Buscar

Consumidor e Mercosuk

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
DIREITOS DO CONSUMIDOR NO MERCOSUL 
 
 
 
 
Gislaine Fernandes de Oliveira Mascarenhas Aureliano1 
 
 
 
 
Resumo: Em diferentes períodos históricos se tem aberto caminhos e concepções 
para a realização de alguns grupos humanos, que, por diferentes circunstâncias, são 
considerados desprotegidos. O presente artigo propõe a análise do que ocorre no 
Mercosul em relação à proteção dos consumidores, já que a transformação 
econômica é contínua e produz alterações estruturais no Estado Contemporâneo. 
Tem como foco o estudo do Código de Defesa do Consumidor do Brasil, das 
legislações da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, além do Tratado de Assunção e 
Protocolo de Santa Maria, analisando-se as simetrias e assimetrias existentes entre 
eles. Há a necessidade de uma integração entre os Países-Partes do Mercosul para 
assim se concretizar os direitos dos consumidores assim relacionados. 
 
 
Palavras-Chave: Direito negocial. Leis das Relações de Consumo. Mercosul. Busca 
de um Regulamento Comum. Integração. 
Abstract: In different historical periods one have been opening roads and 
conceptions for the accomplishment of some human groups, that, for different 
circumstances, they are considered failed to protect. The present article proposes the 
analysis of what happens in Mercosul in relation to the consumers' protection, since 
the economical transformation is continuous and it produces structural alterations in 
the Contemporary State. Has as focus the study of the Code of Defense of the 
Consumer from Brazil, of the legislations of Argentina, of Paraguay and of Uruguay, 
besides the Treaty of Assumption and Protocol of Santa Maria, being analyzed the 
symmetries and existent asymmetries among them. There is the need of an 
integration among them Country-leave of Mercosul for like this if it renders the 
consumers' rights like this related. 
Key words: Right negocial. Laws of the Relationships of Consumption. Mercosul. It 
looks for of a Common Regulation. Integration. 
Sumário: 1 INTRODUÇÃO; 2 O CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR COMO LEI PROTETORA DOS CONSUMIDORES NO MERCOSUL; 
 
1
 Mestre em Direito Negocial na Universidade Estadual de Londrina – UEL. Docente em Direito 
Empresarial e Direito Processual Penal da FEATI. Coordenadora do Trabalho de Conclusão de Curso 
do Curso de Direito da FEATI. Oficiala de Justiça do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do 
Paraná. 
 3 
2.1 Natureza Da Lei Protetora; 2.1.1 Origem constitucional do código de defesa do 
consumidor; 2.1.2 O código de defesa do consumidor como norma de ordem pública 
e de interesse social; 3 A LEGISLAÇÃO DA ARGETINA; 3.1 Os Sujeitos Da Lei 
Argentina E Matérias Relacionadas; 3.2 Da Oferta e Publicidade; 3.3 Alguns 
Comparativos Entre A Lei Argentina E O Código De Defesa Do Consumidor 
Brasileiro; 4 A LEGISLAÇÃO DO PARAGUAI – ASPECTOS GERAIS; 4.1 
Associações De Consumidores; 4.1.1 Requisitos a serem cumpridos pelas 
associações; 4.2 A educação do consumidor; 5 A LEGISLAÇÃO DO URUGUAI; 5.1 
Alguns Comparativos Entre A Lei Uruguaia E O Código De Defesa Do Consumidor 
Brasileiro; 6 TRATADO DE ASSUNÇÃO E O PROTOCOLO DE SANTA MARIA; 7 A 
BUSCA DA HARMONIZAÇÃO DAS LEGISLAÇÕES DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR NO MERCOSUL; 8 CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A história da humanidade vem evoluindo de forma que se torna 
necessária uma multiplicação no consumo e, assim sendo, o preenchimento das 
satisfações pessoais enseja um desenvolvimento tecnológico, alimentício, 
modificando-se radicalmente a estrutura de produção. 
Surgiram as grandes corporações produtoras, repercutindo na 
criação de empregos, na geração de rendas e em novo consumo, formando-se um 
sistema de produção muito mais ágil, com maior capacidade de produção do que o 
até então praticado, influenciando num novo método de comercialização. 
A empresa do século XXI se encontra impregnada de fortes 
componentes sociais, em razão dos novos parâmetros legislativos insertos na 
Constituição Federal de 1988, no Código Civil de 2002, Código de Defesa do 
Consumidor e Leis esparsas. 
Sabe-se que o aumento das contribuições destinadas ao Estado 
são condizentes com a atividade empresarial no país, sendo esta encontrada 
regularmente organizada e produzindo bens e serviços, melhorando a arrecadação e 
incrementando os programas sociais. 
 4 
Não há que se negar que o direito do consumidor nasce do direito 
econômico, cuja fundamentação teórica teria nascido na Alemanha, como uma 
forma de organização da economia provindo do Estado ou mesmo da iniciativa 
privada. 
A preocupação com o direito do consumidor alcança, 
hodiernamente, praticamente todos os países, sendo inerente à proteção, um 
conjunto de regras que compõe um sistema interdisciplinar, e não apenas isso, mas 
também um conjunto de princípios que visam a proteger a segurança física e 
econômica do adquirente de bens e serviços, preponderantemente pessoa física, 
mas também jurídica, cuja proteção se obriga o fornecedor. 
 
