segurança das relações jurídicas, os considera imóveis. Art.80 
 
A classificação de bens imóveis por definição legal, passa pela classificação 
doutrinária de bens corpóreos e incorpóreos. Os primeiros são os bens 
concretos, suscetíveis ao toque e, portanto, de apreciação objetiva. Os 
incorpóreos são abstratos e que por esta razão, não são suscetíveis ao toque. 
O legislador, por uma simples opção ora resolve por bem trata-los como 
imóveis, ora como móveis. O direito a sucessão aberta é o direito do herdeiro 
do óbito até a partilha a concorrer ao espólio, patrimônio deixado pelo morto, 
que envolvem direitos e obrigações por ele deixadas. Até que se finalize o 
inventário as obrigações do falecido deverão ser pagas para que, então, os 
herdeiros recebam seus bens de maneira que concorrem, tem direito de 
participar de um patrimônio que é situação jurídica abstrata. 
A retirada momentânea de bens da coisa imóvel como vitrais, azulejos e etc. 
para serem reempregados não afastam a qualidade desse bem como imóvel. 
 
 
 
 
Bens Móveis 
 
1. Propriamente dito: são os que admitem remoção por força alheia, sem 
dano, como os objetos inanimados, não imobilizados por sua 
destinação. Art.82 
2. Semoventes: são os que se movem de um lugar para outro, por força 
própria (ex.: animais). Art.82 
3. Por definição legal: são bens incorpóreos ou imateriais que adquirem a 
qualidade de bens móveis por expressa previsão em lei. Art.83 
4. Por antecipação: são os bens incorporados ao solo, mas com a intenção 
de separá-los oportunamente e convertê-los em móveis, por exemplo, as 
árvores destinadas ao corte e/ou os frutos ainda não colhidos. 
 
A classificação de bens móveis também prevê o móvel por definição legal que 
são bens incorpóreos que o legislador resolveu por bem, tratar como móveis, 
como energias elétricas e hidráulicas e a indenização por ofensa ao direito da 
personalidade. No curso dos anos a doutrina consagrou a existência dos 
móveis por antecipação que no momento em que o negócio jurídico é pactuado 
estão ainda imobilizados, mas para facilitar a sua mobilização econômica, já 
podem ser tratados como bens móveis. Na forma do art.108 como as 
transações envolvendo imóveis exigem como regra a escritura pública à 
criação dos móveis por antecipação permite que esses bens de imediato sejam 
tratados como móveis. Assim, a compra de eucaliptos ainda plantados revela a 
presença de um imóvel por acessão artificial que pode ser, antecipadamente, 
tratado como móvel de maneira a negocia-lo por documento particular.