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Interpretação de Exames Laboratoriais 
Profa. Dra. Astria D. Ferrão Gonzales e MSc. Andreza Patrícia Marinho de Souza Martins 
 
Apostila Unidade I –Roteiro de estudo 
 
 Interpretação de Exames Laboratoriais 
Profa. Dra. Astria D. Ferrão Gonzales e Andreza Patrícia M arinho de Souza M artins 
1 
AULA 1) Apresentação da disciplina. 
 
AULA 2) Exames laboratoriais: material para exames, sensibilidade x especificidade. Fatores de 
interferência em exames laboratoriais 
 
a) Material para exames e possíveis fatores interferentes: 
 Confiabilidade da amostra: quais os requisitos básicos de segurança para garantia da segurança da 
procedência da amostra? 
 Coletas caseiras: como proceder? 
 Coletas realizadas pelo médico: orientação pelo profissional que irá realizar o exame: coleta, fixação e 
transporte do material. Citar exemplos e discutir. 
 Esfregaço: conceito e problemas de confecção e fixação. 
 Fluidos corporais: regras de assepsia e antissepsia e sua influência nos resultados. 
 Aspectos de conservação e transporte específicos de acordo com as características físicas do material: 
diferenciar líquidos e sólidos. 
 Exsudatos: conceitos e particularidades- diferenciação de abcessos íntegros e expostos, profundos e 
superficiais, utilização de material de coleta específico (seringa, agulha) 
 Preparo do paciente: pontos relevantes de possível interferência 
 - uso de medicamentos: atuação in vivo e in vitro. Exemplos (glicocorticóides, vitamina C). Buscar 
outros de interferência conhecida. 
 - Alimentação, jejum, estado emocional, postura do paciente: quais as possíveis alterações obtidas 
nessas condições e quais exames serão mais afetados. 
 
b) Sensibilidade x especificidade: 
 Definição: 
 Sensibilidade: indica a proporção de pacientes que têm uma determinada doença quando teste complementar 
é positivo. 
 Especificidade: indica a proporção de pacientes que não têm uma determinada doença quando o teste 
complementar é negativo. 
 
Questões abordadas: 
 
a) Discuta esses dois termos de acordo com suas definições e cite um exemplo hipotético. 
b) Ao final da aula faça um resumo dos pontos abordados. Em casa pesquise a bibliografia recomendada 
e acrescente figuras, esquemas, etc, que complementem seu trabalho, assim como informações que 
você julgue pertinentes. 
 
Dica: Procure também nos Tratados de Enfermagem nos capítulos referentes à coleta de material para exames! 
 
AULA 3) Material de exames: Líquido céfalorraquidiano (LCR) 
 
O líquido cefaloraquidiano (LCR) é o líquido circulante que está em contacto com o sistema nervoso central (SNC) A 
sua análise química, citológica e bacteriológica é realizada através de punção lombar, num exame conhecido como 
raquicentese. 
O líquor ou líqüido cefalorraquidiano (LCR) é produzido por estruturas localizadas dentro do sistema nervoso central 
(SNC), mais especificamente, dentro dos ventrículos cerebrais, que compõem o chamado plexo coróide. A 
produção faz-se mediante ultrafiltração do sangue arterial que circula em tais plexos, à proporção de 
aproximadamente 500 ml ao dia. Entretanto, apenas 150 ml permanecem em qualquer momento dentro do SNC, 
devido á constante reabsorção ao nível das granulações de Pacchioni, no interior do seios venosos da dura mater. 
O exame do LCR pode ser feito após retirada de pequena quantidade através de punção lombar ou sub-occipital, 
geralmente 10 ml em um adulto. Na punção lombar, também chamada raquicentese, o paciente fica deitado de lado 
sobre a mesa de exame e a agulha é inserida entre a 4a. e a 5a. vértebras lombares. Esta abordagem visa o 
espaço sub-aracnóide (espaço ocupado por LCR, situado entre a pia mater e a aracnóide, as meninges mais 
internas e mais delicadas). No caso de punção sub-occipital, o paciente fica sentado e a agulha é introduzida entre 
Interpretação de Exames Laboratoriais 
Profa. Dra. Astria D. Ferrão Gonzales e MSc. Andreza Patrícia Marinho de Souza Martins 
 
Apostila Unidade I –Roteiro de estudo 
 
 Interpretação de Exames Laboratoriais 
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2 
o osso occipital e a 1a. vértebra cervical, permitindo acesso a uma parte do sistema onde circula o LCR, no caso, a 
cisterna magna, dependência do espaço sub-aracnóide intracraniano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A escolha da área a ser puncionada tem a ver com a experiência do profissional e com algumas indicações clínicas. 
A abordagem por via lombar envolve menos riscos e exige muito menos experiência que a sub-occipital. Por outro 
lado, quando se suspeita de uma compressão medular, a abordagem deve ser lombar, para definir melhor as 
características do LCR abaixo do ponto de compressão. Quando há suspeita de hipertensão intracraniana, 
comprovada pela presença de edema de papila, prefere-se, quando possível, inverter a ordem dos procedimentos e 
obter uma tomografia computadorizada do encéfalo ou uma ressonância magnética, antes de proceder ao exame do 
LCR. Nos casos suspeitos de meningite, a punção lombar ou sub-occipital estão indicadas. 
O examinador tem sempre de trazer em mente as vantagens (muitas) e algumas limitações á realização deste 
exame. Uma das razões que nos levam a evitar a punção liquórica, seja lombar ou sub-occipital é a suspeita da 
existência de herniação intracraniana , seja dos lobos temporais, seja das amídalas cerebelares. Nos casos de 
compressão medular, também, pode-se proceder a tal inversão de ordem, pois a ressonância magnética da medula 
espinhal poderá localizar o sítio de compressão e identificar a etiologia, sem o risco de acentuara a disfunção já 
existente. O exame de líquor poderá então ser realizado com melhor conhecimento da lesão existente, no caso de 
ser uma lesão que ocupa espaço (tumor, granuloma, abscesso,etc). 
Ao fazer-se a punção lombar, mede-se a pressão inicial, recolhem-se cerca de 10 cc de LCR e mede-se a pressão 
final. A pressão inicial varia de 110 mm H2O na criança pequena até 180 mm/H2O, no adulto. Pessoas obesas 
podem ter até 250mm/H2O de pressão inicial. A punção deve ser feita com agulha fina (20 ou 22) e com o bisel 
paralelo ao eixo da coluna, para minimizar a saída de LCR após a punção. O paciente deve permanecer deitado por 
algum tempo, lembrando-se que pode ocorrer cefaléia pós-punção, devida à descompressão causada pela retirada 
do LCR e do vazamento que pode continuar acontecendo após a remoção da agulha. A punção sub-occipital 
registra menor índice de cefaléia mas só deve ser feita por profissionais experientes com o procedimento. 
A análise química e citológica do LCR é realizada após a sua colheita, de uma maneira asséptica através de punção 
lombar, para 2 ou 3 tubos esterilizados. Este é transportado de imediato para o laboratório onde vai ser processado 
de forma apropriada e com aparelhagem específica para o efeito. Os resultados são impressos e interpretados pelo 
médico. 
A albumina pode avaliar-se imperfeitamente pela ebulição do líquido e pela comparação da turvação resultante com 
o padrão normal ou pode dosear-se usando para o efeito um albuminómetro. A taxa de albumina normal é de 0,40 g 
/l. A percentagem de albumina depende da doença e do seu estado evolutivo. Em alguns casos pode atingir valores 
muito elevados. 
As globulinas pesquisam-se pela reacção de Pandy. Num tubo com soluto aquoso de ácido fénico deita-se uma gota 
de LCR. A intensidade da turvação indica-se com cruzes, indo o seu número aumentando com o aumento da 
quantidade de globulinas presentes. 
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A glicose tem uma taxa normal de 0,5 a 0,7 g/l. Nas meningites costuma estar diminuída (pois é consumida pelos 
microrganismos) e, em certos casos de encefalite, pode estar aumentada. 
Os cloretos têm uma taxa normal de 7,3 a 7,5 g/l. Nas meningites agudas estão diminuídas. O doseamento de 
cloretos tem particular importância na meningite tuberculosa cuja diminuição é sinal de bom prognóstico. 
O exame citológico visa contar o número de células presentes no LCR. Esta contagem pode ser feita por meio de 
um aparelho específico ou podem ser contadas ao microscópio. O número normal de células é de 3 linfócitos por 
mmc. Se o número de células está aumentado diz-se que há hipercitose e é geralmente indicativo da existência de 
patologia. No caso de infecções do LCR além dos linfócitos aumentados encontramos também presentes neutrófilos 
e monócitos. A presença de células neoplásicas é excepcional, mas quando presente é indicativa de cancro. 
O exame bacteriológico efectua-se procedendo à realização de culturas de LCR em diferentes meios de modo a 
verificar ou não a existência de crescimento bacteriano e, portanto, revelar presença ou não de infecção. Podem 
ainda realizar-se reacções serológicas para pesquisa de anticorpos que são produzidos pelo organismo como forma 
de defesa contra as infecções. . 
(Disponível em 
http://www.vivasaudavel.pt/ProdutoA.asp?Categ=exames&Prod=0000000000000024520&TokenUser=NA&ParentU
RL) 
 
 O líquido céfalorraquidiano (LCR), também conhecido por fluido cérebroespinhal, é secretado pelo plexo 
coróide, ao redor dos vasos cerebrais e preenche os ventrículos e as cisternas, banha a medula espinhal e é 
reabsorvido para o sangue através das vilosidades da aracnóide. 
 
