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6 – HABEAS CORPUS - HC Origem: Historicamente, foi a primeira garantia de direitos fundamentais. Concedida por João Sem Terra, na Magna Carta de 1215. Formalizado pelo Habeas Corpus Act, em 1679. No Brasil: - sua primeira manifestação se deu por meio de um “Alvará de liberdade”, concedido por D. Pedro I. - apareceu formalmente no ordenamento jurídico no Código Criminal do Império, em 1930. - constitucionalmente, somente foi garantido na primeira Constituição Republicana, em 1891 (nunca foi suprimido dos textos constitucionais posteriores) Inicialmente, sua utilização não se restringia à garantida da liberdade física. Assegurava outros direitos. Foi a chamada “Teoria brasileira do Habeas Corpus”, a qual perdurou até 1926, quando uma reforma constitucional limitou o uso do HC aos casos de lesão ou ameaça de lesão À liberdade de ir e vir CF/88 LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Objeto: proteger a liberdade de locomoção (o direito de ir e vir) Espécie de HC: Repressivo: quando o ato ilegal/abusivo já foi cometido e a liberdade de locomoção já foi cerceada Preventivo: quando houver ameaça à liberdade de locomoção por ato ilegal ou abusivo O que a legislação processual penal considera como “coação ilegal” - art. 648 do CPP: Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. LEGITIMIDADE Ativa (IMPETRANTE) Passiva (IMPETRADO – AUTORIDADE COATORA) Qualquer PF (nacional ou estrangeira) em sua própria defesa ou de terceiro. Qualquer PJ ou o MP, mas sempre em favor de uma PF. OBS.: juiz pode conceder de ofício (exceção ao princípio da inércia da jurisdição) autoridade (pública ou privada*) que pratica violência ou coação na liberdade de outrem mediante ilegalidade ou abuso de poder. * Ex.: hospital psiquiátrico que priva, ilegalmente ou com abuso de poder, o paciente de sua liberdade de ir e vir. OBS.: 1) o terceiro que se beneficia do Habeas Corpus é denominado Paciente. 2) sendo possível impetrar HC em benefício próprio, tem-se que é possível o Impetrante e o Paciente serem a mesma pessoa (isso é muito comum nos presídios) 3) dispensa a assistência de advogado 4) a lei não exige nenhuma formalidade processual para a impetração do HC. COMPETÊNCIA – Diferentemente dos outros remédios constitucionais, em que a competência é definida exclusivamente em razão de quem seja a autoridade coatora, no HC a fixação da competência pode variar conforme quem seja a autoridade coatora ou quem seja o próprio paciente. Vejamos: Quando o PACIENTE for: Quem julga o HC é: Presidente da República e o Vice Membros do Congresso Nacional Ministros de Estado Comandantes das Forças Armadas Ministros do STF PGR Membros dos Tribunais Superiores Membros do TCU Chefe de missão diplomática permanente STF – art. 102, I, d Quando a AUTORIDADE COATORA for: Quem julga o HC é: Tribunal Superior (STJ – TST – STM - TSE) STF – art. 102, I, i, primeira parte TJ e TRF (tribunal sujeito à jurisdição do STJ) Ministros de Estado Comandantes das Forças Armadas STJ – art. 105, I, c, segunda parte Juiz Federal TRF – art. 108, I, d Quando o PACIENTE ou a AUTORIDADE COATORA for: Quem julga o HC é: Autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF STF – art. 102, I, i Governador de Estado e do DF Desembargadores de TJ – TRF – TRE - TRT Membros dos Tribunais de Contas Estaduais e Municipais Membros do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais (Ex.: Procurador Regional da República) STJ – art. 105, I, c OBS.: a competência constante no quadro acima decorre diretamente da Constituição (competência absoluta). Para outras autoridades, as competências são fixadas nas Constituições Estaduais e nas Leis de Organização Judiciárias locais, além do Regimento Interno dos Tribunais Observações Importantes: 1) Por expressa previsão constitucional (art. 142. §2º), não cabe HC contra punições disciplinares militares. 2) A súmula 690 do STF diz que compete ao Supremo o julgamento de HC contra decisão de Turma Recursal de Juizado Especial Criminal. Essa súmula não foi revogada, mas seu entendimento foi superado pelo próprio STF, que fixou a competência dos Tribunais de Justiça locais. (Justificativa: as Turmas recursais, embora funcionem como segunda instância recursal para os crimes de menor potencial ofensivo, são, em verdade órgãos colegiados de primeiro grau. 3) Petição inicial de HC sem assinatura do impetrante é considerada “apócrifa”, e impede o conhecimento do remédio constitucional (mas isso não impede que o julgador conceda a ordem de ofício, já que o HC é uma exceção à regra do princípio da inércia da jurisdição) 4) o HC dispensa o pagamento de custas processuais
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