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RESUMO METABOLISMO DOS LIPÍDEOS

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MÓDULO III - PROBLEMA II
#OBJETIVOS
METABOLISMO DOS LIPÍDEOS
DIGESTÃO, ABSORÇÃO E TRANSPORTE DOS LIPÍDEOS 
	As células podem obter ácidos graxos combustíveis de três fontes: gorduras ingeridas na alimentação, gorduras armazenadas nas células na forma de gotículas gordurosas (tecido adiposo – adipócitos) ou gorduras sintetizadas em um órgão para serem exportadas para outro (conversão de carboidratos em lipídeos).
	No estomago, ocorre a digestão de pequenas quantidades de triglicerídeos pela lipase lingual, secretada pelas glândulas linguais e deglutida com a saliva e pela lipase gástrica. Essas enzimas são relativamente estáveis em meios ácidos (faixa de Ph ótimo de 4 a 6) e degradam principalmente ácidos graxos de cadeia curta a media (menos de 12 carbonos). O grau dessa digestão é inferior a 10% e em geral, não é significativo.
OBS) Essas enzimas são de suma importância para os neonatos (para quem a gordura do leite é essencial) e para pessoas com insuficiência pancreática (como os portadores de fibrose cística, onde as enzimas pancreáticas são incapazes de chegar ao intestino).
	Com efeito, praticamente toda a digestão das gorduras ocorre no intestino delgado. A primeira etapa de digestão das gorduras consiste no desdobramento dos glóbulos de gordura em partículas de pequeno tamanho, de modo que as enzimas digestivas hidrossolúveis possam atuar sobre as superfícies desses glóbulos. Esse processo é denominado emulsificação da gordura, e é efetuado, em parte, pelo peristaltismo estomacal juntamente com os produtos da digestão gástrica, porém, ocorre principalmente no duodeno, por influencia da bile (secreção não enzimática do fígado, armazenada na vesícula biliar e derivada do colesterol). A bile, contem uma grande quantidade de sais biliares, assim como o fosfolipídio lecitina, que são de extrema importância para a emulsificação das gorduras, que ocorre da seguinte forma: as partes polares dessas moléculas (onde ocorre ionização na água) são muito solúveis em água, enquanto a maior parte das porções dessas moléculas é insolúvel em água e muito solúvel em gorduras. Então, as partes lipossolúveis dessas secreções hepáticas dissolvem-se na camada superficial dos glóbulos de gordura, com as porções apolares se projetando para fora, onde por serem hidrossolúveis, diminuem a tensão na interface da gordura. Quando essa tensão é baixa, ao ser agitado pelo peristaltismo, pode ser quebrado em numerosas partículas de tamanho muito pequeno com mais facilidade e toda vez que se formam partículas de gordura de menores tamanhos aumenta-se a superfície de contato das gorduras, o que é de suma importância, já que as lipases são compostos hidrossolúveis que só podem atacar os glóbulos de gordura por sua superfície. Dessas enzimas a principais são: lipase pancreática (que age sobre os triacilgliceróis, removendo ácidos graxos principalmente dos carbonos 1 e 3, produzindo uma mistura de 2-monoacilgliceróis e ácidos graxos livres), a colipase (enzima, também secretada pelo pâncreas, que se liga a lipase mudando a sua conformação e expondo seu sitio ativo), a hidrolase dos ésteres de colesterol pancreática (que hidrolisa a forma esterificada do colesterol, produzindo mais ácidos graxos livres) e a fosfolipase A2 (que remove 1 acido graxo do carbono 2 de um fosfolipídio, formando um lisofosfolipídeo que posteriormente é hidrolisado novamente pela lisofosfolipase que origina a base glicerilfosforil).
	OBS) Por isso, comparam-se os sais biliares e a lecitina com os detergentes, pois possuem a função de tornar os glóbulos de gordura facilmente fragmentáveis através da agitação da água. 
	OBS) Os remédios antiobesidade, como o ORLISTAT, atuam evitando a absorção dos lipídeos, inibindo as lipases gástrica e pancreática.
