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A Constituição Federal de 1988 estabeleceu como princípio dos princípios a dignidade da pessoa humana, deixando claro em seus dispositivos que todas as normas a partir de então deveriam ser elaboradas tendo como principal valor o ser humano, seus direitos e garantias individuais. Nesse momento a Constituição se depara com um Código Civil que tinha como única preocupação a defesa do patrimônio e diante do conflito que se instaurou a partir de então a Constituição assume o seu papel de norma hierarquicamente superior também para o Direito Civil no fenômeno conhecido como Constitucionalização do Direito Civil na medida em que até então as constituições anteriores não continham qualquer norma que limitasse ou condicionasse o Direito Privado. No momento em que a constituição entra em vigore como reflexo de assumir o papel de norma inafastável, a lei maior provoca a revogação de inúmeros artigos do Código Civil/1916 bem como a reinterpretação de outros, adequando a lei infraconstitucional, o código civil, à nova constituição e aos valores nela constituídos (constitucionalização).O Código Civil atual veio a ser publicado 14 anos depois da Constituição de 1988 e no seu processo de elaboração foram levados em consideração três princípios ou cláusulas gerais que foram utilizado sem um primeiro momento na construção dos artigos e em sua interpretação e em um segundo momento pelos operadores do direito em especial o judiciário que faz uso dessas cláusulas para a solução de casos concretos. Princípio da Socialidade Significa que no exercício de um determinado direito seja através de um contrato, seja através do direito de propriedade as condutas devem ser analisadas de acordo com aquilo que o interesse público entende como correto. Servem de exemplos os artigos 421 e 1228 §1º dentre outros. Princípio da Eticidade Deixa claro que a pessoa precisa pautar suas condutas de maneira honesta, proba, da mesma maneira que esperaria que o outro agisse com ele. O legislador impõe inúmeras consequências à má fé que vão desde o compulsório cumprimento de um contrato, como se vê o art. 180, até a fixação de uma determinada indenização. Princípio da Operabilidade Significa que o legislador, quando possível, faz uso de conceitos genéricos, indeterminados, abstratos por uma técnica legislativa com o objetivo de conferir uma maior sobrevida à norma. Nessas circunstâncias como a lei não contém alto grau de detalhamento, de especificidade, permite que novas situações concretas que venham a surgir possam ser trazidas pelos operadores de direito para o alcance dessa norma o que jamais aconteceria se a norma fosse com alto grau de detalhamento. Conceitos como boa-fé objetiva, função social e a expressão contida no Art. 92 Parágrafo único permitem que os operadores do direito procurem inserir no Direito Civil I contexto dessa norma novas situações concretas que poderiam estar nela compreendidas. 08/08 O registro do nascimento possui eficácia declaratória, mas não constitutiva, uma vez que reconhece uma relação jurídica anterior, a aquisição da personalidade e não cria a existência material da pessoa física. O registro é prova da personalidade atribuindo eficácia erga omnes, ou seja, todos indistintamente passam a dever respeitar e tolerar a aquisição desta personalidade e dos atributos dela decorrentes. Capacidade de direito: possibilidade conferida a todos os indivíduos que ele tenha direitos e obrigações. Capacidade de Fato: possibilidade de o individuo sozinho sem o auxilio de terceiros exercer os direitos e obrigações de que é titular Capacidade civil plena: é a soma das duas capacidades supracitadas e é obtida com a maioridade ou com a emancipação. Emancipações São admitidas três formas de emancipações possíveis, a consensual, judicial e a legal, e cada uma possui sua própria forma e vigor. Emancipação consensual ou voluntaria O menor de 16 anos comparece ao cartório com os pais declarando a vontade de emancipar, com escritura publica. A escritura precisa ser levada ao escritório do RCPN. Nesse caso não depende de participação judicial, se configura uma ação extrajudicial. Erga omnes: norma ou decisão com efeito vinculante, ou seja, valerá para todos. RCPN: Registro Civil de Pessoa Natural Emancipação judicial É por ordem do Juiz. O Juiz permite que o indivíduo se emancipe. Quando houver divergência entre os pais ou quando o menor estiver sobre o regime de tutela. O nomeado tutor, mesmo nomeado pelo judiciário não pode emancipar sem permissão do juiz. Ainda, é necessário que o menor tenha no mínimo 16 anos e que seja registrado junto ao RCPN. A emancipação judicial tem cabimento em duas situações distintas: quando os pais divergirem em relação a conceder ou não a emancipação ou quando o menor estiver sob regime de tutela, tendo lugar em quando ambos os pais forem mortos ou ainda quando apesar de vivos, tiverem a perda do poder familiar judicialmente decretada. Nessas circunstancias, ao menor será nomeado um tutor que aos 16 anos completos poderá obter judicialmente a emancipação. Caberá ao magistrado entender pela presença ou não do discernimento do menor, apurando se não se trata de uma tentativa do tutor de se livrar do encargo por ele assumido. Emancipação Legal Emancipa-se por força da lei. Hipóteses de emancipação legal O casamento é admitido no Brasil aos 16 anos bastando para tanto o consentimento dos pais, sem intervenção judicial. Antes dessa idade será possível o casamento em uma única hipótese legal, que vem a ser a gravidez. Nessas circunstancias, o menor não possui a chamada idade núbio, e será imprescindível a propositura de ação conhecida como suprimento de idade para o casamento. É possível encontrar em sede de jurisprudência julgados entendendo pela viabilidade do casamento antes dos 16 anos, quando ficar caracterizado que a sua celebração é essencial para atender a dignidade de um ou de ambos os envolvidos, como se vê, por exemplo, por questões religiosas. Qualquer que seja a modalidade de emancipação a mesma será sempre irrevogável e irretratável, ou seja, não mais subsistindo a circunstancia que levou a emancipação, ainda assim, o individuo continua emancipado. A única exceção em que a emancipação não produzira efeito é na chamada fraudulenta que está presente na consensual, quando os pais mesmo possuindo conhecimento de que o filho não possui discernimento, ainda assim emancipa o menor como tentativa de fugir a incidência de um eventual pedido de indenização. Representação e assistência Aquele que possui apenas a capacidade de direito, mas não a de fato deverá se valer de um terceiro para a prática de atos da vida civil de que é titular. Nesse contexto a norma criou dois mecanismos para que isso aconteça, a representação e a assistência. A representação é conferida aos absolutamente incapazes e se conceitua pelo fato de que o representante delibera sozinho pela pratica daquele ato da vida civil que repercute pela esfera jurídica do representado que não opina sobre aquele menor, sobre aquele ato ou negocio. A representação é exercida pelos pais, tutores ou curadores que, embora a norma parta da premissa que o representante atuaria em favor dos interesses do representado, precisarão de autorização judicial para realizar determinadas ações como, por exemplo, a venda de um imóvel na forma do art. 1.691 10/08 Enquanto na representação a manifestação de vontade do representado não é levada em consideração na assistência o ato ou negocio a ser concretizado exige manifestação conjunta de vontade do assistente e do assistido, mesmo que repercuta apenas sob a esferado assistido. O relativamente incapaz que praticar atos sem assistência pratica negocio jurídico anulável. O menor entre 16 e 18 anos precisa praticar atos da vida civil se valendo de seus pais ou tutores. A regra geral entende pela necessidade de assistência nessas situações, ainda que o menor nessa idade já tenha discernimento (reduzido). A própria norma autoriza que se pratiquem