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resumo civil contratos em espécie

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CURSO ON-LINE – DIREITO CIVIL – TRE-PE 
ANALISTA JUDICIÁRIO 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 1 
AULA 7 – CONTRATOS EM ESPÉCIE 
Introdução
Já estudamos na última aula os conceitos gerais aplicáveis às 
diversas espécies de contratos existentes, sejam eles previstos em lei 
(contratos típicos) ou não previstos em lei (contratos atípicos). 
Dessa forma, hoje abordaremos algumas espécies de contratos 
previstas no edital do seu concurso. São elas: 
- Da compra e venda; 
- Da doação; 
- Do empréstimo; 
- Da prestação de serviço; 
- Da locação de coisas. 
- Da empreitada; e 
- Do seguro. 
Da compra e venda
A definição do contrato de compra e venda é dada pelo art. 481 do 
CC. 
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se 
obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe 
certo preço em dinheiro. 
Percebe-se que a simples celebração do contrato de compra e 
venda não transfere a propriedade, pois cria apenas uma obrigação de 
dar. 
O Código Civil brasileiro adotou o sistema romano ou alemão, 
diferente do sistema francês ou italiano onde o simples contrato já 
transfere a propriedade da coisa para o comprador. 
Então, quando que se transfere a propriedade no Direito Civil 
brasileiro? 
A resposta é dada pelos arts. 1.245 e 1.267 do CC. 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o 
registro do título translativo no Registro de Imóveis. 
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios 
jurídicos antes da tradição. 
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Em se tratando de bens imóveis, o comprador só adquire a 
propriedade quando efetua o registro do bem no Cartório de Imóveis, 
por outro lado, quando o bem for móvel, a propriedade é adquirida com 
a tradição (entrega da coisa ao adquirente). 
SISTEMAS JURÍDICOS NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
SISTEMA 
FRANCÊS OU 
ITALIANO 
O simples contrato de compra e venda já transfere 
a propriedade da coisa. 
SISTEMA 
ALEMÃO OU 
ROMANO 
O contrato de compra e venda cria uma obrigação 
de dar. É o sistema adotado no Brasil. 
 Sobre a natureza jurídica do contrato de compra e venda temos 
que ele é: 
- bilateral ou sinalagmárico: gera obrigações para ambas as partes; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens e ônus; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- consensual: em relação aos bens móveis se forma com o simples 
acordo de vontades; 
- solene: em relação aos bens imóveis a validade depende da lavratura 
de escritura pública. 
- comutativo (regra): costuma haver equivalência de prestações, 
entretanto, pode, excepcionalmente ser aleatório, como vimos na aula 
passada (emptio spei e emptio rei speratae). 
O comprador tem a obrigação de pagar o preço, receber a coisa 
vendida e devolver a duplicata da fatura, se for o caso. Ao vendedor 
cabe a obrigação de transferir a propriedade, com a tradição dos bens 
móveis ou escritura dos imóveis, bem como de responder pela evicção e 
pelos vícios redibitórios, salvo estipulação em contrário. 
OBRIGAÇÕES 
DO COMPRADOR DO VENDEDOR 
- pagar o preço; 
- receber a coisa; e 
- devolver a duplicata, se 
houver. 
- transferir a propriedade; 
- responder pela evicção; e 
- responder pelos vícios 
redibitórios. 
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O contrato de compra e venda possui três ELEMENTOS 
ESSENCIAIS (art. 482 do CC): a coisa ou objeto (res), o preço 
(pretium) e o acordo de vontades (consensus). 
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á 
obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e 
no preço. 
Quando a compra e venda se referir a bens imóveis cujo valor 
supere 30 salários mínimos, além dos três elementos citados, é 
necessária a forma especial (escritura pública). 
1. COISA OU OBJETO 
A coisa, objeto de um contrato de compra e venda, deve atender a três 
requisitos: 
- existência potencial: segundo o art. 483 do CC são suscetíveis de 
venda as coisas atuais (que já existem) ou as coisas futuras (que irão 
existir); 
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou 
futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a 
existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato 
aleatório. 
- individualização: a coisa deve ser determinada ou então 
determinável ao tempo do cumprimento da obrigação; e 
- disponibilidade jurídica: as coisas insuscetíveis de apropriação 
(indisponibilidade natural), legalmente inalienáveis (indisponibilidade 
legal) e gravadas com cláusula de inalienabilidade (indisponibilidade 
voluntária) não podem ser objeto de um contrato de compra e venda. Já 
as coisas litigiosas podem ser objeto, desde que o adquirente assuma o 
risco da evicção (art. 457 do CC). 
Ainda sobre a coisa, temos o art. 484 do CC que trata da venda 
realizada através de amostras. 
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou 
modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as 
qualidades que a elas correspondem. 
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Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se 
houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se 
descreveu a coisa no contrato. 
2. PREÇO 
Sem haver preço em dinheiro, estaríamos diante de um contrato 
de doação, pois a onerosidade do negócio deixaria de existir. Se o preço 
não for em dinheiro, estaríamos diante da uma troca ou permuta 
Os arts. 485 a 489 do CC tratam do assunto. 
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de 
terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem 
designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito 
o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra 
pessoa. 
Como regra, o preço é fixado pelos próprios contratantes, 
entretanto pode ser ajustado pelas partes que um terceiro determine o 
preço. 
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de 
mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. 
Como exemplo do art. 486 do CC, temos um contrato de compra e 
venda onde o preço do café será indicado pela Bolsa de Mercadorias e 
Futuros de São Paulo em determinado dia. 
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou 
parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. 
Pode também o vendedor de barras de ouro estipular o preço com 
base no valor do grama a taxa de certo dia. 
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de 
critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento 
oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente 
nas vendas habituais do vendedor. 
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de 
preço, prevalecerá o termo médio. 
 
Como exemplo do art. 488 do CC, se o vendedor de verduras 
omitir o preço em determinado contrato, o valor que poderá ser cobrado 
será aquele habitualmente praticado nas outras vendas. 
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Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao 
arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. 
Como o consenso é um dos requisitos a serem observados, não 
pode o preço ser arbitrado por uma das partes, sob pena de nulidade. 
3. ACORDO DE VONTADES 
Uma pergunta que jáme fizeram em sala de aula diz respeito à 
pessoa que entra em uma loja para comprar uma roupa que estava na 
vitrine com um preço já fixado. Tal caso seria um arbítrio do preço? 
A resposta é negativa, ou seja, se você entrou na loja é porque 
concordou com o preço da vitrine configurando-se o consensus. 
O contrato de compra pode ocasionar diversos EFEITOS E 
CONSEQUENCIAS, dentre eles destacamos: 
- Despesas do Contrato (art. 490 do CC): cabe ao comprador pagar 
as despesas de escritura (caso a venda seja solene), bem como de um 
eventual registro do contrato; por outro lado, cabem ao vendedor as 
despesas referentes à entrega (tradição da coisa que estava em seu 
poder). 