A livre circulação de bens (produtos e serviços) entre quase todos 
os países ocidentais, a descentralização das diferentes etapas da 
produção, a vinculação do preço dos produtos nas economias 
nacionais a preços combinados internacionalmente, sem dúvida, 
colocaram o direito tutelar do consumidor no centro dos debates 
econômico-políticos. (RICHTER, 2003, p. 55) . 
 
 
Veja-se a importância do direito do consumidor no mundo 
econômico, rompendo barreiras espaciais, e assim considerando, há a necessidade 
de serem analisadas as diferentes regras do consumidor no que pertine aos diversos 
países pertencentes ao Mercosul, para assim sabermos acerca da integração entre 
os mesmos. 
 
 
 
2 O CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR COMO LEI 
PROTETORA DOS CONSUMIDORES NO MERCOSUL 
 
A Lei 8078/90, conhecida como Código de Defesa do Consumidor 
(CDC), possui aplicação territorial limitada ao Estado brasileiro. 
Seu campo de aplicação ratione personae é, porém, amplo, 
assegurando novos direitos a pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, e 
impondo novos deveres aos fornecedores, pessoas físicas e jurídicas, públicas e 
privadas, nacionais ou estrangeiras. 
Assim considerando, introduzindo no mercado brasileiro um produto 
 5 
de origem dos países integrantes do Mercosul, citando como exemplo, o Paraguai, a 
Argentina ou o Uruguai, submete-se o fabricante, produtor e mesmo o importador ao 
novo regime de responsabilidade previsto no Código de Defesa do Consumidor para 
os danos oriundos de defeito do produto ou para seus vícios de qualidade, 
quantidade e informação. 
Há que se reconhecer que o direito do consumidor no Brasil 
apresenta-se num estágio legislativo mais desenvolvido do que o dos demais países, 
aliás, não é só em matéria legislativa notadamente através do Código de Defesa do 
Consumidor do Brasil é que isto se revela. 
 
A mesma fonte legislativa previu a existência de mecanismos e 
instrumentos, particularmente dos Procons, das Delegacias 
Especializadas, das Promotorias de Justiça especializadas, que não 
têm similares nos demais países. Não há como deixar de 
reconhecer que estes instrumentos tornaram, mesmo que existam 
virtuais falhas, o direito do consumidor efetivamente aplicado no 
Brasil como um direito moderno, acessível, democrático e, na 
maioria dos casos, simples, gratuitos para o consumidor. (BATISTI, 
2001, p. 181) . 
 
 
 
2.1 Natureza Da Lei Protetora 
 
Verificando-se que o Código de Defesa do Consumidor está sob a 
ótica de lei protetora de um grupo social específico – os consumidores – é 
necessário destacar acerca da sua origem constitucional, da sua naturezapública e 
do seu interesse social. 
 
2.1.1 Origem constitucional do código de defesa do consumidor 
 
Um dos aspectos que mais chama a atenção na Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, é a atenção ao coletivo, que se constata 
especificamente através da indicação de instrumentos para a defesa coletiva, como 
o mandado de segurança coletivo, a ação popular, a ação civil pública. 
Assim considerando, por ser uma Constituição de caráter amplo, à 
matéria de direito do consumidor foi dado foro constitucional. Assim, dispositivos 
vários referem-se ao assunto. 
 6 
A Constituição Federal de 1988 menciona a defesa do consumidor: 
em seu artigo 5º, inciso XXXII, como direito fundamental, e no artigo 170, inciso V, 
como principio orientador da ordem econômica do Brasil. 
Complementa Leonir Batisti: 
 
Em outro dispositivo, art. 150, parág. 5º, a Constituição traz uma 
determinação que, em certo sentido, traduz um princípio que o 
próprio Código veio a adotar, qual seja, o princípio da informação. 
Mencionado artigo manda a lei determinar medidas para que os 
consumidores sejam esclarecidos a respeito dos impostos que 
incidam sobre mercadorias ou serviços[...] ( BATISTI, 2001, p. 168). 
 
 
 Acerca dos tratados internacionais, note-se que existe uma 
preferência da Constituição Federal em relação àqueles. Veja-se, por obséquio, o 
que expõe Cláudia Lima Marques, em sua doutrina: 
 
A origem constitucional da defesa do consumidor, tanto como direito 
fundamental quanto princípio macroeconômico, deve ser destacada, 
uma vez que a tradição jurídica brasileira é de primazia da ordem 
constitucional em relação aos tratados internacionais (...) Os direitos 
e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos 
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte. (MARQUES, 1994, p. 100/101) . 
 
 
Nesse sentido, parece estar com a razão Rezek, quando esclarece 
que a Constituição Federal de 1988 não prestou maiores homenagens ao Direito 
Internacional Público a não ser aquelas que ele realmente merece, já que as regras 
internacionais não estão totalmente fixadas e dependem tanto do poder econômico 
quanto político de cada país. 
Assim visto, percebe-se que há uma necessidade de adequação e 
integração do Brasil no Mercosul, no sentido de modificação constitucional, a 
exemplo do que ocorreu na maioria dos países europeus, em que integraram a 
Comunidade Européia introduzindo em suas constituições normas permitindo a 
eficácia imediata das leis obrigatórias formuladas pela Comunidade e normas 
 7 
prevendo a primazia do direito comunitário, principalmente no que pertine às 
violações dos direitos fundamentais assegurados a todos os cidadãos. 
A origem do Código de Defesa do Consumidor no Brasil como lei 
protetora é inegável, mesmo porque, em caso de conflito entre o Código de Defesa 
do Consumidor com a legislação eventualmente oriunda do legislador do Mercosul, a 
origem constitucional da lei brasileira poderá garantir sua manutenção pelo Judiciário 
brasileiro. 
Assim cabe ressaltar que a defesa do consumidor não é somente 
princípio da ordem econômica brasileira, mas é especialmente direito fundamental 
assegurado por nossa lei magna. 
 