	A hidrólise dos triglicerídeos é um processo muito reversível, por isso os produtos das lipases quando próximos das gorduras em processo de digestão bloqueiam qualquer digestão adicional. Em função disso, os sais biliares desempenham a importante função de retirar esses produtos das proximidades dos glóbulos de gorduras em digestão, o que acontece da seguinte forma: os sais biliares têm facilidade em formar micelas (que consistem em pequenos glóbulos cilíndricos e esféricos constituídos por 20 a 40 moléculas de sais biliares). Elas se formam por que os sais biliares são compostos por um núcleo esterol, cuja maior parte é lipossolúvel e por um grupo polar muito solúvel em água. Na micela, a parte lipossolúvel agrega-se e engloba os produtos da digestão das gorduras, formando um pequeno glóbulo de gordura no meio com os grupos polares projetando-se para fora, recobrindo a superfície da micela. Como têm cargas negativas, esses grupos polares permitem que toda a micela se dissolva na água dos líquidos digestivos, o que permite o transporte dos produtos da digestão ate a superfície das microvilosidades da borda em escova do intestino e penetram nos recessos entre as microvilosidades em movimento, onde ocorre sua difusão através da micela e posteriormente da membrana das microvilosidades para o interior da célula, essa difusão é possível uma vez que esses lipídeos são também solúveis nas membranas das células.
	OBS) Ácidos graxos de cadeia curta e media não necessitam da participação de micelas mistas para sua absorção na mucosa intestinal, sendo, portanto absorvidos diretamente pelo sangue porta sendo carregados pela albumina sérica para o fígado. Isso ocorre, pois, por serem de cadeias mais curtas, são mais hidrossolúveis e alem do mais não formam triglicerídeos no reticulo endoplasmático.
	OBS) A digestão dos lipídeos é controlada hormonalmente, à medida que a secreção pancreática das enzimas hidrolíticas que degradam os lipídeos da dieta são controlada por hormônios. As células na mucosa do jejuno e do duodeno inferior produzem o hormônio colecistocinina em resposta à presença de lipídeos e proteínas parcialmente digeridas que entram nessas regiões do intestino. A colecistocinina age sobre a vesícula biliar fazendo-a contrair e liberar a bile, ela age também diminuindo a motilidade gástrica, diminuindo a liberação do conteúdo estomacal para o intestino. Outras células intestinais produzem outro hormônio, a secretina, que induz o pâncreas e o fígado a liberarem uma solução rica em bicarbonato, o que faz com o ph do conteúdo intestinal seja apropriado para a atividade digestiva das enzimas pancreáticas.
	A mistura de lipídeos absorvida pelos enterócitos (células intestinais) migra para o reticulo endoplasmático, onde ocorre a biossíntese de lipídeos complexos (principalmente triacilgliceróis). Os ácidos graxos, primeiramente são convertidos em sua forma ativada pela sintetase dos acil-CoA graxos, os quais são usados pelo complexo sintase dos TAG (que possui ação consecutiva de duas atividades: a acil-CoA: monoacilglicerol-aciltransferase e a acil-CoA: diacilgliceroldiacilglicerol-aciltrasferase) para a conversão do 2-monoacilgliceróis absorvidos na dieta em TAG. Os lisofosfolipideos são novamente acilados para formar os fosfolipídios e o colesterol é novamente esterificado para formar ésteres de colesterol.
	Esses TAGs e ésteres de colesterol são muito hidrofóbicos, e tendem a se agregar em meio aquoso, necessitando então serem embalados como partículas de pequenas gotas de gordura circundadas por uma fina camada de fosfolipídios, colesterol não esterificado e uma molécula da proteína apolipoproteina B-48, os quilomicra. É essa ultima camada que estabiliza a partícula e aumenta sua solubilidade, evitando sua agregação. A montagem dessas partículas lipoproteicas no reticulo endoplasmático depende da proteína microssomal de transferência de TAG. Essas partículas são liberadas por exocitose dos enterócitos para os lactélios (vasos linfáticos originários das microvilosidades intestinais) dando a linfa uma aparência leitosa, sendo chamada de quilo. Os quilomicra seguem pelo sistema linfático ate o ducto torácico e são transferidas para a veia subclávia esquerda, caindo na corrente sanguínea e sendotransportada para os músculos e para o tecido adiposo, principalmente.