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de 
escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do 
vendedor as da tradição. 
DESPESAS DE ESCRITURA E REGISTRO Î COMPRADOR 
DESPESAS COM A TRADIÇÃO Î VENDEDOR 
- Pagamento do preço (art. 491 e 495 do CC): a obrigação pelo 
pagamento do preço surge para o comprador antes do vendedor 
entregar o objeto, dessa forma, se o comprador não paga o preço, pode 
o vendedor se recusar a entregar a coisa. 
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a 
entregar a coisa antes de receber o preço. 
A exceção ocorre quando a venda é a crédito, pois, neste caso, o 
vendedor é obrigado a entregar a coisa antes de receber o pagamento. 
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Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes 
da tradição o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor 
sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução 
de pagar no tempo ajustado. 
Também nas vendas a prazo, ocorrendo a insolvência (valor das 
dívidas superior ao valor dos bens) do comprador, a lei permite ao 
vendedor que retenha a coisa vendida até que o comprador apresente 
uma caução. 
- Riscos da coisa e do preço (arts. 492 a 494 do CC): risco é o perigo 
a que a coisa está sujeita de perecer ou deteriorar, por caso fortuito ou 
força maior. Dessa forma, antes da tradição, o vendedor ainda é dono e, 
por isso, se a coisa perecer antes da entrega, deve suportar o prejuízo 
devendo o eventual dinheiro recebido ser devolvido. 
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por 
conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. 
 antes da tradição 
 Riscos da coisa: vendedor 
 Riscos do preço: comprador 
§ 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar 
ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, 
pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à 
disposição do comprador, correrão por conta deste. 
O art. 492, § 1º do CC se refere à tradição simbólica, ou seja, 
quando a coisa comprada é colocada à disposição do comprador, para 
que as conte, marque ou assinale. Os casos fortuitos ocorridos no ato de 
contar, marcar e assinalar (ex: no ato de contar várias caixas uma delas 
cai de determinada altura e o objeto nela guardado se quebra) correrão 
por conta do comprador. 
§ 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das 
referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à 
sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados. 
No art. 492, § 2º do CC temos outra situação onde o comprador 
arcará com os prejuízos se estiver em mora de as receber (mora 
tradição 
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accipiendi). Ou seja, o vendedor colocou o bem a disposição para o 
comprador receber e este, por algum motivo não recebeu. Neste caso, 
os riscos da coisa correm por conta do comprador. 
 Riscos da coisa: comprador 
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação 
expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da 
venda. 
A entrega da coisa ocorrerá no lugar previsto pelas partes no 
contrato. Em caso de silêncio, a norma supletiva da vontade dos 
contratantes indica que o local do cumprimento será aquele em que a 
coisa se encontrava ao tempo da venda. 
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do 
comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a 
quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o 
vendedor. 
Se o comprador determinar o envio ou expedição da coisa para 
local diverso do convencionado, correrão por conta dele os riscos da 
perda. 
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por 
todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição. 
Caso existam dívidas que gravem a coisa no momento da tradição, 
tais dívidas, em regra, serão de responsabilidade do vendedor. 
- Defeito oculto na venda de coisas conjuntas (art. 503 do CC): o 
Código Civil brasileiro optou pela redibição parcial, permitindo apenas a 
devolução da coisa viciada e mantendo as demais que estejam intactas. 
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de 
uma não autoriza a rejeição de todas. 
coisa 
colocada à 
disposição mora do 
credor 
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O Código Civil também prevê, em certas situações, que 
determinadas pessoas não podem celebrar o contrato de compra e 
venda sob pena de nulidade. Tais situações ocasionam uma FALTA DE 
LEGITIMAÇÃO PARA CELEBRAÇÃO DA COMPRA E VENDA. 
- Venda de ascendentes para descendentes (art. 496 do CC): com a 
intenção de evitar possíveis fraudes por ocasião da sucessão legítima 
(ex: o pai simular a transferência dos bens para um dos filhos 
prejudicando os demais), a compra e venda entre ascendentes e 
descendentes pode ser anulada pelo cônjuge (se o regime de bens não 
for o da separação obrigatória) e demais descendentes se eles não 
manifestarem consentimento expresso na venda. 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se 
os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente 
houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento 
do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. 
- Compra por pessoas com poder sobre os bens do vendedor
(arts. 497 e 498 do CC): o tópico em questão não permite que 
determinadas, em razão do poder que exercem sobre os bens do 
vendedor, comprem os bens citados, ainda que a venda seja realizada 
em hasta pública. 
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda 
que em hasta pública: 
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e 
administradores, os bens confiados à sua guarda ou 
administração; 
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da 
pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua 
administração direta ou indireta; 
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, 
peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os 
bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou 
conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua 
autoridade; 
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda 
estejam encarregados. 
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de 
crédito. 
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Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não 
compreende os casos de compra e venda ou cessão entre co-
herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já 
pertencentes a pessoas designadas no referido inciso. 
Paraos casos aqui citados o legislador impôs como pena a 
nulidade absoluta dos atos. 
- Venda por condômino de coisa indivisível (art. 504 do CC): o 
condômino (propriedade comum – pertencente a mais de uma pessoa)) 
de coisa indivisível permanece no regime de condomínio por obrigação, 
pois as únicas formas de extinção do condomínio são: um dos 
condôminos comprar as demais partes ou a venda da coisa com a 
repartição do valor. 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua 
parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O 
condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, 
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o 
requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver 
benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão 
maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os 
comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço. 
- Venda a cônjuge (art. 499 do CC):um cônjuge pode vender um bem 
para outro quando o bem não integrar o patrimônio comum do casal, ou 
seja, quando estiver excluído da comunhão. 
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a 
bens excluídos da comunhão. 
Como exemplo, temos a vende entre casais cujo regime seja o da 
separação total de bens. 
Alguns tipos de venda apresentam certas peculiaridades que são 
resolvidas por regras específicas. Nesse contexto encontram-se a 
VENDA AD MENSURAM e a VENDA AD CORPUS tratadas nos arts. 
500 e 501 do CC. 
- Venda ad mensuram (art. 500, caput do CC): é a venda feita por 
medida, ou seja, aquela em que o preço é fixado tendo em consideração 
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a real dimensão da área. Ou seja, a metragem é mencionada a título 
taxativo, de modo que a dimensão exata da área é um requisito 
essencial do contrato. 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por 
medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não 
corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o 
comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não 
sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou 
abatimento proporcional ao preço. 
É o que ocorre na venda onde se estipule o preço de cada 
unidade, alqueire, metro quadrado, ou metro de frente. Como exemplo, 
temos a venda de 100 alqueires de terra por R$ 30.000,00 cada um. 
Caso a dimensão não corresponda à que foi indicada, resta ao 
comprador propor a complementação da área ou devolução de parte do 
preço ou resolução do contrato. 