determinados atos ou negócios sozinhos, desde que exista regra expressa admitindo que isso ocorra, considerando e como estipulado na parte geral. A regra é a assistência. Pródigo O prodigo é considerado pela norma como relativamente incapaz, e essa situação se configura quando o individuo por uma questão psiquiátrica e/ou psicológica, não tem controle sobre seu patrimônio gastando muito mais do que poderia fazê-lo. Como ao adquirir a capacidade civil plena presume-se relativamente a existência da capacidade de fato, ao interessado deverá em um primeiro momento afastar a presunção criada pela norma o que acontece através da propositura de uma ação de interdição que tem o objetivo de retirar a capacidade civil plena daquele que ate então presumia possui-lo. Prodigalidade (22/09) O registro da sentença que reconhece a prodigalidade produz eficácia Erga Omnes, ou seja, a partir dali todos, indistintamente, tem o dever de conhecer e respeitar aquela situação jurídica. Assim, a partir do registro todos os atos praticados pelo pródigo que possuam caráter patrimonial terão a necessidade do assistente sobre pena de serem considerados inválidos. Quanto aos atos de alcance patrimonial anteriores ao registro, em princípio, são válidos salvo se ficar provado que o negociante tinha conhecimento da condição específica e, por consequência, agiu de má fé, hipótese essa que geraria a impossibilidade do negócio. Quanto à interdição A interdição devera ser movida, preferencialmente, pelo conjugue ou companheiro na forma do art. 1.775, já que o patrimônio habitualmente é comum. Trata-se de uma legitimação preferencial, mas não exclusiva, uma vez que qualquer parente poderá mover esta ação. Caso o magistrado se convença da prodigalidade nomear-se-á um curador, normalmente o conjugue que passará a assistir o pródigo na prática dos atos da vida civil que possuam alcance patrimonial direto, na forma do que extraída do art. 1782, de maneira que o pródigo possa, sozinho, praticar atos da vida civil que não possuam esse alcance. A sentença de interdição precisa ser levada a registro junto ao RCPN para que adquira eficácia erga omnes. A prodigalidade não deixa sinais, e por essa razão a coletividade só toma conhecimento após o registro, de maneira que os atos praticados a partir de então serão considerados inválidos, se forem sem a devida assistência. Antes do registro da sentença a coletividade não possui condição de ter conhecimento da situação, e por essa razão em principio, os negócios feitos são válidos, a não ser que na analise do caso concreto fique comprovado que o negociante tinha conhecimento da situação, e dela tirou proveito pactuando um negocio vantajoso. Quanto aos deficientes incapazes Até o advento do estatuto do deficiente – lei 13.146 de 2015 – aquele que por causa transitória ou permanente não pudesse exprimir a sua vontade era tratado como absolutamente incapaz. Depois da referida lei especial, passou a ser tratado como relativamente incapaz. O objetivo do estatuto sendo de permitir a inserção do deficiente, de qualquer natureza, a prática de atos da vida cotidiana, o que acabou por levar a referida norma, que não se demonstra ajustada uma vez que a pessoa nessas condições não possui condição de exprimir a sua vontade e dessa forma deveria ser representada e não assistida. O melhor, então, ainda é tratar a pessoa como absolutamente incapaz, podendo afirmar que o judiciário, diante do estatuto, deverá sempre preferir a incapacidade relativa à absoluta, tendo a função do curador sem importar na prática dos atos definidos no art. 85, paragrafo 1º da lei especial. 15/08 Antes do advento do estatuto do deficiente as pessoas com desenvolvimento mental incompleto ou reduzido eram tratadas como relativamente incapazes e, por consequência, sujeitas a uma ação de interdição. Após a norma especial e pela exigência de inserir o incapaz, quando possível, na prática dos atos da vida civil, optou-se por tratar esses indivíduos como capazes. Como uma solução intermediaria e procurando evitar a interdição, o estatuto criou o art. 1.783-A, a chamada tomada de decisão apoiada. Trata se de um procedimento ajuizado junto à vara de família onde o deficiente elege duas pessoas para lhe auxiliar na pratica dos atos da vida civil, que possuam alcance patrimonial imediato. Homologando o juiz o termo de tomada, com a prévia participação do Ministério Publico, definindo detalhadamente os limites a serem observados pelos apoiadores. Apesar de a norma nada estipular o procedimento deverá ser registrado junto ao RCPN para que adquira eficácia erga omnes. Deficientes e interdição (22/09) Art.4, inciso 3° trata a pessoa que por causa transitória ou permanente não possa exprimir sua vontade como relativamente incapaz o que foi introduzido pela norma especial, lei 13.146/15 já que até então era tratado como absolutamente incapaz. A ideia do estatuto do deficiente é a de promover a inserção do incapaz na pratica dos atos da vida civil, de maneira que continua sendo possível tratar esses indivíduos como absolutamente incapazes quando comprovada a total incapacidade, através de interdição. Até o advento do Estatuto do Deficiente aquele que possuísse desenvolvimento incompleto ou reduzido era tratado como relativamente incapaz, porém hoje por conta da referida norma passou a ser tratado como capaz, de maneira que sua interdição não pode ser declarada. Na forma do art.1783-A foi criada a tomada de decisão apoiada, que também é levada a registro junto ao RCPN, mas preserva a capacidade civil plena do indivíduo, que necessitará da manifestação de vontade dos dois apoiadores caso pretenda celebrar atos com alcance patrimonial. Interdição A ação de interdição em qualquer hipótese busca retirar a capacidade civil plena daquele que presumia possuí-la e poderá concluir pela incapacidade absoluta, relativa ou até mesmo em que o indivíduo é plenamente capaz. Óbito O óbito extingue a personalidade do individuo. Existem dois tipos de mortes, a real e a presumida, a diferença está em que na morte real há a presença de um corpo e na presumida a falta do mesmo. Na morte presumida, ainda, cabem dois tipos de classificação de morte a sem declaração de ausência e com declaração ausência. Óbito – art. 77 da lei 6.015/73 Sem ausência: justificação de óbito Com ausência: art. 88 da lei 6015/77 O fim da personalidade acontece com o óbito, que precisa adquirir eficácia erga omnes para legitimar que os interessados possam tomar as providências relativas ao corpo e ao patrimônio do falecido. Tais como, abrir inventário, receber seguro de vida, encerrar contas e etc. Para tanto deverá ser realizado o registro junto ao RCPN, que acontecerá através de laudo medico ou de duas pessoas que compareçam ao cartório declarando que viram o corpo. Nessas circunstancias e na forma do art. 77 da lei 6.015, estamos diante da morte real que permitirá o registro. Diante da ausência do corpo físico ou de quem o tenha visto, estamos diante da morte presumida que poderá acontecer de duas formas, com a prévia declaração de ausência ou sem a declaração ausência. Na morte presumida sem a prévia declaração de ausência o individuo está certamente morto, porém diante da ausência do corpo físico não há como comprovar aquele falecimento.Nesse contexto a família deverá propor ação conhecida de justificação de óbito provando através de testemunhas e documentos que a pessoa se encontra falecida. Caso o magistrado fique convencido do óbito, determinará ao cartório do RCPN que realize o seu registro. O art. 7 inc. 1º permite trazer em homenagem ao princípio da operabilidade para seu texto, toda e qualquer situação em que seja certo o falecimento que não possa ser comprovado na forma da lei. Comoriência A comoriência se aplicará quando indivíduos faleceram em razão do mesmo evento e não há como precisar de quem morreu em primeiro ou em segundo, assim fica registrado que morreram simultaneamente. (art. 8° do CC) Tanto na morte real quanto na presumida é comum nos depararmos com a situação da comoriência. Por força desse instituto que tem aplicação no direito sucessório, se duas ou mais pessoas com relações familiares falecem em razão do mesmo evento e mesmo que por laudo medico elaborado não há como precisar quem faleceu em primeiro lugar, a consequência será a inexistência de direitos sucessórios recíprocos, de maneira que cada um será tratado na sucessão do outro como se não existisse como se fosse pré-morto em relação ao comoriente. A morte presumida com a prévia declaração de ausência exige a obediência a um procedimento prévio e penoso rumo ao reconhecimento do óbito considera- Princípio da operabilidade: é aquele que impõe soluções viáveis, operáveis e sem grandes dificuldades na aplicação do direito. A regra tem que ser aplicada de modo simples. se ausente aquele individuo que está desaparecido de seu domicílio, os familiares, então, podem ter o óbito como uma possibilidade já que só possuem a certeza do desparecimento. É incorreto afirmar que o ausente seja incapaz, considerando que simplesmente não se encontra em seu domicilio, podendo praticar, onde quer que esteja, os atos da vida civil que é titular. 