	Nos capilares desses tecidos, é sintetizada a enzima extracelular lipase lipoprotéica que é ativada pela apolipoproteina, passando a hidrolisar os triacilgliceróis em ácidos graxos e glicerol, que podem seguir os seguintes destinos: ser captados pelos músculos (onde são oxidados para a obtenção de energia) ou pelos adipócitos (onde são reesterificados e armazenados como triacilgliceróis) ou podem ser transportado pela albumina na corrente sanguínea ate serem capturados pelas células. O glicerol é utilizado exclusivamente pelo fígado para produzir glicerol-3-fosfato que pode entrar tanto na glicólise como na gliconeogênese. Os quilomicra resultantes, são chamados de quilomicra remanescentes e se ligam a receptores do fígado onde são hidrolisados em seus constituintes.
METABOLISMO DOS ÁCIDOS GRAXOS E DOS TRIACILGLICERÓIS
	Os lipídeos constituem um grupo heterogêneo de moléculas orgânicas insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, dos quais o principal constituinte é o ácido graxo. Esse possui diversas propriedades que os fazem especialmente apropriados para funcionarem como combustíveis de armazenamento. As longas cadeias de ácidos graxos que compõem sua estrutura são essencialmente compostas por hidrocarbonetos (estruturas reduzidas e com uma energia de oxidação 2 vezes maior do que a obtida por carboidratos e proteínas com o mesmo peso) com o grupo carboxila terminal. Além disso, sua extrema insolubilidade é de suma importância, pois é devido a ela que os triacilgliceróis se agregam em gotículas lipídicas que não aumenta a osmolaridade do citosol, isso permite sua estocagem intracelular em grandes quantidades sem o risco de ocorrerem reações químicas não desejadas como outros componentes celulares. Porém, essas mesmas propriedades representam problemas quando eles atuam em seus papeis de combustíveis, pois para isso precisam ser feitas diversas reações para contrabalancearem sua insolubilidade. Mais de 90% dos lipídios da dieta encontrada no plasma estão na forma de ésteres de ácidos graxos (triacilgliceróis, ésteres de colesterol e fosfolipídios). Os ácidos graxos possuem diversas funções como: serem oxidado para produzir energia nos músculos, ser constituintes de membranas (fosfolipídios e glicolipídios), se ligarem proteínas a membranas, serem armazenado nos adipócitos, serem precursores de prostaglandinas, entre outras.
	Os ácidos graxos possuem diversas variedades com relação à composição da cadeia carbônica, podem apresentar somente ligações simples ou apresentar uma ou mais ligações duplas, que geralmente são na posição cis (o que causa uma curvatura na posição da ligação), sendo geralmente espaçadas umas das outras. A adição dessas ligações duplas acaba por diminuir a temperatura de fusão do acido graxo. Eles podem possuir muitos ou poucos carbonos e ligações duplas ou não e possuem várias nomenclaturas relacionadas a isso. Os seres humanos, possuem a capacidade de dessaturar ligações duplas somente ate ao carbono 9, portanto quaisquer ácidos que possuam instauração a partir do carbono 9 devem ser ingeridos na dieta, sendo então chamados de ácidos graxos essências, dos quais os principais são os ácidos linoléico (w6) e linolênico (w3).
SÍNTESE DE NOVOS ÁCIDOS GRAXOS (LIPOGÊNESE)
	Grande parte dos ácidos graxos usados pelo organismo é suprida pela dieta. Porém carboidratos, proteínas e outras moléculas em excesso podem ser convertidas em ácidos graxos, que são armazenados como triacilgliceróis. Nos adultos essa produção de ácidos graxos ocorre principalmente no fígado e nas mamas em lactação e em uma minoria nos adipócitos e acontece da seguinte forma.
PRODUÇÃO DE ACETIL-COA CITOSÓLICA
	Na mitocôndria, existe uma quantidade relativa de acetil-CoA advinda de diversas vias como: da oxidação do piruvato, do catabolismo de ácidos graxos, de corpos cetônicos e de certos aminoácidos, entretanto para a produção de novos ácidos graxos é necessário que essa enzima esteja no citosol (o que não acontece por um simples transporte, já que essa enzima não possui transportadores especiais na membrana da mitocôndria). Para isso é necessário a síntese de um composto que possua transportadores na membrana mitocondrial, o citrato, derivado da condensação do oxaloacetato e da acetil-CoA catalisada pela citrato-sintase. Após este processo, o citrato é translocado para o citosol, onde ele é clivado em oxaloacetato e acetil-CoA com o gasto de ATP, catalisado pela enzima ATP-citrato-liase, processo que só acontece quando as concentrações de citrato mitocondrial estão em alta, o que é um sinal de alta produção de energia (pois a alta concentração de ATP inibe a isocitrato-desidrogenese causando o acumulo de citrato e isocitrato).