- Venda ad corpus (art. 500, § 3º do CC): é a que compreende uma 
coisa certa e determinada, de modo que o preço não tem relação direta 
com a extensão exata do imóvel. Ou seja, a metragem é mencionada 
a título meramente enunciativo, porque a preocupação é a venda e 
compra de um imóvel certo e determinado, de modo que a dimensão 
exata da área não é requisito essencial do contrato. 
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, 
se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido 
apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não 
conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. 
Como exemplo, temos a compra de uma fazenda determinada 
sem referência à sua área, ou com alusão a esta, mas em caráter 
meramente enunciativo, isto é, apenas para caracterizar melhor a coisa, 
utilizando-se de expressões do tipo “mais ou menos 500 alqueires”. 
 Na venda ad corpus não cabe a complementação no preço, caso a 
área seja maior, nem complementação da área, se esta for menor. 
De acordo com o art. 500, § 1º do CC, tem-se uma presunção 
relativa de que a venda foi ad mensuram quando a diferença for inferior 
a 1/20 (5%). 
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente 
enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um 
vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito 
de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. 
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Já o art. 500, § 2º do CC prevê uma situação inversa, ou seja, se 
a área real for maior que a mencionada no instrumento contratual. 
§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que 
tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá 
ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao 
preço ou devolver o excesso. 
Através do art. 501 do CC, o prazo decadencial para o comprador 
que recebeu área menor ou para o vendedor que vendeu área excessiva 
em compra ad mensuram exercerem seus direitos expostos é de um ano 
contado a partir do registro do título no Cartório de Imóveis. 
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo 
antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de 
um ano, a contar do registro do título. 
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, 
atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência. 
É possível que algumas cláusulas especiais atribuam um feitio 
diferenciado ao contrato de compra e venda, subordinando a sua 
duração ou eficácia a um evento futuro e incerto. Essas CLÁUSULAS 
ESPECIAIS, também chamadas de pacto adjeto, são: 
- retrovenda; 
- venda a contento; 
- preempção ou preferência; 
- venda com reserva de domínio; 
- venda sobre documentos. 
Retrovenda (arts. 505 a 508 do CC) é uma cláusula especial num 
contrato de compra e venda na qual se estipula que o vendedor poderá 
resgatar a coisa vendida, dentro de um prazo determinado, pagando o 
mesmo preço ou diverso, desde que previamente convencionado 
(incluindo, por exemplo, as despesas investidas na melhoria do imóvel). 
A cláusula deve ser inserida no contrato de compra e venda, entretanto, 
não há na legislação proibição de que possa ser acordada em pacto 
apartado. Esta cláusula tem natureza jurídica acessória à compra e 
venda. É caracterizada a retrovenda como condição resolutiva expressa, 
tendo como conseqüência o desfazimento da venda. Ou seja, no prazo 
determinado o comprador tem a propriedade resolúvel do imóvel e, 
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após o prazo, não sendo exercido o direito de resgate, a propriedade 
passa a ser plena. 
A retrovenda, aplicável somente aos imóveis, não é considerada 
uma nova venda, ou seja, é uma consequencia da venda anterior. Seu 
prazo máximo é de três anos, ou seja, o vendedor só poderá reaver o 
imóvel através da retrovenda durante este período, e para ser 
exercitado este direito, deverá constar expressamente no contrato. O 
prazo de três anos é improrrogável e, chegando o termo final, extingue-
se o direito, independentemente de interpelação. Conta-se o dies a quo 
(termo inicial do prazo) a partir da data do contrato e não do registro. 
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de 
recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo 
o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, 
inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a 
sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias 
necessárias. 
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz 
jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará 
judicialmente. 
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não 
será o vendedor restituído no domínio da coisa, até eenquanto não 
for integralmente pago o comprador. 
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a 
herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro 
adquirente. 
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato 
sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador 
intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em 
favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral. 
Venda a contento (arts. 509 a 512 do CC) é uma cláusula 
pactuada em contrato de compra e venda (pode abranger coisa móvel 
Compra com 
cláusula de 
retrovenda Prazo de Resgate 
(até 3 anos) 
Propriedade 
Resolúvel 
Propriedade 
Plena 
Após o Prazo de 
Resgate 
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ou imóvel) através da qual o comprador tem a prerrogativa de devolver 
a coisa quando esta não o satisfizer. Ou seja, a venda só se efetiva se o 
comprador aprovar a coisa; caso contrário, o contrato se desfaz. Vale 
aqui o comum ditado: "Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!". 
Trata-se de uma venda realizada sob a condição suspensiva, ou 
seja, o comprador toma a posse da coisa como mero comodatário e o 
domínio só será transmitido após a manifestação positiva. 
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se 
realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido 
entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não 
manifestar seu agrado. 
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a 
condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas 
pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina. 
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que 
recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de 
mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la. 
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do 
comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou 
extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável. 
 Na preempção ou preferência (arts. 513 a 520 do CC), que 
pode incidir sobre bens móveis e imóveis, o comprador se compromete 
a dar preferência ao vendedor se vier a vender a coisa posteriormente. 
Difere-se da retrovenda porque o preço a ser pago deve ser o exigido 
pelo comprador, e não o preço da venda anterior. 
Compra com 
cláusula de venda 
a contento 
Prazo para 
manifestar o agrado
Posse Propriedade 
Plena 
Compra com 
cláusula de 
preempção 
B. Móveis: até 180 dias 
B. Imóveis: até 2 anos 
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Dessa forma, caso o bem seja vendido no prazo para exercer o 
direito de preferência sem ser oferecido ao devedor principal, nos 
termos do art. 518 do CC, deverá o vendedor responder por perdas e 
danos. 
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a 
obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou 
dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na 
compra, tanto por tanto. 
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não 
poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a 
dois anos, se imóvel. 
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de 
prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai 
vender a coisa. 
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a 
perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, 
ou o ajustado. 
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção 
caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se 
for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subseqüentes à data 
em que o comprador tiver notificado o vendedor. 
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de 
dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação 
à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, 
perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na 
forma sobredita. 
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a 
coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens 
que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, 
se tiver procedido de má-fé. 
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para 
Prazo para exercer a 
preferência 
Na hipótese de venda o bem 
deve ser oferecido 
primeiramente ao vendedor 
primitivo.
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que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços 
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço 
atual da coisa. 
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos 
herdeiros. 
 Na venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528 do CC) o 
vendedor transfere ao comprador a posse da coisa, mas conserva para 
si a propriedade sobre a mesma, até que o preço seja quitado. 
Trata-se de um contrato formal, que deve ser feito por escrito e, 
para valer contra terceiros (eficácia erga omnes), deve ser registrado no 
Registro de Títulos e Documentos do domicílio do comprador. A doutrina 
predominante considera-o como sendo uma venda sob condição 
suspensiva, ou seja, a venda se torna perfeita quando o preço é 
quitado. 
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si 
a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago. 
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por 
escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer 
contra terceiros. 
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a 
coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de 
outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro 
adquirente de boa-fé. 
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no 
momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos 
riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi 
entregue. 