17/08 Na obtenção da morte presumida quando a certeza seja apenas do desaparecimento, os familiares em um primeiro momento deverão ajuizar ação de declaração de ausência. Neste momento, o objetivo dos familiares é o de preservar o patrimônio da pessoa desaparecida, tomando todas as medidas necessárias a evitar o perecimento. A lei não fixa prazo para que os interessados possam requerer a declaração de ausência e o juiz a reconhecerá caso fique convencido do desaparecimento. Reconhecida a ausência nomeara- se, então, um curador. O curador do ausente tem o objetivo de auxiliar o cuidado do patrimônio, apenas. O curador do ausente é preferencialmente seu conjugue, na medida em que o patrimônio normalmente lhe é comum e a sentença de ausência na forma do art. 9, precisa ser levada em registro junto ao RCPN. O curador prestará contas de seus atos de administração toda vez que o magistrado assim exigir. Ele pagará as contas, recolherá eventual rendimento e depositará em conta judicial, de maneira que esta função poderá ser desenvolvida por parente ou pessoa estranha ao desaparecido. A declaração de ausência não será declarada nas hipóteses em que a pessoa desaparecida tiver deixado procurador com poderes específicos para administrar o seu patrimônio considerando que neste caso a norma presume que o indivíduo tinha intenção de desaparecer, tanto que deixou procurador e, ainda, diante do fato que não há sentido em declarar ausência já que o patrimônio do desaparecido está cuidado pelo procurador. Em um segundo momento, o juiz admitirá por sentença a abertura da sucessão provisória que permitirá a prática de alguns atos de natureza patrimonial. Inicialmente bens móveis e/ou imóveis pertencentes ao ausente poderão ser alienados a título oneroso e o produto dessa alienação será depositado em conta judicial, evitando se assim que esses bens se deteriorem. Neste momento os herdeiros não poderão, ainda, fazer uso daquele dinheiro como próprio. Os herdeiros poderão receber a posse dos bens do ausente e, neste momento, o legislador confere tratamento diferenciado a depender da espécie de herdeiro. Filhos, netos, cônjuges, pais e avós, obterão as posses sem qualquer contraprestação, os demais herdeiros precisarão obrigatoriamente dar bem móvel ou imóvel como garantia de que na eventualidade do ausente retornar e se deparando com o descuido dos bens, os mesmos experimentam prejuízo, assim os bens do herdeiro serão utilizados para recompor os bens do desaparecido. Se o irmão, por exemplo, não puder ou quiser prestar caução, os bens continuarão administrados pelo curador. Na sucessão provisória, será possível, ainda, que os herdeiros percebam os frutos, os rendimentos que os bens do ausente podem oferecer. Apenas irmãos, sobrinhos, tios e primos precisarão depositar em juízo metade do valor dos frutos, fazendo o uso do restante do valor a seu critério, sem qualquer satisfação. Caso o ausente apareça, não terá direito a metade já utilizada e quanto ao valor depositado, caso justifique o seu desaparecimento, levantará para si. Caso não justifique o ausente perderá ainda a metade depositada, assumindo o seu imóvel ou móvel a partir de então. A sucessão provisória devera obedecer ao prazo previsto no art. 26, podendo se afirmar que se não foi ultrapassado a primeira etapa porque o individuo deixou o procurador com poderes para administrar seu patrimônio, no momento da sucessão provisória o juiz declarará também a ausência. Apos dez anos de sucessão provisória, o magistrado a declarará como sucessão definitiva e neste momento determinará ao cartório do RCPN o registro do óbito. Então herdeiros poderão dar qualquer destinação aos bens, sem qualquer restrição e os irmãos poderão levantar as cauções eventualmente prestadas, bem como o valor ainda depositado. Mesmo após a sucessão definitiva, caso o ausente agora falecido reapareça, terá direito aos bens ou seus valores no estado em questão. 24/08 Domicílio A caracterização do domicílio é fundamental porque o CC a todo o momento o menciona como se extrai do art. 1.785, mas principalmente é utilizado como critério de fixação de competência para a propositura de ações cíveis na forma do art46 do CPC. O domicílio em regra é voluntário, podendo, livremente, ser escolhido pela Pessoa Natural e Geral, na medida em que diz respeito a todas as relações jurídicas daquele indivíduo. Na forma do art70 o domicílio é composto de um elemento objetivo, a residência e outro subjetivo que vem a ser a intenção de ali permanecer com estabilidade. A residência é onde o indivíduo tem o centro de suas atividades profissionais, educacionais, de lazer, familiar, de maneira que é perfeitamente possível que uma pessoa tenha mais de uma residência, como aquele que possui casa na praia. O animo definitivo pode ser compreendido pela coletividade, porque ali o indivíduo tem sua família estabelecida, passa a maior parte do seu tempo, ou então, porque declara perante a Receita Federal que ali é seu domicílio, dentre outras condutas. Embora qualquer um possa escolher seu domicílio, há casos que ocorrem o chamado domicílio necessário, em que não é possível escolher seu domicílio. Ora pela total impossibilidade de fazê-lo, como o preso, ora por conta de opção profissional, como um servidor público, demostrado no art76. O art78 prevê o chamado domicílio de eleição que é estabelecido expressamente em contrato com o objetivo de afastar o domicílio geral de uma ou de ambas as partes regendo, assim, as duvidas provenientes da sua celebração. É percebida através da clausula que contém os seguintes dizeres: “As partes elegem a comarca de NOVA FRIBURGO para decidir as questões provenientes do presente contrato” A clausula que afasta o domicílio geral só não é válida, se preenchidos três requisitos em conjunto contido entre as partes for: de adesão, de relação de consumoe, por fim, se a escolha do local coloca o indivíduo em extrema dificuldade ou total impossibilidade de acesso à justiça. Preenchidos estes requisitos a clausula de eleição de foro é nula, se valendo do domicílio geral do consumidor para regular a relação, em específico. Os artigos 71-73 tratam das exceções concernentes ao domicílio. Inicialmente, aquele indivíduo que não possui lugar específico de centro de atividades como o morador de rua, membro de circos ou nômades, poderá ser exigido o lugar onde foi encontrado. Aquele que possua residência em duas localidades dividindo seu tempo igualitariamente entre elas terá como domicílio qualquer uma delas. Por fim, é comum que a pessoa tenha domicílio voluntário em determinada localidade e “exerça” suas atividades profissionais na própria e em outras, nesse contexto poderá se valer do domicílio profissional em detrimento do geral, como prevê o art. 72. Ex: Um dentista com domicílio geral em Nova Friburgo, atende, também, em Bom Jardim, e um cliente