FORMAÇÃO DE MALONIL-COA A PARTIR DA CARBOXILAÇÃO DA ACETIL-COA
	A formação do malonil-CoA a partir do acetil-CoA é um processo irreversível catalisado pela acetil-CoA-carboxilase, da qual a biotina é coenzima e funciona como carreadora de CO2 a partir do bicarbonato. Primeiramente o bicarbonato é transferido para a biotina em uma reação dependente de ATP, a qual o transfere na forma de CO2 para o acetil-CoA liberando o malonil-CoA.
	Essa reação é a etapa limitante e regulada da síntese de ácidos graxos. A enzima acetil-CoA-carboxilase (inativa) esta na forma de dímeros, porém quando ativada (alostericamente por altas concentrações de citrato) esses dímeros são polimerizados. Ela pode ser inativada alostericamente pelo produto da sua reação, o acil-CoA de cadeia longa que causa a despolimerização dessa enzima.
	Essa enzima também é regulada temporariamente por hormônios, através do mecanismo de fosforilação e desfosforilação. Na presença de hormônios como glucagon e adrenalina, ocorre toda uma cascata de reações enzimáticas que culmina com a fosforilação da enzima acetil-CoA-carboxilase tornando-a inativa. Já na presença de insulina a acetil-CoA-carboxilase é desfosforilada pela fosfoproteina-fosfatase.
	Ocorre também uma regulação de longa duração dessa enzima. O consumo prolongado de dieta com excesso de calorias (especialmente de carboidratos) provoca o aumento na síntese de acetil-CoA-carboxilase. Por outro lado, dietas com poucas calorias ou jejum provocam sua redução.
OS ÁCIDOS GRAXOS SÃO SINTETISADOS POR UMA SEQÜÊNCIA REPETITIVA DE REAÇÕES
	As demais reações da síntese de ácidos graxos são catalisadas por uma enzima dimérica multifuncional, a ácido graxo-sintase. Cada monômero dessa enzima é um polipeptídio multicatalítico com sete atividades enzimáticas diferentes, mais um domínio que se liga a uma molécula de 4-fosfopanteteína (um derivado do acido pantotênico), é essa molécula que carrega os grupos acetila e acila no seu grupo terminal tiol (SH) na síntese dos ácidos graxos.
	O primeiro passo na formação dos ácidos graxos é a transferência de um acetato da acetil-CoA para o grupo tiol da ACP. A seguir, esse fragmento de dois carbonos é transferido para um sitio temporário, o grupo tiol de um resíduo de cisteína da enzima. A ACP agora livre, aceita uma unidade de três carbonos malonato da malonil-CoA. O grupo malonil perde o bicarbonato na forma de CO2, facilitando o ataque nucleofílico à ligação tioester que liga o grupo acetila ao resíduo de cisteína. O resultado é um conjunto de quatro carbonos unido ao domino ACP. As próximas 3 reações convertem o grupo 3-acetoacil em seu grupo correspondente acila saturado, por meio de duas reações de redução utilizando o NADPH intercaladas por uma desidratação. O grupo cetona é reduzido a álcool. Uma molécula de água é removida para introduzir uma ligação dupla entre os carbonos 2 e 3. A ligação dupla é reduzida.
	O resultado dessas sete etapas é a produção de um composto com quatro carbonos, cujos três terminais são saturados e permanecem unidos a ACP e continuam esse repetido processo ate que a cadeia possua 16 carbonos, onde o processo de síntese é terminado com palmitoil-s-ACP que é degradado em palmitato pela enzima palmitoil-tioesterase.O palmitato produzido, posteriormente, pode sofre varias reações para a formação de uma variedade de ácidos graxos insaturados: pela adição de unidades de dois carbonos no reticulo endoplasmático, na mitocôndria e no encéfalo e pela dessaturação dos ácidos graxos por enzimas denominadas oxidase presentes no reticulo endoplasmático, reações que requerem NADH e O2.