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva 
de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto 
do título ou interpelação judicial. 
Compra com 
cláusula de reserva 
de domínio 
Antes do preço ser 
totalmente quitado 
Posse Propriedade 
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Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover 
contra ele a competente ação de cobrança das prestações vencidas e 
vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse 
da coisa vendida. 
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao 
vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a 
depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe 
for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar 
lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual. 
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, 
posteriormente, mediante financiamento de instituição do mercado 
de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do 
contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a 
respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato. 
Se o comprador não pagar uma prestação no vencimento, pode o 
vendedor escolher duas alternativas: 
- mover ação para cobrança das prestações vencidas e vincendas (art.526 do CC); e 
- recuperar a posse da coisa vendida, com a devolução das prestações 
pagas, podendo, porém, retê-las até o necessário para cobrir a 
depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for 
devido (art. 527 do CC). 
Por fim, temos a venda sobre documentos (arts. 529 a 532 do 
CC), onde o vendedor fica exonerado da entrega efetiva da coisa, 
substituindo-a pela tradição do título que a represente e de outros 
documentos segundo a previsão contratual ou os costumes locais. 
Esta modalidade de venda ocorre com mais freqüência em 
negociações internacionais, em que os contratantes encontram-se em 
lugares diversos onde está a mercadoria no ato da conclusão do 
contrato. 
O vendedor, entregando os documentos, se libera da obrigação e 
tem direito ao preço; e o comprador, na posse justificada de tais 
documentos, pode exigir do transportador a entrega da mercadoria. 
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é 
substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros 
documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos. 
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Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o 
comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade 
ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido 
comprovado. 
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve 
ser efetuado na data e no lugar da entrega dos documentos. 
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar 
apólice de seguro que cubra os riscos do transporte, correm estes à 
conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato, tivesse o 
vendedor ciência da perda ou avaria da coisa. 
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento 
bancário, caberá a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, 
sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não responde. 
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do 
estabelecimento bancário a efetuar o pagamento, poderá o vendedor 
pretendê-lo, diretamente do comprador. 
Da prestação de serviço
A prestação de serviço é o contrato pelo qual determinada pessoa 
física ou jurídica (prestador) se compromete com outra (tomador) a 
realizar certa atividade mediante remuneração. 
Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou 
imaterial, pode ser contratada mediante retribuição. 
Excluídos os serviços regulados pela legislação trabalhista, Código 
de Defesa do Consumidor (CDC) ou outras leis especiais, todas as 
demais prestações de serviços serão reguladas pelo Código Civil. Ou 
seja, através do art. 593 do CC pode-se afirmar que o contrato de 
prestação de serviço regulado pelo Código Civil tem caráter residual, 
pois só é aplicado quando não há aplicação da legislação trabalhista, do 
CDC ou de outras leis especiais.. 
Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis 
trabalhistas ou a lei especial, reger-se-á pelas disposições deste 
Capítulo. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de prestação de serviço, 
temos o seguinte: 
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- bilateral: ambas as partes assumem obrigações, o prestador assume 
uma obrigação de fazer, ao passo que o tomador assume uma obrigação 
de pagar a remuneração; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens, 
- consensual: o contrato se aperfeiçoa com o simples acordo de 
vontade das partes, podendo ser provado por testemunhas, seja qual 
for o valor, independente de começo de prova por escrito; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do 
contrato, podendo até ser realizado de forma verbal. 
Caso a forma utilizada seja a escrita, se uma das partes não 
soubre ler e nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e 
subscrito por duas testemunhas. Isso significa que o contrato pode ser 
assinado por outra pessoa, a pedido do contratante analfabeto, na 
presença de duas testemunhas. Vide art. 595 do CC. 
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das 
partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser 
assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas. 
De acordo com o art. 594 do CC a retribuição é uma parte 
integrante das obrigações daquele que contrata (tomador). Os arts. 596 
e 597 do CC tratam do assunto. 
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, 
fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do 
lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. 
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, 
por convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga 
em prestações. 
Os arts. 605 e 606 do CC estabelecem as obrigações das 
partes: 
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá 
transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o prestador 
de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto que os 
preste. 
Caberá ao prestador executar pessoalmente o serviço contratado, 
não podendo transferi-lo a outro prestador, em razão da impessoalidade 
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e da confiança que decorrem da prestação. Da mesma forma, não pode 
o tomador exigir que o prestador preste para um terceiro o serviço 
contratado. 
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de 
habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, 
não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente 
correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar 
benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma 
compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé. 
Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando 
a proibição da prestação de serviço resultar de lei de ordem pública. 
A principal obrigação do tomador é o pagamento da remuneração, 
mas, nos termos do art. 606 do CC, é possível que o direito à 
remuneração seja perdido. 
 Sobre o prazo do contrato de prestação, o assunto é abordado 
pelos arts. 598 a 602 do CC. 
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por 
mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o 
pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de 
certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-
se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra. 
Através do dispositivo acima, percebe-se que o prazo máximo de 
um contrato de prestação de serviços é de 4 anos. 
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da 
natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, 
a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato. 
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: 
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por 
tempo de um mês, ou mais; 
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado 
por semana, ou quinzena; 
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete 
dias. 
No art. 599 do CC o termo resolver é empregado erroneamente, 
pois, na verdade, trata-se de uma resilição unilateral (por vontade da 
parte) da prestação de serviço sem prazo de duração.. 
Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o 
prestador de serviço, por culpa sua, deixou de servir. 
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em que o prestador deixou de servir culposamente (ex: simulando 
doença), mas será computado o tempo que deixou de prestar serviço 
sem haver culpa de sua parte (ex: em razão de serviço militar, ou de 
enfermidade comprovada, etc.). 
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e 
determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e 
qualquer serviço compatível com as suas forças e condições. 
O art. 601 do CC trata da natureza do serviço contratado. Como 
exemplo de aplicação temos a pessoa que foi contratada para fazer uma 
faxina não pode ser obrigada a realizar trabalho de pedreiro. 
A extinção da prestação de serviço é abordada nos arts. 602 a 
604 e 607 a 609 do CC. 
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por 
obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa 
causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra. 
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à 
retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo 
dar-se-á, se despedido por justa causa. 
Tal dispositivo estabelece uma proibição/penalidade quando 
houver rescisão unilateral pelo prestador de serviço sem e com justa 
causa. 
Art. 603. Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a 
outra parte será obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição 
vencida, e por metade a que lhe tocaria de então ao termo legal do 
contrato. 
Se uma pessoa foi contratada para prestar serviços durante 6 
meses por R$ 6.000,00 e foi despedida sem justa causa ao final do 3º 
mês, então a ela deverá ser paga a retribuição vencida (R$ 3.000,00) e 
a metade da restante (R$ 1.500,00). 
Art. 604. Findo o contrato, o prestador de serviço tem direito a exigir 
da outra parte a declaração de que o contrato está findo. Igual 
direito lhe cabe, se for despedido sem justa causa, ou se tiver havido 
motivo justo para deixar o serviço. 