desta localidade o aciona judicialmente, valerá então o domicílio profissional, bom Jardim, em detrimento de Nova Friburgo. Nascituro O CC atual deixou de resolver a questão da aquisição de personalidade pelo nascituro, existindo três teorias sobre o assunto. São elas a natalista, condicionalista e a concepcionalista. Na terceira, a concepcionalista, é preciso reconhecer a capacidade de direito dos mesmos pela possibilidade se ser titular de um direito e, por consequência, de sua personalidade, na medida em que apenas pessoas podem ser titulares de direitos e obrigações. Teoria natalista (tradicional): defende a ideia de que só o nascimento com vida confere personalidade e, antes disso, a norma simplesmente cria um sistema de proteção, em favor do ser em potencial. Teoria condicionalista: defende que a personalidade está sujeita a um evento futuro incerto, o nascimento com vida, porém apenas no que diz respeito aos direitos de caráter patrimonial, uma vez que alguns direitos da personalidade como vida e direito a uma gestação saudável já são concedidos ao nascituro. Teoria concepcionalista: defende que desde a fecundação há personalidade, com o argumento que a norma confere direitos ao nascituro, mesmo que eventuais já que dependem do nascimento com vida. 25/08 Pessoa Jurídica Enquanto pessoa jurídica de Direito Público Interno pode ser criada e extinta por lei, a PJ de Direito Privado tem sua formação por duas etapas que se complementam: a elaboração do ato constitutivo e o registro subsequente. O primeiro vem a ser o documento formal que revela todos os dados de importância sobre a criação, funcionamento e extinção da PJ, devendo constar no documento a finalidade, domicílio, forma de administração e etc. O referido instrumento produz apenas eficácia entre os envolvidos, de maneira que precisa ser levado à registro junto ao órgão competente para que obtenha eficácia erga omnes. Em se tratando de sociedade o registro é feito perante a junta comercial, as demais ao RCPJ. RCPJ: Registro Civil da Pessoa Jurídica Personalidade da PJ Na forma do art45 do CC, a aquisição de personalidade está condicionada ao registro junto ao órgão competente sendo, portanto, o mesmo constitutivo da personalidade e não declaratório como da pessoa natural. A partir desse momento a PJ passa a praticar calidamente todos os atos da vida civil possuindo a partir de então capacidade de Direito. A aquisição de personalidade confere a PJ capacidade de fato, porém essa capacidade é restrita a finalidades tratadas no ato constitutivo. A vantagem de proceder como determina a norma é que todos os direitos e obrigações, não poderão, em princípio, ser estendidos aos sócios, que não responderão com seu patrimônio pessoal pelas dividas adquiridas. Nas sociedades de fato e irregular a situação é diferente, no primeiro caso, pois as sociedades sequer possuem ato constitutivo. E no segundo porque o registro não revela o atual funcionamento da PJ, uma vez que as alterações posteriores não foram levadas a orgão competente. Nessas circunstâncias tanto a sociedade como o sócio que por ela contratou poderão ser diretamente responsáveis em satisfazer a obrigação, e na eventualidade de não possuir patrimônio os demais sócios serão igualmente responsabilizados, chamados a pagar a dívida. A aquisição válida da personalidade confere a PJ a possibilidade de se relacionar junto à coletividade. Os entes despersonalizados que são criados a partir de uma união de pessoas ou de patrimônios, não possuem em sua instituição essa finalidade, já que o patrimônio já está criado ou os indivíduos estão reunidos sem objetivo de contrair direitos e obrigações junto à coletividade. Como: condomínio, família, massa falida, espólio, e a herança vacante e jacente. A massa falida é criada quando o juiz extingue a personalidade da PJ e cria este patrimônio para que as obrigações da extinta PJ possam ser satisfeitos na medida do possível. No Espólio estamos diante do patrimônio do falecido que deverá, em um primeiro momento, suportar suas dívidas para que logo após, o patrimônio residual seja entregue aos herdeiros. Por fim as heranças vacante e jacentes o indivíduo falece sem deixar herdeiros e o patrimônio fica sob administração de um curador até que apareçam herdeiros, ou, então, que seja entregue ao município onde estão situados os imóveis. Embora alguns direitos da personalidade sejam exclusivos de Pessoa Natural como: vida, integridade física, liberdade de crença, a PJ pode experimentar direitos dessa natureza, em especial a honra objetiva que está relacionada ao conceito que se goza perante a coletividade. A ofensa, reputação ao nome da PJ permite o pedido de indenização por dano moral, na forma da súmula 227, do STJ. E ainda é possível que determinados atos contra a PJ de Direito Privado permita que a mesma requeira o chamado dano patrimonial em suas duas possibilidades: dano emergente e lucro cessante. Dano patrimonial: Perda imediata patrimonial do indivíduo analisando o patrimônio da vítima no momento do fato; Lucro cessante: O que se deixou de lucrar, projetando o patrimônio da vítima para o futuro, valendo-se da razoabilidade. 31/08 Aquele que contratar uma PJ de Direito Privado deve ter o cuidado de saber se o indivíduo que se apresenta como representante, realmente possui poderes para tanto. Caso contrário, eventual obrigação por ele assumida não poderá ser estendida à PJ. A Doutrina e a Jurisprudência, no curso dos anos, desenvolveram a chamada Teoria da Aparência permitindo, excepcionalmente, responsabilizar a PJ mesmo não tendo um indivíduo, que por ela contratou, poderes para tanto. Para que isso aconteça, será necessário identificar a conduta reiterada do indivíduo associada ao conhecimento da PJ que não toma qualquer atitude no sentido de evitar que isso aconteça. Essa circunstância atrelada ao fato de que a coletividade é legitimamente levada a crer que aquela atuação é legítima, permitindo-se, então, a aplicação da Teoria da Aparência. A jurisprudência também reconhece sua aplicação entre duas pessoas jurídicas. Danos causados pela PJ, direito Público e Privado A responsabilidade civil da PJ pelos atos de deus agentes variará dependendo da modalidade de PJ tratada no caso concreto. Em se tratando de PJ de Direito Público interno, a situação será regulada pelos artigos 43 CC/2002 e 37 parágrafo 6° CF/88. A vítima dispõe do prazo de 5 anos para ajuizar a ação indenizatória, ação essa que deverá ser proposta contra a PJ de Direito Público interno, na medida em que o entendimento pacífico é no sentido de que a norma constitucional estabeleceu verdadeira proteção em favor do consumidor que, se pudesse ser acionado diretamente, comprometeria ainda mais a prestaçãodo serviço público pelo justo receio de ser cobrado civilmente, respondendo com o seu patrimônio pessoal. O ajuizamento da ação contra a PJ representa, ainda, grande vantagem, na medida em que a responsabilidade da PJ por ato de seus agentes é objetiva, ou seja, basta que fique caracterizado que a ação ou omissão do agente público é causa direta para o dano, independente de discussão sobre o dolo ou culpa para que a PJ seja obrigada a arcar com aquele prejuízo. Após ser obrigada ao pagamento, poderá recobrar seu prejuízo do agente público, porém, neste caso, a responsabilidade do mesmo é subjetiva, ou seja, sujeita a caracterização do dolo ou culpa. A expressão, nessa qualidade, prevista em ambos os artigos não significa que o agente necessite estar no efetivo desempenho do serviço público, bastando que fique caraterizado que o cargo interferiu na prática do ilícito. Em PJ de Direito Privado que não se qualifique como prestadora de serviço público, a situação será regulada pelo artigo 932, III do CC/2002. Inicialmente, o prazo para a ação será de 3 anos na forma do artigo 206, parágrafo 3°, V do CC/2002. A vitima poderá direcionar a sua ação tanto contra o agente quanto contra a PJ de Direito Privado e, em qualquer circunstância, deverá ficar caracterizada a culpa ou