Distribuição do LCR no cérebro. A área clara com as setas mostra a distribuição do LCR no sistema ventricular. 
(Extraído de Vander et al., Human Physiology. Ed. Mc Graw-Hill, 2001) 
 
 A reposição do LCR é rápida, sendo trocada totalmente quatro vezes por dia. Mais de 80% do conteúdo 
protéico do LCR se origina do plasma por ultrafiltração e pinocitose, sendo o restante de síntese intratecal. A 
concentração mais baixa de proteína total e menor proporção de de moléculas protéicas maiores estão no fluido 
ventricular. A medida que o LCR desce para a espinha lombar (local a partir do qual as amostras são normalmente 
coletadas) a concentração de proteína aumenta. 
 Como o LCR é um ultrafiltrado do plasma as proteínas que predominam nele são (1) pré-albumina ou 
transtirretina (TTR), (2) albumina e (3) transferrina e nenhuma proteína com massa molecular maior do que IgG (144 
a 150 kDa) está presente em concentração detectável pelo exame de eletroforese. O padrão eletroforético comum 
tem duas bandas características que se destacam, uma proeminente de TTR e duas bandas de transferrina. 
 Barreira hemato-encefálica (BHE) é um conceito e não uma estrutura anatômica definida, mas basicamente é 
formada pelas células endoteliais dos vasos que determinam quais as substâncias que irão dar origem ao LCR e as 
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que não poderão atingir o encéfalo. A análise de proteína total do LCR pode determinar se a permeabilidade da 
BHE para proteínas plasmáticas foi alterada por determinadas condições patológicas ou se houve aumento da 
síntese intratecal de imunoglobulinas. 
Distribuição dos volumes líquidos no crânio. 
(extraído de Silbernagl e Lang, Color Atlas of Pathophysiology. Ed. Thieme, New York, 2000) 
 
 
Composição do LCR e ação da BHE 
(extraído de Silbernagl e Lang, Color Atlas of Pathophysiology. Ed. Thieme, New York, 2000) 
 
 Permeabilidade aumentada da BHE: ocorre devido ao aumento da pressão intracraniana, que pode ser 
resultante de: 
 tumor cerebral 
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5 
 hemorragia intracerebral 
 lesão traumática 
 inflamação associada a meningite bacteriana ou viral 
 inflamação associada a encefalite 
 inflamação associada a poliomielite 
 Os aumentos mais notáveis são observados na meningite bacteriana. 
 Em caso de tumor que provoca obstrução mecânica acima do local da punção (como no caso de tumor na 
medula espinhal), as proteínas plasmáticas se equilibram através das paredes dos capilares meníngeos para dentro 
do LCR estagnado. Neonatos prematuros e a termo tem permeabilidade nturalmente maior do que o indivíduo 
adulto e portanto apresentam valores maiores de proteína no LCR (até 130 mg/dL) do que adultos saudáveis. 
 Síntese intratecal de imunoglobulinas aumentada : o aumento de imunoglobulinas, especialmente IgG são 
de particular importância na detecção de doenças desmielinizantes do SNC, em especial a esclerose múltipla (EM). 
Na EM a deterioração incompleta das bainhas de mielina dos axônios afeta a condução do impulso nervoso e levam 
aos linfócitos B a se infiltrarem nessas lesões, sintetizarem IgG e ocasionalmente outras imunoglobulinas. 
 
Síntese da análise laboratorial do LCR: 
(Adaptada de Oliveira, Exames Laboratoriais para o Clínico, Ed. Medsi, 2003) 
 
Características Normalidade 
Cor Claro 
Aspecto (1) Límpido 
Pressão (2) 100 a 200 mmH2O 
Glicorraquia (3) 60 a 70 % da glicemia 
Proteínorraquia (4) 10 a 30 mg/dL 
Cloro (5) 118 a 132 mEq/L ou 720 a 750 mg/dL 
Lactato (6) Menor do que 25 mg/dL 
Reação de Pandy (específico para 
globulinas) (7) 
Negativa 
Hemácias (8) Ausentes. No neonato pode haver até 150 hemácias. 
Leucócitos (9) Menor do que 6 linfócitos. Ausência de PMN. No neonato pode haver até 
30 leucócitos. 
VDRL (10) Negativo. 
Reação de fixação de complemento 
por Weinberg (11) 
Negativa. 
Bacterioscopia por Gram (12) Ausência. 
Bacterioscopia por Ziehl-Nielsen 
(13) 
Ausência de BAAR. 
Cultura (14) Sem crescimento de m-os. 
Coloração por tinta da China 
(nanquim) (15) 
Negativa. 
Reação de látex (16) Negativa. 
 
Observações: 
 
1- Turvo- indicativo de presença de células- leucócitos, hemácias, microorganismos, ou excesso de proteínas. 
Aspecto hemorrágico pode indicar: 
 acidente de punção: há distribuição heterogênea do sangue no LCR; nesse caso o LCR torna-se 
límpido por centrifugação, ocorre formação de coágulos devido a presença de fibrinogênio plasmático. 
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6 
 hemorragia intracraniana: há distribuição homogênea do sangue no LCR, o mesmo permanece 
xantocrômico após centrifugação e não há aparecimento de coágulos. 
2- Pressão aumentada geralmente indica presença de tumor ou coágulo intracraniano. 
3- Tem que ser dosada junto a glicemia para efeito de comparação. Alterações: 
 Hipoglicorraquia: sugere processo bacteriano, sendo que quando muito acentuada é mais característico 
de tuberculose. (Quando não for dosada a glicemia, considerar hipoglicorraquia valores menores do que 
50 mg/dL) 
 Hiperglicorraquia: sugere encefalite por hiperglicemia com comprometimento do diencéfalo. 
4- Pacientes pediátricos e geriátricos podem apresentar valoresnormais aumentados. Convulsões podem aumentar 
discretamente o valor da proteínorraquia no período de 24- 48 h após a convulsão. A determinação de proteínas no 
LCR é útil para avaliar a permeabilidade da BHE em muitas doenças inflamatórias ou infecciosas do SNC, como 
ocorre nas meningites bacteriana, virais ou de outras origens, encefalite, poliomielite, neurosífilis, esclerose múltipla, 
hemorragia cerebral, tumores cerebrais ou espinhais. Outras desordens ocasionam uma produção anormal de 
proteínas dentro do SNC, como nas doenças desmielinizantes. A tabela abaixo ilustra as diferenças de valores de 
referência da proteinorraquia de acordo com o local da punção e em determinados casos especiais: 
 
Condição V. R. 
Punção ventricular 5- 15 mg/dL 
Punção cisternal 15- 25 mg/dL 
Punção lombar 15- 45 mg/dL 
Neonatos Até 150 mg/dL 
Prematuros Até 500 mg/dL 
 
5- Sua diminuição reflete distúrbio hidroeletrolítico, geralmente provocado por meningococos, mas também ocorre 
na tuberculose. 
6- Seu aumento indica infecção bacteriana, mas também sinaliza para hipoxia tecidual. 
7- Sua classificação é dada por cruzes, de (+) a (++++), mas pode dar reação cruzada com a hemoglobina. 
Determina o tipo de processo infeccioso: 
 agudo: proteína total está aumentado junto com a concentração de imuniglobulinas. 
 crônico: ocorre somente o aumento de imunoglobulinas, proteína total permanece normal. 
8- Seu aumento pode ser devido a acidente hemorrágico na punção (valor baixo), ou traumatismo, com hemorragia 
intracraniana. Em caso de acidente de punção considerar para cada 500 hemácias/mm
3
 subtrair um leucócito. 
9- O aumento de leucócitos isoladamente indica processo infeccioso/inflamatório. O tipo de leucócitos indica 
diferentes agentes infecciosos: 
 Processo bacteriano: predomínio de PMN, embora a tuberculose e a leptospirose determinem o aument o 
de MMN. 
 Processo viral: predomínio de MMN. 
 Processo parasitário: aumento de eosinófilos. 
 
Interpretação de Exames Laboratoriais 
Profa. Dra. Astria D. Ferrão Gonzales e MSc. Andreza Patrícia Marinho de Souza Martins 
 
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Células sanguíneas 
 
OBS: A análise citológica do LCR é composta de duas etapas distintas: 
 
1. a citometria, em que é feita a análise quantitativa das células, 
2. a citologia, em que é feita a contagem diferencial em lâmina corada. 
 