 
2.1.2 O código de defesa do consumidor como norma de ordem pública e de 
interesse social 
 
 
Levando-se em consideração o disposto no artigo 1º, do Código de 
Defesa do Consumidor Brasileiro, verifica-se que o presente código estabelece 
normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social. 
As normas de ordem pública são aquelas que positivam valores 
básicos de uma sociedade e, portanto, indisponíveis à vontade das partes. O 
interesse social une a idéia básica de proteção de um grupo social determinado, os 
consumidores, por exemplo. 
Face a essa nova força normativa da Constituição Federal, 
esclarecendo acerca da ordem pública que regula o Código de Defesa do 
Consumidor, pode-se dizer que o Direito Privado passa a sofrer uma influência direta 
da nova ordem pública econômica, pois muitas das relações particulares, antes 
deixadas ao arbítrio da vontade das partes, obtêm relevância jurídica nova e 
consequente controle estatal rígido, surgindo o fenômeno chamado “publicização do 
direito privado”. 
Ressalte-se que quão importante é a ordem pública que, sendo o 
Código de Defesa do Consumidor um dos seus exemplos, caso existam normas em 
conflito, poderá o juiz utilizar o critério definidor como sendo o da hierarquia, que 
 8 
num exemplo entre lei civil e código de defesa do consumidor, prevalece este. 
Ressalta Leonir Batisti: 
 
A noção de ordem pública é pertinente ao conteúdo da norma, 
portanto, diz respeito àquela condição em que a norma encaminha 
ou declara a solução de matéria sem o que estaria em risco a 
segurança jurídica das pessoas. Não se confunde norma de ordem 
pública com norma de direito público, já que a primeira tanto 
abrange esta como a de direito privado. O fator que caracteriza a 
noção de ordem pública é exatamente risco à segurança jurídica. 
(BATISTI, 2001, p. 189). 
 
 
 
Com referência ao interesse social, deve existir a proteção jurídica 
dos interesses, justamente porque o Brasil é um país com muitas desigualdades 
sociais, econômicas e com níveis de formação tão diferenciados em sua população, 
necessitando de uma mudança no que tange às regras sobre o acesso à justiça e o 
fim da passividade social frente aos abusos do poder econômico. 
Ainda expõe Leonir Batisti que “o interesse social é o bem da 
coletividade, é o bem comum, conforme os princípios constitucionais enunciados na 
Constituição Federal.” (BATISTI, 2001, p. 189). 
Por fim, cabe esclarecer que a decisão do legislador no que pertine 
ao artigo 1º, do Código de Defesa do Consumidor serve para preservar o caráter 
público e o indiscutível interesse social que os acompanha, hierarquizando-os. 
 
 
3 A LEGISLAÇÃO DA ARGENTINA 
 
Em relação ao tema de direito do consumidor na Argentina, há que 
se ter em conta a existência de leis que, mesmo antes da Lei de Defesa do 
Consumidor, de alguma forma traziam normas correlacionadas à matéria, senão 
vejamos: Lei 19.724 (regula a compra e venda de bens imóveis), Lei 20.091 
(estabelece o controle de contratos de adesão), dentre outros. 
Existem 03 evoluções no direito do consumidor da Argentina: 1) 
embora ainda não fosse amparado no direito positivo, percebia-se que o consumidor 
era parte frágil; 2) A Reforma do Código Civil em 1968 houve modificações no que 
tange à Lei de Defesa da Concorrência, Lei de Lealdade Comercial, dentre outras; 3) 
 9 
Adveio a Lei de Defesa do Consumidor com a Lei 24.240/93. 
No direito brasileiro, é prevalente a idéia de que existe um Código de 
Defesa do Consumidor e, que sem dúvida, é mais abrangente que a Lei Argentina, 
já que prevaleceu a idéia de que a Argentina possui apenas uma lei. 
A Lei Argentina teve como fontes de influência a Lei Brasileira e a 
Lei Espanhola. Vale destacara que a Lei Argentina tem a primazia no que tange à 
ordem pública, todavia silencia quanto ao interesse social. 
Outro aspecto importante da Lei Argentina é o fato de erigir em 
princípio de interpretação expressamente reconhecido no art. 3º, in fine, o in dubio 
pro consumptore. O Código de Defesa do Consumidor do Brasil tem dispositivo 
expresso de interpretação mais favorável ao consumidor, porém em relação a 
cláusulas contratuais. A Lei Argentina traz o dispositivo de modo a não suscitar 
dúvida de que o princípio se dirige a todas as relações entre fornecedor e 
consumidor, o que caracterizaum aperfeiçoamento não contido no Código Brasileiro. 
Veja o que expõe Miguel Angel Ciuro Caldani em sua doutrina 
acerca a jurisdiçao internacional do consumidor: 
 
El Derecho Procesal Internacional de fuente interna y de fuente 
internacional em la Argentin carecen de normas específicas sobre 
jurisdición internacional del consumidor. Las normas aplicables por 
analogía son las que se refieren a los contratos y establecen uma 
jurisdición que favorece naturalemnte al proveedor (CALDANI, 1996, 
p. 328). 
 