dolo do agente, o causador do dano e caso isto fique comprovado, a PJ é imediatamente responsabilizada pelos atos de seu agente presumindo-se sem possibilidade de prova em contrário a culpa por ter escolhido mal aquele funcionário. Corporações: Sociedades, associações, fundações As corporações podem ser identificadas por uma união de pessoas que reúnem seus esforços com o objetivo de atender uma finalidade previamente delimitada. São espécies de corporações as associações e as sociedades. Nas sociedades a reunião entre os sócios tem o objetivo de perseguir o lucro. Nas associações teremos uma finalidade não lucrativa. Muito embora uma associação possa, eventualmente, desenvolver uma atividade rentável, como a venda de um bem ou a realização de um show, por exemplo, tudo aquilo que for apurado deverá ser revertido em favor da própria finalidade associativa que jamais buscará o lucro. Servem de exemplo as associações de classe, clubes, associações de moradores etc. A CF/88 precisou no artigo 5°, XVII a XXI trata do tema como uma garantia individual, na medida em que, até o advento da CF de 88, o direito associativo era vedado de forma que o legislador constitucional precisou prevê-lo expressamente. 01/09 Associações A CF assegura o direito de todo e qualquer indivíduo de criar uma associação, de se associar, bem como se desassociar a qualquer momento. Porém, excepcionalmente, a jurisprudência tem a admitido que o indivíduo poderá ser exigido pela taxa associativa desde que fique caracterizado que a associação obtém benefício direto e imediato em favor daquela pessoa física ou jurídica. O ato constitutivo de uma associação é chamado de estatuto e o seu registro deve ser feito junto ao RCPJ. A partir disso a associação poderá promover medidas judiciais em favor dos associados exigindo-se apenas a chamada pertinência temática, ou seja, aquilo discutido no processo judicial deve estar relacionado aos objetivos traçados no ato constitutivo. Ex: Associações de moradores não podem promover medidas judiciais que discutam o aumento de faixa etária dos planos de saúde. O ato constitutivo de uma associação deve conter todos os requisitos previstos no artigo 54 do CC. Caso o estatuto seja elaborado e registrado sem prever uma das exigências, será possível requerer a anulação do ato e por consequência ser decretada a perda da personalidade no prazo traçado no artigo 45 parágrafo único. Exclusão de um associado Embora o associado possa, livremente, se associar e desassociar, a sua exclusão deve ser precedida de procedimento administrativo previsto no ato constitutivo. Neste procedimento, deverá ser assegurado, obrigatoriamente, ao indivíduo o direito ao contraditório, de maneira que só após ser oferecida a sua defesa eles que poderá ser excluído daquela associação. A norma exige a justa causa deixando de definir o que seja considerando com base no princípio da operabilidade que caberá ao magistrado, dependendo da espécie de associação entender se a conduta adotada vai ou não de encontro à finalidade prevista no ato constitutivo. Caso a exclusão seja realizada sem obedecer ao procedimento, ou até mesmo por não estar previsto no estatuto, poderá o associado ajuizar medida judicial para ser reintegrado àquela associação - artigo 57. Direitos do Associado O estatuto pode prever direitos diferenciados a depender da qualidade de associado. Tais direitos não poderão ir de encontro à finalidade prevista no ato constitutivo, tal como ocorreria em proibir de determinado grupo de associados de frequentar a sede da PJ. Em princípio, o associado que vier a falecer e tenha a intenção de vender ou doar a sua participação naquela associação não poderá fazê-lo, seja porque a qualidade de associado é personalíssima, ou ainda porque a PJ precisa ter a oportunidade de manifestar seu interesse em ter aquele novo indivíduo como associado. Trata-se de norma dispositiva e não imperativa (cogente) traçada no artigo 56. Normas dispositivas: podem ser afastadas pelo acordo de vontade, de forma que a norma só incidirá na falta de disposição encontrada. Art56 As normas imperativas (cogentes): não admitem ser afastadas pelo interesse das partes. Devem ser cumpridas. Art59 Fim das Associações A norma prevista no art59 é imperativa, ou seja, é de atribuição exclusiva dá assembleia tomar as decisões ali previstas de maneira que o estatuto não pode estipular em contrato. Todas as demais deliberações poderão ser tomadas pelo órgão que o estatuto indicar como diretorias conselhos e etc. A extinção de uma PJ, associação, se dará com a baixa do ato constitutivo junto ao SPCJ devendo ser decidido o destino a ser dado ao patrimônio eventualmente existente. Caso o patrimônio conferido pelo instituidor que ajudou a criação da associação ainda exista este será ressarcido. As taxas associativas não serão entregues aos associados e o patrimônio remanescente terá o destino que o ato constitutivo prevê. O estatuto sendo omisso os associados decidirão e de acordo com a norma, art. 61 deverá ser destinado à associação pública. O enunciado 407 da jornada de Direito Civil prevê, porém a possibilidade dos associados darem a esse patrimônio o destino em favor de uma outra associação ou entidade que não possua finalidade econômica. Princípio da operabilidade: são aqueles que impõem prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana. Fundações As fundações tal como associações buscam uma atividade não lucrativa, embora o art62, pg. único, tenha previsto um rol de atividades que poderiam ensejar a criação de uma fundação. A maioria da doutrina entende que o rol ali previsto seja exemplificativo e não taxativo de maneira que é admissível a criação de uma fundação com outras finalidades. A fundação é criada a partir do patrimônio de uma pessoa física ou jurídica e é justamente esse patrimônio que permitirá que tal PJ possa alcançar seus objetivos. O instituidor de uma fundação não é dono da mesma, até porque a fundação possui personalidade jurídica própria e dessa forma não é obrigado a mantê-la indefinidamente. De exemplo as fundações: Ayrton Sena, Gol de Letra, Getúlio Vargas, Roberto Marinho. A criação de uma fundação passa inicialmente pela escritura pública ou testamento momento em que é obrigatório que o indivíduo que pretende instituir a PJ deverá declarar quanto pretende afetar, separar de seu patrimônio pessoalpara a criação daquela PJ determinando ainda qual a finalidade que se pretende alcançar e caso queira indicar a pessoa de sua confiança que elaborará p ato constitutivo. Embora a PJ não esteja ainda formalmente criada, no momento que o indivíduo faz a escritura pública assume a obrigação de criar a PJ e caso não proceda a entrega espontânea dos bens ou valores prometidos poderá ser exigido através do MP estadual, a entregar aqueles valores ou patrimônio e caso esses valores não sejam suficientes para criar a PJ pretendida os bens serão incorporados a uma outra fundação com finalidade semelhantes ou idênticas de maneira que o indivíduo, de qualquer forma, deverá entregar aqueles bens. Após a escritura pública ou testamento o ato constitutivo deverá ser elaborado pela pessoa indicada pelo instituidor existindo sempre o controle do MP na medida em que o objetivo da criação daquela fundação pode não ser lícito de maneira que o MP Estadual participará da criação, funcionamento e extinção daquela PJ. A elaboração do ato constitutivo passará pela análise do MP e caso exista questão jurídica levantada entre ele e a pessoa indicava pelo instituidor caberá ao judiciário a resolução desta questão. Aprovado, o estatuto será levado a registro junto ao RCPJ. O estatuto não é imutável, porém sua modificação passará por análise do MP e eventualmente por autorização judicial. Não basta assim que os administradores da fundação pretendam modificar o estatuto. Finda a fundação por uma das circunstâncias previstas no art. 69 deverá ser realizada a baixa do ato constitutivo junto ao RCPJ. O patrimônio eventualmente existente jamais retornará ao instituidor e caso o estatuto não preveja seu destino incumbirá o magistrado decidir a qual outra fundação será entregue aquele patrimônio. 