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PRECONCEITO LINGUÍSTICO Gestão de Pessoas Resumo: O presente tema fez um estudo na área de gestão de pessoas com o tema preconceito linguístico que é o julgamento depreciativo, desrespeitoso, e consequentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala, isso pode causar um certo desconforto em pessoas que sofrem com esse preconceito. O fenômeno da variação, tão natural e inevitável na vida das línguas pois cada região tem um sotaque diferenciado, e também as línguas variam e mudam assim conforme a vida dos seres humanos na sociedade, o preconceito aparentemente direcionado a produções linguísticas diferenciadas, e não é específico de cada falante, sendo na realidade um fenômeno da realidade social do país. Palavras-chave: Preconceito, Línguas, Região. 1. INTRODUÇÃO Como a intolerância linguística passa quase despercebida pela opinião pública e não provoca sérios abalos sociais, da mesma forma que aqueles provenientes da intolerância religiosa ou política, parece nem existir. Contudo, a intolerância linguística existe e é tão agressiva quanto outra qualquer, pois atinge o cerne das individualidades. A linguagem é o que o homem tem de mais íntimo e o que representa a sua subjetividade. Não é exagero, portanto, dizer que uma crítica à linguagem do outro é uma arma que fere tanto quanto todas as armas (LEITE, 2012). O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Existe uma tendência muito forte no ensino da língua de querer obrigar o aluno a pronunciar do jeito que se escreve, como se essa fosse a única maneira certa de falar português. Muitas gramáticas e livros didáticos chegam a aconselhar o professor a corrigir eventuais variações verbais como se isso pudesse anular o fenômeno da variação, tão natural e inevitável na vida das línguas (BAGNO, 1999). As variações dentro de uma mesma língua ocorrem com frequência e são para a Sociolinguística fatos normais, mas os preconceitos, como se atesta, infundem-se de forma tão intensa na mentalidade das pessoas, que as atitudes preconceituosas se transformam em complemento do próprio modo de ser e de ver no mundo. Alguns falantes têm a ilusão de que a língua praticada é estável. É algo natural a todas as línguas os fenômenos de variação e de mudança, isto pois as línguas variam e mudam assim conforme a vida dos seres humanos na sociedade (LABOV, 2008 apud ORSI, 2011). 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Usa-se a metodologia para identificar como e com que maneira o pesquisador chegará ao fim seu trabalho e como serão abordadas as informações e dados recolhidos. Utiliza-se também para decidir e distinguir o referencial teórico a ser tomado e o que se almeja. Sendo uma maneira de definir o método da pesquisa realizada. (PEDRON, 2001). O processo metodológico do estudo foi baseado em pesquisas, sendo elas bibliográficas, pesquisando em livros, revistas, artigos e material disponível na internet. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Se não fosse a confusão entre língua e gramática normativa, entre língua falada e língua escrita e as deprimentes associações entre língua e inteligência/burrice, competência/incompetência, beleza/feiura (...) todas as colunas de dicas de português espalhadas por jornais, revistas e tevês, prestariam um grande serviço à comunidade. Mas a mídia presta um desserviço, porque reforça um dos aspectos mais sórdidos do ser humano: a divisão entre classes e a exclusão social (SCHERRE, 2005 apud LAPERUTA-MARTINS, 2014). O preconceito social, juntamente com o preconceito contra diversas vareadas da língua, gera crenças comuns como a decadência linguística e a de que alguns falantes não sabem falar sua própria língua, entre outras. Na base desse preconceito está a ideia de que a língua é imutável e de que há apenas um uso linguístico “correto” que é uso pautado nas regras prescritivas da norma padrão (MARCONDES, 2008). O preconceito linguístico é uma forma de preconceito aparentemente direcionado a produções linguísticas estigmatizadas. No entanto, uma vez que a língua é