Os valores da citologia e da citometria também variam de acordo com a idade. Veja na tabela abaixo: 
 
Idade do paciente Leucorraquia (células/mm
3
) Hemorraquia(células/mm
3
) 
Adultos Até 5 0 
Neonatos Até 30 0 
1 mês a 1 ano Até 10 0 
1 -4 anos Até 8 0 
> 5 anos Até 5 0 
 
10- Em caso positivo indica neurossífilis. Pode dar falso negativo em 5-10 % dos casos em pacientes com tabes 
dorsalis (ataxia locomotora provocada pela degeneração lenta dos neurônios sensoriais que ocorre em uma forma 
rara de sífilis terciária não tratada) e paresia geral (distúrbio caracterizado principalmente por diminuição da função 
mental, causada por lesão cerebral decorrente de sífilis não tratada). 
11- Em caso positivo indica neurocisticercose (NC). A sua especificidade é boa, mas pode haver reação cruzada 
com neurossífilis, TB meníngea e, além disso, situações como neoplasias, abscessos do SNC e meningites crônicas 
podem cursar com FC inespecífica, fraca ou variável. O diagnóstico de NC deve ser firmado apenas se a reação for 
fortemente positiva. 
12- Tem como vantagens o baixo custo e a rapidez. Permite direcionar para o possível agente bacteriano quando 
somado as características clínicas do paciente. 
13- Avalia a presença de bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR) que atende ao diagnóstico de meningite 
tuberculosa, embora só dê positividade em 20 % dos casos. A confirmação tem que ser dada através da cultura do 
LCR. 
14- É de extrema importância na confirmação de suspeita de meningite tuberculosa e criptococose. Em caso de 
positividade deve-se proceder também com o antibiograma para determinação do tratamento antibiótico mais 
adequado. 
15- Exame micológico, quando positivo geralmente é indicativo de criptococose. 
16- Detecta antígenos bacterianos específicos porém com baixa sensibilidade. Tem como vantagens a rapidez e a 
não interferência da antibioticoterapia. O teste de aglutinação de látex é de suma importância para determinação de 
agentes etiológicos específicos, tais como: 
 
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8 
 Neisseria meningitides 
 Streptococcus pneumoniae 
 Cryptococcus neoformans 
 Streptococcus agalactiae 
 
 Indicações para o exame de LCR: 
 
Com o desenvolvimento das técnicas de neuroimagem, o exame do LCR tem indicações mais específicas. Há um 
consenso internacionalmente aceito sobre as indicações do exame do LCR. 
Entre elas, estão: 
 processos infecciosos do sistema nervoso e seus envoltórios, incluindo meningites, mielites ou 
meningoencefalites (agudas, subagudas e crônicas); 
 processos granulomatosos que apresentem imagens inespecíficas; 
 processos desmielinizantes, para estudo imunológico; 
 demências; 
 vasculites; 
 leucemias e linfomas, para estadiamento e tratamento; 
 alguns tipos de neoplasias 
 condições de imunodeficiência, particularmente a AIDS, desde que haja queixas neurológicas; 
 quadros infecciosos cujo foco não foi identificado, sobretudo em crianças e em unidades de cuidados 
intensivos; 
 aplicação, por via raquiana, de medicamentos ou de substâncias utilizadas para fins diagnósticos; 
 punção esvaziadora ou de “alívio” nos casos de hidrocefalia a pressão normal e hidrocefalia 
comunicante de qualquer etiologia; 
 Contra-indicações para o exame de LCR: 
 
 vigência de hipertensão intracraniana ainda não investigada por outros métodos diagnósticos; 
 vigência de síndrome de hipertensão intracraniana com efeito de massa, tipo tumoral, qual seja sua 
patogênese; 
 vigência de discrasias sanguíneas que facilitem sangramentos (plaquetopenia, diminuição do tempo de 
protrombina), mesmo quando decorrentes de tratamento anticoagulante. 
 infecções cutâneas na região lombar, nos pontos em que pode ser feita a punção; 
 bacteremia, quando não há ainda controle adequado das condições gerais do paciente, sobretudo antes 
da instalação da antibioticoterapia. O pertuito aberto pela agulha pode servir de porta de entrada para o 
agente infeccioso atingir o SNC; 
 hipotensão acentuada do LCR responde pela impossibilidade de colher amostra, apesar da sensação 
de se atingir o espaço sub-aracnóideo (punção branca). 
 
Questões abordadas: 
 
a) Avaliar quais as indicações da raquicentese de acordo com custo (risco) x benefícios. 
b) Citar qual a influência das condições de coleta (assepsia, volume coletado, ordem de coleta) de acordo 
com o exame a ser solicitado no LCR. 
c) Pesquisar as causas mais frequentes de encefalite e qual a correlação entre a alteração da glicorraquia. 
d) Observe na tabela abaixo o diagnóstico diferencial de LCR para os diferentes agentes etiológicos da 
meningite. Pesquise e comente quais os possíveis motivos que levam a essas diferenças. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO LCR NAS MENINGITES 
(Obtido em http://www.fmt.am.gov.br/manual/meningite.htm) 
Tipo de 
meningite 
Aspecto 
do líquor 
Citometria Citologia Glicose Proteínas Cultura 
Coloração 
com a tinta da 
China 
Líquor normal Claro0 a 5 - 
2/3 da 
glicemia 
<40mg/dl Negativa - 
Meningite Turvo ou >500 PMN Diminuída >40mg/dl Positiva - 
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9 
bacteriana 
aguda 
purulento 
Meningite 
bacteriana 
aguda em uso 
de antibiótico 
Claro ou 
pouco turvo 
<500 
PMN ou 
MN 
Diminuída 
ou normal 
Normal ou 
aumentada 
Positiva 
(rara) 
- 
Meningite 
tuberculosa 
Claro ou 
pouco turvo 
<500 MN Diminuída >40mg/dl 
Positiva 
(rara) 
- 
Meningite 
fúngica 
Claro <500 MN 
Diminuída 
ou normal 
>40mg/dl Negativa Positiva 
Meningite viral Claro <500 MN Normal >40mg/dl Negativa - 
 
e) Pesquisar a definição de pleocitose e sua utilidade na interpretação de exames de LCR. 
f) Ler o artigo indicado (Heringer e cols., 2005, Arq. Neuropsiquiatr, 63 (2-B): 543- 547) e discutir os 
procedimentos de análise de LCR e sua utilidade no caso clínico relatado. 
 
AULA 4) Urinálise/ EAS (Elementos anormais de sedimentoscopia): 
 
 O exame de urina é de fundamental importância para determinação de uma série de patologias metabólicas e 
infecciosas, além de permitir a avaliação da função renal. Quaisquer alterações sanguíneas poderão ser detec tadas 
na urina desde que estejam em maior quantidade do que o normal, sejam esses elementos eletrólitos, carboidratos, 
aminácidos, uréia, amônia, corpos cetônicos, etc. Este teste de rastreamento avalia as características físicas da 
urina; determina a gravidade específica e pH da urina; detecta e mede proteína, glicose, corpos cetônicos, 
bilirrubina, urobilinogênio, hemoglobina (Hb), nitritos sangüíneos e hemácias; examina o sedimento para células 
sangüíneas, cilindros, cristais e células epiteliais. 
 Alguns exames podem ser realizados de forma simples e barata no laboratório do consultório. São exames que 
detectam e mensuram a concentração de várias substâncias na urina. Esses testes usam uma tira de plástico fina 
(fita reagente) impregnada com substâncias químicas que reagem com substâncias presentes na urina e mudam de 
cor. Os exames com fitas reagentes são utilizados rotineiramente na urinálise. 
 
COLETA DE URINA: Preparação de Paciente 
Uso de medicamentos: As recomendações feitas sobre exames realizados no sangue aplicam-se também aos de 
urina (ver adiante). 
Higiene da genitália externa: Visa a diminuir a passagem de bactérias para a urina. 
Coleta de uma Amostra Isolada de Urina: utilizada para a pesquisa de elementos anormais e sedimentoscopia 
(EAS). O EAS é mais comumente realizado com a coleta da primeira urina da manhã (esta seria mais concentrada) 
Coleta de Toda a Urina de 24 horas (Nictêmero): utilizada para determinar a quantidade de uma substância que é 
excretada (ex.: hormônios, proteínas). O paciente deve ser instruído a desprezar a primeira urina do dia, anotar a 
hora e começar a recoletar todo o volume de urina de todas as micções até a mesma hora do dia seguinte. 
Aspectos a serem considerados para preservação da amostra: 
- Tempo decorrido entre a coleta e a realização do exame: todos os exames devem ser realizados imediatamente 
após a coleta. Quando o exame não é efetuado imediatamente após a emissão da urina, a amostra deve ser 
guardada em geladeira 
- Transporte, contaminação e decomposição do material a ser analisado: convém sempre manter os recipientes 
tampados e, muitas vezes, em geladeira. A decomposição da substância pode ocorrer por: exposição ao ar, à luz e 
a temperaturas inadequadas. 
 
1- Avaliação da cor (normalmente amarela ou amarela clara) e do aspecto (límpido ou turvo) são determinados por 
observação direta; neste mesmo momento, pode-se atentar e registrar eventuais odores anormais. 
 A hematúria confere à urina uma cor de laranja a vermelha, podendo estar presentes rajas de sangue. 
 Medicamentos podem conferir à urina tons diversos, como verde ou laranja escuro; outros estados patológicos 
podem resultar em alteração da cor da urina pela presença de pigmentos, sangue ou resíduos do metabolismo. 
A presença de bactérias ou elementos celulares (produzidos por descamação a partir de várias partes do sistema 
urinário) em quantidade anormal pode resultar em um aspecto turvo. 
 
Interpretação de Exames Laboratoriais 
Profa. Dra. Astria D. Ferrão Gonzales e MSc. Andreza Patrícia Marinho de Souza Martins 
 
Apostila Unidade I –Roteiro de estudo 
 
 Interpretação de Exames Laboratoriais 
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Cor Interpretação sugestiva 
Amarelo-claro/ amarelo citrino Normal 
Incolor Recente ingestão de líquidos 
Amarelo-palha Poliúria 
Verde Infecção por Pseudomonas, uso de antisséptico urinário 
Avermelhada Presença de sangue, contaminação menstrual 
Marrom/escurecida Eritrócito oxidado, uso de metildopa e metronidazol 
âmbar/ alaranjada Consumo de cenoura, vitamina A, medicamentos (fenazopiridina) 
 
2- Avaliação do aspecto: 
 O aspecto da urina deve ser límpido, transparente. A alteração desse aspecto ocorre em diversas patologias, 
deixando a urina turva. Essa turbidez está associada a presença aumentada de cristais, prote inúria, bactérias, 
leucocitúria, hematúria, ou seja, presença de substâncias ou células que normalmente não são encontrados ou são 
encontrados em pouca quantidade na urina. 
 