 
A Lei de Defesa do Consumidor reconhece expressamente a 
integração dela com a Lei de Defesa da Concorrência e Lei da Lealdade Comercial. 
 
 
3.1 Os Sujeitos Da Lei Argentina E Matérias Relacionadas 
 
 
À semelhança da lei brasileira, a lei argentina relata que o objeto da 
lei 24.2404/93 é a defesa dos consumidores e usuários. O direito brasileiro adota o 
nome consumidor, para abranger também os usuários. Usuário é o nome específico 
do destinatário do serviço público. O direito argentino separa-os. 
Segundo a lei, consideram-se consumidores ou usuários, pessoas 
físicas ou jurídicas que contratam a título oneroso (excluindo os brindes e amostras 
 10 
grátis), para consumo final, ou benefício próprio ou de seu grupo familiar ou social, 
desde que a oferta seja pública e dirigida a pessoas indeterminadas. 
Ressalte-se que não está entendido como consumidor o adquirente 
de coisas usadas; em relação aos imóveis, a proteção se limita aos novos, entendido 
como o que vai construir, está em construção ou nunca foi ocupado. 
A lei brasileira não afasta de sua proteção a aquisição de bens 
usados; quanto aos bens imóveis, também a lei brasileira não estabelece qualquer 
exclusão. 
O direito argentino traz uma peculiaridade em relação ao direito 
brasileiro: expressa claramente a denominada autoridade de aplicação, ou seja, a lei 
argentina é um comando geral, mas também um comando dirigido à autoridade 
administrativa para que proponha ou execute determinados comportamentos. Talvez 
a principal anotação, em relação à autoridade de aplicação, seja a de que lhe cabe 
ditar o Regulamento da lei, levando-o ao Executivo. 
Essa percepção de diferenças como se observa no caso brasileiro, a 
estrutura de proteção montada ainda repousa fundamentalmente no poder público 
oficial. 
 
 
3.2 Da Oferta E Publicidade 
 
 
Na Lei de Defesa do Consumidor da Argentina, relata que a oferta é 
dirigida a consumidores indeterminados e obriga durante um certo tempo, exigindo-
se a data de início e a data limite da oferta, quando realizadas fora do local de 
comercialização, assim como outras informações como modalidade de oferta, 
condições e limitações. 
Expõe Leonir Batisti: 
 
Isso permitiria concluir que, em termos de relação de consumo, a 
oferta dura enquanto estiver determinada pelo próprio ofertante e 
quando não houver determinação de seu prazo, valeria até a 
revogação expressa. (BATISTI, 2001, p. 327). 
 
 
Quando a oferta se der no mesmo local de comercialização (entenda-
se como ofertas promovidas através de cartazes nas lojas), podem ser omitidas as 
 11 
datas de começo e fim da promoção. Ausentes os cartazes ou anúncios, estaria 
finda a oferta. 
Quando o fornecedor limitar quantitativamente sua oferta, deverá 
informar a quantidade e, se houver contradição nas condições da oferta, deve o 
fornecedor atender a mais favorável ao consumidor. 
Quanto à publicidade, a lei argentina não faz referência à publicidade 
enganosa ou abusiva, pois já há referência na Lei 22.802 – Lei de Lealdade 
Comercial. Todavia, o CDC brasileiro faz referência à publicidade enganosa ou 
abusiva expressamente. 
Como corolário do direito à informação, a lei argentina traz regras 
para o documento de venda, trazendo o maior número de informações possíveis, 
que na realidade, o documento de venda corresponde a um contrato, contendo 
descrição, especificação da coisa, nome e domicílio do vendedor, menção sobre a 
garantia, prazos... Já o CDC brasileiro não refere em particular o documento de 
venda, embora contenha um detalhado conjunto de normas sobre contratos, 
preferindo deixar a cargo da legislação tributária esta determinação. 
 
 
3.3 Alguns Comparativos Entre A Lei Argentina E O Código De Defesa Do 
Consumidor Brasileiro 
 
 
- A Lei 8078 do Brasil é de 1990. A Lei 24.240 da Argentina é de 
1993; 
- A Lei Brasileira nasceu com a pretensão de ser um Código de 
Defesa. A Lei Argentina é Lei apenas. 
- O CDC brasileiro acolhe a desconsideração da personalidade 
jurídica, o que não é contemplado na lei argentina. 
- No Brasil ampliou-se o conceito de consumidor para abranger todas 
as pessoas determináveis ou não, não sendo aceito na lei argentina. 
- O CDC brasileiro contém uma seção que descreve práticas 
abusivas e cláusulas abusivas, justificando a imposição de sanções administrativas, 
todavia, a lei argentina mantém todos os comportamentos que configuram infrações 
administrativas distribuídos no interior da lei, sem sistematizá-los. 
 12 
- Em relação à cobrança de dívidas, o CDC brasileiro traduz um 
cuidado especial, de que não seja o consumidor submetido a vexame ou 
constrangimento, hipótese não trazida na legislação argentina, que silencia a 
respeito. 
- O CDC brasileiro traz tipos penais para aplicação aos infratores, já a 
lei argentina não os traz. 
O tratamento dos direitos coletivos no Código Brasileiro é mais 
abrangente e permite uma defesa mais eficiente do que aquela do Código argentino, 
o que leva a concluir que, pelo menos em termos de leis, o direito brasileiro está 
mais avançdo em relação ao acesso à justiça e da instrumentalização para defesa 
dos direitos, em termos coletivos. 
 