08/09 Teoria da Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica de Direito Privado A grande vantagem de realizar o registro do ato constitutivo junto ao órgão competente é justamente identificar a separação patrimonial e por consequência o fato de que direitos e obrigações contraídos pela PJ apenas em relação a ela poderão ser exercitados de forma que em princípio não será possível alcançar o patrimônio dos seus sócios, administradores, diretores ou de qualquer pessoa que exerça cargo de decisão aquela PJ. Porém, no curso dos Anos, aqueles indivíduos que deveriam ser os primeiros a respeitar essa separação patrimonial e de personalidades começam a adotar uma série de comportamentos que demonstram que não procedem dessa forma. Servem de exemplo as seguintes hipóteses: o administrador de uma fundação que faz uso de cheque da PJ para quitar suas dívidas pessoais (confusão patrimonial), a sociedade que tem por finalidade a exploração de moda íntima e sem alterar o ato constitutivo começa a desenvolver outras atividades, a colocação de uma sociedade em nome de laranja e por fim o desvio de verba de uma associação, por exemplo, para o patrimônio de seu presidente. Em todas essas hipóteses, como o indivíduo atua desrespeitando aquilo que deveria ser o primeiro a respeitar, foi desenvolvida, a partir de então, a chamada Teoria da Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica permitindo-se, excepcionalmente, que se pudesse alcançar o patrimônio dos membros da PJ quando ficasse evidente o abuso da personalidade, de maneira que não seria justo impor ao credor que não receba o seu crédito quando ficar evidenciado que a PJ não tem patrimônio e o diretor, sócio ou administrador alega, mesmo tendo agido indevidamente, que não pode ser responsabilizado por dívidas da PJ. A jurisprudência tem entendido que a má administração por parte dos membros e o simples encerramento das atividades sem realizar a baixa do ato constitutivo não são suficientes ao pedido de desconsideração. O CPC prevê expressamente procedimento para o incidente de desconsideração. Assim, paralelamente a ação de cobrança oi qualquer outra em que se pretenda o recebimento de um crédito o credor interessado oferecerá o incidente de desconsideração e o magistrado, após ouvir o sócio ou qualquer outra PN indicada pelo credor, decidirá se deve ou não desconsiderar. A responsabilidade do membro da PJ é subsidiária, ou seja, só é possível se alcançar o seu patrimônio caso fique caracterizado que a PJ não possui renda suficiente aquele pagamento. O incidente só será acolhido diante do membro da PJ que praticou a conduta indevida, de maneira que não é possível como regra estender a obrigação a todos. O artigo 50 do CC adotou a Teoria Maior Objetiva da Desconsideração exigindo assim para que se alcance o patrimônio do membro da PJ a insuficiência patrimonial por parte dela aliada a prática de algum ato que revele abuso de personalidade pouco importando se o integrante da PJ tinha ou não intenção em pratica-lo. A adoção da Teoria Maior Subjetiva exigiria ainda que o credor da PJ provasse que o integrante tinha a intenção em prejudicar terceiro ao adotar aquela conduta o que dificilmente seria comprovado e por consequência esvaziaria a aplicação da desconsideração. A Teoria Menor da Desconsideração representa um grande temor aos membros da PJ considerando que para a sua aplicação é necessário apenas que fique constatada a insuficiência patrimonial pouco importando se algum membro da PJ praticou algum ato e revele abuso de personalidade. Assim, mesmo a responsabilidade permanecendo subsidiária, não se discute qualquer conduta lesiva. Dessa forma, todos os sócios e membros da PJ serão responsáveis por arcar com aquela dívida bastando para tanto que a PJ não possua patrimônio. A jurisprudência prevê ainda a chamada Desconsideração Inversa, em que se pretende alcançar o patrimônio da PJ para que responda por dívidas de seus membros. Trata-se de pedido de Desconsideração habitualmente realizado em processos de divórcio quando um dos cônjuges entende que o outro desviou patrimônio do casal para a PJ com o objetivo de diminuir o patrimônio do casal por ocasião da partilha do divórcio. Ajuizado o pedido de Desconsideração na forma prevista no CPC e comprovado que aquilo foi feito, o juiz determinará que aqueles bens ou valores retornem ao patrimônio do casal para que sejam devidamente partilhados. 14/09 Direitos da Personalidade O CC/16 não tratou os direitos da personalidade considerando que naquele momento a única preocupação da norma estava relacionada à proteção do patrimônio. A CF/88 traz em seu texto direitos desta natureza como com o objetivo de reafirmar a tutela da dignidade da pessoa humana. O Código atual em 11 artigos trata de alguns direitos desta espécie bem como de algumas características que em 2002 eram, intensamente, debatidos pela doutrina e jurisprudência. Embora alguns afirmem que o fundamento de validade destes direitos seja a norma, direito positivo, a maioria da Doutrina entende que seja a própria condição do ser humano que faz surgir os direitos da personalidade de maneira que apesar da norma tratar de vários direitos da natureza é perfeitamente possível o aparecimento de novos a cada dia. O direito ao esquecimento consagrado no enunciado 531 é prova de que é o Direito Natural o fundamento de validade destes direitos. O indivíduo envolvido em fato público e/ou notório, pode após ultrapassado um tempo razoável, exigir que sua imagem e/ou nome não sejam mais vinculados ao ato pretérito, podendo ainda exigir compensação moral, caso a divulgação aconteça sem sua autorização. Direitos: A doutrina aponta a presença de características dos direitos da personalidade. Inicialmente: 1. são absolutos, ou seja, oponíveis erga omnes, na medida que toda a coletividade tem o dever de respeitar os direitos da personalidade de cada um; 2. São também inerentes à condição de ser humano, independentede raça, cor, posição social, etc; 3. São ainda vitalícios, acompanhando o indivíduo desde nascituros até a morte. A possibilidade de elaboração de um Testamento Vital reforça a ideia que a pessoa natural tem direito a uma existência digna e não a qualquer existência, de forma que poderá elaborar documento escrito desde que possua capacidade civil plena, deixando claro que na certeza do óbito não pretende ser submetido à tratamentos que prolonguem, sem possibilidade de sucesso, sua existência, como ser entubado. O Testamento Vital ê um desdobramento lógico do art15 do CC, bem como do enunciado 533 da Jornada de Direto Civil que consagra consentimento esclarecido, que a PN deve ser informada sob as implicações que o procedimento poderá ocasionar, antes de deliberar sua realização ou não; 4. Impenhorabilidade: os direitos dessa natureza não se configuram como objetivo de apreensão judicial para pagamentos de dividas do seu titular seja porque são direitos abstratos ou, então, porque são essenciais ao atendimento da dignidade da pessoa humana, de maneira que não é possível o indivíduo fique deles desprovido; 5. São imprescritíveis, ou seja, o não exercício prolongado de um, ou mais destes direitos, não faz com que o titular perca a oportunidade de exercê-los, em momento superveniente. O indivíduo sofredor de violação sistemática aos direitos de sua personalidade pode exigir em qualquer momento e não mais tolerar a ofensa contínua. Porém ocorrendo lesão, o prejudicado, dispõe do prazo de três anos para requerer indenização, na forma do art206,pg. 3, V 6. A morte do titular colocará fim aos seus direitos que não se transmitem aos herdeiros e, da mesma forma, não poderão ser alienados a título oneroso ou gratuito a quem quer que seja, a exceção está relacionada ao óbito quando os herdeiros, previstos no art 12, pq único, passam a defender os direitos da personalidade a ele inerentes e não ao morto, direito esse que seria o respeito ao sentimento pela morte dos familiares. 