3- Avaliação da densidade: 
 Alterações da densidade da mesma forma refletem a presença anormal de substâncias ou células na urina, o 
que leva ao seu aumento. 
 Uma baixa gravidade específica (<1.005) pode indicar diabetes insipidus, necrose tubular aguda ou pielonefrite. 
A densidade fixa ocorre em glomerulonefrite crônica com lesão renal grave; valores altos (>1.035) ocorrem em 
síndrome nefrótica, desidratação, choque, glomerulonefrite aguda, insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência 
hepática. 
 O valor de referência para normalidade é de 1,024. Valores acima de 1, 025 indicam estado alterado. 
 
4- Avaliação do odor: 
 Alguns medicamentos, como a Penicilina, produzem odor característico. Na infecção do trato urinário, a urina pode 
apresentar um odor fétido. A urina em repouso também irá produzir um odor mais acentuado, porém não fétido. 
5- Avaliação do pH: 
 O pH é uma medida de acidez ou alcalinidade. O pH é definido como o logaritmo negativo da concentração 
do íon de hidrogênio (H+). Essa manipulação matemática permite medir a acidez em uma escala conveniente de 0 a 
14. O pH neutro (ou seja, existe na solução o mesmo número de íons de hidrogênio e de hidroxil, OH-) é 7.0. O pH 
do plasma e da maioria dos fluidos corporais é mantido dentro de uma margem limitada entre 7,35 e 7,45. Apenas 
em casos de doenças graves o pH fica ligeiramente abaixo de 7,0 ou próximo a 8,0. Variações mais alarmantes são 
incompatíveis com a vida. O corpo mantém o pH dentro dessa margem limitada utilizando tampões, isto é, um 
produto químico, como um ácido ou base fracos, que pode existir de 2 formas; essas formas alternativas podem ser 
convertidas entre si por meio da absorção ou liberação de íons de hidrogênio. O tampão mais importante do 
organismo é o sistema tampão com bicarbonato: H
+
 + HCO
3-
 <--> CO2 + H2O. O HCO
3-
 é controlado pelos rins e o 
CO2 é controlado pelos pulmões. Se houver algum problema com os rins, os pulmões tentarão compensar e vice-
versa. Entretanto, esse equilíbrio pode ser prejudicado, por exemplo, na presença de excesso de ácidos orgânicos 
que neutralizam o HCO
3-
. 
 O pH, útil na avaliação de cristalúria e de distúrbios renais que cursam com incapacidade renalde secretar ou 
reabsorver ácidos ou bases. Alguns medicamentos são mais eficazes em ambientes ácidos ou alcalinos, como, por 
exemplo, a estreptomicina, a neomicina e a canamicina. Estas são mais eficazes no tratamento de infecções do 
trato urinário quando a urina é alcalina. 
 Certos tipos de cristais urinários estão presentes na urina ácida. Cristais urinários sugerem uma tendência à 
formação de cálculos renais. Essa predisposição pode ser eliminada, modificando-se o pH da urina. 
A urina ácida está associada à xantina, cistina, ácido úrico e cálculos de oxalato de cálcio. O pH ácido da urina pode 
ser observado nas seguintes condições clínicas: 
 
 tuberculose renal 
 pirexia 
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 fenilcetonúria 
 alcaptonúria 
 acidose 
 
 A urina alcalina está associada ao carbonato de cálcio, fosfato de cálcio e aos cálculos de fosfato de magnésio. 
O pH alcalino da urina pode ser observado nas seguintes condições clínicas: 
 
 síndrome de Fanconi 
 infecção do trato urinário 
 alcalose 
 
Obs: A síndrome de Fanconi adquirida é uma coleção de achados, que podem incluir a aminoacidúria (aminoácidos 
na urina), o raquitismo, a insuficiência de crescimento e excessiva produção de urina. A síndrome de Fanconi pode 
ser hereditária (síndrome de Fanconi familiar) ou pode ser adquirida (desenvolvida em razão de uma causa 
externa). A forma adquirida é causada por dano dos rins a partir de agentes externos, como o cádmio, o chumbo, o 
mercúrio e os medicamentos com tetraciclinas vencidos, entre outros. 
 O pH da urina não é controlado com tanta rigidez quanto o pH do sangue, podendo ser afetado por vários 
fatores depois da coleta. Se o recipiente que contém a urina ficar aberto, o CO2 escapa. As bactérias geralmente 
aumentam o pH, já que contêm enzimas que podem decompor a uréia em amônia, a qual então se combina com os 
íons de hidrogênio. Na maior parte dos casos, o pH sérico é uma medida para o desequilíbrio ácido-base melhor do 
que o pH da urina, mas, em alguns casos, o pH da urina também é útil. Por exemplo, em uma acidose respiratória 
resultante de doença pulmonar obstrutiva crônica, os rins (se estiverem normais) tentarão equilibrar o pH elevado, 
reabsorvendo e sintetizando mais bicarbonato, o qual, então, resultará em uma urina mais ác ida. 
Os valores de referência para o pH da urina estão na faixa de 5,0 a 6,5. Sendo assim pH< 7,0 (ácido) é considerado 
normal e pH > 7,0 é considerado alterado, podendo ser devido a medicamentos ou a alimentação. 
 
6- Proteinúria: 
 Uma quantidade de proteínas plasmáticas de baixo peso molecular são filtradas normalmente na forma livre 
através do glomérulo renal e logo após são rapidamente reabsorvidas, em parte, pelos túbulos renais. Existem 
condições fisiológicas ou benignas onde pode-se observar um aumento na excreção urinária de proteínas, como: no 
exercício violento, febre, hipotermia, gravidez. A determinação das proteínas urinárias é importante na detecção das 
patologias renais. 
 A proteinúria na doença renal pode resultar de uma disfunção glomerular ou tubular. No primeiro caso, é 
causada por um aumento na passagem através dos capilares do glomérulo e caracterizada pela perda das proteínas 
plasmáticas de mesmo tamanho ou maior. 
 No segundo caso, é causada por uma diminuição na capacidade de reabsorção de proteínas pelos túbulos. 
Entre as patologias onde é produzido um aumento de excreção de proteínas urinárias, podem ser citadas: síndrome 
nefrótico, síndrome nefrítico, hipergamaglobulinemia monoclonal, nefropatia diabética, infecções do trato urinário . A 
interpretação sugestiva geralmente é feita com os seguintes valores: 
Proteinúria Interpretação sugestiva 
Até 150 mg em 24 h Normal 
De 150 mg a 3,5g em 24 h Síndrome nefrítica 
Maior do que 3,5 g em 24h Síndrome nefrótica 
Obs: As glomerulopatias são alterações encontradas: perda da capacidade de filtração de proteínas (perda de ptns); 
passagem de hemácias; processo inflamatório com leucócitos no glomérulo à biopsia renal ou na urina; alteração na 
taxa de filtração glomerular (diminuição) que acarreta edema. São classificadas em síndrome nefrítica e nefrótica de 
acordo com suas características particulares, que são: 
 Síndrome Nefrítica : 
- inflamação com diminuição da filtração glomerular, consequentemente há retenção de H2O e sal acarretando 
hipervolemia com edema e hipertensão. 
-hipertensão 
-edema 
-hematúria (com dismorfismo eritrocitário é sinal de hematúria glomerular, pois a hemácia se deforma ao passar 
pelo glomérulo) 
-leucocitúria 
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-cilindro leucocitário/hemático (a presença de leucócitos na urina pode ser sinal de infecção ou de inflamação 
sem infecção, isto é, inflamação autoimune, já a presença de cilindros hemáticos é sinal de glomerulonefrite 
aguda). 
 
 Síndrome Nefrótica: 
- Proteinúria maciça (> 3,0 ou 3,5g em 24hs = 50mg/kg de proteinúria, em uma criança de 10kg proteinúria de 
500mg já é considerada maciça). 
-Hipoalbuminemia (queda da pressão oncótica acarreta queda da volemia que ativa o sistema renina-
angiotensina-aldosterona, havendo retenção de Na
+
 e H2O e piora do edema, além da instalação do quadro 
de hiperaldoteronismo secundário). 
-Edema 
-Hiperlipidemia (na tentativa de compensar a hipoalbuminemia o organismo tenta aumentar a síntese de ptns, 
como é a mesma via da síntese de lipídios acaba ocorrendo síntese lipídica). 
 
7- Glicosúria: 
 Normalmente não deve haver glicosúria, a não ser que o paciente não tenha feito o jejum noturno. 
 Quando ocorrer, é indicativo de hiperglicemia, geralmente promovida por diabetes mellitus ou ainda por 
problemas de filtração devido a doença renal avançada. A glicose presente na urina reflete os níveis séricos da 
glicose associados à capacidade de filtração glomerular e de reabsorção tubular. 
 Normalmente, a glicosúria só se manifesta quando os níveis séricos se encontram acima de 160/180 mg/dL. A 
glicosúria pode ser causada tanto pelo diabetes mellitus como por outras patologias, como doenças renais que 
afetem a reabsorção tubular e nos quadros de hiperglicemia de outras origens que não a diabética. 
 
8- Cetonúria: 
 Poderá ocorrer em baixa taxa em caso de jejum muito prolongado (mais de 12 h), porém em jejum mais curtos 
não deverá ser observada. 
 Quando em taxas elevadas pode ser indicativo de desnutrição profunda promovida em casos de anorexia ou 
ainda de diabetes mellitus, quando acompanhada de hiperglicemia e gl icosúria. O uso de algumas drogas pode 
levar a falso-negativos, entre elas o captopril, a levodopa e o paraldeído. 
 