 
 
4 A LEGISLAÇÃO DO PARAGUAI – ASPECTOS GERAIS 
 
O Paraguai passou a ter uma Lei de Defesa do Consumidor e do 
Usuário que foi sancionada como Lei 1334/98, entrando em vigência em 28.04.99. 
Ressalte-se que tal lei sofreu influência da Lei Modelo da IOCU, do 
CDC do Brasil e também contém elementos da Lei de Defesa do Consumidor da 
Argentina. 
Vislumbra-se na referida lei a existência da ordem pública e a 
consagração do princípio de interpretação que “na dúvida a favor do consumidor”. 
Assim sendo, não são objeto de renúncia, transação ou limitação, 
sintetizando-se assim, serem de ordem pública. 
A Lei do Paraguai trata como equivalentes o consumidor e o usuário, 
indicando ser consumidor a pessoa nacional ou estrangeira, apresentando, ainda, 
uma lista de direitos básicos bastantes similares ao CDC do Brasil, mas não consta 
expressamente o direito à modificação de cláusulas contratuais, já que a lei não traz 
regras sobre contratos. 
Quanto às práticas abusivas, a lei do Paraguai é menos ampla que o 
CDC do Brasil, não constando a Lei do Paraguai como práticas abusivas a vantagem 
manifestamente excessiva, a colocação de produto em desacordo com normas 
expedidas ou mesmo o aumento injustificado de preço. 
 13 
Necessário relatar acerca da omissão mais gritante que apresenta a 
Lei do Paraguai, que é acerca dos vícios de quantidade e qualidade, já que 
considera inexistente a responsabilidade por vício oculto quando a diminuição no 
valor ou na qualidade do bem forem de pouca monta, atribuindo, inclusive, a prova 
ao adquirente, permitindo também às partes renunciarem, restringirem ou ampliarem 
a responsabilidade pelos vícios redibitórios, sempre que não houver dolo. 
Também não contempla a Lei de Defesa qualquer regra sobre a 
responsabilidade por defeito do produto ou serviço, concluindo-se que os acidentes 
de consumo serão tratados segundo as regras do Código Civil. 
Quanto à publicidade, esta é reguladana Lei do Paraguai, sendo 
tratadas a publicidade enganosa ou abusiva. A publicidade de artigos especiais 
como tabaco, bebidas ou medicamentos é objeto de regulamentação à parte. 
O mais interessante é o aspecto da defesa dos interesses 
individuais, veja o que expõe Leonir Batisti: 
 
A defesa dos interesses individuais, habitualmente cabível ao titular 
do direito, somente pode ser feita por ASSOCIAÇÃO, em caráter 
subsidiário, e, desde que não se demande indenização por danos ou 
prejuízos. Já a defesa coletiva dos interesses coletivos e difusos 
pode ser feita por associação, autoridade competente nacional ou 
local ou pelo Ministério Público. (BATISTI, 2001, p. 453) 
 
 
O Estado do Paraguai promove a educação do consumidor através 
da formulação de planos de educação para consumo e fomenta as associações de 
consumidores. 
Com referência aos tipos penais, não há na Lei de Defesa. O Código 
Penal traz alguns tipos modernos, cumprindo consignar aqueles que defendem seu 
patrimônio contra a fraude, seu patrimônio enquanto consumidor, investidor em seu 
patrimônio, como tomador de empréstimos, e também aqueles que protegem a 
segurança das pessoas frente a riscos coletivos, como comercialização de 
medicamentos não autorizados, alimentos nocivos e comercialização de objetos 
perigosos, além do envenenamento de coisas de uso comum. 
 
4.1 Associações De Consumidores 
 
 14 
No capítulo XI, artigos 45 a 47, a Lei de Defesa do Consumidor do 
Paraguai trata das associações de consumidores, entendendo-se estas como toda 
organização constituída por pessoas físicas, que não tenha interesses econônicos, 
comerciais ou políticos, e cujo objetivo seja garantir a proteção e a defesa dos 
consumidores e usuários, e promover a informação, educação, a representação e o 
respeito a seus direitos. 
Faz-se uma crítica com relação “a que não tenha interesses 
econômicos[,...],” já que seria melhor “que não deva ter fins econômicos, comerciais 
ou políticos, já que toda associação tem interesse econômico mediato, que é o 
interesse econômico dos seus interessados, já que a finalidade principal é proteger o 
direito dos consumidores. 
 