No art. 604 do CC temos a possibilidade de exigência da 
declaração de término do contrato. 
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Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de 
qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, 
pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso 
prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela 
impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força 
maior. 
A extinção do contrato de prestação de serviços ocorre através: 
- da morte do solicitante ou do executor; 
- do escoamento do prazo contratual; 
- da conclusão da obra; 
- da rescisão do contrato mediante aviso prévio; 
- do inadimplemento de qualquer das partes; e 
- da impossibilidade de cumprir o avençado em razão de força maior ou 
caso fortuito. 
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a 
prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao 
prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber 
durante dois anos. 
A questão do aliciamento de executores é bastante cobrada em 
provas de concursos. De acordo com o art. 608 do CC, imagine a 
seguinte situação: João contratou Paulo para prestar-lhe um 
determinado serviço durante o prazo de uma ano pela remuneração de 
R$ 20.000,00. Entretanto, durante o contrato, Paulo foi aliciado por 
Antonio a desfazer o contrato com João e celebrar um outro contrato 
consigo. 
Diante da situação apresentada, João foi prejudicado e poderá 
exigir de Antonio (aliciador) uma indenização referente ao valor de dois 
anos de prestação de serviços (2 x 20.000,00 = 40.000,00) 
independente da quantidade de serviço que já havia sido prestada.. 
Art. 609. A alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos 
serviços se opera, não importa a rescisão do contrato, salvo ao 
prestador opção entre continuá-lo com o adquirente da propriedade 
ou com o primitivo contratante. 
O último dispositivo legal sobre a prestação de serviço trata da 
alienação de um prédio agrícola (ex: uma fazenda). Caso uma fazenda 
seja vendida, o prestador de serviço que lá se encontre pode optar entre 
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continuar na fazenda prestando serviços ao novo proprietário e sair 
acompanhando o novo proprietário. 
Da locação de coisas
Sob a égide do Código Civil de 1916, o contrato de locação era 
observado através de três prismas: 
- da locação de coisas; 
- da locação de serviços; e 
- da locação de prédios (urbanos – Lei 8.245/91 = Lei do Inquilinato - 
ou rústicos – Lei 4.504/64 = Estatuto da Terra). 
Entretanto, essa sistematização é repelida pela doutrina e pelos 
códigos contemporâneos, tanto que o Código Civil atual disciplina de 
forma autônoma os contratos de prestação de serviços, de trabalho, de 
empreitada, de agência e de aprendizagem, reservando a palavra 
locação para designar unicamente o contrato que se destina a 
proporcionar a alguém o uso e o gozo temporários de uma coisa 
infungível, mediante uma prestação pecuniária, nos termos do art. 565 
do CC: 
Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à 
outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não 
fungível, mediante certa retribuição. 
 As partes no contrato de locação denominam-se: 
a) locador, senhorio ou arrendador: é aquele que cede a coisa a ser 
locada com todas as suas pertenças e em condições de ser utilizada; 
b) locatário, inquilino ou arrendatário: é aquele que recebe o bem 
locado; e 
Quanto à natureza jurídica do contrato de locação, temos o 
seguinte: 
- bilateral: ambas as partes assumem obrigações; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens. Se o uso e gozo da 
coisa forem cedidos gratuitamente, a locação se desfigura, 
transformando-se em comodato. 
- consensual: o contrato considera-se perfeito e acabado quando as 
partes acordam, não sendo exigida a entrega da coisa pelo locador para 
ocorra o aperfeiçoamento; 
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- típico: está previsto no Código Civil; 
- comutativo: as prestações recíprocas são certas e não envolvem 
risco; 
- não solene: em regra a forma é livre, ou seja, pode ser celebrado por 
escrito ou verbalmente, entretanto, em casos especiais, a forma escrita 
é exigida. Ressalta-se que, em caso de alienação, o locatário só estará 
protegido se o contrato, celebrado por escrito, contiver cláusula de sua 
vigência no caso de alienação e tiver sido registrado no Registro de 
Títulos e Documentos, para os bens móveis, e no Registro de Imóveis, 
para os imóveis (art. 576, § 1º do CC); e 
- de trato sucessivo ou de execução continuada: a execução do 
contrato de locação se prolonga no tempo e o pagamento do aluguel, 
em regra, corresponde a uma obrigação periódica. 
Através do conceito de locação do art. 565 do CC, percebemos 
três elementos fundamentais: o objeto, o preço e o 
consentimento. 
1. OBJETO 
O objeto do contrato de locação pode ser coisa móvel ou 
imóvel. Além disso, o bem móvel deve ser infungível, pois, se for 
fungível, estaremos diante de um contrato de mútuo oneroso. 
Entretanto, a doutrina admite a locação de coisa móvel 
fungível quando o seu uso tenha sido cedido, por certo prazo e aluguel, 
ad pompam vel ostentationem, ou seja, para fins de ornamentação, 
como uma cesta de frutas com adornos raros, garrafas de bebidas, etc. 
Em regra, se o contrato nada dispuser, a locação abrange os 
acessórios do principal. Dessa forma, a locação de uma fazenda se 
estende às casas, pertençase benfeitorias nela existentes (art. 566, I 
do CC). 
Sobre o proprietário do bem alugado cabe uma pergunta 
interessante: “É possível a locação de coisa alheia?” 
Pelo fato da locação não transferir a propriedade, a doutrina 
entende ser válida a locação de coisa alheia enquanto durar a posse do 
locador. Dessa forma, imagine um bem móvel entregue a um credor 
para garantir uma dívida. Nesse caso estaremos diante de um penhor e 
o possuidor do bem é chamado de credor pignoratício. Dependendo do 
contrato de penhor, é possível que o credor pignoratício alugue a coisa 
do devedor. 
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2. PREÇO 
No contrato de locação o preço é denominado de aluguel ou 
remuneração. Trata-se de um elemento essencial para a configuração 
do contrato de locação, pois se ele não existir estaremos diante de um 
contrato de comodato (empréstimo gratuito de bens infungíveis). 
 Poderá ser fixado pelas partes ou mediante arbitramento 
administrativo ou judicial, ou ainda imposto por ato 
governamental, como no caso dos taxis e dos prédios urbanos. Pode 
também depender de concorrência pública, como nas locações de 
bens da União. Ressalta-se, entretanto, que não pode ser deixado ao 
arbítrio exclusivo de uma das partes, pois teríamos uma situação 
puramente potestativa. 
Em regra, o pagamento do preço ocorre de forma periódica, 
caracterizando um contrato de prestação sucessiva. Entretanto, 
excepcionalmente é possível que o pagamento do preço ocorra de 
uma só vez para todo o período de locação, como acontece, por 
exemplo, nos aluguéis de temporada. 
O que é um contrato de locação por temporada? 
Quanto ao período, três são as espécies de contrato de locação: 
1) por temporada: o assunto é disciplinado nos art. 48 do da Lei do 
Inquilinato (LI): 
Art. 48. Considera-se locação para temporada aquela destinada à 
residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização 
de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e 
outros fatos que decorrem tão-somente de determinado tempo, e 
contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não 
mobiliado o imóvel. 
Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel mobiliado, 
constará do contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e 
utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se 
encontram. 
2) por menos de 30 meses: o assunto é disciplinado no art. 47 da Lei 
do Inquilinato (LI): 
Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo 
inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação 
prorroga - se automaticamente, por prazo indeterminado, somente 
podendo ser retomado o imóvel: 
[...]. 
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3) por 30 meses ou mais: o assunto é disciplinado no art. 46 da Lei 
do Inquilinato (LI): 
Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou 
superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o 
prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. 
§ 1º Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do 
imóvel alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, 
presumir - se - á prorrogada a locação por prazo indeterminado, 
mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. 
§ 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o 
contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para 
desocupação. 
Além da locação por temporada, o aluguel também pode ser pago 
de uma só vez quando não for prestada a garantia por parte do locatário 
(arts. 20 e 42 da LI): 
Art. 20. Salvo as hipóteses do art. 42 e da locação para temporada, 
o locador não poderá exigir o pagamento antecipado do aluguel. 
Art. 42. Não estando a locação garantida por qualquer das 
modalidades, o locador poderá exigir do locatário o pagamento do 
aluguel e encargos até o sexto dia útil do mês vincendo. 
Quais são as modalidades de garantia que o locador pode exigir 
do locatário? 
A Lei do Inquilinato elenca as hipóteses de garantias a serem utilizadas 
em um contrato de locação de prédio urbano no art. 37, reproduzido 
abaixo: 
Art. 37. No contrato de locação, pode o locador exigir do locatário 
as seguintes modalidades de garantia: 
I - caução; 
II - fiança; 
III - seguro de fiança locatícia. 
IV - cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. 
Parágrafo único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma das 
modalidades de garantia num mesmo contrato de locação. 
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O CC de 2002 não estabelece limite temporal para os contratos de 
locação, entretanto, a Lei do Inquilinato, que trata do aluguel de prédios 
urbanos, faz uma restrição para o contrato de aluguel celebrado por 
prazo superior a dez anos no art. 3º reproduzido a seguir: 
Art. 3º O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, 
dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. 
Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará 
obrigado a observar o prazo excedente. 
Ou seja, quando o prazo do contrato de locação for igual ou 
superior a dez anos deverá haver anuência do outro cônjuge. 
3. CONSENTIMENTO 
O consentimento pode ser dado de forma expressa ou tácita, 
sendo capaz de locar todo aquele que tem poderes de administração 
sobre determinado bem. Entretanto, para que o negócio seja válido, o 
consentimento deve ser dado de forma livre, consciente e de boa-fé. 
A seguir faremos um estudo sobre a abordagem que o Código 
Civil faz sobre o contrato em questão: 
Os arts. 566 a 568 do CC tratam das obrigações do locador no 
contrato de locação: 
Art. 566. O locador é obrigado: 
I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em 
estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, 
pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário; 
II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da 
coisa. 
Art. 567. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem 
culpa do locatário, a este caberá pedir redução proporcional do 
aluguel, ou resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a 
que se destinava. 
Art. 568. O locador resguardará o locatário dos embaraços e 
turbações de terceiros, que tenham ou pretendam ter direitos sobre 
a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou defeitos, 
anteriores à locação. 
Já o arts. 569 e 570 do CC tratam das obrigações do locatário: 
Art. 569. O locatário é obrigado: 
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I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou 
presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem 
como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; 
II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em 
falta de ajuste, segundo o costume do lugar; 
III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, 
que se pretendam fundadas em direito; 
IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, 
salvas as deteriorações naturais ao uso regular. 
Art. 570. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do 
ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar por abuso do 
locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir 
perdas e danos. 
No art. 571 do CC temos a hipótese de rescisão do contrato de 
locação antes do vencimento do prazo locatício: 
Art. 571. Havendo prazo estipuladoà duração do contrato, antes do 
vencimento não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão 
ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o 
locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, 
a multa prevista no contrato. 
Parágrafo único. O locatário gozará do direito de retenção, enquanto 
não for ressarcido. 
Já o art. 572 do CC trata do efeito da devolução do bem 
locado antes do termo contratual. 
Art. 572. Se a obrigação de pagar o aluguel pelo tempo que faltar 
constituir indenização excessiva, será facultado ao juiz fixá-la em 
bases razoáveis. 
Imagine que em um contrato de locação faltam apenas dois meses 
a serem pagos totalizando a importância de R$ 2.000,00 (dois mil reais) 
e a indenização (multa contratual) pela devolução antecipada seja de R$ 
5.000,00 (cinco mil reais). Nesse caso, com base no cumprimento da 
função social do contrato e a vedação ao enriquecimento indevido, o juiz 
poderá fixar um novo quantum indenizatório proporcional ao valor que 
restava. 
No art. 573 do CC está disciplinada a cessação da locação de 
coisa móvel pelo vencimento do prazo contratual. 
Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito 
findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. 
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A seguir temos a presunção de prorrogação da locação por 
continuação da posse: 
Art. 574. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa 
alugada, sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a 
locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado. 
 
No art. 575 o legislador prevê a possibilidade de arbitramento do 
valor do aluguel na hipótese de não devolução do bem locado após a 
notificação do locador para tal. 
Art. 575. Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, pagará, 
enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e 
responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente de 
caso fortuito. 
Parágrafo único. Se o aluguel arbitrado for manifestamente 
excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o 
seu caráter de penalidade. 
Através do art. 576 do CC está prevista a possibilidade de 
venda do bem locado na vigência do contrato de locação. 
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não 
ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a 
cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de 
registro. 
§ 1o O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e 
Documentos do domicílio do locador, quando a coisa for móvel; e 
será o Registro de Imóveis da respectiva circunscrição, quando 
imóvel. 
§ 2o Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador 
não esteja obrigado a respeitar o contrato, não poderá ele despedir 
o locatário, senão observado o prazo de noventa dias após a 
notificação. 
Percebe-se que a alienação durante o contrato de locação pode ou 
não ocorrer dependendo da existência de clausula expressa no contrato 
e do seu registro. 
 Havendo a morte de um dos contratantes, prevê o art. 577 do 
CC que os direitos ou deveres da locação serão transferidos aos seus 
herdeiros. 
Art. 577. Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus 
herdeiros a locação por tempo determinado. 
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Finalizando a aula temos o art. 577 do CC tratando do direito de 
retenção do bem locado. 
Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito 
de retenção, no caso de benfeitorias necessárias, ou no de 
benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso 
consentimento do locador. 
Entende-se que, se o locatário realizar benfeitorias necessárias ou 
úteis no bem locado e havendo consentimento expresso do locador, 
então ele poderá se negar a devolver o bem enquanto elas não lhe 
forem pagas. 
Da doação 
O conceito de doação é dado pelo art. 538 do CC. 
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por 
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o 
de outra. 
