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Infância: Conceito Social e Cultural

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Aula 01: Infância: Conceito Social
Normalmente, associa-se a infância a imagens de crianças saudáveis e felizes, brincando descontraídas, sem preocupações, envolvidas em tarefas que pertençam somente a atividade lúdica em que estão concentradas no momento, geralmente, acompanhadas de um olhar atento de um adulto que as observa e procura suprir as suas necessidades.
	Atualmente, algumas ciências nos permitem obter conhecimentos específicos a respeito de ser criança e de ter infância.  Uma criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas a partir do nascimento até um mês de idade; bebê, entre o segundo e o décimo oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito meses até oito anos de idade. A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo primeiro ano de vida de uma pessoa.
	Aries (1975) em seu livro História Social da Infância e da Família desenvolveu um rico estudo a respeito da lenta transformação da criança e da família na Europa Ocidental. “Na idade média, no inicio dos tempos modernos, e por muito tempo ainda nas classes populares, as crianças misturavam-se com os adultos assim que eram consideradas capazes de dispensar a ajuda das mães ou das amas, poucos anos depois de um desmame tardio – ou seja, aproximadamente, aos sete anos de idade... A partir desse momento ingressavam imediatamente na grande comunidade dos homens, participando com seus amigos jovens ou velhos do trabalho e dos jogos de todos os dias. (Aries 1975, p275). 
	Você sabia que durante muito tempo o lugar da criança esteve atrelado ao papel da mulher na sociedade? ARROYO (1994) ressalta que com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a configuração da família mudou recebendo novas formas de organização. Este aspecto modificou a maneira de educar a criança que atualmente entra em um mundo social amplo bem mais cedo, em comparação com as crianças de outros períodos históricos. Até aqui destacamos principalmente um modelo Europeu de construção de infância, porém estudando especificamente, a organização da sociedade brasileira é importante destacar o momento da consolidação do Brasil colonial.
O tratamento a criança na cultura indígena:
	Estudos descrevem que os pais das crianças indígenas na época do Brasil Colonial eram atenciosos, amorosos e costumavam participar da vida de seus filhos desde o nascimento. Poderiam oferecer qualquer coisa àqueles que dessem atenção as suas crianças.
	Os adultos tratavam as crianças com respeito. Não existiam castigos ou agressões físicas e todos os membros da tribo se sentiam  responsáveis pela criança. Alguns estudos indicam que ainda hoje a criança indígena é bem tratada pelos membros de sua tribo, como é o caso da tribo dos Yanomami.
	É possível perceber que a cultura indígena em geral respeita a criança e procura acompanhá-la, oferecendo as condições necessárias para que se constitua um ser humano capaz de assumir o seu lugar na sociedade, a partir de uma infância livre e amorosa.
As amas de leite – a influência dos negros
	Ao chegarem ao Brasil, os negros não trouxeram crianças, pois o trabalho escravo era destinado aos adultos do sexo masculino. As crianças negras na época do Brasil colonial nasceram em nosso país, e ao chegarem ao mundo já eram consideradas escravas, sem direito a liberdade e a poucos cuidados maternos, uma vez que suas mães amamentavam os filhos das mulheres brancas que não cuidavam de suas próprias crias.
	Segundo Gilberto Freire, as “mães negras” inundaram a imaginação infantil com um folclore riquíssimo de assombrações e criaturas estranhas, como o boitatá e o “mão de cabelo”, que tiravam o sono dos meninos malcriados, perambulando pelas casas grandes e senzalas. É possível afirmar que as crianças negras e escravas tiveram pouco tempo e espaço para ser criança durante a infância. Viveram em um período em que era permitida a exploração de seu corpo que nem mesmo lhe pertencia.
A infância em diferentes locais
	Atualmente, ao ilustrar as diferentes infâncias, considerando as variadas culturas, podemos afirmar que viver na zona rural ou na zona urbana também é um fator que interfere ativamente na maneira como uma criança irá viver a infância. O campo, apesar de oferecer mais espaço e liberdade para as crianças, muitas vezes as obriga a entrar no mundo do trabalho precocemente, uma vez que o filho pode acompanhar o pai na plantação ou na criação de animais. Este aspecto acaba diminuindo a infância, reduzindo-a a um período mais curto e de menor valor. A vida na cidade grande muitas vezes deixa claro “o que é de criança e o que é de adulto”. Quer dizer, considerando a classe econômica a qual a criança pertença, quem trabalha é o adulto, enquanto a criança deve apenas estudar. Contudo, nas cidades grandes muitas vezes é oferecido a adultos e crianças as mesmas informações. A mídia tem proporcionado à criança a oportunidade de se vestir como adulto, consumir como adulto e de ter acesso as mesmas informações que um adulto tem.
	É preciso estar atento a esses aspectos, pois em uma sociedade em que adultos e crianças tem papeis que se confundem, o lugar da infância corre o risco de deixar de existir, cedendo à pressa do mundo do consumo e do trabalho. É importante registrar que uma vez que infância é um conceito construído socialmente, atualmente, existem vários riscos que ameaçam a existência da qualidade desse período da vida, principalmente, em uma sociedade marcada por adultos, em que consumir muitas vezes se sobrepõe a existência humana. É preciso ter claro que as crianças precisam de cuidados e de uma educação de qualidade que valorize o respeito às necessidades de sua infância. Uma vez que o espaço e o tempo da infância dependem do olhar da sociedade, é necessário estar atento a todos os aspectos que possam valorizar esse tempo da vida como uma vivência que tem um fim em si mesma, e que consequentemente, irá construir a base estrutural que estará por vir.

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