	OBS) A principal fonte do NADPH necessário para as reduções recorrentes nessa reação é a via das pentoses, que a partir de uma glicose fornece dois NADPH para o citosol, porém este também pode ser advindo da reação de conversão do malato em piruvato pela malato desidrogenase citosólica.
ARMAZENAMENTO DOS ÁCIDOS GRAXOS COMO COMPONENTES DOS TRIACILGLICERÓIS
	Mono, di e triacilgliceróis consistem em uma, duas ou três moléculas de ácidos graxos esterificados a uma molécula de glicerol através de seu grupo carboxila (que perde sua carga negativa) formando um lipídeo neutro.
	Nos triacilgliceróis, os seus três ácidos graxos componentes normalmente são diferentes, sendo em geral o 1 saturado, o 2 insaturado e o 3 saturado ou insaturado. Como esses compostos são praticamente insolúveis em água e não conseguem formar micelas sozinhos, eles se agregam nos adipócitos formando gotículas oleosas, que são a maior reserva de energia do organismo.
	Durante a síntese de triacilgliceróis, o glicerol-fosfato é o aceptor inicial dos ácidos graxos e pode ser advindo por duas vias: a produção a partir da glicose (usando inicialmente as reações da via glicolítica ate a produção de diidroxiacetona-fosfato), onde a DHAP é reduzida a glicerol fosfato pela glicerol-fosfato-desidrogenase, reação que ocorre no fígado (principalmente) e nos adipócitos (só ocorre na presença de altas concentrações de insulina plasmática). Uma segunda via, observada somente no fígado, utiliza a glicerol-cinase para a fosforilação do glicerol, formando o glicerol-fosfato.
	Para formar os triacilgliceróis seus ácidos graxos componentes devem primeiramente ser convertidos em sua forma ativada (unidos a acetil-CoA), reação catalisada pela acil-CoA sintetases. 
	OBS) Os triacilgliceróis também podem ser formados a partir de glicerol-fosfato e acil-CoA, pela enzima acil-transferase.
MOBILIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS DE GORDURA
	Os lipídeos neutros são armazenados, principalmente, nos adipócitos na forma de gotículas lipídicas que possuem uma porção central ésteres de esteróides e triacilgliceróis envolvidos por uma camada de fosfolipídios. A superfície dessas gotículas é recoberta por perilipinas (proteínas que restringem o acesso aos lipídeos do interior das gotículas e previne sua mobilização fora do tempo). Quando certos hormônios (como glucagon e epinefrina) sinalizam que o organismo necessita de energia metabólica (através da ativação da adenilato-ciclase) causa através de uma cascata enzimática a fosforilação da perilipina A, tornando-a ativa. Esta por sua vez, quando ativada faz com que a lipase hormônio-sensível se mova no citosol ate a superfície da gotícula, onde começa a hidrolisar os triacilgliceróis em ácidos graxos e glicerol.
	OBS) A proteína-cinase também fosforila a lipase hormônio-sensível duplicando ou triplicando seu efeito. Ela fosforila também a acetil-CoA-carboxilase, fazendo com que a produção de lipídeos cesse no momento da degradação.
	À medida que a lipase hormônio-sensível hidrolisa os triacilgliceróis nos adipócitos os ácidos graxos livres passam do interior do adipócito para o sangue, onde se ligam a proteína albumina ou soroalbumina sendo transportados para os tecidos alvos (músculos, coração e córtex renal). Já o glicerol, não pode ser metabolizado nos adipócitos, pois eles não possuem a enzima glicerol-cinase, sendo então transportados para o fígado onde são fosforilados a glicerol-3-fosfato podendo ser utilizado na via glicolítica ou na formação de novos ácidos graxos.
OS ÁCIDOS GRAXOS SÃO ATIVADOS E TRANSPORTADOS PARA O INTERIOR DAS MITOCÔNDRIAS
	As enzimas da oxidação dos ácidos graxos nas células estão localizadas na matriz mitocondrial, necessitando então que os ácidos graxos que chegam as células sejam transportados para dentro da mitocôndria. Os ácidos graxos com ate 12 átomos de carbono podem penetrar a mitocôndria sem o auxilio de transportadores de membrana, entretanto os que possuem 14 ou mais carbonos (como a maioria) não podem atravessar diretamente a membrana mitocondrial e necessitam sofrer uma serie de três reações enzimáticas do transportador da carnitina.
