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aula 6 curriculo por competencias limites e possibilidades

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Aula 6 - Currículo por competências: limites e possibilidades 
Se concebermos a transposição didática como os processos de transformação 
que os conhecimentos sofrem para tornarem-se didáticos, escolarmente 
“ensináveis”, consideramos que este processo se dá em qualquer abordagem 
curricular, uma vez que o conhecimento escolar difere do conhecimento 
científico, muitas vezes, inclusive, se distanciando bastante dele. Esta 
conversão do conhecimento seja ele científico ou não, em conhecimento 
escolar, portanto, não é uma exclusividade do currículo por competências, e 
pode estar muito presente nos currículos centrados em conteúdos. 
A globalização dos conhecimentos é um aspecto que merece ser analisado 
mais profundamente no sentido de se refletir sobre as possibilidades de 
diálogo entre os saberes que o currículo pautado nas competências 
proporciona. Se por um lado, a tradução das aprendizagens em competências, 
em objetivos de aprendizagem e de ensino, podem ser mais abrangentes, e 
por isso mesmo podem promover uma abordagem interdisciplinar, por outro, 
dependendo da forma como são interpretados e didatizados, pedagogizados, 
podem apenas ser uma nova roupagem para enunciar o que se pretende 
ensinar em cada disciplina. 
Estas contradições, estes avanços e retrocessos que se encontram 
dialeticamente no currículo por competências, devem ser problematizados e 
colocados em xeque para que possamos construir novos sentidos. 
Em sua análise, Macedo (2007) situa o “currículo por competências” em um 
terreno dos limites e possibilidades, repleto de tensões, contradições e de 
novos questionamentos e impasses. 
O currículo por competência pode representar um limite, se através dele 
houver uma reedição das abordagens tradicionais do currículo, marcadamente 
presentes nas práticas curriculares brasileiras, a volta do tecnicismo e do 
psicologismo em prol da eficiência, que configuraram a vinculação dos 
processos educativos com o mercado de trabalho; se as listas de competências 
 
 
se transformarem em prescrição e balizadoras de certificação através dos 
processos homogeneizadores de avaliação. 
O currículo por competências também pode representar possibilidade, se 
através dele se instaurar um olhar mais vertical ou transversal, que possibilite 
o diálogo entre os saberes, que não se encerre em amarras disciplinares; se 
através dele as diversidades possam ser contempladas, se os objetivos 
traduzirem uma tentativa de traçar rumos menos abstratos, mais conectados 
com as pluralidades existentes nas salas de aula. 
São diversas as críticas à noção de competência como princípio organizador do 
currículo, dentre as quais, ressaltamos a preponderância do “valor de uso” de 
cada conhecimento (COSTA, 2005); a possível ancoragem numa abordagem 
neoliberal e numa perspectiva de ensino tecnicista; a tendência à 
universalização de comportamentos, saberes, atitudes, definidos pela 
listagem de competências a serem adquiridas pelos alunos. 
A abordagem da recontextualização aponta para a possibilidade de construção 
de novos sentidos para o conceito de competência e, consequentemente, para 
o que entendimento do que pode vir a ser um “currículo por competência” 
daqui para frente. 
Para Macedo (2007), 
“esse caminho de superação desses prejuízos epistemológicos e 
formativos que um currículo por competências construiria não pode 
prescindir da vinculação histórica, ética e política, sob pena de se cair 
numa reedição do ensino por objetivos instrucionais, reduzidos à 
reprodução de conhecimentos predigeridos e autoritariamente 
enquadrados. Nestes termos, a nossa perspectiva entende que cabe 
fecundar a noção de competência como mediadora da organização 
curricular com o veio crítico das teorias curriculares, retirando-a da 
captura neotecnicista que, em muitos momentos, contaminam essa 
noção mediadora das formações contemporâneas”.

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