Desse conceito é possível extrairmos dois elementos: o subjetivo e 
o objetivo. 
- elemento subjetivo: é o animus donandi que consiste na intenção de 
fazer uma liberalidade em favor do donatário; e 
- elemento objetivo: consiste na transferência da propriedade de bens 
ou direitos do patrimônio do doador para o patrimônio do donatário. 
Deve-se salientar que o contrato de doação apenas gera a 
obrigação de transferir os bens e direitos indicados. A efetiva 
transferência representa a execução do contrato de doação. O domínio 
(propriedade), como vimos, só se efetua com a tradição (bens móveis) 
ou com o registro (bens imóveis). 
 Quanto à natureza jurídica do contrato de doação, temos o 
seguinte: 
- unilateral: só o doador assume obrigação; entretanto, devemos 
ressaltar a doação com encargo que é considerada bilateral, pois ambas 
as partes assumem obrigações recíprocas; 
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- gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens, enquanto a outra 
não assume qualquer ônus; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- solene: a lei, em regra (art. 541 do CC), exige forma escrita para os 
bens móveis e escritura pública para os imóveis, para que a doação se 
aperfeiçoe; entretanto, excetua-se a doação verbal que poderá ocorrer 
quando o bem doado for de pequeno valor e houver a imediata tradição. 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento 
particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre 
bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a 
tradição. 
Apesar da doação ser unilateral, trata-se de um contrato que, para 
se formar, depende da convergência de duas vontades. Ou seja, na 
doação, não basta o doador querer doar, pois o donatário também deve 
manifestar a sua aceitação. Sendo fixado um prazo pelo doador, o 
silêncio acarretará uma aceitação tácita da doação, desde que seja 
pura.Tal assunto é tratado no art. 539 do CC: 
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se 
aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, 
não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a 
doação não for sujeita a encargo. 
O Código Civil enumera diversas espécies de doação. Vejamos 
uma a uma: 
- doação pura e simples: é aquela que não está sujeita a uma 
condição ou um encargo, que são os elementos acidentais que alteram 
os efeitos normais do negócio jurídico. É o que ocorre quando alguém 
doa uma casa para um amigo sem nada exigir-lhe em troca. 
- doação contemplativa (art. 540, 1ª parte, do CC): ocorre quando 
uma pessoa doa e declara o motivo de sua doação. Temos como 
exemplo o doador que doa um bem a uma fundação em razão dos seus 
excelentes trabalhos com as crianças carentes. 
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do 
donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a 
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doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos 
serviços remunerados ou ao encargo imposto. 
- doação remuneratória (art. 540, 2ª parte, do CC): é a doação feita 
para agradecer um serviço prestado ou por alguma atitude do donatário. 
Ressalta-se que não se trata de um pagamento, mas de uma simples 
gratidão. 
- doação com encargo ouonerosa: ocorre quando o doador impõe ao 
donatário um encargo como contraprestação. Ocorre, por exemplo, 
quando A doa para B um terreno para que nele seja construído um 
hospital. 
Possuem legitimidade para exigir o cumprimento do encargo (art. 
553 do CC) o próprio doador, o terceiro por ele beneficiado, ou mesmo o 
Ministério Público (após a morte do doador), se o encargo for em 
benefício de interesse geral. 
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, 
caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral. 
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério 
Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se 
este não tiver feito. 
Caso a doação com encargo não estipule prazo certo para o seu 
cumprimento, pode o beneficiário conceder um prazo razoável, devendo 
para tanto constituir o donatário em mora através de uma interpelação 
judicial ou notificação, nos termos do art. 562, 2ª parte, do CC. 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução 
do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo 
para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o 
donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a 
obrigação assumida. 
Em decorrência do encargo a doação passa a ter um caráter 
oneroso e, por isso, aplicam-se as regras referentes aos vícios 
redibitório (art. 441, § único do CC) além de surgir a possibilidade de 
revogação da doação por inexecução do encargo (art. 562, 1ª parte, do 
CC). Conclui-se então que a inexecução do encargo é uma causa de 
resolução da doação. 
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Mais adiante trataremos de outras formas de se revogar as 
doações. 
- doação em forma de subvenção periódica (art. 545 do CC): é a 
doação feita através de vários atos, ao invés de uma única vez. Ou seja, 
trata-se de um benefício periódico, que pode ser mensal, semestral, 
anual, etc. 
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado 
extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, 
mas não poderá ultrapassar a vida do donatário. 
Entretanto, esta doação se extingue com a morte do doador, salvo 
se houver previsão no contrato sobre a transferência da obrigação para 
os herdeiros, hipótese que ficará limitada ao valor da herança. 
De qualquer forma, a obrigação não pode ultrapassar a vida do 
donatário, ou seja, não há um caráter de perpetuidade. 
- Doação com cláusula de reversão (art. 547 do CC): ocorre quando 
o bem doado retorna ao patrimônio do doador, na hipótese de morte do 
donatário. 
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu 
patrimônio, se sobreviver ao donatário. 
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de 
terceiro. 
Entretanto, ressalta-se que as partes não podem pactuar sobre a 
reversão em favor de terceiro, apenas é permitida a reversão em favor 
do doador. Caso fosse possível a reversão em favor de terceiro, 
estaríamos admitindo a possibilidade de um pacto sucessório (pacta 
corvina) que é expressamente proibido pelo art. 426 do CC. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
- Doação universal (art. 548 do CC): é aquela que abrange todos os 
bens do doador, sem deixar uma reserva para a sua própria 
subsistência. Tal doação é passível de nulidade absoluta, pois visa 
impedir que em um momento de afobação o doador ultrapasse os 
limites do patrimônio a ser doado. 
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou 
renda suficiente para a subsistência do doador. 
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Caso seja estipulada uma reserva de usufruto ao doador, então a 
doação universal será válida. 
Doação de ascendente para descendente ou de um cônjuge a 
outro (art. 544 do CC): como exemplo, o pai poderá fazer doação a 
seus filhos, e um cônjuge ao outro, porém, tal ata acarretará um 
adiantamento da herança (legítima), devendo, por isso, ser verificada 
no inventário do doador por meio da colação. 
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um 
cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por 
herança. 
Vejamos o exemplo a seguir, onde foi desconsiderada a parte 
disponível da herança: 
Um pai (viúvo) possui um patrimônio de R$ 1.500.000,00 (um 
milhão e quinhentos mil reais), e, ainda em vida, faz uma doação para 
um de seus três filhos no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). 
Patrimônio inicial do Pai: 1.500.000,00 
Patrimônio do Pai após a doação: 1.5000.000,00 – 300.000,00 = 
1.200.000,00 
Por ocasião da morte do pai, não basta dividir por 3 o valor de 
1.200.000,00, pois o valor doado em vida deve ser “colado” aos 
1.200.000, totalizando 1.500.000,00. Após a colação o patrimônio será 
dividido e o filho que recebeu a doação terá o valor doado subtraído de 
sua parte. 