4.1.1 Requisitos a serem cumpridos pelas associações 
 
O artigo 46 da Lei de Defesa exige requisitos a serem preenchidos 
pelas associações, quais sejam: constituirem-se e estar inscritas como sociedades 
sem fins de lucro; não participarem de atividades político-partidárias; não receberem 
doações, receitas ou doações de empresas comerciais, industriais ou fornecedoras 
de serviços, privadas ou estatais, nacionais ou estrangeiras; não aceitarem anúncios 
de caráter comercial em suas publicações; não permitirem uma exploração 
comercial seletiva na informação ou conselho que ofereçam ao consumidor. 
Pretende-se que sejam associações na defesa dos consumidores e, 
portanto, que estejam ao largo de políticas partidárias, não tenham fins lucrativos e 
mantenham independência. 
Aqui no Brasil, no que tange a não permitir exploração comercial 
seletiva de informação, ou seja, quando a associação promove tecnicamente uma 
análise de produtos e conclui que determinado produto tem vantagem sobre outros, 
não existe impedimento no Brasil que a empresa produtora desse bem de qualidade 
superior utilize aquela análisena sua publicidade, o que é proibido na Lei de Defesa 
do Paraguai. 
Ainda referente às associações, estas podem promover ações 
sempre que não o façam os consumidores ou usuários diretamente afetados, 
estando, todavia, proibidos de defender em juízo os direitos dos consumidores 
quanto ao ressarcimento de danos e prejuízos. Não podendo nem mesmo o 
 15 
Ministério Público, nem autoridade competente nacional ou local. É exclusiva a ação 
para o consumidor ou usuário lesado, quando se refere ao ressarcimento de danos e 
prejuízos, portanto. 
 
 
4.2 Educação do Consumidor 
 
A educação do consumidor é atribuída ao Estado, através de um 
duplo papel: formulação de planos de educação para o consumo e sua difusão 
pública e fomento à criação e o funcionamento das associações de consumidores e 
a participação de comunidade nelas. 
Tem alguns objetivos, que são o conhecimento, compreensão e 
aquisição de habilidades que o ajudem a avaliar as alternativas e empregar seus 
recursos de forma eficiente, informações sobre temas pertinentes ao consumidor, 
prevenção de riscos que podem derivar do consumo de produtos ou da utilização de 
serviços, estimulação a desempenhar um papel ativo que regule, oriente e 
transforme o mercado através de suas decisões. 
O objetivo da Lei de Defesa é tornar claro que o consumidor deve 
adotar uma postura ativa no mercado e não uma postura meramente passiva e que 
a opção de consumo deve ser produto de reflexão consciente. 
 
 
5 A LEGISLAÇÃO DO URUGUAI 
 
A República Oriental do Uruguai aprovou a Lei de Defesa do 
Consumidor, a exemplo do Paraguai, pois aguardou a elaboração de um 
Regulamento Comum do Mercosul, para incorporá-lo ao direito interno. 
A dificuldade de aprovação integral de um Regulamento Comum 
deriva do fato de haver resistência à adoção de determinadas soluções derivadas da 
legislação brasileira, usada como paradigma. É de se recordar que a adoção de uma 
solução exige consenso, conforme é da natureza do Mercosul. Com a dificuldade do 
Mercosul em concluir essa tarefa, elaborou sua própria Lei: 17.189/99. 
Inobstante, no âmbito do Mercosul, o Uruguai tenha sido o último 
país a aprovar e fazer vigorar sua Lei de Defesa, necessário ter em conta que, 
 16 
existiam outras leis relacionadas à matéria de proteção ao consumidor, mesmo 
indiretamente, como por exemplo, a lei 10.940/47 que indicava uma direção de 
assuntos de abastecimento; a lei 14.095/72 que se refere aos delitos econômicos e 
a prevenção e repressão destes, dentre outros. 
Na Lei das relações de consumo do Urugai, deve-se desde já 
chamar a atenção, cabe à Direção da área de Defesa do Consumidor fomentar a 
constituição de associações de defesa do consumidor, e neste órgão é que elas 
deverão estar registradas. 
Um aspecto original notado na Lei Uruguaia é a expressa menção 
da complementaridade e subsidiariedade do Código Civil, estando a disposição bem 
clara no seu artigo 1º. 
 