	A primeira reação é catalisada por uma família de isoenzimas presentes na membrana mitocondrial externa, as acil-CoA sintetases, que catalisam a formação de uma ligação entre o grupo carboxila do acido graxo e o grupo tiol da coenzima A, produzindo um acil-CoA graxo (clivando ao mesmo tempo o ATP em AMP e PPi, que posteriormente é degradado em 2 Pi). Esse composto formado no lado citosólico da membrana ou pode formar lipídeos de membranas ou podem ser transportados para o interior da mitocôndria para serem oxidados.
	Na segunda reação, os ácidos graxos destinados para a oxidação mitocondrial são ligados de forma transitória ao grupo hidroxila da carnitina formando o acil-graxo carnitina, reação catalisada pela carnitina acil-transferase I presente na face externa da membrana externa da mitocôndria (ainda não se sabe se o acil-CoA é convertido no espaço intermembranas ou se é formado na face citosólica e é transportado para mitocôndria, só se sabe que a passagem para a mitocôndria ocorre através de poros grandes). O acil-graxo carnitina cruza então a membrana mitocondrial interna (chegando à matriz mitocondrial) por difusão facilitada através do transportador acil-carnitina/carnitina.
	Na terceira reação, o grupo acil-graxo é transferido da carnitina para a coenzima A, dentro da mitocôndria pela carnitina acil-transferase II regenerando o acil-CoA graxo e a carnitina.
	OBS) Esse processo de entrada mediado pela carnitina é o passo limitante da velocidade de oxidação dos ácidos graxos e um ponto de regulação, onde a malonil-CoA inibe a carnitina acil-transferase I, impedindo a entrada dos grupos acila na mitocôndria, mas a fosforilação da acetil-CoA-carboxilase diminuem a produção de malonil-CoA, removendo o inibidor da oxidação dos ácidos graxos. Ela é regulada também pela razão acetil-CoA/CoA.
	OBS) A carnitina pode ser obtida principalmente a partir da dieta, sendo encontrada principalmente nas carnes, mas podem também ser sintetizadas no fígado e nos rins (mas não nos músculos) por enzimas a partir de aminoácidos lisina e metionina. Sua deficiência causa resulta na diminuição da capacidade de utilizar ácidos graxos livres como fonte de combustível e são geradas por: deficiências congênitas, doenças hepáticas, subnutrição ou vegetarianos, ou por uma maior demanda dessa enzima (gestantes, infecções graves, queimaduras, traumas) ou em pacientes que fazem hemodiálise.
	
REAÇÕES DE BETA-OXIDAÇÃO
Processo que ocorre na mitocôndria, cuja finalidade é a produção de energia a partir de ácidos graxos.
CARBONOS PARES
	O primeiro ciclo da beta-oxidação consiste em uma seqüência de quatro reações, que resultam na diminuição em dos carbonos da cadeia do acido graxo. 1) Oxidação do acil-CoA que produz um FADH2 e um 3-enoil-CoA, pela acil-CoA-desidrogenase; 2) Etapa de hidratação, pela enoil-CoA-hidratase, que produz o 3-hidroxiacil-CoA; 3) Outra oxidação com a produção de NADH, pela 3-hidroxiacil-CoA-desidrogenase, produzindo o 3-cetoacil-CoA; 4) Clivagem tiólica, pela tiolase, que produz um acetil-CoA. Essas quatro etapas são repetidas varias vezes (n/2 – 1) e cada ciclo produz um grupo acetila, um FADH2 e um NADH. A oxidação dos ácidos graxos produz uma grande quantidade de energia, por exemplo: a oxidação do palmitol-CoA a CO2 e H2O produz 8 acetil-CoA, 7 NADH e 7 FADH2, que podem produzir 131 ATP (como gasta-se 2 possui um saldo de 129 ATP).
	OBS) A deficiência de acil-CoA-desidrogenase de ácidos graxos de cadeia media é uma deficiência autossômica recessiva que causa a diminuiçãoda oxidação dos ácidos graxos tornando necessário o alto consumo de glicose, o que acarreta em grave hipoglicemia.