constitutiva da identidade do indivíduo, o preconceito linguístico configura-se como um preconceito essencialmente social. A mídia tem sido uma grande propagadora do preconceito linguístico, tanto na televisão, jornal, e, hoje em dia, principalmente, na internet, por meio da divulgação de conteúdos normativos prescritivistas disfarçados de Língua Portuguesa (SANTOS; ROMANO, 2015). A principal fonte de preconceito linguístico, no Brasil, está na comparação que as pessoas da classe média urbana das regiões mais desenvolvidas fazem entre seu modo de falar e o modo de falar dos indivíduos de outras classes sociais e das outras regiões. Esse preconceito se vale de dois rótulos: o “errado” e o “feio” que, mesmo sem nenhum fundamento real, já se solidificaram como estereótipos. Quando analisado de perto, o preconceito linguístico deixa claro que o que está em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas um pretexto para discriminar um indivíduo ou um grupo social por suas características socioculturais e socioeconômicas: gênero, raça, classe social, grau de instrução, nível de renda etc. (BAGNO, 2017). Existe preconceito linguístico dos falantes brasileiros com relação à língua que “eles” falam e que os “outros” a seu redor falam; esse falar, contudo, não é específico de cada falante, sendo na realidade um fenômeno da realidade social do país. Esse preconceito não se limita a não valorizar determinadas variedades regionais (diatópicas) (como considerar caipira o uso do “fonema retroflexo”, por exemplo), mas, principalmente, o de considerar “erradas” variedades faladas por pessoas pertencentes a classes sociais populares, os trabalhadores braçais, os lavradores, os garis etc. etc., ou seja, pessoas que, por terem baixo poder aquisitivo, não tiveram/têm oportunidade de boa escolarização e, consequentemente, não dominam a variante padrão, aquela aprendida na escola, nem sequer uma variedade prestigiada (LAPERUTA-MARTINS, 2014). É evidente que o fato de existir uma variante padrão faz com que as demais sejam desprestigiadas, gerando o preconceito linguístico. Esse tipo de preconceito – pouco discutido no Brasil – acentua ainda mais a desigualdade social no país, pois a língua está totalmente ligada à estrutura e aos valores da sociedade, e os falantes da norma culta são aqueles que apresentam maior nível de escolaridade e poder aquisitivo. Os indivíduos que sofrem discriminação linguística tendem a desenvolver problemas de sociabilidade e, até mesmo, psicológicos (SAAD, 2016). Fica claro, portanto, que a língua é um fator decisivo na exclusão social. Por isso, o preconceito linguístico deve ser admitido e combatido. Primeiramente, as escolas deveriam fazer uma abordagem mais aprofundada sobre esse tema, além de ensinar, nas aulas de Português, todas as variantes existentes na língua. A mídia deveria parar de estereotipar os personagens de acordo com a sua maneira de falar e poderia investir em campanhas que ajudem a desconstruir o preconceito linguístico. Afinal, ser um “bom” falante é ser poliglota na própria língua (SAAD, 2016). Muitos brasileiros não se identificam com o que é chamado de língua nacional, não se identificam com essa representação que projetam imaginário de unidade, sentem-se excluídos e, como os enunciados atestam, acabam por introjetar um preconceito contra seu próprio modo de falar. Há, em termos discursivos, uma contra identificação de grande parte dos brasileiros com a língua que fala (MARIANI, 2008). Conceber uma identidade entre a “língua portuguesa “e a “nação brasileira” semprefoi uma forma de excluir importantes grupos étnicos e linguísticos da nacionalidade; ou de querer reduzir estes grupos, no mais das vezes à força, ao formato “luso-brasileiro”. Muito mais interessante seria redefinir o conceito de nacionalidade, tornando-o plural e aberto à diversidade: seria mais democrático e culturalmente mais enriquecedor, menos violento e discricionário, e permitiria que conseguíssemos nos relacionar de uma forma mais honesta com a nossa própria história (OLIVEIRA, 2009). Os preconceitos impregnam-se de tal