 
5.1 Alguns Comparativos Entre A Lei Uruguaia E O Código De Defesa Do 
Consumidor Brasileiro 
 
- Em pé de igualdade, a lei uruguaia também trata do aspecto de 
ordem pública. 
- Estabelece no seu Código Civil que não podem contratar os 
impúberes (menores de 16 anos) e que seus atos sequer produzem obrigação 
natural, neste caso, o impúbere tem maior proteção do que o consumidor que não o 
seja, já que a disciplina reconhece inclusive graus. 
- A Lei de Defesa do Uruguai não apresenta a inversão do ônus da 
prova. 
- A lista de práticas abusivas tem correspondência com o CDC do 
Brasil. Contudo, não referiu a Lei, entre outras, a exigência de vantagem 
manifestamente excessiva, a colocação de produto em desacordo com normas de 
órgão competente e nem o aumento injustificado de preços. 
- Na publicidade, não há referência à publicidade abusiva, mas está 
proibida a publicidade enganosa. É também proibida a publicidade comparativa 
através de declarações gerais ou indiscriminadas que induzam o consumidor a 
estabelecer a superioridade de produto ou serviço em relação aos outros. 
- As sanções cominatórias (astreintes), surgiram a partir de 1989 no 
direito uruguaio, nas obrigações de fazer e não fazer, no Código Civil. 
 17 
Posteriormente, o Código Geral de Processo determinou a possibilidade dessas 
sanções, em relação a todas as decisões dos Tribunais, visando a compelir o 
cumprimento delas.- A lei fixa o prazo de reclamação quanto aos vícios, que são 
decadenciais. Os vícios aparentes podem ser aceitos. O prazo para reclamar 
extingue-se em 06 meses da compra. Este prazo já constava no artigo 1726 do 
Código Civil. Não está esclarecida na Lei a natureza da responsabilidade pelo vício 
de qualidade ou quantidade. 
- A responsabilidade pelo dano (acidente de consumo) deriva do 
defeito e do risco e está no Código Civil, pois a Lei das Relações de Consumo assim 
estabelece. A indenização existe quando houver fundamento para a indenização por 
dano, no caso de constituir um delito por dolo ou culpa, afastando oo dano provindo 
de caso fortuito. 
- A doutrina uruguaia admite as ações coletivas, proporcionando 
legitimidade indistinta ao Ministério Público, a qualquer interessado e a associações, 
sendo cabíveis todos os tipos de ações, inclusive as antecipatórias. 
- Em matéria penal, o direito uruguaio sustenta-se no tipificação de 
crimes tradicionais contra a saúde, as marcas, e outros, e quanto à fraude, o delito é 
o de estelionato, portanto, é indireta a proteção penal, pois inexistem normas penais 
específicas à defesa do consumidor. 
 
 
6 O TRATADO DE ASSUNÇÃO E O PROTOCOLO DE SANTA MARIA 
 
O Tratado de Assunção foi celebrado em 26 de março de 1991 e 
prevê no seu artigo 1º a constituição de um Mercado Comum, voltado para o 
desenvolvimento econômico com justiça social, melhoria da qualidade de vida de 
seus cidadãos, bem como, o compromisso dos Estados-Partes em harmonizar as 
legislações pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. 
A intensificação das relações internacionais atribui maior impulso e 
novos contornos ao Direito Internacional Clássico. Muitos acordos e tratados 
celebrados em seu bojo retratam significativas inovações jurídico-institucionais, das 
quais destaca-se, indubitavelmente, o desenvolvimento do Direito Comunitário 
 18 
Europeu. 
No entanto, embora a União Européia represente o maior paradigma 
dos processos de integração contemporâneos com caráter supranacional, não se 
trata, todavia, do único modelo possível a ser adotado pelo Mercosul. 
Ressalta Beyla Esther Fellous: 
 
O Mercosul deve condizer não apenas com os objetivos perseguidos 
pelo bloco, mas também com o grau de soberania que os Estados 
envolvidos pretendem dispor, além dos fatores histórico-culturais 
condicionantes de cada processo. (FELLOUS, 2002, 284) 
 
 
Na América Latina, também observamos o desenvolvimento de 
várias organizações tais como a ALALC, ALCA e, em 26 de março de 1991, pela 
celebração do Tratado de Assunção, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai criaram o 
Mercosul. – Mercado Comum do Sul. 
Neste contexto integracionista, voltamo-nos à proteção de um 
importantíssimo agente econômico que é o consumidor. Mas, ressalte-se que no 
Mercosul, na falta de uma política comum, cada Estado-Parte vem protegendo 
distintamente os seus consumidores. 
O resultado é um verdadeiro desnível no grau de proteção 
encontrado nos quatro países, indesejável para o bloco que se traduz atualmente 
em união aduaneira incompleta. 
Houve inúmeras tentativas por parte dos Estados-partes de proteger 
o consumidor, várias resoluções foram elaboradas, dentre eles tivemos o Protocolo 
de Defensa Del Consumidor Del Mercosur em 1997, que tratava de uma 
uniformização e não harmonização das legislações, o que não foi aceito pelo 
Instituto Brasileiro de Política e Defesa do Consumidor. 
Veja por obséquio o que expõe Cláudia Lima Marques acerca desse 
Protocolo: 
 
Uma vez incorporado ao ordenamento nacional, levará à revogação 
de garantias conquistadas no CDC brasileiro e na CF, devendo ser 
definitivamente recusado pelo governo brasileiro. O Mercosul é um 
processo de integração econômica comprometido com o 
desenvolvimento da região e não deve ser utilizado como pretexto 
para destruição das garantias fundamentais – direitos humanos – 
conquistadas ou para piorar a qualidade de vida, saúde e segurança 
 19 
do cidadão brasileiro. (LIMA, 1999, p. 20). 
 
 
Vale destacar o que vem sendo produzido nos encontros da 
Comissão Técnica da Reunião de Ministros de Justiça do Mercosul – que tem 
trabalhado intensamente para modificar alguns pontos do Protocolo de Santa Maria, 
relativo à Jurisdição Internacional em matéria de relações de Consumo e submetê-lo 
à aprovação dos Estados-Partes. 
As propostas em discussão são mínimas, para aperfeiçoamento do 
texto, com modificações de conteúdo, como ampliação do âmbito material da 
definição de relação de consumo. 
Mas existem algumas falhas neste Procolo de Santa Maria: a 
primeira é a não aplicação ao consumidor-turista, pois limita seu campo de aplicação 
a relações de consumo nas quais tenha ocorrido publicidade; a segunda é a 
exclusão dos contratos de transportes. 
Mesmo assim, quanto à jurisdição aplicável, os Estados-partes 
caminham para a adesão ao “Protocolo de Santa Maria” sobre Jurisdição 
Internacional em matéria de relações de consumo, elaborado em 17 de dezembro de 
1996, pelo qual o local da demanda será escolhido pelo consumidor. 
Este Protocolo de Santa Maria prevê a utilização da teoria da sede 
efetiva, beneficiando o consumidor pela valorização das filiais como pontos de 
contato, por reconhecer a vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor, 
outorgando-lhe a livre escolha e garantindo, assim, a aplicação do princípio do 
acesso à Justiça. 
 