9- Avaliação da presença de hemoglobina : 
 Deve estar ausente em pacientes saudáveis. Quando da ocorrência de hematúria pode ser indicativo de: 
 reação transfusional 
 anemia hemolítica 
 queimaduras graves 
 infecção 
 exercício físico intenso 
 glomerulonefrite 
 
10- Avaliação da presença de bilirrubina: 
 O metabolismo da bilirrubina se inicia com a decomposição dos glóbulos vermelhos pelas células fagoc itárias. 
A hemoglobina é decomposta em heme e globina. O heme é convertido em bilirrubina que é, em seguida, 
transportada pela albumina no sangue para o fígado. No fígado, a maior parte da bilirrubinaé conjugada com o 
ácido glicurônico, antes de ser excretada na bile. A bilirrubina conjugada é chamada de bilirrubina direta e a 
bilirrubina não-conjugada é chamada bilirrubina indireta. A bilirrubina total = BD + BI. A bilirrubina conjugada é 
excretada na bile pelo fígado e armazenada na vesícula biliar ou transferida diretamente para o intestino delgado. 
 Esse exame pode ser realizado quando houver suspeita de problemas no fígado ou na vesícula biliar. 
Pacientes saudáveis devem ter ausência de bilirrubina na urina. A sua presença significa o aumento da bilirrubina 
direta, cujo ciclo de degradação foi interrompido por causa hepática ou pós -hepática e é indicativo de hepatopatias 
de um modo geral. 
 
11- Avaliação da presença de urobilinogênio: 
 A bilirrubina excretada na bile é metabolizada pelas bactérias nos intestinos e convertida em urobilinas, que 
contribuem para a cor das fezes. Uma pequena porcentagem desses compostos são reabsorvidos no intestino e 
eventualmente aparecem na urina, onde são referidos como urobilinogênio. O urobilinogênio é responsável pela 
coloração amarelada da urina, portanto a urina normal deve contê-lo, porém seu aumento ou diminuição pode 
significar problemas. 
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Urobilinogênio Interpretação sugestiva 
Até 1:20 Normal 
Acima de 1:20 Hepatopatias, distúrbios hemolíticos. 
Abaixo de 1:20 Obstrução biliar. 
 
12- Avaliação da presença de nitrito: 
 Deve estar ausente em pacientes saudáveis. A presença de nitrito na urina indica infecção das vias urinárias, 
causadas por microrganismos que reduzem o nitrato a nitrito. O achado de reação positiva indica a presença de 
infecção nas vias urinárias, principalmente por bactérias entéricas Gram-negativas, especialmente Escherichia coli, 
com exceção de Pseudomonas sp. 
 
13- Avaliação da presença de leucócitos: 
 Podem estar presentes em pequena quantidade na urina normal (5 a 10 por campo). Normalmente neutrófilos. 
Quantidades aumentadas indicam a presença de lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas em qualquer nível 
do trato urinário. Deve-se sempre excluir contaminação por via genital. 
Leucócitos Interpretação sugestiva 
Até 10000/mm
3 
Normal 
Mais de 10000/mm
3 
Infecção do trato urinário ou contaminação por secreção vaginal ou 
uretral 
 
Obs: A presença de piúria significativa com urocultura negativa pode sugerir tuberculose renal. 
 A Tuberculose Renal é causada pela invasão do sistema urinário pelo bacilo da tuberculose. Essa invasão 
ocorre sempre através do sangue, e em grande número de casos, os microorganismos originam-se de um foco 
tuberculoso pulmonar. Outras vezes, o foco inicial está localizado no intestino, nas amígdalas ou até mesmo na 
pele. 
 No aparelho urinário, a localização mais freqüente da tuberculose é no rim. A maior parte dos casos de 
tuberculose dos ureteres (conduto que ligam os rins à bexiga) e da bexiga resulta da propagação de lesões iniciais 
localizadas no rim. Freqüentemente, a tuberculose renal evolui insidiosamente, sem apresentar qualquer sintoma 
característico. Isso ocorre quando a lesão tuberculosa localiza-se no interior do tecido renal. No entanto, quando a 
lesão atinge os cálices renais (pequenas estruturas com forma de taça que recolhem a urina no interior dos rins) ou 
as vias urinárias, verifica-se a eliminação de sangue na urina (hematúria); esse aliás, pode ser o único sintoma. A 
quantidade de sangue perdido é variável, a urina pode tornar-se intensamente avermelhada ou apresentar somente 
pequena quantidade de glóbulos vermelhos. Neste último caso, a eliminação de sangue na urina é evidenciada 
através do exame microscópico do sedimento urinário, realizado rotineiramente no exame comum de urina. Quando 
a eliminação de sangue não é possível a olho nu, denomina-se hematúria microscópica. Por outro lado, um foco 
tuberculoso renal pode permanecer estacionário durante anos, passando totalmente despercebido. 
 
14- Avaliação da presença de hemácias: 
 Podem estar presentes em pequena quantidade na urina normal (3 a 10 por campo). A presença de hematúria 
indica lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas dos rins ou vias urinárias. Deve-se sempre excluir 
contaminação por via genital. O exercício extenuante pode levar a hematúria discreta. A forma da apresentação das 
hemácias, segundo alguns autores, pode indicar sua origem, servindo como um diagnóstico diferencial de 
hematúrias de origens glomerular e não-glomerular. Quando se apresentam em sua forma esférica habitual, seriam 
de origem mais distal no trato urinário; quando crenadas (irregulares), teriam origem glomerular. 
Hematúria Interpretação sugestiva 
Até 8000/ mm
3 
Normal 
Mais de 8000/ mm
3 
Síndrome nefrítica, contaminação por sangue menstrual. 
 
15- Sedimentoscopia: 
É um exame de realização simples, feito por microscopia ótica. 
 
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Células epiteliais Sua presença é comum por descamação do sistema genitourinário. 
Bactérias A urina normal não deve conter bactérias. Sua presença indica infecção ou 
contaminação por secreção vaginal ou uretral. A presença de bactérias em 
qualquer quantidade é sempre considerada infecção. 
Leveduras A urina normal não deve conter leveduras. Pode ser comum em pacientes 
diabéticos e imunodeprimidos e ocorrer por contaminação da genitália. 
Geralmente são espécies do gênero Candida. 
Parasitas A urina normal não deve conter parasitas. Pode ocorrer contaminação por 
Trichomonas vaginalis a partir de secreção vaginal e por Enterobius vermicularis 
por contaminação fecal. 
Espermatozóides Aparecem em decorrência de ejaculação ou relação sexual. 
Muco Não são considerados clinicamente significativos. Aumentados em quadros 
irritativos do sistema genitourinário. 
Cristais Estudos demonstram a relação entre cristalúria e a formação de cálculos renais. 
Podem surgir em decorrência do uso de alguns fármacos. 
 
16- Cilindros: 
 A avaliação dos cilindros é de grande importância na diferenciação dos diversos tipos de patologias renais e 
algumas cardíacas, sendo de grande valor diagnóstico. São elementos exclusivamente renais compostos por 
proteínas e moldados principalmente na luz dos túbulos contornados distais e túbulos coletores. Indivíduos normais, 
principalmente após exercícios extenuantes, febre e uso de diuréticos , podem apresentar pequena quantidade de 
cilindros, geralmente hialinos. Sua formação é influenciada pelos elementos presentes no filtrado e pelo tempo de 
permanência dentro do túbulo. Nas doenças renais, se apresentam em grandes quantidades e em diferentes 
formas, de acordo com o local da sua formação. 
 
Tipos Interpretação sugestiva 
Hialinos Normal quando em pequena quantidade. Aparecem em maior quantidade na 
glomerulonefrite, na pielonefrite, na doença renal crônica, na insuficiência cardíaca 
congestiva, nos exercícios físicos intensos. 
Hemáticos Aparecem em maior quantidade na glomerulonefrite e nos exercícios físicos intensos. 
Leucocitários Aparecem em maior quantidade na pielonefrite. 
Epiteliais Aparecem na lesão tubular renal. 
Granulares Aparecem na estase do fluxo urinário, na infecção do trato urinário, nos exercícios físicos. 
Céreos Aparecem na estase do fluxo urinário.Adiposos Aparecem na síndrome nefrótica. 
Largos Aparecem na estase extrema do fluxo urinário. 
 
Questões abordadas: 
 
a) Discuta quais os motivos que levam a alteração de cor da urina. 
b) Discuta com relação ao pH quais os motivos que podem ser a causa da acidificação ou alcalização da 
urina, citando um exemplo para cada uma delas. 
c) Defina e diferencie síndrome nefrótica de síndrome nefrítica, correlacionando cada uma delas a 
proteinúria específica em cada condição. 
d) Observe a tabela de Cilindros e pesquise as doenças associadas a cada tipo, correlacionando o tipo de 
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cilindro observado com as patologias descritas em cada situação. 
 