7. Irrenunciáveis: não se é possível abrir mão de direto dessa natureza. A própria norma aponta algumas exceções merecendo destaque à imagem em que o indivíduo jamais poderá abrir mão de possui-la, porém poderá ceder seu título a terceiros a titulo oneroso ou gratuito. A sessão da imagem exige apenas que tenha um prazo específico e que tenha finalidade previamente estipulada pelo titular e pelo secionaria. 15/09 Sobre transgenitalização O art.13 permite a lesão à integridade física desde que, por exigência médica, o que se verifica naqueles indivíduos que não se identificam com a sua identidade sexual. O transtorno de gênero tem laudo de um psiquiatra que atesta a pessoa não possuidora de uma identidade de seu gênero a seu corpo. A cirurgia de transgenitalização, popularmente conhecida como de mudança de sexo, não tem como feito imediato à mudança registral. Assim, o interessado deverá ajuizar ação de alteração de registro civil para modificação de seu nome e de seu sexo junto ao RCPN. Recentemente, o STJ admitiu a mudança registral de nome e sexo independente da prévia cirurgia mutiladora, em observância do princípio da dignidade da pessoa humana. Transplante de órgãos A outra hipótese em que se autoriza a lesão à integridade física está relacionada ao transplante de órgãos que em nosso ordenamento é regulado pela lei especial 9434/97. Inicialmente só é possível a doação de órgãos, jamais transações comerciais, e apenas de órgãos duplos e que se regeneram como tecidos, fígado e medula. Em hipótese alguma será admitido que o indivíduo sacrifique sua vida em prol de outrem. A doação deve ser feita por escrito, como regra, em favor de parentes indicado no art.9 da lei especial, exigindo somente a ida ao judiciário quando se pretender doar a doação em favor de estranho para que se investigue à realização de forma gratuita. A doação é revogável até a data da intervenção cirúrgica. Em se tratando de incapaz o art.9, pg. 6 da norma prevê apenas a medula óssea, mesmo assim com autorização do representante e judicial. O estatuto do deficiente, no art.85, pg. 1 proíbe a lesão à integridade física do incapaz por falta de discernimento, uma vez que interpretando literalmente as duas normas o transplante de medula só é admitido pelo incapaz menor e com autorização dos pais e do judicial. Quanto à doação Post-Mortem Na doação post-mortem o plenamente capaz em vida pode optar em ser ou não doador e a família, por ocasião de seu óbito, deve respeitar sua vontade, só podendo dar destinação a que bem entender em caso do indivíduo em vida não se manifestar quanto à opção. E ao incapaz seus familiares decidirão por ele. A defesa dos direitos da personalidade é feita através do uso da tutela inibitória e da tutela condenatória. Tutela inibitória: A lesão não aconteceu ainda, dessa forma é uma tutela preventiva. O indivíduo ou seus familiares deverão ajuizar medida judicial para evitar que aconteça. Tutela condenatória: implica em reconhecer que a lesão já se concretizou, ensejando possível dano. Sobre os danos: 1. Danos patrimoniais (material): pelos danos emergentes que podem ser exemplificados pelos gastos médicos, fisioterápico, etc, e o lucro cessante como período pelo qual o indivíduo deixou de trabalhar, comprovadamente. 2. Danos Morais: quando ficar caracterizado que estamos diante de uma lesão à direito da personalidade merecedor de proteção pelo judiciário pelas repercussões internas, subjetivas que o mesmo apresenta. 3. Dano estético: na forma da súmula 387 do STJ o pedido de dano estético desvinculado do dano moral. O dano estético, como autônomo, pode ser conceituado como lesão à integridade física em caráter permanente ou duradouro. Embora estejam habitualmente relacionada à danos aparentes, a jurisprudência consagra este dano pela perda de órgãos, ou de função interna do organismo. 4. Dano à imagem: existe, ainda, a caracterização do dano à imagem, como dano autônomo. Se por um lado o indivíduo deve autorizar a exibição de sua imagem, as pessoas públicas não gozam dessa proteção em locais públicos. A mera exibição sem a autorização de uma pessoa, não pública, autoriza a aplicação da súmula 403 do STJ. E dependendo da exibição poderá ensejando dano moral se ficar provada a repercussão interna na conduta e eventual lucro cessante, se o divulgador lucrou com a divulgação e não repassou a pessoa. Pessoas públicas têm direito a dano à imagem e dependendo do caso, também ao dano moral caso estejam em sua intimidade. 21/09 É perfeitamente comum que o magistrado ao solucionar um caso concreto se depare com dois ou mais direitos da personalidade que, naquele momento, estejam em conflito, de maneira que o juiz precisará resguardar um em detrimento do outro. Inicialmente é possível identificar conflito entre o direito a vida de um lado e de outro a liberdade de crença, o que levou ao enunciado 403 da Jornada de Direito Civil que prevê três requisitos específicos para que o indivíduo possa deixar de realizar a intervenção cirúrgica. Em se tratando de incapaz, seus pais, tutores ou curadores não poderão decidir por ele cabendo ao MP ajuizar medida judicial para obrigar a transfusão. Outro conflito habitualmente levado ao judiciário diz respeito de um lado o direito de informação, liberdade de imprensa, e de outro lado a preservação da intimidade e a vida privada. Por mais que a divulgação de escritos, conversas e imagens devam ser preferencialmente autorizadas, admite-se e com fundamento no art. 20, a divulgação não autorizada, toda vez que a circunstância for essencial à formação da opinião pública, do interesse público. Assim, sendo Pessoa Pública e em público, dependendo da natureza e dos fatos retratados bemcomo observando a real intenção da divulgação, a mesma poderá acontecer sem consentimento expresso do envolvido. Fatos da vida privada também podem ser levados a público se a pessoa se utiliza da circunstância em público, como bandeira ideológica, por exemplo. Direitos da Personalidade: nome O nome é composto obrigatoriamente de um prenome, simples ou composto, um sobrenome paterno e materno, e outros ainda contém a referência ao grau de parentesco, chamado de agnome. A liberdade na escola do prenome não é absoluta, considerando que a lei 6.015/73 não admite a escolha do prenome que espoe seu titular ao ridículo. Caso a família diante da recusa do RCPN ainda insista neste nome, caberá ao magistrado decidir se é possível aquele registro ou não, e se não os pais deverão escolher outro. Uma vez tendo sido realizada a escolha com o respectivo registro, o nome se torna imutável, admitindo-se modificação apenas nas situações previstas em lei. Até os 19 anos completos o interessado poderá ajuizar medida a ação de alteração de registro Civil para a modificação do seu prenome e sobrenome sem precisar de qualquer justificativa para tanto. Antes dos 18 anos em um processo de adoção de crianças ou adolescentes é perfeitamente possível a troca do prenome, sendo uma faculdade não obrigação. Em processo de naturalização do estrangeiro este último poderá adotar o prenome em nossa língua. Após os 19 anos completos aquele que pretender a modificação do prenome deverá não só ajuizar ação de alteração de registro civil, mas também justificar o seu pedido de mudança como se extrai do art. 57 da Lei 6.015/73, na medida em que a regra é a imutabilidade do nome. A própria lei especial prevê algumas hipóteses de troca do prenome como substituição do nome para apelidos públicos notórios, como, por exemplo, com o ator da Globo que quer fazer constar junto ao RCPN o seu nome artístico, a troca autorizada no art. 57, pg. 7 da mesma lei que trata do indivíduo inserido em programa de proteção a testemunha. Embora a lei especial trate de algumas situações específicas é possível a mudança desde que devidamente fundamentada como: existindo erro de grafia, transgêneros e outros. 