 
7 A BUSCA DA HARMONIZAÇÃO DAS LEGISLAÇÕES DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR NO MERCOSUL 
 
 
Preliminarmente, cabe esclarecer que, visando a estabelecer a livre 
circulação de bens, serviços e fatores produtivos, o Mercosul deve necessariamente 
preocupar-se com a eliminação das barreiras ao livre comércio entre seus países. 
Não se trata apenas de barreiras físicas (fronteiras), mas de 
 20 
barreiras jurídicas, entre os quais se destacam os tributos, que servem para dificultar 
ou impedir a entrada de produtos estrangeiros no mercado nacional. 
A eliminação dos direitos alfandegários (tarifa 0%) entre os países 
integrantes do Mercosul seria de grande importância. 
A idéia base da integração econômica é, porém, a de possibilitar a 
colocação do produto ou serviço estrangeiro nas mesmas condições, no mesmo 
patamar concedido ao produto ou serviço nacional, pois assim, estar-se-ia aplicando 
a idéia mestra do tratamento igualitário, da não discriminação, da concorrência total 
e leal no novo mercado integrado. 
 
8 CONCLUSÃO 
 
Vislumbra-se do estudo a falta de estrutura jurídica sólida para o 
processo de integração denominado Mercosul, pois o Mercado Comum do Sul vem 
evoluindo, nesta fase de transição, como um fenômeno econômico e político 
voluntário, criando dúvidas sobre a eficiência prática de suas medidas e decisões. 
E, assim sendo, um processo de integração, e não só colaboração, 
deve merecer a credibilidade do mercado, dos empresários, dos consumidores, 
assim como dos aplicadores do Direito. 
Aconselha-se, então, um processo de integração para harmonizar as 
distintas legislações, considerando-se os motivos da elaboração de um Código 
Único em matéria de direitos e obrigações pertinentes à estrutura institucional do 
Mercosul e a consolidação das integrações econônicas. 
A afinidade cultural entre os povos, pertencendo a uma mesma 
família ocidental, continente de tradições, influencia na identidade de uma futura 
codificação obrigacional do consumidor comunitário. 
Os princípios gerais do direito vigente nos ordenamentos jurídicos 
internos deverão proteger tanto no serviço de harmonização das legislações quanto 
nas configurações do Código Único, devido aos mesmos conteúdos mínimos éticoscompartilhado pelos povos. 
Assim sendo, o direito do consumidor requer, para sua total 
compreensão, novos paradigmas interpretativos que evitem a fragmentação e a 
desintegração da cultura jurídico-social que o fundamenta. 
 21 
A prioridade deve ser a de construir a estrutura jurídico-política 
reclamada, de realizar e possibilitar a livre circulação de mercadorias e serviços no 
Mercosul e não a de destruir, de regredir nos avanços sociais e nas garantias já 
conquistadas. 
Por fim, cabe dizer que haja com essa integração um melhor nível 
de qualidade, de transparência, de lealdade e de competitividade no fornecimento de 
produtos e serviços no Mercosul. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Vademecum Universitário de Direito. 8.ed. São 
Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 2005. 
BARROS, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição. 2.ed. São Paulo: 
Editora Saraiva, 1998. 
BARRUFFINI. José Carlos Tosetti. Direito Constitucional I. 1.ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2006. 
BATISTI, Leonir. Direito do Consumidor para o Mercosul. 2. ed. Curitiba: Editora 
Juruá, 2001. 
CALDANI, Miguel Angel Ciuro. Del Mercosur. Buenos Aires: Editora Ediciones 
Ciudad Argentina, 1996. 
FRISO, Gisele de Lourdes. Código de Defesa do Consumidor Comentado, 
interpretação doutrinária, jurisprudência comentada, legislação referenciada e pratica 
processual. Primeira impressão. São Paulo, 2007. 
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor para concursos públicos. 
Salvador: Editora Juspodivm, 2007. 
GEVAERD, Jair; TONIN, Marta Marília. Direito Empresarial & Cidadania – Questões 
Contemporâneas. Curitiba: Editora Juruá, 2004. 
JUNIOR, Alberto do Amaral. Direito do Comércio Internacional. São Paulo: Editora 
Juarez de Oliveira, 2002. 
MARQUES, Cláudia Lima; A proteção do consumidor no Brasil e no Mercosul. Rio 
Grande do Sul: Editora Livraria do Advogado, 1994. 
 22 
MARQUES, Cláudia Lima; Direitos do Consumidor no Mercosul. Algumas sugestões 
frente ao impasse. São Paulo: Editora RT, 1999. 
RICHTER, Karina. Consumidor &Mercosul. Curitiba: Editora Juruá, 2003. 
SOUTO, Marcos Juruena; MARSHALL, Carla C. Direito Empresarial Público. Rio de 
Janeiro: Editora Lúmen, 2002.

Outros materiais