AULA 5) Líquido ascítico, pleural e sinovial: 
 
 Esse líquidos podem ser avaliados tanto em transudatos quanto em exsudatos. Algumas definições acerca 
disso então são importantes para a compreensão desses exames. 
 Exsudação – extravasamento de líquidos, proteínas e células por interstício de cavidades 
 Exsudato: produto da inflamação 
 Transudato: líquido no espaço intersticial 
 Pus: exsudato inflamatório purulento rico em leucócitos e restos celulares parenquimatosos 
 
I- Líquido ascítico: 
 O exame do líquido ascítico é indicado em casos de ascite clinicamente evidente de início recente. A 
paracentese (método de coleta para o exame do líquido ascítico) é o método mais rápido e custo-efetivo para o 
diagnóstico da causa de ascite. 
- Glicose: normalmente, as concentrações no líquido ascítico são similares às do soro. Na presença de 
leucócitos e bactérias, há consumo da glicose e redução dos níveis: peritonites, bacteriana espontânea, 
bacteriana secundária, tuberculosa e carcinomatose peritoneal. Sua determinação deve ser feita em paralelo 
com a dosagem sérica. 
- Albumina: Transudatos: < 3.0 g/dL,Exsudatos: > 3.0 g/dL; 
- Amilase: Até 90 U/L(Obs: Nos líquidos cavitários o valor deve ser superior ao normal (soro) pelo menos 3 
vezes para atingir significado diagnóstico); 
- Densidade: Transudatos: < 1016, Exsudatos: > 1016; 
- Leucócitos: Transudato: abaixo de 500/mm³, Exsudato: acima de 500/mm³; 
- Proteínas: Transudato: < 2,5 g/dL, Exsudato: > 3,0 g/dL. 
INTERFERENTES:Acidente de punção. 
EXAMES RELACIONADOS:Estudo bioquímico sangüíneo para comparação de valores. 
 
II- Líquido pleural: 
 A cavidade pleural é revestida pelos mesotélios das pleuras visceral e parietal. Normalmente, contém uma 
pequena quantidade de líquido, dito pleural, o que permite o movimento de uma membrana contra a outra. O líquido 
pleural é um filtrado plasmático produzido continuamente pela pleura parietal. Quando ocorre acúmulo de líquido, é 
denominado derrame pleural, que é o resultado do desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido. 
EXAME MICROSCÓPICO: O líquido pleural é límpido, inodoro, amarelo-pálido e não coagula. Apresenta-se 
hemorrágico nos processos traumáticos e malignos e no infarto pulmonar. Entretanto, pode também acontecer em 
um acidente durante a punção, sendo o diagnóstico diferencial feito pela presença de pequenos coágulos e pela 
característica de ir clareando com a drenagem continuada. Pode aparecer também em outras situações, como 
traumas, distúrbios da coagulação e escape de aneurisma aórtico. Na realização do hematócrito, apresentará um 
valor próximo a 50% do sangue periférico no caso de hemotórax. Já nos processos metabólicos, o líquido pleural é 
claro e tem cor amarelo-pálida. Grandes volumes (acima de 350 mL) sugerem processos malignos, uremia e 
processos inflamatórios ligados à AIDS. 
EXAMES BIOQUÍMICOS 
- Amilase: Níveis de amilase acima dos níveis séricos indicam a presença de pancreatite aguda, pseudocisto 
de pâncreas, ruptura esofágica ou, em alguns casos, derrames de origem maligna. 
- Glicose: A diminuição dos níveis de glicose a valores inferiores a 60 mg/dL ou um índice glicose líquido 
pleural/glicose soro inferior a 0,5 são mais freqüentes e acentuadas nos derrames pleurais da artrite 
Interpretação de Exames Laboratoriais 
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 Interpretação de Exames Laboratoriais 
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reumatóide e nos macroscopicamente purulentos (empiemas). Em neoplasias, tuberculos e, lúpus eritematoso 
sistêmico e infecções bacterianas não-purulentas, apresentam valores baixos em um pequeno número de 
casos. Níveis de glicose abaixo de 60 mg/dl ou 50% dos valores séricos ocorrem no derrame parapneumônico, 
empiema, colagenoses, tuberculose pleural e derrames malignos. Sua determinação deve ser feita em paralelo 
com a dosagem sérica. 
- LDH: É um dos parâmetros para diagnóstico diferencial entre exsudatos e transudatos. Os níveis de LDH são 
sempre analisados em relação aos valores séricos (líquido pleural/soro), obtendo-se um índice que é maior do 
que 0,6 nos exsudatos e menor do que 0,6 nos transudatos. A presença de níveis diminuídos de LDH durante a 
evolução dos processos inflamatórios indica uma boa evolução e um bom prognóstico. Em contrapartida, níveis 
aumentados indicam uma evolução inadequada e sugerem que se mude para uma conduta terapêutica mais 
agressiva. 
- Proteínas: A determinação dos níveis de proteínas no líquido pleural só tem significado clínico como um dos 
dados utilizados para diferenciar os exsudatos dos transudatos. O transudato acontece por fatores mecânicos, 
como aumento da pressão hidrostática ou diminuição da pressão oncótica, que influenciam o processo de 
formação e reabsorção dos líquidos e apresentam níveis protéicos 50% menores do que os do plasma. O 
exsudato acontece por aumento da permeabilidade capilar e diminuição da reabsorção linfática, e apresentam 
níveis protéicos maiores. Os transudatos são geralmente bilaterais e são encontrados na cirrose hepática, na 
síndrome nefrótica e na insuficiência cardíaca congestiva. Os exsudatos são mais freqüentemente unilaterais e 
aparecem nas infecções bacterianas, neoplasias e doenças do colágeno. 
EXAME CITOLÓGICO: 
 A análise citológica é composta de duas etapas distintas: a citometria, em que é feita a análise quantitativa das 
células, e a citologia, em que é feita a contagem diferencial em lâmina corada. A presença de células de aspecto 
morfológico suspeito determina a indicação de citopatologia para células neoplásicas. Comumente encontram-se 
células mesoteliais nos processos inflamatórios. A presença de eosinofilia (>10%) pode resultar de diferentes causas, 
como reação a drogas, síndromes de hipersensibilidade, doenças reumatológicas, traumatismos, infarto pulmonar e 
doença de Hodgkin. Nessas situações, pode ser observada a presença dos cristais de Charcot -Leyden, derivados 
dos eosinófilos. 
 
CITOMETRIA CITOLOGIA 
 TRANSUDATOS <1.000 leucócitos/mm3 
 0 hemácias/mm3 
PMN 25%, MMN 80% 
 EXSUDATOS <1.000 leucócitos/mm3 
 0 hemácias/mm3 
Predomínio de PMN 
 
INTERFERENTES:Acidente de punção, contaminação. 
INTERPRETAÇÃO:Transudato: derrame mecânico hipoprotéico. Exsudato derrame inflamatório hiperprotéico. 
Infecções bacterianas:Tuberculose, Pneumonia Pneumocócica, Abscesso pulmonar, Carcinoma Bronquico 
infectado, Cisto pulmonar infectado, Cisto renal infectado contiguide, Brucelose, Tularemia, Peri-hepatite 
gonocócica. Fistulaartério-venosa do pulmão, Aneurisma micótico da aorta abdominal, S de Dressler. 
 
III- Líquido sinovial: 
 
 É normalmente claro, transparente e viscoso. Sua quantidade média em condições normais é de 1,0 mL. Em 
sua composição encontramos: um ultrafiltrado plasmático, com ausência dos elementos da coagulação e o ácido 
hialurônico, produzido pelas células sinoviais, responsável pela viscosidade característica do líquido sinovial. A 
análise do líquido sinovial incluí as análises macroscópica, citológica e bioquímica e outras investigações 
específicas. 
 
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EXAME BIOQUÍMICO: 
- Mucina: O teste consiste na adição de ácido acético e na observação da formação ou não do coágulo de 
mucina. A formação de um coágulo de mucina firme e compacto revela um grau de viscosidade normal. Já a 
formação de um coágulo entre regular e fraco, em fragmentos dispersos e em uma solução turva, reflete 
diluição e despolimerização do ácido hialurônico, ou seja, uma alteração da viscosidade, que é uma 
característica inespecífica de várias artrites inflamatórias. 
- Glicose: As concentrações no líquido sinovial são semelhantes às plasmáticas. Por isso, a interpretação 
adequada dos valores de glicose do líquido sinovial requer uma comparação com os níveis séricos da glicose 
em jejum. Em condições normais e na maioria das condições não inflamatórias, a diferença é menor que 10 
mg/dL. Diferenças significativas são encontradas nos processos inflamatórios e infecciosos. Os valores da 
glicose podem ser mascarados pela glicólise, quando da presença de um grande número de leucócitos. 
- Proteínas: A concentração normal de proteínas varia de 1,2 a 2,5 g/dL. Valores aumentados são encontrados 
em processos inflamatórios e sépticos. Durante a fase inflamatória, proteínas maiores, como o fibrinogênio, 
entram no líquido sinovial. 
EXAME MICROSCÓPICO/ CITOLÓGICO: 
 A análise citológica do líquido sinovial é composta de duas etapas distintas: a citometria, em que é feita a 
análise quantitativa das células, e a citologia, em que é feita a contagem diferencial em lâmina corada. 
Normalmente, é paucicelular, com predomínio de mononucleares. Durante a análise microscópica por luz 
polarizada, é avaliada a presença de cristais, livres ou no interior das células, que podem ajudar no diagnóst ico de 
artropatias induzidas por cristais. Permite também identificar os cristais como os de urato monossódico (gota), 
pirofosfato de cálcio (condrocalcinose ou pseudogota) e outros, como apatita e oxalato de cálcio. O l´quido sinovial 
é normalmente claro, transparente ou levemente amarelo. A turvação pode se dar pela presença de células 
(leucócitos e hemácias) ou pela presença de cristais ou fibrina. A alteração de cor mais freqüente é a avermelhada, 
que pode ser causada por uma hemartrose verdadeira ou por um acidente durante a punção. A diferenciação se dá 
pelo fato de que, nos casos de acidente de punção, a coloração varia, clareando no fim da coleta, e pela presença 
de coágulos. A coloração esverdeada pode ser observada em artrites sépticas. A viscosidade está diretamente 
relacionada à quantidade de ácido hialurônico e encontra-se diminuída nos processos inflamatórios. A observação 
se faz durante a coleta do material, pela velocidade de queda pela agulha de punção e analisada laboratorialmente 
pelo teste da mucina. A presença de coágulos é outro dado importante da avaliação macroscópica. Em condições 
normais, o líquido sinovial não coagula. Portanto, a presença de coágulos é indicativa de processos inflamatórios. 
 