maneira na mentalidade das pessoas que as atitudes preconceituosas se tornam parte integrante do nosso próprio modo de ser e de estar no mundo. A par de toda a evolução social que as sociedades humanas atingiram é inadmissível que essas atitudes preconceituosas continuem sobrevivendo nas pessoas que usam a língua para difundir a intolerância (PELINSON; MENGARDA, 2011). A instituição escolar tem sido há séculos a principal agência de manutenção e difusão do preconceito linguístico e de outras formas de discriminação. Uma formação docente adequada, com base nos avanços das ciências da linguagem e com vistas à criação de uma sociedade democrática e igualitária, é um passo importante na crítica e na desconstrução desse círculo vicioso (BAGNO, 2017). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos considerar que o preconceito está inserido em todos os círculos de interação humana, sendo um artifício usado no convívio e nos momentos em que nos defrontamos com o não familiar, o desconhecido ou o diferente. Ele nos ajuda a nos situar em determinadas situações em que o estranho, ao apresentar uma ou outra característica familiar ou associável a experiências passadas ou herdadas por nosso meio de convívio primário, passa a ser considerado compreensível dentro do nosso entendimento individual. 5. REFERÊNCIAS BAGNO, M. Preconceito linguístico - Universidade de Brasília-UnB. Acesso em: 11 jun. 2017. Disponível: < http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/preconceito- linguistico>. BAGNO, M. Preconceito Linguístico: oque é, como se faz. Edições Loyola – São Paulo, 1999. Acesso em: 28 mai. 2017. Disponível em: <www.loyola.com.br>. LAPERUTA-MARTINS, M. Preconceito linguístico e sua conscientização: o papel da escola. TEXTURA-ULBRA, v. 16, n. 31, 2014. Acesso em: 28 mai. 2017. LEITE, M. Q. Preconceito e intolerância na linguagem.- 2. ed. – São Paulo: Editora Contexto, 2012. MARCONDES, I. L. Os consultórios gramaticais: um estudo de preconceito e intolerância lingüísticos. 2008. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. Acesso em: 28 mai. 2017. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde- 25092008-112643/en.php>. MARIANI, B. Entre a evidência e o absurdo: sobre o preconceito linguístico. Letras, n. 37, p. 19-34, 2008. Acesso em: 28 Maio 2017. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5902/2176148511977>. OLIVEIRA, G. M. Brasileiro fala português: monolingüismo e preconceito lingüístico. RevLinguasagem, v. 11, n. 1, p. 1-9, 2009. Acesso em: 28 mai. 2017. Disponível em: <http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao11/artigo12.pdf>. ORSI, V. Tabu e preconceito linguístico. Revista Virtual de Estudos da Linguagem, v. 9, n. 17, p. 334-348, 2011. Acesso em: 27 maio de 2017. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/122427>. PEDRON, Ademar João. Metodologia Científica: Auxiliar do Estudo, da Leitura e da Pesquisa. Brasília: Edição do Autor/ Gráfica Redentorista, 2001. PELINSON, F.; MENGARDA, E. J. Comunicação Publicitária e Usos Dialetais: Apelo Mercadológico e Desconstrução do Preconceito Linguístico. In: Intercom-Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul. 2011. p. 26-28. Acesso em: 28 mai. 2017. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2011/resumos/R25-0315-1.pdf>. SAAD, B. Modelo de Redação: O preconceito linguístico e seus efeitos em discussão no Brasil – Descomplica, 2016. Acesso em: 11 jun. 2017. Disponível em:< https://descomplica.com.br/blog/redacao/modelo-de-redacao-o-preconceito-linguistico-e- seus-efeitos-em-discussao-no-brasil/>. SANTOS, A. P.; ROMANO, V. P. Preconceito linguístico: Facebook &prescritivismo. Revista Científica da FEPI, v. 8, n. 2, 2015. Acesso em: 28 mai. 2017. Disponível em: <http://www.fepi.br/revista/index.php/revista/article/viewFile/314/172>. SCHERRE, M. O preconceito linguístico deveria ser crime. Revista Galileu, 2015. Acesso em: 11 jun. 2017. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00- O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html>.
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