CARBONOS ÍMPARES
	A beta-oxidação dos ácidos graxos saturados com um número ímpar de carbonos acontece pelas mesmas reações dos com um numero par, porém ao invés de na ultima reação liberem uma molécula de 2 carbonos liberam uma de 3, o propionil-CoA, que necessita ser metabolizado em uma via de três reações, que são:
	Inicialmente o propionil-CoA é carboxilado formando o D-metilmalonil-CoA catalisado pela enzima propionil-CoA carboxilase que é dependente de biotina. Posteriormente, esse composto é vertido em seu isômero, o L-metilmalonil-CoA pela enzima metilmalonil-CoA-racemase. Finalmente, os carbonos desse composto são rearranjados formando succinil-CoA, que pode ser utilizada no ciclo do acido cítrico ou na gliconeogênese.
OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS INSATURADOS
	Esse tipo de oxidação produz menos energia do que a oxidação de ácidos graxos saturado, pois eles estão menos reduzidos, sendo então menos equivalentes a sofrerem oxidação. A oxidação de ácidos graxos monoinsaturados requer uma enzima adicional, a 3,2-enoil-CoA-isomerase, que converte o derivado 3-trans no derivado 2-trans que serve de substrato para a hidratase. Já a oxidação de ácidos graxos poliinsaturados requer a enzima 2,4-dienol-CoA-redutase dependente de NADPH, alem da isomerase.
BETA-OXIDAÇÃO NO PEROXISSOMO
	Os ácidos graxos de cadeia muito longa sofrem oxidação no peroxissomo, onde é encurtado e posteriormente transferido para a mitocôndria para posterior degradação. E ao contrario da oxidação mitocondrial, na oxidação peroxissomal a desidrogenação inicial é catalisada por uma acil-CoA-oxidase que contem FAD. O FADH2 produzido é oxidado pelo oxigênio molecular que é reduzido a H2O2, que posteriormente é reduzido a H2O pela catalase.
REAÇÕES DE ALFA-OXIDAÇÃO
	Um ácido graxo ramificado, o acido fitânico, não é substrato para a acil-CoA-desidrogenase. Assim, ao invés de sofrer ação dessa enzima ele é hidroxilado no carbono alfa pela alfa-hidroxilase dos ácidos graxos, o produto dessa reação é descarboxilado e então ativado, produzindo seu substrato, CoA que é um substrato para as enzimas de beta-oxidação. 
OBS) Existe também a ômega-oxidacao, que é normalmente uma via minoritária.
CORPOS CETÔNICOS (COMBUSTÍVEL ALTERNATIVO)
	Durante a oxidação dos ácidos graxos no fígado dos seres humanos o acetil-CoA formado pode entrar no ciclo do acido cítrico ou ser convertido nos chamados corpos cetônicos, ou seja, em acetona, acetoacetato e 3-hidroxibutirato. A acetona, produzida em menores quantidades que os outros corpos cetônicos, é exalada. O acetoacetato e o 3-hidroxibutirato são transportados pelo sangue para os tecidos extra-hepáticos, onde são convertidos em acetil-CoA e oxidados no ciclo do acido cítrico.
	Os corpos cetônicos são extremamente importantes fontes de energia para os tecidos periféricos, pois: são solúveis em água (não necessitam de lipoproteínas ou albumina para seu transporte), são produzidos no fígado, em períodos em que a quantidade de acetil-CoA excede a capacidade oxidativa do fígado (permitindo a oxidação continuada dos ácidos graxos no fígado mesmo quando o acetil-CoA não estiver sendo oxidado) e porque são usados por diversos tecidos extra-hepáticos como fonte de energia (como o córtex renal, músculos esquelético e cardíaco e ate mesmo o encéfalo pode se acostumar a utilizar essa fonte durante um jejum prolongado).
CETOGÊNESE: SÍNTESE DE CORPOS CETÔNICOS PELO FÍGADO
	Durante o jejum, o fígado recebe vários ácidos graxos mobilizados do tecido adiposo. Em conseqüência disso elevam-se as concentrações de acetil-CoA hepática, produzida pela degradação de ácidos graxos e ela acaba por inibir a piruvato desidrogenase e estimular a piruvato carboxilase, produzindo o oxalacetato que é usado pelo fígado principalmente para a gliconeogênese. Portanto a acetil-CoA é canalizada para a produção de corpos cetônicos.