LEUCÓCITOS POLIMORFONUCLEARES 
 NORMAIS Até 200/ml <25% 
 INFLAMATÓRIOS 2000 a 75.000 >50% 
 NÃO-INFLAMATÓRIOS 200 a 2.0000 <25% 
 SÉPTICOS >100.000 >85% 
 
Outras Avaliações: 
 Os níveis de ácido úrico no líquido sinovial geralmente são similares aos séricos e, portanto, não possuem 
valor no diagnóstico. A dosagem da desidrogenase láctica encontra-se elevada na artrite reumatóide, na gota e nas 
artrites infecciosas. É provável que isso se deva à presença de um grande número de leucócitos, o que prejudica 
sua aplicabilidade clínica. Alguns autores mencionam a possibilidade de identificação de fator reumatóide e de 
anticorpos antinucleares no líquido sinovial, sem contanto terem uma definição clínica clara da import ância desses 
achados. Níveis de complemento diminuídos, sem correlação com níveis séricos, têm sido descritos em artrites 
séptica e reumatóide e no lúpus sistêmico. A presença de imunocomplexos acontece em diferentes patologias e 
parece ter relação com a atividade da doença. 
INTERFERENTES:Acidente de punção 
INTERPRETAÇÃO:O fator reumatóide é um auto-anticorpo, em geral da classe IgM, podendo também ser IgG 
ou IgA, dirigido contra o fragmento Fc da IgG. Está presente no soro da maioria dos pacientes portadores de 
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artrite reumatóide (70 e 85% através da técnica do Waaler-Rose). Na AR juvenil sua ocorrência é de apenas 
30%. Reações positivas para o fator reumatóide não são específicas da AR podendo estar presentes em outras 
colagenoses, na malária, hepatite, endocardite, toxoplasmose, sífilis, mononucleose e outras doenças, em 
geral com manifestações de estimulação policlonais de linfócitos B e/ou evidências de auto-imunidade.O fator 
reumatóide pode também ser pesquisado no liquido sinovial e os titulos podem ser idênticos ou levemente mais 
baixos aos do soro. Em raros casos, ele pode ser positivo no liquido sinovial e negativo no soro ou vice - versa. 
A pesquisa no liquido sinovial tem um interesse mais acadêmico e a sua realização não contribui para o 
diagnóstico da doença. 
 
Questões abordadas: 
 
1) Cite quais as principais indicações clínicas para a solicitação de exames de : 
 
a) líquido ascítico 
b) líquido pleural 
c) líquido sinovial 
 
2) Conceitue e diferencie transudato e exsudato. 
 
3) Pesquise e responda as questões abaixo: 
 
I- Sobre o estudo do líquido ascítico, leia a afirmativa abaixo e diga se está correta ou incorreta. No caso 
de estar incorreta, justifique sua resposta. 
 
A citometria oferece informação imediata sobre a possibilidade de infecção bacteriana. As amostras com 
predominância de neutrófilos e uma contagem absoluta de neutrófilos de  250 / mm³ devem ser 
consideradas como infectadas. 
 
II- Sobre o exame do líquido pleural na artrite reumatóide, leia a afirmativa abaixo e diga se está correta 
ou incorreta. No caso de estar incorreta, justifique sua resposta. 
 
São características do líquido pleural por artrite reumatóide: complemento baixo, colesterol alto, glicose < 
25mg/dL e predomínio linfocitário. 
 
I- Sobre o estudo do líquido sinovial, leia a afirmativa abaixo e diga se está correta ou incorreta. No caso 
de estar incorreta, justifique sua resposta. 
 
A viscosidade está diretamente relacionada à quantidade de ácido hialurônico e encontra-se aumentada 
nos processos inflamatórios. 
 
AULA 6) Análise de Esperma e Escarro. 
 
I- Análise de Esperma (Espermograma): 
 
 O espermograma possibilita a obtenção de dados relativos a quantidade e qualidade dos espermatozóides; 
mesmo um espermograma normal não é garantia defertilidade do homem. Tem como objetivos: 
- Avaliar a fertilidade masculina; 
 - Comprovar a eficácia da vasectomia; 
 - Detectar sêmen no corpo ou na roupa de vítima suspeita de estupro; 
 - Excluir paternidade. 
 A análise seminal não permite conclusão direta sobre a fertilidade do paciente, que depende de características 
do espermatozóide não-identificáveis por meio desse exame. Entretanto, o exame pode evidenciar o potencial de 
reprodução do indivíduo. 
 Não é o número absoluto de espermatozóides que prediz o prognóstico de fertilidade, mas, sim, a sua 
capacidade funcional. Apenas as provas de função espermática podem dar informações referentes à probabilidade 
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de um homem vir a engravidar a sua parceira. Estes testes podem auxiliar na indicação de cirurgias para infertilidade 
masculina, até ajudar a escolher a técnica mais apropriada para reprodução assistida, com uma boa relação custo-
benefício. 
 Para que ocorra a fertilização não é suficiente o achado repetitivo de análises seminais dentro de limites 
normais. De fato, o espermatozóide, uma vez no trato feminino, deve ser capaz de atravessar a barreira endocervical, 
o útero e parte das tubas uterinas, para então mostrar sua capacidade de dispersar as células da granulosa, penetrar 
na zona pelúcida e fundir-se com o oolema. Todos esses eventos não são mostrados pela análise seminal, ficando 
assim estabelecida sua limitação em demonstrar a fertilidade do homem. Os testes funcionais com os 
espermatozóides objetivam evidenciar aspectos ligados aos fenômenos que se passam com os mesmos no trato 
feminino, basicamente a capacitação e a reação acrossômica. 
 
Avaliação da infertilidade: 
 O fator masculino está envolvido em 50% dos casos de infertilidade conjugal, por isso, uma avaliação inicial 
minuciosa deve ser realizada, no intuito de que doenças potencialmente curáveis possam ser diagnosticadas e 
tratadas adequadamente. É essencial na investigação do homem infértil um histórico detalhado e um exame físico 
minucioso. 
 Tradicionalmente, o diagnóstico de infertilidade masculina depende de uma avaliação descritiva dos 
parâmetros do ejaculado, com ênfase na concentração, motilidade e morfologia dos espermatozóides. A filosofia 
fundamental dessa abordagem é que a fertilidade masculina pode ser definida em termos de um número mínimo de 
espermatozóides morfologicamente normais, com movimento progressivo, que deve ser excedido para que um 
determinado indivíduo seja considerado fértil. É necessário enfatizar que a análise seminal não é um teste de 
fertilidade, mas constitui-se na pedra básica da avaliação do fator masculino em reprodução assistida, pois é capaz 
de prover informações da produção testicular, de algumas propriedades funcionais dos espermatozóides e da função 
secretora das glândulas acessórias. 
 Por razões de padronização e para que resultados obtidos em locais diferentes sejam comparáveis e 
confiáveis, os testes que envolvem sêmen devem ser realizados de acordo com diretrizes, como as estabelecidas 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta análise deve ser realizada com cuidado, pois pode fornecer dados 
sobre a espermatogênese e a permeabilidade do trato reprodutivo masculino. 
 
Líquido Seminal (Sêmen) 
 Esperma: fluido que transporta os espermatozóides. 
 No homem adulto, a formação do esperma nos testículos é contínua (espermatogênese). Uma célula não 
especializada necessita de 72 a 74 dias para se converter numa célula germinal madura. A partir de cada testículo, o 
esperma dirige-se para o epidídimo (um tubo em forma de espiral, localizado na parte superior e posterior dos 
testículos), onde se armazena até que a ejaculação esteja prestes a acontecer. O esperma é transportado desde o 
epidídimo pelos vasos deferentes e pelo canal ejaculatório. Por outro lado, no canal ejaculatório, o líquido produzido 
pelas vesículas seminais é agregado ao esperma para formar o sêmen, que no momento da ejaculação se desloca 
pela uretra até sair para o exterior. 
 Um aumento da temperatura dos testículos por uma febre prolongada ou a exposição ao calor excessivo 
reduzem consideravelmente a quantidade e a mobilidade do esperma e aumentam a quantidade de esperma anormal 
no sêmen. A formação de esperma é mais eficiente a cerca de 34ºC, que é menor que a temperatura normal do 
corpo. Os testículos, que é onde se forma o esperma, mantêm-se a esta temperatura mais baixa graças à sua 
localização no escroto,que se encontra fora do que é propriamente a cavidade corporal. 
 O sêmen é composto por quatro frações, provenientes das glândulas bulbouretrais e uretrais; testículos e 
epidídimo; próstata e, vesículas seminais. 
 Os espermatozóides são produzidos nos testículos e amadurecem no epidídimo. São responsáveis por 
pequena parte do volume total do sêmen, enquanto a maior parte é fornecida pelas vesículas seminais na forma de 
um líquido viscoso que fornece frutose e outros nutrientes para manter os espermatozóides. Quando o sêmen não 
contém frutose, um açúcar produzido pelas vesículas seminais significa que faltam os vasos deferentes ou as 
vesículas ou, então, que existe uma obstrução nos canais ejaculatórios. 
 Outra contribuição importante é a da próstata, que consiste num líquido leitoso que contém fosfatase ácida e 
enzimas proteolíticas que agem sobre o líquido proveniente das vesículas seminais, provocando a coagulação e a 
liquefação do sêmen. 
 