Valor a ser dividido: 1.500.000,00 
- Valor do Filho 1: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00 
- Valor do Filho 2: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00 
- Valor do Filho 3: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00 – 300.000,00 
(doação) = 200.000,00 
Doação inoficiosa (art. 549 do CC): é aquela que excede a parte do 
patrimônio que poderia ser incluída em testamento. Ou seja, se houver 
herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuge) o doador 
só pode dispor da metade de seus bens. A parte da doação que 
ultrapassar este limite será nula. 
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Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de 
que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em 
testamento. 
Doação ao cônjuge adúltero (art. 550 do CC): tal doação poderá ser 
anulada, bastando que se verifique a infidelidade. Tal ação de anulação 
poderá ser proposta em um prazo decadencial de dois anos a contar do 
fim da sociedade conjugal. 
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser 
anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até 
dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. 
Doação conjuntiva (art. 551 do CC): é a doação realizada para mais 
de uma pessoa. 
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais 
de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual. 
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e 
mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo. 
Doação a entidade futura (art. 554 do CC): é aquela cujo donatário é 
uma pessoa jurídica que ainda não existe, mas que será constituída. 
Caso tal constituição não ocorra em dois anos, ocorrerá a caducidade do 
ato. Trata-se de uma doação sob condição suspensiva. 
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta 
não estiver constituída regularmente. 
Outro assunto muito cobrado em provas de concurso é a 
REVOGAÇÂO DA DOAÇÂO. 
Em regra, a doação é irrevogável por vontade unilateral do 
doador, pois, a partir do momento em que ocorre a aceitação do 
donatário, passa a valer a máxima do pacta sunt servanda. 
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do 
donatário, ou por inexecução do encargo. 
De acordo com o art. 555 do CC a doação pode ser revogada em 
duas hipóteses: 
- ingratidão do donatário: o donatário tem o dever de ser grato ao 
doador e, por isso, deve se abster de atos que constituem prova de 
ingratidão e revelem sua insensibilidade ao favor recebido. 
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- inexecução do encargo (art. 562 do CC): quando a doação for 
onerosa e o encargo não for cumprido pode haver a revogação da 
doação. 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do 
encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para 
o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, 
assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação 
assumida. 
Sobre a revogação por ingratidão do donatário temos os 
seguintes artigos do Código Civil: 
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: 
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime 
de homicídio doloso contra ele; 
II - se cometeu contra ele ofensa física; 
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de 
que este necessitava. 
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos 
casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, 
ainda que adotivo, ou irmão do doador. 
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser 
pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao 
conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o 
donatário o seu autor. 
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos 
herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles 
podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a 
contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada 
a lide. 
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos 
seus herdeiros, exceto se aquele houver perdoado. 
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos 
adquiridos por terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos 
percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os 
posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas 
doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor. 
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Para finalizar o tópico das doações, temos o art. 564 do CC que trata 
das doações que são consideradas irrevogáveis. 
Art. 564. Não se revogam por ingratidão: 
I - as doações puramente remuneratórias; 
II - as oneradas com encargo já cumprido; 
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; 
IV - as feitas para determinado casamento. 
Do empréstimo
O Código Civil trata de duas modalidades de empréstimo: o 
comodato e o mútuo. 
a) comodato: nos termos do art. 579 do CC, trata-se do 
empréstimo gratuito de um bem infungível pelo qual o comodante (dono 
da coisa) transfere sua posse ao comodatário por um determinado 
período de tempo. 
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não 
fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. 
O comodato é chamado de um empréstimo de uso, ou seja, o 
bem é emprestado para ser usado e depois devolvido. 
Como exemplo, temos a pessoa que empresta a casa de praia 
gratuitamente para um amigo passar as férias do mês de janeiro. 
Tal contrato envolve as seguintes pessoas: 
- comodante: aquele que empresta; 
- comodatário: aquele que toma emprestado. 
É fundamental a gratuidade, pois se houver um pagamento como 
contraprestação teremos uma locação. Destaca-se também a 
infungibilidade do bem emprestado, ou seja, deve ser devolvido 
exatamente o mesmo bem que foi tomado como empréstimo, e não um 
bem semelhante. 
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Entretanto, o comodato poderá versar sobre um bem fungível e 
consumível, se houver sido contratado ad pompam vel ostentationem, 
como, por exemplo, o empréstimo de uma cesta de frutas tropicais 
exóticas para ornamentação de um salão de festas. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de comodato, temos o 
seguinte: 
- unilateral: só o comodatário assume obrigação; 
- gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens (comodatário), 
- real: se perfaz com a tradição do objeto; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do 
contrato, podendo até ser realizado de forma verbal. 
De forma semelhante à doação, o comodato é puro quando traduz 
um ato de simples liberalidade. É modal ou com encargo quando se 
impõe uma obrigação especial ao comodatário. Porém, ressalta-se que, 
segundo entendimento doutrinário, a existência de encargo não retira a 
gratuidade, nem o animus comodandi da relação negocial. 
Os artigos 580 a 585 do CC também tratam do assunto ao 
apresentar as obrigações do comodatário: 
Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores 
de bens alheios não poderão dar em comodato, sem autorização 
especial, os bens confiados à sua guarda. 
Percebe-se que certas pessoas não podem dar bens de terceiros 
em comodato sem possuir autorização especial. Ou seja, estamos diante 
de uma situação de falta de legitimidade. 
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-
lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, 
salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, 
suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo 
convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado. 
Como exemplo do art. 581 do CC, temos o comodante que 
empresta a casa de paria sem estipulação de prazo. Como regra, a 
exigência da devolução só poderá ocorrer após o fim do verão. 
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Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua 
própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de 
acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder 
por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de 
por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for 
arbitrado pelo comodante. 
O art. 582 do CC apresenta inúmeros conceitos. Vamos separá-los para 
fins didáticos: 
¾ obrigação do comodatário de conservar a coisa como se fosse sua; 
¾ utilizar a coisa emprestada de acordo com o contrato e a natureza 
(ex: a casa de família não pode ser utilizada para a realização de um 
evento com centenas de pessoas); 
¾ restituição da coisa por ocasião do final do prazo estipulado (ex: se 
eu não devolver a casa de praia ao final do prazo estipulado, o 
comodante poderá me cobrar aluguel pelo período que eu ficar a 
mais). 
Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com 
outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus 
abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda 
que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. 
Sendo o comodato um contrato gratuito, pois só traz vantagens ao 
comodatário, nada mais justo que este anteponha a salvação dos bens 
emprestados à salvação de seus próprios bens, mesmo que a situação 
decorra de caso fortuito ou força maior. 
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante 
as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada. 
Também é obrigação do comodatário arcar com as despesas feitas 
com o uso da coisa emprestada, tais como IPTU, água, luz, condomínio, 
etc. 
Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente 
comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis 
para com o comodante. 
No caso de haver mais de um comodatário, as obrigações aqui 
citadas são consideradas solidárias. 
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Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 39 
b) mútuo: nos termos do art. 586 do