22/09 Quanto à troca do sobrenome no processo de adoção de crianças ou adolescente é obrigatória à mudança, justamente para que se rompa o vínculo com os pais biológicos. No que diz respeito ao casamento a literalidade da norma permite apenas o acréscimo do sobrenome tanto pelo homem quanto pela mulher sendo a mudança facultativa e não obrigatória. Muito embora a norma autorize apenas o acréscimo os oficiais do cartório do Registro Civil autorizam sem participação do judiciário a supressão de um dos sobrenomes desde que mantido um de cada ascendente. Por ocasião do divórcio, caso a mudança tenha sido realizada, o cônjuge que modificou não poderá ser obrigado a voltar ao nome de solteiro, porque desde a mudança o sobrenome passou a ser seu direito da personalidade. Em todas as demais hipóteses, o indivíduo que pretender a mudança do sobrenome deverá ajuizar ação de alteração de Registro Civil justificando o pedido de mudança. A lei 6.015/73 prevê duas hipóteses específicas no art.57, pg. 2 e 8. Porém toda e qualquer situação poderá ensejar a troca do sobrenome desde que o judiciário com a participação do MP, se convença da necessidade da mudança, já que a regra é a imutabilidade. Bens Ainda na vigência do Código revogado ao devedor poderiam ser impostos sacrifícios econômicos que o colocassem em situação de penúria ou de miserabilidade para o pagamento de dívidas que ele, voluntariamente, teria assumido ou que tivesse sido obrigado por lei a realiza-las. Com o advento da CF/88 estabeleceu-se o princípio da dignidade da pessoa humana como principal valor a ser resguardado. A ideia de sacrifício exagerado e desumano por parte do devedor na realização de suas dívidas, foi reavaliada, de maneira que algumas normas e orientações jurisprudências caminharam para a ideia de preservar a aquilo que se convencionou chamar de mínimo existencial. Passou-se a estimular através de algumas leis e julgados a conservação de um patrimônio mínimo ao devedor que lhe permitisse atender as suas necessidades básicas, bem como pudesse através dessa conservação patrimonial se reerguer financeiramente. O principal reflexo deste movimento doutrinário é, sem dúvidas, a lei de 8.009/90, que instituiu o bem de família legal. A lei 8.009/90 consagra a impossibilidade de apreensão judicial do único imóvel do devedor para pagamento de suas dividas, mesmo nas hipóteses em que tenha contraído a dívida espontaneamente. A impenhorabilidade compreende o imóvel pertencente a toda e qualquer entidade familiar compreendendo o STJ, que se estende até mesmo ao imóvel pertencente ao homem solteiro. Os bens móveis, usualmente encontrados em uma família de classe média, também são protegidos pela lei. Os bens tratados no art. 2 poderão ser utilizados para o pagamento da dívida desde que o devedor não comprove que os tem consigo para uso profissional. Assim, o carro, em princípio, deverá ser alienado para pagamento da dívida desde que o devedor não comprove que faz uso do mesmo como instrumento profissional. Na hipótese do indivíduo possuir dois imóveis residenciais será utilizado o imóvel de maior valor mesmo que seja este o declarado como domicilio da entidade familiar, preservando a residência de menor valor, de forma a atender a dignidade da pessoa do devedor. Por certo que o imóvel mais caro só será sacrificado se o imóvel mais barato, não for suficiente para quitar a divida. O art.3 prevê alguns créditos que sujeitarão o devedor a perda de todos os seus bens para o pagamento das dívidas. Em algumas situações o legislador ponderou que alguns créditos devem ter maior proteção do que o único imóvel do devedor, como acontece na dívida de alimentos, IPTU, condomínio e a indenização proveniente de sentença penal condenatória. Em outras hipóteses o devedor contrai a dívida de má fé, e reverte tudo em favor do imóvel e depois pretende alegar a impenhorabilidade em relação àquele mesmo bem, como se extrai dos incisos II e IV do art.3. Bens móveis e imóveis A primeira classificação de bens prevista no código bem imóvel e móvel. A todo o momento, o legislador faz menção a essa classificação, tanto na parte geral quanto na especial, devido a sua enorme importância prática. As transações imobiliárias devem ser em regra documentadas por escritura pública, a venda ou doação de bens imóveis precisa da outorga uxória ou marital (uxórias: da mulher/ marital: marido). A aquisição da propriedade imóvel acontece em regra pelo registro junto ao Registro de Imóveis e os prazos de uso capião de bens imóveis são superiores a dos bens móveis. No que diz respeito aos bens móveis a transação envolvendo bens dessa natureza não precisa ser documentada, como regra, não necessita da autorização do cônjuge e aquisição da propriedade móvel se dá em regra pela tradição, pela entrega do bem ao comprador. Bens imóveis 1. Propriamente dito (solo): a rigor, somente o solo, com sua superfície, subsolo e espaço aéreo, é imóvel por natureza. Art.79 e art. 1.229 2. Por acessão natural: árvores e os frutos pendentes, bem como todos os acessórios e adjacências oriundas da natureza. Trata-se de acessões físicas ou naturais, por decorrerem de fenômenos naturais, sendo justaposições de imóvel a imóvel. Art.79 3. Por acessão artificial: é a produzida pelo trabalho do homem. São as construções e plantações. É tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada ao solo, os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano. Art.794. Definição legal: Trata-se de bens incorpóreos, imateriais (direitos), que não são em si, móveis ou imóveis. O legislador, no entanto, para maior segurança das relações jurídicas, os considera imóveis. Art.80 A classificação de bens imóveis por definição legal, passa pela classificação doutrinária de bens corpóreos e incorpóreos. Os primeiros são os bens concretos, suscetíveis ao toque e, portanto, de apreciação objetiva. Os incorpóreos são abstratos e que por esta razão, não são suscetíveis ao toque. O legislador, por uma simples opção ora resolve por bem trata-los como imóveis, ora como móveis. O direito a sucessão aberta é o direito do herdeiro do óbito até a partilha a concorrer ao espólio, patrimônio deixado pelo morto, que envolvem direitos e obrigações por ele deixadas. Até que se finalize o inventário as obrigações do falecido deverão ser pagas para que, então, os herdeiros recebam seus bens de maneira que concorrem, tem direito de participar de um patrimônio que é situação jurídica abstrata. A retirada momentânea de bens da coisa imóvel como vitrais, azulejos e etc. para serem reempregados não afastam a qualidade desse bem como imóvel. Bens Móveis 1. Propriamente dito: são os que admitem remoção por força alheia, sem dano, como os objetos inanimados, não imobilizados por sua destinação. Art.82 2. Semoventes: são os que se movem de um lugar para outro, por força própria (ex.: animais). Art.82 3. Por definição legal: são bens incorpóreos ou imateriais que adquirem a qualidade de bens móveis por expressa previsão em lei. Art.83 4. Por antecipação: são os bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e convertê-los em móveis, por exemplo, as árvores destinadas ao corte e/ou os frutos ainda não colhidos. A classificação de bens móveis também prevê o móvel por definição legal que são bens incorpóreos que o legislador resolveu por bem, tratar como móveis, como energias elétricas e hidráulicas e a indenização por ofensa ao direito da personalidade. No curso dos anos a doutrina consagrou a existência dos móveis por antecipação que no momento em que o negócio jurídico é pactuado estão ainda imobilizados, mas para facilitar a sua mobilização econômica, já podem ser tratados como bens móveis. Na forma do art.108 como as transações envolvendo imóveis exigem como regra a escritura pública à criação dos móveis por antecipação permite que esses bens de imediato sejam tratados como móveis. Assim, a compra de eucaliptos ainda plantados revela a presença de um imóvel por acessão artificial que pode ser, antecipadamente, tratado como móvel de maneira a negocia-lo por documento particular.