Vesículas Seminais: são duas glândulas que produzem um líquido viscoso, o líquido seminal, que vai se misturar à 
secreção prostática e aos espermatozóides vindos do ducto ejaculador para formar o sêmen. É o local onde se 
produz a maior quantidade (80%) do líquido seminal. Este líquido nutre os espermatozóides e facilita sua mobilidade. 
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Próstata: A função da próstata é produzir e armazenar um fluido incolor e ligeiramente alcalino (pH 7.2) que constitui 
10-30% do volume do fluido seminal, que juntamente com os espermatozóides constitui o sêmen. 
 
Glândula Bulbouretral: Também conhecida como Glândula de Cowper, é responsável pela secreção do fluido pré-
ejaculatório que integra em cerca de 5% o fluido seminal. Esse fluido viscoso facilita a relação sexual, devido ao 
caráter lubrificante que apresenta. Essa glândula também é responsável por esterilizar a uretra durante o ato sexual, 
para que o esperma não seja contaminado. 
 
Epidídimo: É um pequeno ducto que coleta e armazena os espermatozóides produzidos pelo testículo. Depois de ter 
sido armazenado no epidídimo, o esperma avança através do canal deferente até a próstata, onde se mistura com o 
sêmen originário das vesículas seminais, movendo-se pela próstata até a uretra durante a ejaculação. 
 
Aparelho Reprodutor Masculino 
 
 
Espermatozóide 
 O espermatozóide é uma célula com motilidade ativa, capaz de nadar livremente, consistindo em uma cabeça e 
uma cauda ou flagelo. A cabeça, que constitui o maior volume do espermatozóide, consiste no núcleo, onde o 
material genético está muito concentrado. Os dois terços anteriores do núcleo estão cobertos pelo acrossoma que, 
limitado por uma membrana contendo enzimas, facilita a penetração do espermatozóide no óvulo. A cauda é 
responsável pela motilidade do espermatozóide ena área intermediária da cauda encontramos os produtores de 
energia celular. Eles vivem em média 24 horas no trato genital feminino, porém alguns espermatozóides são capazes 
de fecundar o óvulo após três dias. 
 Existem dois tipos de espermatozóides normais. Um deles contém o cromossomo X (responsável pela 
formação de um ser do sexo feminino) e o outro contém o cromossomo Y (responsável pela formação de um ser do 
sexo masculino). 
 Os espermatozóides anormais apresentam problemas cromossômicos e problemas morfológicos. Durante a 
meiose das células, alguns erros podem acontecer e assim algumas células germinativas poderão ter 24 
cromossomos ou 22 cromossomos, acontecendo uma anomalia cromossômica. Os raios X, reações alérgicas 
intensas e certos agentes antiespermatogênicos são os principais responsáveis por alterações m orfológicas 
patogênicas, porém se a porcentagem dos espermatozóides alterados for menor do que 10%, a anormalidade não 
influenciará na fertilidade, pois os espermatozóides com anormalidades morfológicas são incapazes de fecundar o 
óvulo. 
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 Ao contrário do óvulo, o espermatozóide tem citoplasma escasso e é muito pequeno (mede de ponta a ponta 
50 milésimos de milímetro). 
 O principal objetivo do espermatozóide é fecundar o óvulo. Para que isso aconteça, o espermatozóide terá que 
passar por vários obstáculos e sofrerá forte concorrência. 
 Para percorrer sua trajetória, o espermatozóide necessita nadar 11 centímetros por hora (equivalente a um 
homem atravessar uma piscina de 50 metros em 5 segundos). Geralmente 200 a 500 milhões de espermatozóides 
são depositados na parte posterior da vagina, e apenas 300 a 500 alcançam o local da fecundação. O tempo desta 
corrida pode ser de 5 a 45 minutos. O vencedor entra no óvulo (porém sua cauda não) e é responsável por uma nova 
vida. 
 
AVALIAÇÂO DO ESPERMOGRAMA 
Coleta 
 A coleta deve ser bem feita para que a avaliação da fertilidade masculina seja precisa. Para isso, o paciente 
deve receber orientações detalhadas. 
As amostras devem ser colhidas em recipientes estéreis após 3 dias de abstinência sexual. 
 A coleta é feita por masturbação automática. A sala de coleta deveria ser apropriada para que o paciente se 
sinta à vontade. 
 Sempre que possível, a amostra deve ser colhida em laboratório, mas se isso não for viável, deverá ser 
mantida em temperatura ambiente e entregue em até uma hora ao laboratório, onde deverá ser anotado a hora da 
coleta, e não a hora do recebimento da amostra. Não se recomenda o uso de preservativos na coleta de amostra 
para exames de infertilidade, pois podem conter substâncias espermaticidas e lubrificantes. 
 É importante respeitar o prazo de abstinência sexual pois em um período maior de abstinência podemos 
encontrar um aumento de espermatozóides mortos e baixa motilidade, enquanto que se o período for menor do que o 
estipulado podemos encontrar formas imaturas (espermátides), e diminuição da concentração de espermatozóides. 
Na avaliação de casos de infertilidade, são analisados os seguintes parâmetros: volume, viscosidade, pH, contagem, 
motilidade, morfologia dos espermatozóides e, o tempo de coagulação e liquefação. 
 
Tempo de Coagulação e Liquefação 
 O esperma é ejaculado na forma líquida, permanecendo líquido por ± 5 à 6 minutos. Só então começa a 
coagular-se. O esperma permanece coagulado por no máximo 30 minutos, se liquefazendo novamente de forma 
definitiva devido à ação das enzimas proteolíticas (provenientes da próstata). 
 Este mecanismo é responsável pela sobrevivência dos espermatozóides. O líquido seminal é lançado no 
interior da vagina e automaticamente se coagula. Próximo ao canal cervical este coágulo vai se desfazendo 
(liquefazendo) e, deste modo os espermatozóides são lançados íntegros ao interior do cérvix, podendo assim 
fecundar o óvulo. Este coágulo age como um tampão ao pH vaginal que é ácido e, como proteção aos 
espermatozóides contra o ataque de bactérias. 
Interpretação: 
Liquefação completa até 60 minutos – ação das enzimas do líquido seminal 
Liquefação incompleta – disfunção prostática, coágulos de proteína, infecção seminal 
 
 
Volume e Viscosidade 
 O volume normal do sêmen é de 2 à 5 ml. 
 Para medí-lo, despeja-se a amostra em tubo cônico graduado. 
 A viscosidade pode ser determinada enquanto a amostra está sendo despejada no tubo cônico: se normal, a 
amostra gotejará e não se mostrará aglutinada ou filamentosa. 
 Deve-se ter certeza de que a amostra se liquefez por completo antes da determinação da viscosidade. 
Interpretação: 
 Normoespermia: volume entre 2 e 5 ml 
 Hipoespermia (volume diminuído): obstrução ou agenesia/hipoplasia das vias eferentes (ductos 
ejaculatórios, vesículas seminais ou deferente) ou por não obedecido o período de abstinência sexual. 
 Hiperespermia (volume acima de 5 ml): ocasionado por um período maior de abstinência sexual ou 
hiperatividade da vesícula seminal ou por um processo inflamatório. 
 Aspermia (ausência do ejaculado após orgasmo): alteração neurológica dos mecanismos de emissão 
ou ejaculação retrógrada. 
 
Viscosidade: filância – 3 a 5 cm: normal 
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 – menor 5 cm: infecção seminal 
 
Aspecto e Cor 
 Na ejaculação o sêmen apresenta-se espesso e gelatinoso, após ± 5 minutos torna-se fluido e opalescente 
(opaco). 
Interpretação: 
 Branco opalescente ou acinzentado: normal 
 Ligeiramente amarelado: normal – aumento do nº de gametas 
 Amarelado: leucospermia 
 Avermelhado: hemospermia – hemorragia, rupturas de vasos (próstata e/ou vesícula seminal) 
 
 
Odor 
 “ Sui gêneris” 
Amoniacal. Torna-se mais forte quando é maior o período de abstinência sexual ou hiperfunção prostática. 
O odor é proveniente de 3 substâncias de origem prostática: putrescina, espermina e espermidina. 
 
pH 
 O pH do sêmen normal é ligeiramente alcalino, de 7,2 à 8,0. 
 Pode ser medido com o uso de papel tornassol – papel sensível ao pH (pHâmetro). 
 Se a relação entre o líquido prostático e o seminal for anormalmente elevada, o pH poderá ser mais ácido. 
 Esperma recém emitido, sem estar exposto ao ar livre, é geralmente alcalino ( 8,0 á 9,0). 
 
Interpretação: 
Básico: prostatite 
Ácido e volume reduzido: obstrução dos ductos ejaculatórios, vesículas seminais ou ductos deferentes. 
 
Morfologia 
 Na análise da morfologia observam-se cauda e cabeça. 
 A infertilidade pode ser causada por espermatozóides morfologicamente incapazes de fertilizar. 
 O espermatozóide normal tem cabeça oval e cauda longa e afilada. As anormalidades estruturais da cabeça 
dificultam a penetração no óvulo. A motilidade é mais difícil nos espermatozóides com caudas duplas ou espiraladas. 
 
 
Espermatozóide Normal 
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Espermatozóides Anômalos 
 
Interpretação: 
Cabeça oval, lisa, sem defeitos de peça intermediária ou cauda: normal 
Menos de 4% espermatozóides

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