	O primeiro passo na formação dos corpos cetônicos no fígado é a condensação enzimática de duas moléculas de acetil-CoA, catalisada pela tiolase (essa reação é a simples inversão do ultimo passo da beta-oxidação), formando então o acetoacetil-CoA. Então o acetoacetil-CoA une-se com outra molécula de acetil-CoA para formar o HMG-CoA (reação catalisada pela HMG-CoA sintase), o qual é quebrado em acetoacetato livre e acetil-CoA, pela HMG-CoA-liase. O acetoacetato pode ser reduzido em 3-hidroxibutirato utilizando o NADH como doador de hidrogênio pela 3-hidroxibutirato-desidrogenase, pode também sofrer descarboxilação espontânea no sangue, formando acetona.
	OBS) O equilíbrio entre acetoacetato e 3-hidroxibutirato é determinado pela razão NAD/NADH, que quando se encontra reduzida durante a oxidação dos ácidos graxos, a síntese de 3-hidroxibutirato é favorecida.
	OBS) O HMG-CoA é o precursor do colesterol.
CETÓLISE: UTILIZAÇÃO DOS CORPOS CETÔNICOS PELOS TECIDOS PERIFÉRICOS
	Embora o fígado sintetize constantemente níveis baixos de corpos cetônicos constantemente, sua produção se torna muito mais significativa durante o jejum, quando os corpos cetônicos são necessários para produzir energia nos tecidos periféricos.
	O 3-hidroxibutirato é oxidado a acetoacetato pela 3-hidroxibutirato-desidrogenase produzindo NADH. O acetoacetato recebe então uma molécula de CoA, doada pela succinil-CoA, em uma reação catalisada pela tioforase. O produto dessa reação, o acetoacetil-CoA, é ativamente convertido em duas moléculas de acetil-CoA. Desse modo, os tecidos extra-hepáticos (como o encéfalo) oxidam eficientemente o acetoacetato e o 3-hidroxibutirato.
	OBS) O fígado, apesar de produzir os corpos cetônicos, não é capaz de fazer sua degradação, pois não possuem a enzima tioforase.
OBS) Células sem mitocôndrias são incapazes de realizar a oxidação de corpos cetônicos.
PRODUÇÃO EXCESSIVA DE CORPOS CETÔNICOS NO DIABETES NÃO TRATADO E EM JEJUM PROLONGADO
	Em situações de jejum severo e prolongado ou de diabetes não tratado, observa-se uma superprodução de corpos cetônicos, o que é responsável por diversos problemas médicos sérios.
	Durante o jejum, a gliconeogênese retira a maior parte dos intermediários do ciclo do acido cítrico, levando o acetil-CoA para a produção de corpos cetônicos.
	No diabetes não tratado, quando a concentração de insulina é insuficiente, os tecidos extra-hepáticos não conseguem capturar a glicose do sangue de forma eficiente para empregá-la como combustível ou para transformá-la em gordura. Dessa forma, os níveis de malonil-CoA (material que da inicio a biossíntese dos ácidos graxos) diminuem, fazendo com que a inibição da carnitina acil-transferase desapareça e os ácidos graxos penetrem na mitocôndria para serem degradados em acetil-CoA, porém a acetil-CoA não pode ser processada no ciclo do acido cítrico, pois a maioria dos seus intermediários foi retirada pela gliconeogênese, o que causa um aumento na concentração de acetil-CoA. Esse aumento acelera a formação de corpos cetônicos, que são produzidos em uma quantidade acima da que os tecidos extra-hepáticos podem oxidar. O aumento na concentração dos corpos cetônicos (como o acetoacetato e 3-hidroxibutirato) causa uma diminuição no ph sanguíneo, condição conhecida como cetoacidose, que se não tratada leva a morte.
	OBS) O acetoacetato em altas concentrações no sangue significa que se têm também altas concentrações de acetona, a qual é tóxica e volátil. Por isso, ela é eliminada no ar expirado conferindo-o odor característico, sendo usado então no diagnostico de diabetes.

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